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quarta-feira, janeiro 17, 2007

  • O Gabriel foi minha trigésima milésima visita e exigiu que fosse citado nominalmente. Claro que sim! Ele é leitor de primeira hora, já faz parte da minha história. Obrigado também a todas as 29.999 demais. A história também é sua.

  • No dia 15 de dezembro caiu um tremendo toró e minha rua ficou assim:
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    Para minha surpresa, no dia seguinte os homens da prefeitura apareceram, arrancaram os paralelepípedos e trouxeram manilhas para refazerem a rede de esgotos. Poxa! Quanta eficiência, pensei.
    No dia 18 viajei feliz. O trabalho seria executado na minha ausência, o que me pouparia de ouvir toda a barulheira gerada nesses serviços, sem falar que a casa estaria sendo vigiada indiretamente, com tantos homens trabalhando em frente.
    Ó, doce ilusão. Voltei de viagem no dia 12 de janeiro e as coisas continuavam iguaizinhas a quando deixei. Manilhas espalhadas pela rua, paralelepípedos retirados e nenhum centímetro de buraco feito.
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    No dia 15 leio no jornal que o prefeito retomaria as obras paradas. Ótimo!
    Ontem, plenas férias, acordo com a barulheira que esperava evitar. Meu vizinho de frente assentava azulejos em sua fachada, com direito a maquininha para cortá-los e pancadinhas na parede, escavadeira sob minha janela, trator trazendo mais manilhas e o vozerio infernal dos trabalhadores:

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    Que bom que as obras estão sendo retomadas e que minha rua ficará bonitinha de novo, mas já sinto que meu primeiro dia de volta ao trabalho vai me encontrar estressado. Nesse momento a barulheira continua.

  • Por falar em obras, o desmoronamento do Metrô, em São Paulo, me faz lembrar mais uma vez uma musiquinha do Juca Chaves, feita quando ruiu o Elevado Paulo de Frontin, no Rio:
    "Cai, cai, cai, cai
    Outra construção civil.
    Realmente ninguém segura
    A arquitetura do Brasil"

    E fico me perguntando:
    • Quem indenizará as famílias prejudicadas por mais esse mal feito oficial?

  • Às pessoas que perderam suas casas, serão dadas casas no mesmo padrão e na mesma localização ou as enviarão para um Cingapura na periferia?

  • Quantos anos e quantos recursos judiciais serão necessários para que os males materiais sejam reparados?

  • Quem será punido? Os pedreiros e trabalhadores braçais, provavelmente. Engenheiros e autoridades sairão ilesos, como sempre.

  • Que tipo de assistência psicológica, financeira e material será dada aos familiares das vítimas fatais?

  • Os contratos entre o Metrô e as construtoras serão mantidos do jeito que estão? Creio que, como sempre, farão uma "meia sola" e ficará tudo como está depois que assentar a poeira e a mídia passar a se ocupar com a próxima catástrofe, provavelmente a ação da Força Nacional de Segurança no Rio de Janeiro.

  • As obras, realizadas sob terreno instável, alagado, serão embargadas? Que! Dirão que novas técnicas serão usadas doravante e que as obras não correrão mais riscos de acidentes. Já assistimos a esse filme.

  • O alívio é apenas pelo pequeno número de vítimas, embora não devesse ter nenhuma. Mas levando-se em consideração o trânsito normal daquelas vias e a grande quantidade de operários na obra, a catástrofe poderia ter sido bem pior.

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