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quarta-feira, março 28, 2007

Desenho de Elaine Gonçalves


Os olhos que me olham crus
não são frios mortos e mortos,
olhos cor de vidro e brilhantes,
não são olhos com olhar de ontem,
olhos dormidos ao relento e molhados,
não são quaisquer olhos
que vimos nas esquinas barulhentas
ou nos bares por detrás da cerveja.

Não são quaisquer olhos
os olhos que me olham,
nem claros ou escuros,
olhos oblíquos de Capitu
olhos de gueixa ou terceiros olhos.

Mas olho tais olhos sem fogo ou neve
com o desinteresse com que olho
meus próprios olhos no espelho.
Olho-os como se os conhecesse há anos
sem nunca tê-los visto
por um átimo de tempo
e eles se tatuam em minhas retinas,
marcam meus nervos ópticos
e me seguem pela vida.

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