Saí de Porto Seguro num dia nublado, como devem ser as despedidas. Despedidas com dia ensolarado perdem a dramaticidade do adeus, mesmo que o adeus seja apenas um até logo.
Nas mãos Na Toca dos Leões, de Fernando Morais, com o qual terminei presenteando minha sobrinha Rebeca que está afim de fazer publicidade. Na mala Antonio Carlos Jobim, Uma Biografia, de Sérgio Cabral, e As Mentiras que os Homens Contam, de Luís Fernando Veríssimo. É, sou o único adulto relativamente bem informado que ainda não havia lido esse livro. Era uma das metas dessas férias, colocar as leituras em dia.
No Rio de Janeiro terminei de ler Na Toca... enquanto aturava as duas horas de atraso do avião. Como os outros dois livros estavam na mala que já havia sido despachada, fui à livraria do aeroporto e comprei Montenegro, coincidentemente do mesmo Fernando Morais. Um livro bastante interessante para meritocratas como eu. Lá fui eu rumo a Natal.
Lá terminei de ler o Montenegro entre um passeio e outro, dos quais falarei mais adiante e comecei o Tom. Para não misturar as estações, comentarei somente sobre os livros, por enquanto.
Terminado o Tom, engatei no Veríssimo que não passou de um suspiro. Devorei.
Aí o Alberto, meu terceiro irmão, me presenteou com o Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner. Fantástico! Gostei tanto do livro que falarei somente dele num próximo post. Li com calma, degustando.
Encerrado este, fui a um sebo, em Mossoró, e ataquei as poesias. O Poeta na Praça, de J. G. de Araújo Jorge, e Mensagem, de Fernando Pessoa. O primeiro para pagar um pecado antigo. Eu sabia muito sobre o autor e nada sobre sua poesia. Não gostei, pelo menos desse livro. São poesias que ficaram velhas, ultrapassadas e panfletárias. Preciso ler mais alguma coisa dele para ver se mudo de opinião. O que sempre me chamou a atenção em J. G., desde menino, foi seu nome, sonoro, uma quase poesia por si só. E o Fernando Pessoa comprei porque sou apaixonado pela obra dele e estava me devendo mais um livro há muito.
Ataquei, então, O Mulo, de Darcy Ribeiro. Um livro bastante interessante pela sua originalidade e pelo vocabulário rosaniano (essa eu inventei para fazer uma alusão a Guimarães Rosa - confesso que nem eu gostei dessa minha invenção), mas de leitura difícil e, às vezes, cansativa. No fim o saldo foi positivo. E voltei pra casa lendo Travessia, o primeiro livro da mineira Maria Dolores. A autora ainda não tem estilo, mas a história é interessantíssima. Estou adorando.
Estava eu lendo a Travessia enquanto esperava o avião em Salvador, quando sou abordado por um daqueles vendedores de livros babacas, com o maior papo de Deus e blá-blá-blá. Terminei comprando o Ele Não se Esqueceu de Mim pra me livrar logo do cara.
Belo Horizonte sob as nuvens
As nuvens que desenham carneirinhos quando somos crianças e depois viram objetos de analogia para os poetas e os filósofos de botequim; que são algodão doce e depois viram esperança para o sertanejo ou sonho de fortuna para o fazendeiro; que são chuva e brincadeira para a molecada e apenas água em suspensão para os cientistas, são apenas nuvens e perdem toda a graça quando vistas por dentro.
É, todos têm razão, inclusive eu, coração calejado e pragmatismo em alta. São apenas nuvens.
São passageiros que nunca chegam, surgem do nada e no nada se perdem. Carneirinhos não têm autogênese nem autoextinção; não são doces e nem sempre a salvação da lavoura, podem ser sua desgraça; os pais modernos, com medo da gripe, da constirpação, não permitem mais as brincadeiras na chuva e as nuvens são malditas pelos veranistas. São apenas nuvens.
A ciência venceu. São apenas água em suspensão e depois em precipitação, mais fulgazes que a própria vida. Apenas nuvens.
O ribombar do mar
A flauta do vento
E a voz de Alice
Faziam ciranda.
Os homens jogavam o anzol
E Alice cantava.
Será que Alice vai lembrar
Do que criava ali?
Alice falava de dança
E depesca,
Da água verde
E do coco,
Cantava os peixes
E os pescadores.
