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sexta-feira, maio 30, 2008

paixao

  • Enfim os mandatários tomaram uma atitude que a princípio, para uns, é maléfica e contrária aos preceitos divinos, mas que poderá trazer benefícios imensuráveis para a humanidade a longo prazo. Se bem, cá pra nós, se tem uma coisa muito ruim sobre a Terra é justamente a humanidade.

 

  • Por outro lado, a corja parlamentar, pelo menos na Câmara, vai na contra-mão da vontade popular e promete ressuscitar a CPMF. Tamos fu nas mãos desses caras.

 

  • Quer dizer que vão voltar a aumentar o número de vereadores? Só uma perguntinha: para quê?

 

  • Eu até soltaria foguetes com o indiciamento de Garotinho e sua patota, mas, se por um lado existe uma polícia atuante, do outro existem os políticos e suas politicagens para esquetarem as costas desses criminosos. Amanhã estarão todos soltos e livres para fazerem tudo de novo e, pior, com mais know-how. Que me desculpe o povo de Campos, mas tivemos dois prefeitos campistas aqui em Eunápolis, dois dos piors marginais que já vi na vida. Graças a eles popularizou-se por aqui um ditadinho que rola no norte fluminense: para campista, nem a prazo nem à vista.

 

  • E em BH o PT está fazendo um "acordo informal" com Aécio. O que podemos entender por "acordo informal"? Promessa de grana? Promessa de cargos? Ambos? Vistas grossas de lado a lado para que sejam encobertas as podridões de uns e outro? A cara de pau desse povo nem cupim arranha.

 

  • Por falar em cara de pau, relatório da CIA afirma que a Al Qaeda está praticamente dizimada no Iraque. Quemestá matando tanta gente todos os dias? Devem ser as poucas freiras católicas...

 

  • Ha! Ha! Ha! Segundo o presidente do Banco Central, a política econômica de Lula é esquerdista. Marx e Lênin tremeram no túmulo, provavelmente.

 

  • Boa a pergunta do Financial Times: quem fiscaliza as agências de risco? Os caras avaliam todo mundo, empresas, governos e países, fazem as economias do planeta sefrerem alta ou baixa, de acordo com suas vontades e seus critérios, têm mais poder que muito presidente da república, marajás e reis, mas quem os fiscaliza?

quinta-feira, maio 29, 2008

AUTO_solda

  • Quem é mais antigo que o plano real deve lembrar-se da inflação estratosférica. As donas de casa, que sabem mais de economia do que qualquer ministro que já passou pela pasta, faziam feira para o mês inteiro, porque sabiam que na semana seguinte os preços já seriam bem mais altos. Pois está chegando a hora de voltarem a fazer isso. Pai Marquinhos de Ogum já está falando há semanas: HORA DE POUPAR, MACACADA!

  • Já que estamos falando de lições que o passado nos dá, todo mundo conhece as histórias da Santa Inquisição em que ia pra fogueira qualquer um que se opusesse de alguma forma, mesmo que sem a intenção, aos ditames da santíssima Igraje Católica Apostólica Romana. Quantos cientistas não foram mortos e quantos não preferiram guardar suas idéias com medo da chama santa? Galileu teve que dizer que estava errado, mesmo sabendo que sua descoberta que derrubava a teoria do geocentrismo era corretíssima. Essa discussão sobre a aprovação ou não de estudos de células-tronco me faz pensar nisso. Graças àqueles que ficam depositando no Senhor todas as curas e se conformando com todos os males são os principais adversários da ciência nesse momento. Já vi um desses dizer que se fulano está tetraplégico, é por vontade de Deus, não cabe ao homem ser contrário às vontades divinas. Cá pra nós, um Deus assim eu não quero pra mim.

 

  • Se a CPMF não passar (tá, eu sei, mudaram o nome da criança, mas a cara é a mesma), Lula vai aparecer na televisão que a culpa é dos opositores, a elite, os sonegadores, os vagabundos que não querem que seu governo resolva os problemas nacionais, todos anti-patriotas  inimigos do povo. Já vimos esse filme.

 

  • Dias desses eu falei que Paulinho da Força, provavelmente, não seria punido. Ora, pois, o novo presidente do Conselho de (anti)Ética, Sérgio Moraes (PTB-RS), já declarou que levará 15 dias até decidir se o indiciará ou não. Ou seja, ele conta que em 15 dias a imprensa e o povão já tenham se esquecido dos roubos do sindicalista (desculpem a redundância).

