Tem um monte de gente, não só na blogosfera, mas nos jornais, revistas e tevês, reclamando da exploração exagera da mídia no caso da criança assassinada em São Paulo, que a desgraça deveria ser noticiada, mas não explorada e blá-blá-blá. Cá pra nós, tudo bobgaem.
Só se vende aquilo que tem público pra comprar e só sae compra o que se está à venda.
O brasileiro, desinformado por opção, aumentou em 53% a assistência aos telejornais no primeiro mês depois do crime. Ninguém queria saber da queda do dólar, da pseudo crise dos alimentos, da doação de terras de Roraima pelo governo federal para ser formar uma nação indenpendete dentro do Brasil, da briga entre os países ricos e pobres em cima dos biocombustíveis, da roubalheira persistente do governos federal e de seus asseclas... Nada disso. Neguinho estava na esperança de que um desocupado qualquer tivesse filmado a menina caindo e seu pai e madrasta esfregando as mãos de satisfação.
A mídia explora a desgraça alheia porque o cidadão gosta de ver a desgraça alheia, simples assim. Agora, por que o público gosta de ver a desgraça alheia? Os psicólogos que respondam a essa pergunta. Aliás, psicólogo tem respota para tudo, os físicos é que ainda não se interessaram em perguntar aos filhotes de Freud porque os buracos negros atraem tudo para seu núcleo. Se o fizessem, o mistério já teria sido resolvido.
Não me lembro quem, um dia fez uma comparação: se numa esquina estivesse tocando a Orquestra Sinfônica Brasileira e na esquina seguinte tivesse ocorrido um acidente de carros, com certeza haveria público maior na segunda.
No período da desgraça paulista, eu, sempre telespectador assíduo de telejornais, zapeava de canal em canal e todos falavam do assassinato. A Globo, com sua linha de jornalismo asséptica, pelo menos na aparência, foi a que menos explorou o caso. Mas, como no Brasil só existem dois culpados para qualquer coisa ruim que acontecer, Lula e a Globo, os rebeldes com ou sem causa só falam da empresa dos Marinho, como se ela tivesse contratado os atores para o infanticídio. Tudo bem que ela também adora a miséria alheia, desde a morte de presidente eleito até a unha quebrada de uma patricinha qualquer, mas não foi a única nem a mais empenhada em divulgar os detalhes sórdidos e técnicos do infanticídio. Em tempo, Lula é mesmo responsável por uma boa parte das desgraças nacionais.
Aí vem um outro tanto de paladinos da justiça, dos pobres, orpimidos e crianças exploradas comparar o assassinato da pequena paulistana com os tantos outros de crianças país a dentro. Um caso não exclui e nem soma aos demais. Se a polícia mostrou mais empenho em resolver o caso da garotinha é justamente porque a mídia e o público, irmãos siameses, estavam em sua jugular. Não fosse isso, muito provavelmente caso teria o mesmo tratamento dos demais infanticídios nacionais.
A imprensa noticiou, o leitor ou espectador exigiu mais, a imprensa descobriu um daqueles filões efêmeros como as fêmeas-melancias e as decisões de campeonato de futebol e se empenhou em dar ao público o que ele queria. Daí surgem os vigilantes sociais e batem na mídia, na verdade não por causa da exposição ininterrupta de um crime absurdo, mas por não ter sido convidados para a farra. Bater na imprensa num momento desses é fazer exatamete o que a imprensa faz com os muito prováveis assassinos, ou seja, arrecadar público e apoio.
Estou defendendo a imprensa? Não, apenas colocando no mesmo paneiro imprensa, público sedento de sangue alheio e os críticos de um e de outro. Podem me jogar nessa sacola de lixo, não vou me excluir. Até o momento não havia falado no caso, não gosto muito de modas, mas o saquinho estourou.
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