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quarta-feira, agosto 02, 2006

Elomar


Faviela


Abença, madin-a, cabei de chegá do Reno das Pedra das bande de lá. Meu pai mandô queu vince aqui te salvá. Tomem qu'eu subesse das nova de cá, de nada isquecesse de li priguntá, qu'eu vince e vortasse sem mais delatá. Desse no qui desse preu li respostá.

Tem pressa das bota, chapéu, muntaria, apois que amain-ã se rompê o dia vai junto c'as frota lá pras Aligria pras béspa das boda de Caçula e Fia. Cum prijistença alembra que é próxa e já quaji às porta a vinda do Grande Rei Jesus, o nosso redentô.

Manda priguntá se a vida pressas banda miorô. É que lá nos Impedrado nossa luta inté faiz dó.

Se a fulô do gado maió, também das min-uça, se as cria vingô; da roça só indaga das mendioca, só, plantada na incosta do mato-cipó.

Findo o priguntóro já torno a istradá. Donde é o lavatóro? Dêxeu me banhá.

A casa sutura sizuda as janela, vejo a camarin-a de renda mais bela, da sala à cunzin-a só inda num vi ela. Prigunto pro via daquela donzela.

Risposta, madin-a, cadê Faviela? Min-a alma duvin-a que hai arte do mal. Min-a alma difin-a margosa de fel. Só faiz sete lua qui li di o anel. Jurô que era min-a pru tinta e papel.

Foi no minguante dessa passada, tão de repente deu-se o sucesso qui já nem güento mais essa dô.

Vino dos confim da istrada um mitrioso aqui poso. Se arribo de madrugada e Faviela, ai, de mim levô!


Malvada malunga, culpada foi ela. Jurô que era min-a pru tinta e papel. Foi imbora a run-ia, ingrata e infiel.

A bença, madin-a, já volto a istradá e tudo que tinha pra li priguntá.

Min-a alma difin-a, margosa de fel; só faiz sete lua qui li di o anel; jurô que era min-a pru tinta e papel; foi imbora a run-ia, ingrata e infiel.




Raramente escrevo o texto de outro autor por aqui, mas a ressalva, dessa vez, tem dois motivos: primeiro que o autor de Faviela
é Elomar Figueira, de quem sou fão há muito. Clicando na foto dele, lá em cima, você será levado à sua biografia, feita pela Faculdade de Comunicação da UFBA. O segundo motivo é que esse é um daqueles textos que a gente lê e dá uma inveja danada de ter sido escrito por outra pessoa, a gente fica pensando "Putz!, como que gostaria de ter escrito isso!".

Faviela
é, na verdade, a letra de uma música que você pode ouvir aqui, além de outras músicas de Elomar. Não espero que gostem tanto quanto gosto, mas, se ouvirem, gostaria que colocassem aqui suas opiniões. Curtam.

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