 

  • Com uma oposição dessas, Lula nem precisa de base aliada. Dilma e sua gang saíram sem qualquer arranhão tanto no caso dos cartões quanto no do dossiê. Alguém esperava o contrário?

 

  • Como falei há alguns meses, para o biocombustível brasileiro se tornar aceito no primeiro mundo, primeiramente os usineiros teriam que resolver os problemas de mão escrava ou semi que utilizam. Os européus não iam deixar barato. A Anistia Internacional levantou a bola, Bush e seus camaradinhas só tem que chutar. Isso ainda vai dar muito pagode (samba é muito melhor, mas pagode já tá bom pra essa corja).

terça-feira, maio 27, 2008

angeli 

Hoje só se fala da declaração de Lula que a Amazônia Brasileira tem dono, no que concordo plenamente, mas não só a brasileira, mas toda a Amazônia que se estende por oito países.

Ontem recebi um e-mail em qua aparece a cópia de um livro didático  de geografia estadunidense para a sexta série, em cujo texto, entre outras bizarrices e ofensas xenófobas, afirma que a Amazônia é um território ianque que se espalha por países de gente ignorante, burra e violenta, que os Estados Unidos não permitirão que essas terras e suas florestas fiquem em nossas mãos. Ou seja, os caras estão investindo na lavagem cerebral de suas crianças, fazendo um investimento a longo prazo para um dia se apoderarem de vez das terras, das matas e suas riquezas já conhecidas e das muitas ainda misteriosas. É de dar nos nervos!

Reconheço que muito pouco tem sido feito pelos governos desses oito países em preservar a área, em explorar com sustentabilidade suas riquezas, mas não são os gringos ou os europeus que deverão fazer isso, mas nós.

O brasileiro não conhece o Brasil, muito menos a Amazônia, parte do nosso território menos povoada e que sofre discriminações no restante do país. Ainda tem muita gente que acha que lá só existem índios, bichos pelas ruas e pobreza absoluta. Ledo e grave engano. Apenas como exemplos, Manaus e Belém estão entre as nove maiores cidades do país, a capital do Amazonas é altamente industrializada e Rondônia foi o estado que mais cresceu nas últimas décadas. Há muita pobreza? Sim, há. Mas, como no restante do país, a pobreza existe por falta de incentivos econômicos federais, não por falta de recursos. Apenas esses não são devidamente aplicados.

O presidente da CPI das ONG fez uma declaração ontem que dá o que pensar. Diz ele que as ONG internacionais existentes na Amazônia somam mais de 250 e têm como objetivos declarados combater a miséria da população. Por outro lado, afirma o senador, nenhuma delas atua no Nordeste, região infinitamente mais miserável. Ou seja, dos objetivos declarados às suas reais intenções, vai uma distância diametral.

Não são apenas os EUA que estão de olho em nossas terras, madeiras, minérios, petróleo e toda a gama de riquezas vegetais com potencial aproveitamento farmacológico. Os europeus querem sua parte e a própria Venezuela, Bolívia, Peru e Colômbia têm grupos de contrabandistas de fauna e flora agindo embaixo da cobertura fechada das árvores.

Enquanto isso, nossas forças armadas estão sendo sucateadas, facilitando uma invasão com pouca ou quase nenhuma reação, caso venha a acontecer a médio prazo.

Querem que a comunidade internacional tome conta desse tesouro? Então, por que ninguém propõe que seja feito na região um tratado nos moldes do que foi feito para a Antártica? O continente gelado tornou-se um território internacional cuja exploração deve ser apenas científica. Eu tenderia a aceitar uma proposta dessas, assinada por todos os países, desde que cada um faça investimentos para a manutenção da ordem, o fim do tráfico de drogas, de plantas, de animais e de pessoas. Que as poluações lá existentes tenham acesso à exploração econômica das terras, mas sem a fixação de grandes grupos econômicos internacionais; que a saúde e a educação recebam investimentos de todos os lados e que a língua oficial seja o português, não o inglês, como vem ocorrendo em diversas sub-regiões do norte do Amazonas e em Roraima; que os ameríndios tenham seus costumes preservados e respeitados, sem a catequese dos novos e mal intencionados jesuítas, principalmente os norte americanos, sem, porém, deixarem de ter assistência à saúde e à alimentação, principalmente nas etnias mais aculturadas; que os governos estaduais e municipais da área tenham autonomia na administração dos territórios sob sua responsabilidade, mas sem ferir os acordos internacionais.

