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segunda-feira, novembro 08, 2010

Faltam Exemplos

Bob e Bob

O melhor professor é o exemplo.
O melhor exemplo é o dos pais.
Nenhuma novidade até aí e talvez não haja outra daqui para baixo, mas não consigo deixar de refletir sobre isso, por isso essa blogagem que fará chover no molhado e não mudará qualquer coisa no rumo tortuoso pelo qual segue o país.
Em janeiro desse ano já escrevi sobre minhas impressões sobre a atual geração de jovens, a quem chamei de “netos de 68”, o que faz desse um tema recorrente, mas tentarei dar um enfoque mais político desta feita.
Quando vejo jovens tentando subornar professores, principalmente nesta época de final de ano letivo, para serem aprovados me asseguro de que os bons valores estão agonizando.
Alguns desses mesmos jovens, de 15, 16 anos vão à escola ou à festinha com a turma dirigindo o carro graciosamente oferecido pelos pais e nessa festa não se furtam a usar álcool ou drogas ilegais e voltam para casa à hora que bem entendem, tenho certeza que o exemplo familiar também foi corrompido.
Ao refletir sobre o lixo em que se transformou a educação pública, com professores preguiçosos, falta de equipamentos e a famigerada “aprovação continuada” que praticamente aprova qualquer freqüentador, mesmo que sazonal, me dói saber que os caminhos da facilidade estão mais escancarados e são mais bem pavimentados do que os que levam à promoção social pelo mérito.
Foi-se o tempo em que os pais aconselhavam aos seus pimpolhos que a educação era o único meio de progredir socialmente. Os pais que ouviam isso e levaram a sério ou progrediram deveras ou, por não terem conseguido, desencantaram-se com a escola e procuraram outros caminhos para satisfazerem suas aspirações de consumo. Caminhos nem sempre honestos. Não que não haja bandidos graduados. Aliás, a sucessão de governos nas três esferas demonstra que eles são em número imenso e aumentando a cada dois anos.
É obrigação dos governos darem aos cidadãos meios de ascenderem a pirâmide social, mas o Estado também optou pelo caminho mais fácil.
Para quê gastar tubos em aprimoramento dos professores, equipagem das escolas, aparelhamento científico das instituições se sai muito mais barato criar um piso salarial de menos de dois salários mínimos e fazer propaganda dizendo que esse dinheiro foi investido na Educação?
Para quê fazer das tais bolsas sociais um programa emergencial, como é o seguro desemprego, se pode tornar-se fonte permanente e legalizada de compra de votos? Há justiça social nisso? Quem trabalha e perde sua fonte de renda seja lá por qual razão, só conta com ajuda financeira por cinco meses, mas quem nunca trabalhou, mas tem filhos, recebe por anos.
As leis e os juízes contribuem com os caminhos da facilidade quando são benevolentes com a bandidagem. Os bandidos pobres são tratados como vítimas sociais e empurrados de volta à sociedade para continuarem delinqüindo; os bandidos ricos são tratados como seres superiores e intocáveis e delinqüem impunes. Vale bem o exemplo do presidente Lula ao defender Sarney com o argumento que ele não poderia ser tratado como uma pessoa comum. Que Sarney não é uma pessoa comum, vá lá, não é mesmo, para alívio das pessoas comuns, mas essa defesa joga na lama o preceito legal de que somos todos iguais perante as leis.
Faltam exemplos, bons exemplos, e esses bons exemplos deveriam ser dados do berço e não na transferência da responsabilidade que cabe à família para a escola que conta com despreparados no cuidado das crianças.
Quando vejo um professor furando a fila da lanchonete da escola, vejo que ele não é diferente das autoridades que dão carteiradas a torto e a direito.
©Marcos Pontes

20 comentários:

Bluesette disse...

Assisto de cadeira o que narra, posto que sou mãe de uma adolescente que entrou este ano para a faculdade de direito. Vi coisas muito tristes entre seus amigos, pais absolutamente se importanto com filhos, largados de qualquer jeito. Uma pena. Filhos sem futuro, pais abandonados na velhice.

Adao Braga disse...

O sobrinho de minha esposa ficou cerca de 4 anos longe da sala de aula.

Agora se inscreveu no ENEM para pegar o certificado de conclusão de Ensino Médio....

Me sinto lesado!

Outro me disse:

Pra que estudar, se posso me filiar a partido, ser lider de sindicato, e ser politico, e até ser presidente?

Regina Brasilia disse...

Digo, e sei que muitos, acostumados ao culto de santificação do magistério (que é, inclusive, minha formação) ficam "horrorizados" com minha posição: tive pouquíssimos professores que serviriam de bons exemplos. Isso entre as décadas de 70 e 90. Hoje, acredito que a situação esteja bem pior...

Sonia disse...

Parto do princípio de que o primeiro suspiro de agonia da Educação, no Brasil foi dado quando da reforma do ensino em meados de 1971. Ali se iniciou um processo lento e gradativo de emburrecimento do aluno e desqualificação dos professores a longo prazo.
E,esses alunos e professores daquela época, são os pais de hoje, transferindo para o Estado sua função essencial de educar. A escola deve oferecer formação cultural, mas a educação é algo básico e deve, com certeza, vir do berço e dos princípios e valores da família.
Adorei seu texto e nem preciso dizer que, mais uma vez, concordo com tudo em gênero, número e grau. Bjos!

Luma Rosa disse...

