Deseducação Ambiental
Hoje, sabe-se lá por que interesses econômicos, os grandes veículos de comunicação de massa falam com maior freqüência sobre as questões ambientais que afligem toda a Terra. A Velhinha de Taubaté talvez acredite que seja apenas por interesses humanitários, coisa difícil de acreditar, levando-se em conta o histórico da imprensa mundial, sempre a tiracolo dos governos, para quem vende grandes espaços publicitários e é um de seus grandes mantenedores, seja com dinheiro, seja com benesses.
Mas essa é outra discussão.
A mesma imprensa, dessa vez com toda razão, insiste que a cura dos grandes problemas do planeta começa pela educação, a partir daí pela informação.
E onde começa a educação? Em casa.
Estão os pais preparados para instruir os pimpolhos sobre as questões ambientais? Em sua maioria, não.
A cada dia mais e mais tempo os pais se ocupam com afazeres profissionais, ausentando-se de casa por horas a fio, restando-lhes pouco tempo para o convívio com os filhos. Esse pouco tempo, portanto, é dedicado mais ao lazer do que à educação.
Delegam, portanto, a educação formal aos professores.
Estarão os professores preparados, então, para dar às crianças e adolescentes uma devida educação ambiental?
Em sua maioria, também não.
Existem afazeres demais para o professor e pouco investimento em sua capacitação para essa missão.
O que se vê na maioria das salas de aula do país, quando se fala em educação ambiental, são professores falarem vagamente sobre as questões amazônicas para crianças que sequer se imaginam visitando o “Inferno Verde” ou sobre os animais em risco de extinção, como os micos, onças e tantos outros. Não estão preparados para uma viagem profunda na questão. Mesmo na Amazônia, diga-se de passagem.
O exemplo e a discussão poderia começar pelo próprio ambiente em que o estudante vive: sua casa, a escola, o clube, a praça...
A educação formal, seja de que disciplina for, não é feita com varinha de condão, é árdua e constante. São necessários preparo, informações, atualizações, boa vontade e convicção, para que o conteúdo não seja simplesmente vomitado pelo professor e cobrado numa prova para depois ficar esquecido no passado.
Levando-se em conta que boa parte do alunado vive em áreas onde o poder público não investe, o lixo, a falta de esgoto sanitário, a ausência de arborização, a falta e o desperdício da água são questões constantes nessas localidades pobres onde mora a grande maioria dos estudantes brasileiros, principalmente os de escolas públicas.
O primeiro passo para se conscientizar esses jovens para a importância da preservação do ambiente e levando-os a conhecerem e questionarem o que está errado em sua própria casa, em sua rua, na cidade, incluindo-se a própria escola.
As escolas brasileiras são feias, mal tratadas, paredes pichadas, carteiras quebradas e nem sempre repostas pelas secretarias de educação, terrenos cheios de mato, má iluminação e desperdício de água e luz, até mesmo pela construção pobre e sem preocupações ambientas, via de regra.
O que interessa para uma criança de Goiás, por exemplo, que os mares estão sendo mal tratados?
Qual o interesse de uma criança do Agreste Pernambucano que as focas do Pólo Norte estão sendo caçadas ainda filhotes por causa de sua pele?
A Mata Atlântica está se acabando, o que isso tem a ver com uma criança do Amapá, cercada por floresta por todos os lados?
Para se chegar ao macro, há a necessidade primária de se entender o micro, seu próprio ambiente primeiro. A universalização de um currículo escolar é bobagem. Deve-se começar pelo local para depois se acrescentar o regional, usando o primeiro como comparação e referência, depois parte-se para o nacional e, só então, chega-se ao todo. A educação é paulatina para que seja eficaz e deve começar pelo adulto. Somente preparado para uma discussão profunda é que ele poderá orientar as crianças que poderão dar continuidade a um projeto global longo e demorado.
__________________
Este texto foi feito sob encomenda para o site do CEPEDES, que, sabe-se lá porque, resolveu não aproveitá-lo. Para não perdê-lo, coloco-o aqui.
Blogged with Flock
Nenhum comentário:
Postar um comentário