Quando errava apalavra
Encerrava a cantiga
E se punha a inventar
Outra ciranda
Outra melodia.
Cantava fininho
Quase inaudível
Ciranda interminável.
A Puta
Senta-se com os olhos cavucando os arredores, predadora.
De sob a canga, ali mesmo no salão, retira o sutiã do biquini, gestos lentos, provocantes. E da outra mirada nos homens das cinco mesas ocupadas, entre eles, eu.
Os demais, quase todos estrangeiros. Na mesa ao lado dois estadunidenses jogando poquer e tomando café. Me convidam para o jogo, mas me escuso.
Na mesa à minha frente, quatro italianos italianamente falam alto e gesticulam. Entre eles, o dono do lugar. Lá no fundo um outro estrangeiro, percebe-se pelos trajes e costumes. Em frente ao balcão dois brasileiros, paulistas, pelo sotaque. O baixinho não desvia os olhos dela. À esquerda, assim como eu, um solitário com um livro aberto sobre a mesa e uma garrafa de cerveja. Ou não a viu ou, assi como eu, não mostrou interesse.
Ela, tomando um refrigerante, retira um espelho da bolsinha e faz charme com os cabelos, se mirando.
De sob a canga, ali mesmo no salão, retira o sutiã do biquini, gestos lentos, provocantes. E da outra mirada nos homens das cinco mesas ocupadas, entre eles, eu.
Os demais, quase todos estrangeiros. Na mesa ao lado dois estadunidenses jogando poquer e tomando café. Me convidam para o jogo, mas me escuso.
Na mesa à minha frente, quatro italianos italianamente falam alto e gesticulam. Entre eles, o dono do lugar. Lá no fundo um outro estrangeiro, percebe-se pelos trajes e costumes. Em frente ao balcão dois brasileiros, paulistas, pelo sotaque. O baixinho não desvia os olhos dela. À esquerda, assim como eu, um solitário com um livro aberto sobre a mesa e uma garrafa de cerveja. Ou não a viu ou, assi como eu, não mostrou interesse.
Ela, tomando um refrigerante, retira um espelho da bolsinha e faz charme com os cabelos, se mirando.
O baixinho paulista se aprsenta, falam algo sussurrado, ela abre um sorriso branco. Olha-o fixo nosolhos, toca seus braços peludos com a ponta dos dedos, carinho medido. Se diverte seduzindo-o.
Da mesa dos italianos o dono se levanta e a chama. Tenta comunicar-se em português, ela o surpreende, parla italiano.
Num átimo de silêncio, ouço sua voz:
- Non lavoro qui, lavoro em Italia.
Ela pega sua bolsa e paga o refrigerante com uma nota de cinqüenta reais, sem sorriso, ar sério, ofendido, mas não constrangido. Desce os dois degraus para a calçada.
O paulista baixinho faz um gesto do tipo "güentaí" para o amigo e a segue, sumindo depois da esquina.
Da mesa dos italianos o dono se levanta e a chama. Tenta comunicar-se em português, ela o surpreende, parla italiano.
Num átimo de silêncio, ouço sua voz:
- Non lavoro qui, lavoro em Italia.
Ela pega sua bolsa e paga o refrigerante com uma nota de cinqüenta reais, sem sorriso, ar sério, ofendido, mas não constrangido. Desce os dois degraus para a calçada.
O paulista baixinho faz um gesto do tipo "güentaí" para o amigo e a segue, sumindo depois da esquina.
Conversando com um vendedor de coco, ouvi hisórias sobre o turismo sexual em Natal. A que guardei conta da nova esperteza das menores de idade. Elas se insinuam para os motoristas, de preferência os que dirigem carros com placas locais. Os mais dispostos param e lhes convidam para entrar. Elas os convencem a dar uma volta pelos lugares mais badalados, onde haja muita gente. Quando chegam lá, elas abrem a porta do carro, colocam um pé no asfalto e fazem a chantagem: ou o incauto taradinho lhes dá muita grana, algo em torno de 150, 200 reais, ou elas fazem um alarme, gritam que estão sendo violentadas. Sabendo que dá cadeia e que estrelarão os noticiários do dia seguinte, os sujeitos pagam e somem dali rapidinho.
Elas estão muito safadinhas, mas não consigo ter nem um milímetro de pena dos otários.
