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domingo, fevereiro 25, 2007
Andarilho
Será sempre o mesmo homem? Minha dificuldade em gravar fisionomias não me permite responder.
Em todos os caminhos, picadas ou estradas por onde passo, lá está ele indo ou vindo. De trajes pobres e, por vezes, levando algo, uma enxada, uma espingarda, um saco de estopa, uma caça, um caçuá... Sempre ele à margem do caminho.
Esse homem de trajes sujos e maltrapilhos, chapéu de palha ou de feltro, está onde estou.
Para não perder o encanto que esse homem tem sobre minha alma, nunca parei para conversar, procurar saber de onde vem, qual seu destino.
Vejo-o de frente ou pelas costas e passo rápido e mais à frente o revejo, caminho sem fim.
Esse homem me causa piedade, mesmo que não a mereça ou deseje. Mas não deixo de sentir. Piedade pelos seus pés rachados e mal calçados, pela pele escura curtida de sol refrescada e desbotada pela chuva e pelo vento, pelos calos que nunca vi, mas sei que substituem as mãos. Sinto piedade daqueles que deixou em casa esperando pelo feijão com farinha para matar a fome cotidiana.
O que faço por esse homem que me desperta dó, me aperta o peito e me molha os olhos? Nada. Apenas o vejo passar e passo por ele.
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