A internacionalização da Amazônia poderia ser a melhor alternativa para sua conservação, mas ela continuaria pertencendo aos países cobertos por ela e não à vontade dos novos imperialistas que se formam de olho nas mesmas riquezas que fizeram portugueses, espanhóis, ingleses, holandeses e alemães brigarem ferozmente há mais de 500 anos.

segunda-feira, maio 26, 2008

Hoje acordei com um conto pronto, bastou colocá-lo no papel e depois na tela. Está lá no Canto dos Contos. Vai me dar a honra da visita?

domingo, maio 25, 2008

humbertojc

  • Jeferson Peres foi o último. Os fisiologistas, os corruptos, os venais, os sem caráter, estão soltos na capoeira. Peres, além de sua postura pessoal irretocável, até onde sabemos, era um crítico contumas e inflexível daqueles que fazem de seus cargos um balcão de negócios. Talvez ainda possamos contar com Suplicy, mas este aparenta sofrer de Alzeheimer nos últimos tempos; podemos ter esperança de que Simon ressuscite, um homem que já foi referência e transformou-se num saudosista que não consegue viver em perspectiva, somente requentando os tempos passados de combate do MDB, aliás, ele ainda chama seu partido assim; podemos tentar confiar em Demóstenes Torres, que tem-se mostrado o mais bem preparado oposicionista, fruto de seus tempos de promotor público, mas está cercado de "demos", o que diminui nossas esperanças. Jeferson Peres vai fazer falta, muita falta.

 

  • Hoje o escândalo Renan completa um ano. Alguém foi punido? Claro que sim! Nós, pobres palhaços pagadores de impostos fomos punidos. Incrível como as coisas se repetem nessa republiqueta de quinta. Renan está quietinho, conformado com a perda aparente de poder, mergulhadinho esperando a memória popular apagar suas tristes memórias.

 

  • Vejo notícias otimistas nos jornais por conta da morte do bandido-mor das Farc. Tolinhos... Os marginais colombianos consideram-se um exército, por isso têm uma hierarquia, o que significa uma linha sucessória. Nada vai mudar, pelo menos por enquanto.

 

  • Impressionante a celeridade da justiça brasileira. Lembram quando aconteceu o naufrágio do Bateau Mouche? No revellion de 1889! Há dezessete anos! Muitos dos parentes das 55 vítimas daquela tragédia já devem ter morrido sem terem sido justiçados. Só agora foi paga a primeira indenização. Pior, não foram os donos do barco que pagaram a conta, mas os cofres públicos, ou seja, você e eu, que não temos ações da empresa responsável e, provavelmente, jamais vimos esse barco de perto. A República dos Sindicalistas está se transformando na República Indenizatória. A mentalidade dos nossos governates passou a ser "não precisamos evitar a tragédia hoje, mas pensar nas indenizações amanhã". Enquanto isso, o podere paralelo e o transverso mandam e desmandam.

 

  • A Polícia Federal encontrou mais um forte indício do envolvimento de Paulinho da Força com esquema de desvio de verbas do BNDES. Resta a pergunta: a companheirada permitirá seu indiciamento e, caso aconteça, um julgamento justo e, se esse milagre acontecer, uma punição em caso de uma condenação? Du-vi-dê-ó-dó!

quinta-feira, maio 22, 2008

thomate

  • Muito pouca gente foi visitar nosso desafio no Canto dos Contos, mas como nós nos divertimos muito fazendo, resolvemos repetir no Pseudo-Poemas, agora com a brilhante participação do Peterso, o mais novo agregado. Eu sugeri o tema: um poema piegas sobre o amor eterno. O meu está tão ridículo, a pior coisa que já escrevi até hoje, que não consigo parar de rir toda vez que o leio. Peterso, Letícia, Saramar, Van e David devem se sair melhor. Quem gosta, será bem vindo.

