- O Gabriel foi minha trigésima milésima visita e exigiu que fosse citado nominalmente. Claro que sim! Ele é leitor de primeira hora, já faz parte da minha história. Obrigado também a todas as 29.999 demais. A história também é sua.
- No dia 15 de dezembro caiu um tremendo toró e minha rua ficou assim:
Para minha surpresa, no dia seguinte os homens da prefeitura apareceram, arrancaram os paralelepípedos e trouxeram manilhas para refazerem a rede de esgotos. Poxa! Quanta eficiência, pensei.
No dia 18 viajei feliz. O trabalho seria executado na minha ausência, o que me pouparia de ouvir toda a barulheira gerada nesses serviços, sem falar que a casa estaria sendo vigiada indiretamente, com tantos homens trabalhando em frente.
Ó, doce ilusão. Voltei de viagem no dia 12 de janeiro e as coisas continuavam iguaizinhas a quando deixei. Manilhas espalhadas pela rua, paralelepípedos retirados e nenhum centímetro de buraco feito.No dia 15 leio no jornal que o prefeito retomaria as obras paradas. Ótimo!
Ontem, plenas férias, acordo com a barulheira que esperava evitar. Meu vizinho de frente assentava azulejos em sua fachada, com direito a maquininha para cortá-los e pancadinhas na parede, escavadeira sob minha janela, trator trazendo mais manilhas e o vozerio infernal dos trabalhadores:Que bom que as obras estão sendo retomadas e que minha rua ficará bonitinha de novo, mas já sinto que meu primeiro dia de volta ao trabalho vai me encontrar estressado. Nesse momento a barulheira continua.
- Por falar em obras, o desmoronamento do Metrô, em São Paulo, me faz lembrar mais uma vez uma musiquinha do Juca Chaves, feita quando ruiu o Elevado Paulo de Frontin, no Rio:
"Cai, cai, cai, cai
Outra construção civil.
Realmente ninguém segura
A arquitetura do Brasil"
E fico me perguntando:- Quem indenizará as famílias prejudicadas por mais esse mal feito oficial?
- Às pessoas que perderam suas casas, serão dadas casas no mesmo padrão e na mesma localização ou as enviarão para um Cingapura na periferia?
- Quantos anos e quantos recursos judiciais serão necessários para que os males materiais sejam reparados?
- Quem será punido? Os pedreiros e trabalhadores braçais, provavelmente. Engenheiros e autoridades sairão ilesos, como sempre.
- Que tipo de assistência psicológica, financeira e material será dada aos familiares das vítimas fatais?
- Os contratos entre o Metrô e as construtoras serão mantidos do jeito que estão? Creio que, como sempre, farão uma "meia sola" e ficará tudo como está depois que assentar a poeira e a mídia passar a se ocupar com a próxima catástrofe, provavelmente a ação da Força Nacional de Segurança no Rio de Janeiro.
- As obras, realizadas sob terreno instável, alagado, serão embargadas? Que! Dirão que novas técnicas serão usadas doravante e que as obras não correrão mais riscos de acidentes. Já assistimos a esse filme.
- O alívio é apenas pelo pequeno número de vítimas, embora não devesse ter nenhuma. Mas levando-se em consideração o trânsito normal daquelas vias e a grande quantidade de operários na obra, a catástrofe poderia ter sido bem pior.
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