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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O Rapto de Europa, Matisse.


Acho


A língua portuguesa, embora falada em todo o país, épara poucos quando se trata de escrever, ler e entender a mensagem. Antes que me acusem de presunçoso, devo dizer que suo sangue quando se trata de fazer um texto. Para piorar, não sou nenhum gramático, lingüista, lexicógrafo ou coisa que o valha. Apenas um teimoso.

Mas voltemos ao português.

Não tenho paciência para assistir a uma entrevista com jogador de futebol, por exemplo. Não sópela maneira entediante com que se expressam, como se as palavras mordessem, com aqueles ééé... popularizado por Rivelino quando ele jogava. Depois veio Marcelinho Carioca colocando "onde" onde não cabia. Por exemplo: eu estava na cara do gol, onde chutei a bola para fora. Quando, seria mais adequado. A propósito, ele também não falaria para e, sim, pra, como qualquer um de nós numa conversa falada.

Opa! Pleonasmo? E existe alguma conversa que não seja falada? Quem não conhece o MSN e o SMS podem achar que não. A gramática não está morta, precisa se atualizar com os costumes.

E o que falar do "acho". Aí já não é privilégio dos jogadores, é uma mania nacional. "Eu acho qu sou prifissional...", "Eu acho que estou com fome..."... Essa parece piada, mas encontrei um computador ligado à internet por ondas de rádio. Quando iniciado surge a mensagem "acho que está conectado" ou "acho que não está conectado". Caramba! Até computador está por uma fase de incertezas?

Mais um devaneio. Voltemos ao onde. Já reparam que essa palavrinha está na moda entre os futebolistas? Ele veio com o pé alto onde me atingiu na coxa. Por que o sujeito não usa o que?

Outra palavrinha, da qual já falei por aqui mais de uma vez, é a extremamente. Segundo o Aurélio: Que está no ponto mais afastado; remoto, distante; longínquo. Que atingiu o grau máximo; extraordinário. Final, derradeiro. (...)

Quando um comentarista diz Schumacher é extremamente rápido, estará ele dizendo que o piloto é mais rápido que a luz, a extrema velocidade atingida pelos entes físicos conhecido? Quando um de nós fala que está extremamente irritado, quer dizer que nada poderá irritá-lo mais? Pode até ser, mais seria uma afirmação extremada. Tudo bem, pode ser apenas uma hipérbole, um vício de linguagem aceitável, assim como o tabagismo. Só que o tabagismo só é aceitável por alguns, por isso me dou o direito de repudiar esse vício de linguagem. Ai, o Gianechini é extremamente lindo!. Tá, o cara é lindo, mas qual o aparelho usado para mensurar a beleza? Ainda não conheci, mas é muito provável que exista alguém que não o ache lindo, talvez bonitinho, e aí, como éque fica?

O quase presidente Tancredo Neves gostava de usar realmente em cada frase. Talvez para que não achássemos que quando ele não empregasse o termo, os cidadãos poderiam pensar se não realmente, deve ser mentiramente, falsamente. Lembremos que virtual ainda não era antítese de real, antônimo criado com a febre cibernética por que passamos.

Tudo isso pode até ser aceito, relevado, coisa que fazemos todo o tempo, mais grave é a falta de leitura crítica, aquela que nos faz interpretar o texto, o subtexto, o pretexto e contexto para que a mensagem fique clara, sem dúbia interpretação. Isso deveria ser ensinado nas escolas, mas, falo por experiência própria e profissional, aos professores, via de regra, dão-se por satisfeitos quando o aluno consegue unir as letras formando sílabas e as sílabas formando palavras e as palavras formando frases. Se essas frases formam um texto e se o aluno o compreendeu na íntegra, já não é problema seu, do professor.





Tem conto meu na revista Extremo 21. Ou melhor, têm dois. A cada semana terá um novo.

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