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quarta-feira, março 25, 2009

Rebu

Já que o papo de ontem rendeu, vamos a alguns esclarecimentos e outros nem tanto, mas que servirão apenas para colocar mais lenha na fogueira, porém, com a responsabilidade da melhor informação que eu puder dar.

Vamos por partes:

1. A professora copiou meu artigo do Overmundo, isso a fez se sentir tanquila e amparada pela tal License Creative Commons, uma vez a CC, que veio parar no Brasil por conta da ingerência de alguns interessados “promotores de cultura” brasileiros em conluio com a matriz estadunidense junto ao Ministério da Cultura comandado pelo mau informado ou ingênuo Gilberto Gil.

Colocaram na cabeça de Gil que a Creative Commons era uma coisa moderna e democrática, quando na verdade é uma ferramenta que permite a qualquer um copiar qualquer coisa de qualquer um. A CC é aceita pela legislação estadunidense, mas choca-se frontalmente com as leis brasileiras que defendem a propriedade intelectual. Não é, portanto, porque o Overmundo está sendo administrado dentro da política da CC que os autores têm que aceitar a pirataria gratuita.

Depois falo mais nisso, voltemos ao caso da professora.

Qualquer acadêmico, de qualquer academia e, ainda por cima, alguém de uma das maiores universidades brasileiras e com um tremendo currículo de produção intelectual, tem a obrigação de saber que quando usa qualquer obra tem a obrigação de citar autor e fonte. É inadmissível que a dita professora consiga cometer esse deslize. O irônico é que em textos de autores conhecidos ela cita seus nomes, mas não no meu, um Zé Mané qualquer.

Pior, no blog dela, logo abaixo do título do artigo, estava escrito “Escrito por... (o nome dela)”. Ora, pois, ela não escreveu, copiou. Depois da nossa discussão de ontem, curiosamente, seus posts começam com “Postado por... (o nome dela)”. Com Creative Commons ou sem, isso é inadmissível! Por isso mandei o e-mail para a administração do site Stoa, de acadêmicos da USP, exigindo a retirada do post.

Por diversas vezes, leitores pediram para usar algo que eu escrevi e em momento algum me recusei a permitir. O próprio post sobre o acordo ortográfico foi solicitado por professores nos comentários e por amigos pessoalmente e a autorização foi dada, desde que citado o autor. A nobilíssima professora não solicitou, copiou e não se referiu a mim em qualquer momento.

Já à noite, trocamos e-mails nos quais ela insistia em manter e colocaria meu nome e a fonte, mas me recusei e exigi que apagasse, o que ela fez. Recebi conselhos para processá-la, mas já estava satisfeito com a retirada do post e dado por encerrado o problema. Mas eis que aparecem dois cavalheiros para defenderem a professora;

2. O senhor Luiz Armesto vem, indubitavelmente em nome do Overmundo. Pois permitam-me falar um pouco sobre este site.
É uma idéia muito boa que terminou se transformando num quintal de petistas que recebem pro-labore pago pela Petrobrás – ou seja, dinheiro público – para administrar com mão de ferro (um deles, em discussão com os colaboradores, afirmou literalmente “este site não é uma democracia”, deixando a entender que era um feudo deles).

Aliás, a professora tem um perfil no site, sob pseudônimo, desde 8 de junho de 2007 e não tem sequer um trabalho postado. Me pergunto, por que alguém tem uma página num site literário se não tem interesse em publicar? Eu, que entrei em 22 de março de 2008 tenho 94 colaborações publicadas. Só para terem uma idéia.

Para quem tiver paciência e quer ter uma idéia do que se passa no Overmundo, vão três links para algumas discussões sérias que rolaram por lá (muitos dos comentários foram apagados pelos filhotes de déspotas): aqui, aqui e aqui.

Foram muitas as discussões sobre o Creative Commons e muita gente abandonou o site por se sentir lesado ou ofendido. Publicações são sumariamente excluídas pelos administradores (ditadura!), colaboradores são expulsos sem direito a defesa (ditadura!) e downloads das publicações são feitos a torto e a direito sem que o autor possa ter conhecimento de quem acessou e com que propósito copiou (transparência zero). Ainda mais, se o autor quiser excluir seus escritos seja por que motivo for (não concorda mais com o que escreveu, deseja aprimorar o conteúdo ou a forma, pretende usar o escrito em outro meio...) não pode fazê-lo. Para isso tem que solicitar aos administradores que o façam e esperar que eles concordem em fazê-lo. Ou seja, o site passa a usar e abusar do seu escrito como lhe convier sem consultar o autor. Isso é Creative Commons e inconstitucional, segundo a legislação brasileira.

O senhor Luiz Armesto, antes de me dar conselhos, deveria pesquisar sobre a minha participação no Overmundo e as polêmicas levantadas pela ditadura imposta e seus desdobramentos. Só uma curiosidadezinha: o senhor Luiz Armesto defende o site, mas não tem perfil por lá, o que significa que é um laranja de alguém.

Já o senhor Ewout ter Haar é uspiano e amigo da professora na sua rede social do Stoa. Muito justo aparecer aqui para defender a amiga, mesmo depois dos administradores do Stoa terem se solidarizado comigo, me mandado um e-mail confirmando o alerta dado à professora para que ela corrigisse a falha. Numa coisa, porém, o senhor Ewout tem razão e o agradeço por isso. Havia um selo do Creative Commons nesse blog, colocado pela minha mulher e já devidamente retirado. Aqui é Copyright e ponto final. Quem quiser usar algo, é só pedir, pegar na mão grande, nem pensar.

No mais, desculpem a extensão do post e muitíssimo obrigado a todos que se solidarizaram comigo por comentários ou por e-mail.






©Marcos Pontes

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Um comentário:

Luiz Fernando da Silva Armesto disse...

Primeiramente, não estou comentando este post para ressuscitar um assunto já enterrado, pretendo apenas esclarecer algumas coisas ditas, incorretamente, sobre mim.

Eu confesso que não me lembro exatamente o que havia dito na ocasião, e não pude recordar pois os comentários não existem mais no post original. É quase certo que o meu argumento era que o texto teria sido copiado do site overmundo, no qual todos os texto são licenciados CC, sendo assim era perfeitamente legal e honesto reproduzí-lo seguindo as regras da licença adotada.

Aqui foi dito que eu intervim "indubitavelmente em nome do Overmundo", o que não é verdade. Eu não tenho nem nunca tive ligação alguma com tal site, tanto que, como o próprio autor do post mencionou, nem tenho conta de usuário lá. Muito menos sou um "laranja" de alguém ligado ao overmundo.

Do mesmo modo que o senhor Marcos Pontes disse que eu deveria ter pesquisado sobre a participação dele no overmundo - algo que não influenciaria em nada no argumento por mim usado - ele deveria ter pesquisado a minha participação no overmundo - como parece ter feito com empenho - e no Stoa. Se o tivesse feito teria encontrado a minha conta no Stoa onde teria lido o seguinte: "Sou estudante do Bacharelado em Física, no Instituto de Física da USP, e programador freelancer. [...] Sou um dos administradores do Stoa.". Ou mesmo poderia ter prestado atenção e visto no rodapé de qualquer página do Stoa "Theme by Luiz Armesto [...]"

Resumindo a história. Eu, como um dos administradores do Stoa na época e sem ligação alguma, direta ou indireta, com o overmundo, me empenhei para resolver da melhor maneira possível o problema. Porém como "pessoa física" me senti livre para criticar a atitude do senhor Marcos Pontes visto que o texto estava sim licenciado sob CC.