Elas estão muito safadinhas, mas não consigo ter nem um milímetro de pena dos otários.
Forte dos Três Reis Magos
Os gritos na masmorra
Os gritos de comando
Os gritos de alerta
Ainda ecoam nas paredes grossas
Nas pedras do piso irregular.
Ainda sente-se no ar
O cheiro do medo
E o calor das saudades.
O olhar se perde longe
No verde que se espalha
Além das passarelas.
Claustrofóbica moradia
Dos que conquistaram,
Por querer ou ordem,
Um pedaço do paraíso.
É uma tristeza rascante.
Milhões passeiam à sua volta, mas ele não é o centro de nada, apenas um pivete, um sem-casa, sem-escola, sem-roupa, sem-felicidade, um sem-ninguém.
Como se defende? Quem o defende?
Não vive, apenas existe.
Milhões passeiam à sua volta, mas ele não é o centro de nada, apenas um pivete, um sem-casa, sem-escola, sem-roupa, sem-felicidade, um sem-ninguém.
Como se defende? Quem o defende?
Não vive, apenas existe.
Invadiram as areias por necessidade de um teto ou esperteza? para saber, só lhes perguntando, mas não responderão. E foram ficando, vieram outros, virou um bairro.
A duna tem duas faces, por que ficar de fente para a feiúra? As janelas dão para o mar, à sua frente, só a África.
Sem leis foram ficando e aumentando, o infinito verde até onde a vista permite e o verde faz fronteira com o azul.
Sem leis, mas com dinheiro, outros lhes tiraram o mar, o único prazer gratuito, além do sexo.
Sem leis foram ficando e aumentando, o infinito verde até onde a vista permite e o verde faz fronteira com o azul.
Sem leis, mas com dinheiro, outros lhes tiraram o mar, o único prazer gratuito, além do sexo.
Dezenas de milhões de pessoas a cada ano peregrinam a lugares sagrados, segundo suas crenças.
Para não me alongar, vou me ater aos cristãos.
São muitos esses lugares sagrados para os cristãos mundo afora. Para não divagar muito e chegar mais rápido aonde quero, vou me reduzir a Santiago de Compostela.
Há quem vá a Santiago para pagar promessa. Embora nunca tenha feito promessa religiosa, entendo isso e respeito.
Há quem vá por sugestão de amigos ou por curiosidade despertada ao ler ou assistir a uma reportagem. Também sinto curiosidades sobre lugares, comidas, espetáculos depois de ler ou assistir a uma reportagem. Entendo e respeito isso, portanto.
Há quem vá porque é chic, todos seus amigos do clube e da academia já foram. Ok, a humanidade tem uma grande parcela de futilidades em sua formação. Não respeito, mas aceito e entendo isso.
Há quem vá influenciado pelos livros de Paulo Coelho. Leia o parágrafo acima.
Há quem vá esperando um milagre. Para mim, milagre é o que a ciência ainda não explicou, por isso não creio em milagres. Mas entendo e respeito quem pensa o contrário.
Há quem vá em busca do autoconhecimento, na esperança de que seja despertado em seu âmago sentimentos mais nobres como o amor, a compreensão, o amor próprio, a solidariedade, a sensibilidade à beleza da simplicidade e aos problemas alheios; aqueles que desejam o aprimoramento de sua personalidade, a compreensão, a aceitação do diferente.
A esses uma sugestão: visitem o sertão nordestino brasileio. Não tem o glamour de uma caminhada sob o sol escaldante europeu? Não tem restaurante e pousadas cinco estrelas às margens do caminho, caso você mude de idéia e desista do sacrifício? Não será charmoso mostrar as fotos para os amigos do prédio ou exibi-las na internet? Não se fala alemão e nem um daqueles incompreensíveis idiomas europeus? Ao olhar para o lado não vai encontrar aquele mundo de gringos altos, loiros e de olhos azuis carregando mochilas de material impermeável, garrafas de água Perier, rosário de cristal e livros de falsos magos?
Tudo bem, esses que vão a Santiago.
Mas se seu intento é, de verdade, o autoconhecimento e aprimoramento humano e você tem pré-disposição a aceitar o diferente, em não se envergonhar pelo que não conhece, de admitir sua ignorância em relação ao seu próprio país mais do que orgulho de conhecer o estrangeiro, o interior do Nordeste é de uma riqueza extraordinária de lugares, pessoas, costumes, sabores, belezas indescritíveis.
