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domingo, julho 30, 2006

Solidão, Manuela Pinheiro


Limpeza


Em um único escarro bem dado cuspiu todos os amigos do bolso para o outro lado da rua da amizade.

Ouvidos tapados com cera de abelhas mal-criadas nas árvores da praça, como menores abandonados, para não ouvir novos amores.

Sem palavras, sem lágrimas, nada.

Gritos interiores no silêncio da noite, jacintas surdas, vaga-lumes cegos, morcegos insones, fábulas de mariposas e solidão.

Sorveu o sangue dos vampiros e o sêmen dos impotentes, lambuzou-se nos lábios inferiores das garotas da Playboy e ficou rolando na rede como um peão horizontal perdido e tonto. Nas vagas da maresia da vida que o embalam em sua pobreza.

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