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quarta-feira, março 19, 2008

tinteiro

Daqui a 28 dias esse blog estará completando 1000 dias, algo que eu não havia projetado, aliás, sequer pensava nisso. É meu quarto blog. 

O primeiro foi o Voyeur Ousado, no Weblogger, por influência da Flavinha, que já não escreve mais. Perdi o acesso a ele depois que cancelei minha assinatura do Terra. O pobre Voyeur está no limbo dos blogs.

Paralelo a ele eu mantinha o Poetrando. Também ficou no limbo, pelo mesmo motivo.

Migrei, então, para a Zip.Net do UOL. Este foi assassinado pela própria UOL. Lá eu comecei a diversificar e amadurecer como blogueiro, foi quando adotei esse formato de blog. Notas curtas sobre fatos do dia a dia, dando ênfase para aquelas notícias menos divulgadas. Enquanto eu escrevia ali, a UOL adotou aquele sistema de comentários que exigem letras e números ilegíveis para poder postar seu comentário. Todo mundo reclamava da trabalheira que dava, inclusive eu.

Alguém começou uma campanha para que a UOL mudasse o sistema e eu aderi. Depois de algumas postagens reclamando, a UOL simplesmente apagou meu blog. O que mais me chateou foi a perda de contos, cônicas e poemas que eu havia postado e dos quais não havia back-up. Não adiantou reclamar, não me devolveram meus textos. Pensei até em apelar pra a justiça, mas só em pensar em tratar com advogados, preferi me conformar.

O jeito foi migrar para o Blogspot e aqui tenho me mantido bastante satisfeito.

Desse blog nasceram incríveis amizades, surgiu um livro e o segundo está a caminho, o prazer de escrever tornou-se maior e mais constante, passei a escrever, a convite, num site de notícias local no qual mantenho uma coluna em que comento as notícias, já escrevi contos num outro e fiz textos sob encomenda para o blog de outra pessoa. Só não deu dinheiro.

Surgiram também três inimizades. Uma por melindre de uma blogueira que não admitiu ser criticada, outra por dois blogueiros que me envolveram numa fofoca e depois tiraram o corpo fora. No final, eles que perderam porque aquela que seria o objeto das fofocas continua minha amiga e mais amiga do que era antes. Um deles tentou uma reaproximação, mas não lhe dei retorno. Uma terceira blogueira, mulher inteligente, de opiniões fortes, freqüentadora constante, jamais concordava com o que eu escrevia. Quando não havia do que reclamar, achava ruim a linguagem que eu utilizava em meus contos regionais, por exemplo. Eu levava numa boa, não vejo porque me ofender quando uma pessoa critica, é seu direito, e quem escreve, potencialmente para todo o mundo (o Extreme Tracking acusa visitantes de 117 países), tem que estar disposto a receber elogios, críticas e indiferença. Eu a visitava e me tornei fã, embora nossas posições políticas sejam bem diferentes, mas a maneira como ela defende suas idéias, com argumentos, linguagem clara e inteligente, merecia minha atenção e rspeito. Porém, seu último comentário foi tão ridículo, tão agressivo e inútil que me pareceu que estava querendo provocar briga, que nem aqueles babacas que vão a uma festa só pra porrar alguém. Talvez eu estivesse de ovo virado no dia, mas resolvi devolver.

Coincidentemente, no dia ela havia escrito um post totalmente diferente dos que costumava fazer. Ela estava defendendo o uso de uma substância ilegal (não era nenhum psicotrópico, não) e eu apenas comentei "isso não é ilegal? Prefiro quando você escreve sobre política", apenas para ver como ela lidava com a discordância. Só isso. Pouco depois a vi reclamando de mim em outros blogs e me dei por satisfeito. Como diz o povão, todo mau pagador é bom cobrador. Ali ela perdeu meu respeito.

Esse episódio foi compensado pelas outras ótimas amizades que fiz por aqui. Apenas duas tornaram-se reais, por enquanto. Outras já eram reais e se solidificaram. Mas as virtuais são fortes e tenho por elas o mesmo respeito e carinho que tenho pelas de carne e osso. Aliás, meu próximo livro terá a orelha escrita por um blogueiro e a apresentação por outo, nenhum dos dois amigos reais, mas ídolos virtuais.

É por conta desse blog que a Letícia estará em São Paulo, amanhã, me apresentando e representando num encontro de escritores. Não tenho a mínima idéia do que acontecerá por lá, mas sei que melhor representado não poderia ser. Presente ao evento estará o David, autor desse lay-out que muitos já disseram ser a minha cara.

Perigoso começar a falar em nomes. A gente acaba esquecendo alguém. Mas é inevitável falar dos livros de blogueiros que adquiri e que sequer saberia da existência se não fosse por aqui: Albano, Renata e ANA, o Popularíssimo Marco, o Comandante Ordisi, Márcia Clarinha, Valter Ferraz e a Loba, que coordenou uma coletânea de blogueiros, foram os escritores que me forneceram sonhos, lições e sorrisos em forma de páginas de papel.

Enfim, são quase mil dias de lucro, catarse, alegrias, indignações, um apêndice da vida que se tornou quase imprescindível, um vício bom.

Mas, por que essa reflexão a esta altura? Não quero ferir suscetibilidades, mas tem acontecido uma coisinha que está me deixando meio down. Infelizmente não posso dizer agora, magoaria alguém a quem não quero magoar e que não merece ser magoado, não é culpa sua o que estou sentindo, mas essa coisinha tem me feito refletir um bocado sobre o que estou fazendo aqui. Não bateu insegurança, como pode parecer, ou arrependimento, ou frustração, ou insatisfação com o que escrevo (não estou me vangloriando de nada, apenas excluindo sentimentos). É um trocinho que inquieta, me traz de volta um incômodo que imaginei já estivesse morto há muito.

Talvez esteja chegando a hora de dar um tempo no blog, repensar tudo isso e, talvez, encontrar uma nova fórmula de fazer essa catarse quase diária.

Vou pensar no caso.

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