Quase tudo o que ouvimos sobre o nosso sertão é sobre o calor, a fome e a miséria. Estereótipos! O sertão é mais que Graciliano Ramos, Patativa do Assaré, Rodolfo Teófilo, Cordel do Fogo Encantado, Luiz Gonzaga, Mestre Ambrósio... O sertão é lindo, rico e desperta em nós o desejo de nos questionarmos sobre nós mesmos. Mais que rico, o sertão é enriquecedor.
Para não me alongar, vou me ater aos cristãos.
São muitos esses lugares sagrados para os cristãos mundo afora. Para não divagar muito e chegar mais rápido aonde quero, vou me reduzir a Santiago de Compostela.
Há quem vá a Santiago para pagar promessa. Embora nunca tenha feito promessa religiosa, entendo isso e respeito.
Há quem vá por sugestão de amigos ou por curiosidade despertada ao ler ou assistir a uma reportagem. Também sinto curiosidades sobre lugares, comidas, espetáculos depois de ler ou assistir a uma reportagem. Entendo e respeito isso, portanto.
Há quem vá porque é chic, todos seus amigos do clube e da academia já foram. Ok, a humanidade tem uma grande parcela de futilidades em sua formação. Não respeito, mas aceito e entendo isso.
Há quem vá influenciado pelos livros de Paulo Coelho. Leia o parágrafo acima.
Há quem vá esperando um milagre. Para mim, milagre é o que a ciência ainda não explicou, por isso não creio em milagres. Mas entendo e respeito quem pensa o contrário.
Há quem vá em busca do autoconhecimento, na esperança de que seja despertado em seu âmago sentimentos mais nobres como o amor, a compreensão, o amor próprio, a solidariedade, a sensibilidade à beleza da simplicidade e aos problemas alheios; aqueles que desejam o aprimoramento de sua personalidade, a compreensão, a aceitação do diferente.
A esses uma sugestão: visitem o sertão nordestino brasileio. Não tem o glamour de uma caminhada sob o sol escaldante europeu? Não tem restaurante e pousadas cinco estrelas às margens do caminho, caso você mude de idéia e desista do sacrifício? Não será charmoso mostrar as fotos para os amigos do prédio ou exibi-las na internet? Não se fala alemão e nem um daqueles incompreensíveis idiomas europeus? Ao olhar para o lado não vai encontrar aquele mundo de gringos altos, loiros e de olhos azuis carregando mochilas de material impermeável, garrafas de água Perier, rosário de cristal e livros de falsos magos?
Tudo bem, esses que vão a Santiago.
Mas se seu intento é, de verdade, o autoconhecimento e aprimoramento humano e você tem pré-disposição a aceitar o diferente, em não se envergonhar pelo que não conhece, de admitir sua ignorância em relação ao seu próprio país mais do que orgulho de conhecer o estrangeiro, o interior do Nordeste é de uma riqueza extraordinária de lugares, pessoas, costumes, sabores, belezas indescritíveis.
Quase tudo o que ouvimos sobre o nosso sertão é sobre o calor, a fome e a miséria. Estereótipos! O sertão é mais que Graciliano Ramos, Patativa do Assaré, Rodolfo Teófilo, Cordel do Fogo Encantado, Luiz Gonzaga, Mestre Ambrósio... O sertão é lindo, rico e desperta em nós o desejo de nos questionarmos sobre nós mesmos. Mais que rico, o sertão é enriquecedor.
A Jandira parece morta, mas, depois de dois dias de chuva ela se vete de verde, inacreditável.
Eles também sonham.
Não é engraçado, é irônico.
O sertão é bem humorado.
Tem petróleo e gás brotando em praças, no meio da cidade...
... quase nos quintais e jardins...
... e no campo.
O sertanejo é bem humorado, criativo e crítico.
É costume em todo o país se colocarem cruzes à beira da estrada, sinalizando o local onde uma pessoa querida perdeu a vida por atropelamento ou por outro tipo de acidente automobilístico, mas no Nordeste esse costume excede, é impressionante. São centenas de cruzes, mas a maioria é colocada como oratórios e o zelo com que cada cruz é cuidada é comovente. A não ser as mais velhas, que nos fazem deduzir que os parentes daquele morto se perdeu no tempo, mudou-se para longe ou não têm condições de se fazerem presentes com mais freqüência, as demais estão sempre pintadinhas, muitas com flores artificiais ou naturais e sempre se encontram restos de velas em seu interior.