O que você chama de “netos de 68”, chamo "Filhos da geração paz e amor". Esses pais ainda acham lindo camuflar o rosto com pêlos a la Che Guevara e dizer que eram "transgressores" porque lutavam contra a ditadura. Meu pai contava de uma "turma" que se refugiava em um sítio para fazer revolução - passavam dias e noites fumando maconha e tomando chá de cogumelo - Um cigarrinho não faz mal? Overdose quando não mata, corrompe o cérebro, degenera a matriz genética... esses mesmos pais, crescem tudo permitindo ou tudo proibindo. Você sabe o que é um jovem babaca. Acha que jovem babaca deixa de ser babaca? Velho babaca é a pior espécie de babaca! (rs*) Tudo Lullinha paz e amor!!

marcia disse...

realmente, a filosofia do "primeiro eu" contaminou toda a sociedade. a cidadania começa quando cada um percebe que todos são iguais em direitos e obrigações, e luta para que isto se transforme em realidade

Maria Amora disse...

Lulla não pensa (desculpe o pleonasmo) que para pertencer ao tão desejado (por ele) 1º mundo, é preciso de um povo forte, educado.
As famílias se perderam, abandonaram seus filhos na escola.
Não imagino o que será de nós.

CHUMBOGROSSO disse...

Amigos

O aprimoramento de métodos não pode ser confundido com MELHORIA DA EDUCAÇÃO.
Educar sempre foi incutir o senso de dever, respeito à hierárquia e disciplina
Aprimoraram-se "métodos" derubando conceitos.....chegamos aqui. É RUIM.
Mas certamente caminhamos para O PIOR !!!

carolaf88 disse...

Minha mãe é educadora da velha guarda. que acredita em tabuada, gramática, e ditados.
Foi atacada, ridicularizada, defenestrada, por ser anti-construtivista, anti-experimentalismos apregoados pelos pedagogos "modernos":. Falavam que ela estava ultrapassada

Agora ela é uma senhora de 70 anos, viu duas gerações de jovens se formarem no semi-analfabetismo.

Ainda a convidam para seminários: os pedagogos modernos querem um resultado rápido, Mas o tempo provou que ela estava certa.

Agora quando eles a acusam de ultrapassada, ela diz simplesmente: no meu tempo todo adolescente de 16 anos sabia ler e escrever perfeitamente. Sabia literatura e gramática. Todos dominavam a algébra e geometria. No meu tempo eles aprenderam a pensar, no meu tempo eles não foram doutrinados.

Obviamante ela não é adorada pelos "educadores do bem"

Xupacabr@ / Hallcox Hall / Laudelino Lima disse...

Salve Salve. muito bacana a imagem do Bibo Pai e Bóbi Filho. Já matou o artigo inteiro ! Muito representativo.

Minha filha tem 5 anos e graças a Deus tenho o olho do tamanho do meu prédio e estou vendo tudo o que pode fazê-la pior do que a simples natureza pode conceber.

Bom artigo !

Beatriz disse...

Marcos, - o tal ano que (infelizemnte ) não acabou - 68 - fez estragos e hoje tudo tende para o igualitarismo por meio de uma revolução nos costumes, na indumentária, nos adornos, na linguagem, no trato social. Ela se passa igualmente nas instituições sociais e culturais como na música, no teatro, nos shows, na família, na forma de propriedade, no ensino. E depois se transformam em leis.
O "legal" hoje é a decadência estética, cultural, social.
Os filhos são objetos de luxo, verdadeiros pets. Ponto!

TonMoura disse...

É, esses valores devem ser preservados. Mas, a vida fica cada vez mais banalizada em todos os seus valores.

Nadiavida disse...

Triste, mto triste..... Real, palpável....A maioria dos pais está deixando a responsabilidade de educar seus filhos pra escola; Vejo tantas coisas que me deixam cada vez mais assustada! Parabéns! Assunto muito pertinente!

PATRICIA MARIA MENDONCA CRP 06/27013 disse...

Vc tem toda a razão. Nossa sociedade precisade uma revisão urgente!

Anônimo disse...

MInha mãe só cursou até o segundo ano primário, meu pai até o quarto ano primário. Ambos eram semi-alfabetizados. Mas educaram seus 6 filhos com padrões morais de respeito ao próximo e valorizavam muito a educação e o esforço pessoal. Trabalharam como feirantes para que eu e meus irmãos pudessemos estudar. Eram outros tempos.

BeteBarros disse...

Exemplos bons faltam. Maus exemplos, essa podridão que assola o sistema é um câncer. Está tomando a sociedade numa progressão geométrica.
Sinto tristeza.

ZazaSampaio disse...

Caro Marcos:
É sempre um prazer vir a esse Esculacho & Simpatia e se deliciar com um texto saboroso e lucido sobre esses tristes dias que vivemos.
Abraços,
ZazaSampaio.

Thiago B disse...

O melhor professor é o exemplo.
O melhor exemplo é o dos pais.
Simplesmente perfeito

Yashá Gallazzi disse...

Muito bom, amigo. Muito bom.

Marisa Cruz disse...

Filhos observaram Pais Esperrrtos, mães fúteis, e educadores despreocupados com a educação em nível mais amplo.
O fruto não foi de Cidadãos Formadores de Opinião e sim de transeuntes que não respeitam a si próprios e muito menos ao coletivo.

Está na hora de voltarmos ao Caderninho de Caligrafia para escrever as letras redondinhas desta história e não mais garranchos como está a educação, a conduta moral e cívica das famílias deste País.
Marisa Cruz