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sexta-feira, março 23, 2007

Renato, A Cidade, R. Preto, SP


  • Ciccarelli fez escola. A população de Canhotinho, PE, sentiu-se ofendida com uma comunidade do Orkut, entrou na Justiça e o juiz mandou bloquear o site. Daqui a pouco vão começar a prender comadres que falam mal das vizinhas...


  • O novo secretário de segurança baiano, descobriu uma sala, chamada pela imprensa de "Sala Secreta", ao lado de seu gabinete, onde "descansavam" dezenas de processos, o mais antigo datado de 1994. A maioria dos processos tinha como réus políticos do interior, carlistas, claro. Essa é a prática exercida há anos, desde o tempo da Arena, ou antes, da qual ACM, o comandante-mor dessa malta, se valia para proteger seus aliados (ou seriam baba-ovos?). Lógico que os processos contra seus inimigos (ele não tem adversários, mas inimigos) tiveram continuidade. O novo secretário mandou fazer um levantamento daqueles que ainda não prescreveram e dará continuidade a eles. Resta uma pergunta: os desembargadores empossados por ACM e seus asseclas, darão continuidade mesmo, ou engavetarão novamente em suas comarcas?


  • Controle populacional no terceiro mundo é isso: bebê lançado em lagoa, mãe espancando filho até a morte, criança matando criança a pauladas por conta de uma bola, avô mantendo neto preso a correntes dentro de canil junto com pitbull, mãe atirando filha do décimo andar, bandido arrastando garoto pelas ruas da cidade, ...


  • Fernando Collor, quando presidente da república, eleito com o jargão "caçador de marajás", perdoou as dívidas que os usineiros de álccol alagoanos tinham com a União. Esta semana Color se encontrou com Lula. Depois da reunião, Lula afirma que os usineiros são heróis. Não coincidentemente, o Ministério do Trabalho começa a fazer diligêncas junto às usinas e descobre bóias-frias sendo explorados, mal transportados, endividados no velho sistema dos "armazéns", em que o empregado é obrigado a fazer suas compras no armazém da empresa e suas dívidas, inflacionadas, são descontadas diretamente do salário. Isso os donos de seringais já faziam no Acre no início do século passado.
    O Brasil, para tornar-se o maior exportador mundial de álccol, como pretende ser, tem que combater o emprego de mão escrava, exigir respeito pelo meio ambiente, evitando as queimadas dos canaviais ou o lançamento de dejetos da produção nos rios. O presidente, em mais um ataque de verborragia e falta de senso, sai chamando esses senhores de "heróis". È muito para meu buraco hepático...


  • Ohhhhhh!!!!! Quer dizer então que, se a carga tributária não permite e a política cambial impede, a caneta do IBGE resolve? A economia brasileira é 10,9% maior do que se dizia anteontem? Que beleza! O Dieese ajuda afirmando que a média dos reajustes de salários em 2006 foi 87% acima da inflação. Que maravilha! Com apenas uma assinatura, o Brasil cresceu, em um dia, mais do que a China em 1 ano. Isso, sim, que é jeitinho brasileiro, o resto é coisa de malandro do morro.


  • Como alguns já sabem, faço parte do Corpo de Jurados do Tribunal de Justiça da Bahia, Comarca de Eunápolis. Em setembro do ano passado fui convocado para o julgamento de um rapaz chamado Francisco Lucas, acusado de assassinato. No dia do julgamento o advogado do réu não compareceu. O filho dele, do advogado, então funcionário do Detran, havia acabado de ser preso por vender carteiras de habilitação. Estávamos, todos os 21 jurados convocados, sentados no tribunal, quando foi trazido o réu, escoltado por dois policiais. O olhar que Francisco nos deu, encarando cada um dos possíveis sete jurados, que ainda seriam sorteados, foi algo entre o inibidor e o assustador.
    Garoto jovem, aparentando 23 anos, alto, por volta de 1,80 m, magro, bonito, bem vestido, com um rabinho de cavalo bem penteado, olhou-nos com olhos semi-cerrados, como que nos ameaçando.
    Com a falta do advogado, o julgamento foi adiado para a semana seguinte. Novamente o advogado faltou.
    Foi adiado para a próxima semana. O advogado não se fez presente. O juiz, já constrangido com nossos protestos, indicou outro advogado, exonerando o antigo. Nomeou Rui Azul, velho amigo meu, como novo defensor de Francisco, e marcou o julgamento para a semana seguinte. Dessa vez quem faltou foi o promotor, que havia viajado para Salvador, onde participaria de um congresso sei-lá-das-quantas.
    Enquanto espéravamos para assinar a ata, conversei francamente com o juiz. Disse-lhe que a maioria de nós não tinha nada contra ser convocado, que era nossa participação como cidadãos na feitura da Justiça, mas que estava acontecendo um desrespeito. Se os oficiais de justiça podiam nos encontrar para nos convocar, poderia também fazê-lo para nos avisar com antecedência que não haveria julgamento, evitando que cancelássemos nossos compromissos e tivéssemos que ir até o fórum.
    O juiz me ouviu, me deu razão, dissolveu aquele júri e fez um novo sorteio. Dessa vez não fui sorteado.
    Antes da próxima seção, porém, Rui Azul morreu, surpreendendo a todos nós, seus amigos.
    Desde setembro, sempre que se falava em julgamento, me vinha à lembrança aqueles olhos frios e ameçadores do Francisco.
    Eis que na segunda-feira passada recebo nova intimação para compor o júri, finalmente, do julgamento de Francisco. Acabo de voltar do Fórum. Não houve julgamento. Francisco fora assassinado.

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