Eu vejo nessas cruzes, além da expressão religiosa, um alerta para os motoristas, pena que muitos não percebem esses avisos.
Eu vejo nessas cruzes, além da expressão religiosa, um alerta para os motoristas, pena que muitos não percebem esses avisos.
Quando se trisca na morte, dá uma moleza...
Ela passou triscando. Não houve susto, não deu tremedeirra e nem se passou um filme com toda a minha vida, como dizem que acontece. Foi um avo de segundo, rápido. Ela veio por trás e desviou no último instante, passou assoviando à minha esquerda.
Vendo-a por trás que me dei conta que por muito pouco não poderia estar tendo aquela visão e pensei naquees que gostam de mim e talvez nunca soubessem que eu havia morrido ali, no meio do nada.
E aí veio uma moleza esquisita, uma sonolência. Voltei para casa e fiquei assim, meio catatônico, o resto do dia e metade do outro.
Quase viro cruz na beira da estrada.
Vendo-a por trás que me dei conta que por muito pouco não poderia estar tendo aquela visão e pensei naquees que gostam de mim e talvez nunca soubessem que eu havia morrido ali, no meio do nada.
E aí veio uma moleza esquisita, uma sonolência. Voltei para casa e fiquei assim, meio catatônico, o resto do dia e metade do outro.
Quase viro cruz na beira da estrada.
Ao meu pai
Eu sabia aqueles cheiros e sabores,
Sabia os caminhos e as vozes,
Entendia o que diziam as palavras,
Ouvi meu pai naqueles homens.
Eu sabia aquele sol e seu calor.
Já soube em vidas passadas,
Quando minhas raízes eram verdes,
Daquela terra e seus segredos.
Eu conhecia as músicas e danças,
Seus requebros e si bemóis.
Vim desse pó ardente
E já não o sei mais.
A vida me tirou tudo
E outro barro virei na vida.
Sabia os caminhos e as vozes,
Entendia o que diziam as palavras,
Ouvi meu pai naqueles homens.
Eu sabia aquele sol e seu calor.
Já soube em vidas passadas,
Quando minhas raízes eram verdes,
Daquela terra e seus segredos.
Eu conhecia as músicas e danças,
Seus requebros e si bemóis.
Vim desse pó ardente
E já não o sei mais.
A vida me tirou tudo
E outro barro virei na vida.
E as fazendas de sal...
A água do mar é bombeada para enormes piscinas como essa. Por noventa dias a água vai-se evaporando aos poucos, sobrando só o sal.
Que é retirado por tratores, limpo, e industrializado em três tipos: o sal caseiro, o sal grosso e o sal para gado.
São dezenas de montanhas brancas como essa no litoral oeste do Rio Grande do Norte. Se você olhar no saquinho de sal aí da sua cozinha, 90% de probabilidade de que esse sal seja potiguar. Esse é o percentual de sal norteriograndense no mercado nacional, fora o que é exportado.
A arquitetura das igrejas sertanejas é dura, quadrada, forte e eficiente. Lembram um poema qualquer de João Cabral de Melo Neto.
No Lajedo de Soledade, em Apodi, senti a sensação de que somos apenas uma bolinha de sabão, quase nada.
Tenho que me conter... Vejo as fotos, cavuco na memória e tem tanta, mas tanta coisa mais a falar daquele universo maravilhoso... Fico por aqui esperando ter deixado na boca de vocês um gostinho de quero mais, e, se quiserem, sabem onde encontrar. Não está em voga os turismos de aventura e o cultural? Então, aventurem-se!
Para ele, esse post.
Não sou de falar de minhas intimidades, nem aqui, nem para quase ninguém, mas, como presente para aqueles que chegaram até aqui, vai aqui uma confissão:
Essa viagem seria uma lua de mel, mas, pouco mais de um mês antes de eu viajar, ela me deu um pé na bunda. Nada de traumas. Ela está feliz ronronando sob e sobre outros lençóis e eu... Bom, eu fiquei com um apartamento todo reformado, móveis novos, uma viagem maravilhosa e, de quebra, ainda vou me prsentear com um monitor LCD de 17 polegadas, hehe.
Mulheres, estou souto na capoeira!
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