Quartinha

Duke, O Tempo, MG

• Os nobilíssimos parlamentares, pela enésima vez, engavetaram o projeto de reforma política. Imagina se eles têm algum interesse de mudar o que lhes dá dinheiro em penca, a fundo perdido e sem fiscalização. O lado bom é que não passou a tal votação em lista, que seria um prato cheio para a corrupção oficializada. Na época de Figueiredo surgiu o voto vinculado, lembram? Se você votasse no candidato do PDS a governador, automaticamente teria que votar em candidatos do PDS para todos os demais cargos ou teria o voto anulado. Na época foi uma manobra do governo para não perder as eleições que já estavam perdidas antes de começarem as votações. O que era ruim para o país naquele tempo tornou-se bom segundo alguns interessados. Agora, caro leitor, pense na seguinte situação (vou exemplificar o que ocorreria na Bahia, mas pode ser aplicado em qualquer estado): quanto um candidato estaria disposto a pagar “por fora” para fazer parte na lista em que se encontrasse ACMzinho, que não deixa de ser um candidato forte? A lista seria um enorme cacife para neguinho negociar a venda de vagas. Nos Estados Unidos um governador caiu porque quis vender a vaga de Obama no Senado, no Brasil seria uma festa impune.

 

• Como o Noblat disse ontem em seu blog, foi o cúmulo do cinismo Lula dizer que o Executivo não tem que se meter ou dar palpite na escolha dos membros da CPIzza da Petrobrás. O cara tem feito todas as negociações e negociatas possíveis para colocar só amiguinhos na Comissão, mas como sabe que é uma coisa imoral, vem a público dizer o contrário. É muita filadaputice pro meu gosto.

 

• Outra do Marolinha. A Polícia Federal prendeu um suspeito de pertencer à Al-Qaeda. Segundo informações vazadas que chegaram aos jornais, a prisão se deveu por conta de denúncia que veio de outro país. Perguntado a esse respeito, Lula disse que nenhum país tem direito a opinar sobre o que acontece no Brasil. Opa! Será que o cara que apóia uma terrorista à presidência da República e que diz que o terrorista Battiste é inocente – mesmo depois de julgado e condenado em seu país – está tentando limpar a barra e dar asilo a um terrorista árabe? A propósito, já libertaram o cara.

 

• Como a política é a arte da dissimulação e dos casamentos impossíveis, e, como estampou Collor numa camiseta há vinte anos, “o tempo é o senhor da razão”, não é de se estranhar muito o próprio Collor, que teve a falta de escrúpulos de usar a filha e a ex-namorada de Lula para ganhar uma eleição, estar agora fazendo de tudo para manter-se na base de apoio do governo na CPIzza da Petrobrás, ou PTbrás, como diz o Roberto Jeferson, o bandido que mais arrota moral e probidade no país.

 

• Dizem os mais velhos que “desgraça pouca é bobagem” e os mais pessimistas que “desgraça sempre vem acompanhada” e, pelo visto, têm razão. Salvador está tomada pelo lixo, a Polícia Civil está em greve, os rodoviários estão em greve, falta vacina antigripal para os idosos, há surto de meningite e de dengue e ainda é governada por um prefeito indolente, incompetente e venal, além de ter um governador sindicalista que jamais trabalhou na vida, antes ou depois de eleito. Não bastasse tudo isso, ainda recebe de uma só vez Chávez e Lula. É muita desgraça prum povo só.

 

©Marcos Pontes