Hoje só se fala da declaração de Lula que a Amazônia Brasileira tem dono, no que concordo plenamente, mas não só a brasileira, mas toda a Amazônia que se estende por oito países.
Ontem recebi um e-mail em qua aparece a cópia de um livro didático de geografia estadunidense para a sexta série, em cujo texto, entre outras bizarrices e ofensas xenófobas, afirma que a Amazônia é um território ianque que se espalha por países de gente ignorante, burra e violenta, que os Estados Unidos não permitirão que essas terras e suas florestas fiquem em nossas mãos. Ou seja, os caras estão investindo na lavagem cerebral de suas crianças, fazendo um investimento a longo prazo para um dia se apoderarem de vez das terras, das matas e suas riquezas já conhecidas e das muitas ainda misteriosas. É de dar nos nervos!
Reconheço que muito pouco tem sido feito pelos governos desses oito países em preservar a área, em explorar com sustentabilidade suas riquezas, mas não são os gringos ou os europeus que deverão fazer isso, mas nós.
O brasileiro não conhece o Brasil, muito menos a Amazônia, parte do nosso território menos povoada e que sofre discriminações no restante do país. Ainda tem muita gente que acha que lá só existem índios, bichos pelas ruas e pobreza absoluta. Ledo e grave engano. Apenas como exemplos, Manaus e Belém estão entre as nove maiores cidades do país, a capital do Amazonas é altamente industrializada e Rondônia foi o estado que mais cresceu nas últimas décadas. Há muita pobreza? Sim, há. Mas, como no restante do país, a pobreza existe por falta de incentivos econômicos federais, não por falta de recursos. Apenas esses não são devidamente aplicados.
O presidente da CPI das ONG fez uma declaração ontem que dá o que pensar. Diz ele que as ONG internacionais existentes na Amazônia somam mais de 250 e têm como objetivos declarados combater a miséria da população. Por outro lado, afirma o senador, nenhuma delas atua no Nordeste, região infinitamente mais miserável. Ou seja, dos objetivos declarados às suas reais intenções, vai uma distância diametral.
Não são apenas os EUA que estão de olho em nossas terras, madeiras, minérios, petróleo e toda a gama de riquezas vegetais com potencial aproveitamento farmacológico. Os europeus querem sua parte e a própria Venezuela, Bolívia, Peru e Colômbia têm grupos de contrabandistas de fauna e flora agindo embaixo da cobertura fechada das árvores.
Enquanto isso, nossas forças armadas estão sendo sucateadas, facilitando uma invasão com pouca ou quase nenhuma reação, caso venha a acontecer a médio prazo.
Querem que a comunidade internacional tome conta desse tesouro? Então, por que ninguém propõe que seja feito na região um tratado nos moldes do que foi feito para a Antártica? O continente gelado tornou-se um território internacional cuja exploração deve ser apenas científica. Eu tenderia a aceitar uma proposta dessas, assinada por todos os países, desde que cada um faça investimentos para a manutenção da ordem, o fim do tráfico de drogas, de plantas, de animais e de pessoas. Que as poluações lá existentes tenham acesso à exploração econômica das terras, mas sem a fixação de grandes grupos econômicos internacionais; que a saúde e a educação recebam investimentos de todos os lados e que a língua oficial seja o português, não o inglês, como vem ocorrendo em diversas sub-regiões do norte do Amazonas e em Roraima; que os ameríndios tenham seus costumes preservados e respeitados, sem a catequese dos novos e mal intencionados jesuítas, principalmente os norte americanos, sem, porém, deixarem de ter assistência à saúde e à alimentação, principalmente nas etnias mais aculturadas; que os governos estaduais e municipais da área tenham autonomia na administração dos territórios sob sua responsabilidade, mas sem ferir os acordos internacionais.
A internacionalização da Amazônia poderia ser a melhor alternativa para sua conservação, mas ela continuaria pertencendo aos países cobertos por ela e não à vontade dos novos imperialistas que se formam de olho nas mesmas riquezas que fizeram portugueses, espanhóis, ingleses, holandeses e alemães brigarem ferozmente há mais de 500 anos.
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