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segunda-feira, dezembro 10, 2007


Novaes, Gazeta Mercantil, SP


  • Lembram daquela piadinha ofensiva e sem graça na qual um santo ia reclamar com Deus porque Ele havia loteado a Terra muito mal? Um lugar ele condenou à miséria eterna, em outro ele colocou uma seca permanente, em outros um frio de lascar durante todo o ano, em mais um terremotos, em outros furacões. Deus não estava sendo justo quando criou o Brasil com muita água, clima agradável, terra agricultáveis, flora e fauna riquíssimos, alegava o santo. Aí, Deus explicou ao santo: "Você ainda não viu o povinho que eu vou colocar lá pra compensar". Deus deve ter-se arrependido. Esse ano já aconteceram quatro tremores de terra no país, dois deles reflexos de terremotos ocorridos em outros lugares, como o que assustou São Paulo e o da semana passada que chocou quatro estados do Norte. Além desses dois, ocorreu um no Nordeste e o desse final de semana em Minas Gerais, que não foi exatamente um terremoto, mas, segundo os técnicos, um processo de acomodação de terras por conta de uma falha geológica na região. Isso seria de menos se uma criança não houvesse morrido, nossa primeira vítima num abalo sísmico dentro do território brasileiro. Deus deve estar mesmo zangado conosco.

  • Ainda falando em Deus. A Bíblia, até meu sobrinho recém nascido sabe, é cheio de metáforas, o que permite a cada um interpretá-la do jeito que melhor lhe convier, para o deleite dos espertalhões que enchem o rabo de dinheiro criando religiões. Matusalém, por exemplo, teria vivido 900 anos, o que não se fala é quantos dias tinha cada ano. Tá lá no Gênesis: Deus fez o mundo em sete dias. No primeiro a luz, depois a noite e o dia, vieram as terras e a águas e assim por diante. Imaginemos que dia tenha um sentido figurado, que queira dizer, na verdade, etapa. Cada uma das sete etapas pode ter durado milhares, milhões de anos. Sendo assim, provavelmente ainda estamos no sétimo dia e Deus ainda está descansando, por isso o mundo está à deriva.

  • Saindo do céu e voltando para o inferno. Já se começa a falar de carnaval mesmo antes de ter chegado o Natal e a primeira notícia que leio já não é nada animadora. A Petrobrás e as petroquímicas Braskan e Uniper darão de presente R$ 12 milhões para o carnaval carioca. Estão fazendo com que uma empresa estatal se associe à contravenção do jogo do bicho e ao crime do tráfico de drogas no patrocínio da festa. Sérgio Cabral alega que a entrada de empresas oficiais afastará os criminosos das escolas de samba. Qual o quê, seu moço! A bandidagem começa na presidência das escolas, como esses bandidos serão afastados? Será que Lula vai nomeá-los? Eu acredito que cabe ao governo da cidade do Rio de Janeiro dar condições para que a festa aconteça com segurança, higiene, transporte, iluminação, atendimento médico, enfim, com a infraestrutura, mas daí a bancar as escolas, que são entidades privadas... A prefeitura já entra com R$ 5,2 milhões e o governo estadual injeta mais R$ 4 milhões. Somando tudo, são R$ 21,2 milhões de reais do erário para a sacanagem generalizada. Quantos quilômetros de esgotos ou casas populares poderiam ser construídos com essa grana? Isso equivale ao salário anual de quantos professores ou médicos?

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