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terça-feira, março 20, 2007

Preto e branco


Nunca fui bom em biologia, daí minha dificuldade em diferenciar raça de espécie. Segundo o dicionário on-line Priberam, raça é definida como a primeira e maior divisão do gênero humano;
conjunto de indivíduos que conservam, entre si, por hereditariedade, caracteres psicofísicos semelhantes;
conjunto dos ascendentes e dos descendentes de uma família, de um povo;
espécie;
No mesmo dicionário, espécie é definida como conjunto de indivíduos de igual natureza ou essência, que oferecem caracteres comuns pelos quais se distinguem dos outros grupos de indivíduos pertencentes ao mesmo gênero;
divisão do gênero;
qualidade, sorte, casta;
qualidade específica, caráter, sinal, distinção, particularidade;

Isso não me ajudou em nada. Não consigo perceber o ser humano como composto por raças, espécies diferentes. Só vejo a raça humana, a espécie humana. Tudo farinha do mesmo saco de Adão.

Vamos a mais uma definição tirada do mesmo Proberam. Discriminação: ato ou efeito de discriminar;
separação;
distinção;
diferenciação;

Olhando assim, discriminar não é, portanto, uma coisa necessariamente ruim. Quando alguém nos pergunta como você é? e respondemos alto, baixo, louro, moreno, crioulo, míope, cearense, javanês, perneta..., estamos nos diferenciando de muita gente, estamos nos discriminando, portanto. Damos características só nossas, marcas que nos distinguem dos demais. Assim nos fazemos reconhecer.
Mas tem uma última definição de discriminação: marginalização devido à diferença, de raça, por exemplo.
Aí a coisa muda de figura. Fica inaceitável numa sociedade globalizada em que a Bolsa de Nova Iorque negocia o cacau da Costa do Marfim, em que trabalhadores mal remunerados chineses fabricam bolsas de grife européias.
Na minha ignorância biológica só consigo ver a raça humana e acabou.

Há uns dois ou três anos, foi notícia nacional a prisão de um grupelho neo-nazista gaúcho que pregava panfletos incitando a discriminação contra negros, nordestinos e judeus. Entre os presos estava um chamado Sebastião da Silva. Parece piada, mas não é. Um nazista chamado Sebastião da Silva. Quando vi o vídeo em que o bobão aparecia, não contive a risada. O cara é o típico pardo brasileiro, cabelo crespo, pele morena. E nazista! Não sei quem é o mais imbecil, se ele, que, não conhecendo suas raízes trilha por um caminhozinho torto por conta dos amiguinhos ou os componentes do grupo que aceitaram um quase negro como caçador de negros. É muita imbecilidade para tão pouca gente.

Infelizmente nem todos os exemplos de discriminação que qualquer um de nós possa citar é tão bizarro quanto esse. Há quem leve esse tipo de coisa com seriedade, como filosofia de vida. E é aí que mora o perigo. O sujeito leva tão a sério suas próprias imbecilidades a ponto de machucar, ofender, agredir alguém pelo simples fato de ter a cor da pele diferente da sua. Antes de demonstrar que sua raça é superior, está mostrando que os de sua raça que pensam e agem como si são inferiores no intelecto e nas ações.




Adiantando em um dia minha contribuição à sugestão do Lino Resende para escrevermos sobre o dia 21 de março, Dia do Combate à Discriminação Racial.

21 de março, Dia de Combate ao Preconceito Racial

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