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Como aqueles que por anos a fio carregam seus mortos em fronhas por lavar, carrego meus vivos que me impedem de morrer por uma simples questão de amor que não quer acabar.
Lençóis cheirosos e mal dobrados nas camas comunitárias onde já dormi são testemunhas induvidáveis dos que me guiam e seguem e me impedem de pensar em morte.
A curiosidade dos próximos dias e das caras curiosas, engraçadas, sérias, rabugentas ou sem feições que hão de vir; a perspectiva de novas camas e redes comunitárias, barracas de camping, muriçocas e carapanãs e os lençóis cheirosos e mal dobrados me impedem de pensar em morte.
Ainda existem violões, músicas e cantores e muita gente para ouvir em platéias barulhentas e mal comportadas em bares, discos, fitas, vídeos... então, para que pensar em morte?
E há livros verdes, azuis, incolores, de versos, poesias, besteiras, bulas, panfletos, ensaios e crônicas, bem ou mal escritos e seus autores falantes, indiferentes, intectuais e intelectualóides, por isso já nem penso que existe morte.
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