 

  • Falando de coisas mais sérias. Lula, como sempre, não tem nada a ver com a intenção dos deputados quererem ressuscitar a CPMF. Nós, palhaços pagadores de impostos, não conseguimos entender a razão, a não ser que seja para bancar as campanhas dos amiguinhos esse ano e em 2010, uma vez que a cada mês a arrecadação dos impostos federais bate recorde, que o governo está diminuindo a carga tributária dos industriais, dos importadores de trigo e dos agricultores, que a Constituição Federal já obriga a aplicação de um percentual fixo da arrecadação na Saúde. Esses bostas não pagam impostos, não? Não percebem que o brasileiro comum não consegue viver melhor porque tem um sócio voraz que leva boa parte do que ganha com um suor danado? Na verdade, pouco estão ligando para o cidadão comum, reles mortal, aquele que banca a farra dos calhordas.

 

  • Os jornais noticiam a pizza final da CPIzza dos cartões corporativos, vulgo CPI da tapioca, como se não fosse algo que qualquer pessoa minimamente informada já não sabia antes de acontecer. Notícia com gostinho de café requentado.

 

  • A máfia calabresa tem uma arrecadação equivalente a 3% do PIB italiano. Os italianos têm sorte, lá só tem uma máfia. No Brasil, a máfia dos políticos, a máfia dos golpistas, a máfia das empreiteiras, a máfia das publicitárias e todas as muitas outras máfias devem arrecadar muito mais que apenas 3%. Só nos contratos firmados com a viúva, de praxe, a cobrança de "dízimo" é de 10%. País rico pode se dar a esse luxo.

 

  • Os ditadores de Mianmar são brasileiros? Ao ler a notícia de que os recursos humanitários enviados pelo mundo todo para as vítimas do tufão estão sendo comercializados, fiquei imaginando se não existe DNA brasileiro por trás disso.

 

  • Ativistas austríacos estão recorrendo aos tribunais para que um chimpazé seja reconhecido como gente. Deixem o macaco em paz, não o rebaixem! Eles acham que isso é bom para o pobre animal.

 

  • Sindicalismo no Brasil sempre foi uma atividade bancada pelo Estado para que desocupados com carteira assinada embolsassem dinheiro de trabalhadores para continuarem sem fazer nada, ou seja, é um roubo oficializado. Paulinho da Força resolveu privatizar esse roubo.

terça-feira, maio 20, 2008

O Canto dos Contos está recebendo os escritos meus, do David e da Letícia. Esperamos ansiosos pelo do Peterso, o mais novo integrante da troupe, que foi quem deu o tema do desafio atual. Não sei quanto a vocês, mas eu gosto muito de ver vários escritos sobre um mesmo tema. Se for do seu gosto, dê uma passadinha por lá.

segunda-feira, maio 19, 2008

AUTO_claudio

  • Já lançaram o balão de ensaio para a próxima CPMF. Mantega diz que será para a saúde. Será que ele que esquecemos que a outra CPMF também erapra saúde?

 

  • Tô avisando, hora de poupar, macacada... A inflação está crescendo mais que o nariz do pessoal da área econômica. Depois não vão dizer que Santo Antônio os enganou...

 

  • Marina caiu, ok. Minc encheu os ouvidos de Lula com exigências, ok. Nada vai mudar, ok?

 

  • Pesquisa do Centro Europeu de Investigação de Estudos Sociais revela que 95% dos suecos, 62% dos espanhóis e 63% da média européia, preferem assistir a uma partida de futebol do que fazerem sexo. Isso explica algumas coisas: porque a taxa de natalidade do continente diminui ano após ano, porque os divórcios só aumentam, porqu o continente tem-se tornado mais violento... Se bem que por aqui a coisa não anda muito diferente. E os governantes adoram isso. Se os caras preferem futebol a sexo, imagina o quanto não se importam com as canalhices dos políticos.

 

  • O governo federal tem diminuído impostos para indústrias, trigo e ruralistas, ou seja, está bem de caixa. Por que cargas d'água, então, resolveu ressuscitar a CPMF? Porque quem paga é a classe média e não os 10% mais ricos. Isso, sim, é socialismo!

 

  • O Canto dos Contos ganhou mais um integrante, o Peterso. Ele já chegou com um desafio: a vida de um travesti, como ele se tornou um. Se gostar de ler, passe lá.

quinta-feira, maio 15, 2008

O Brazil não conhece o Brasil

  A Andréa convovou e estou aqui. A idéia da postagem coletiva é mostrar o Brasil que a gente conhece para os demais blogueiros. A data da postagem será amanhã, mas como terei um dia cheio, resolvo dar uma adiantadinha. Quem quiser participar, é só participar.

Quando eu tinha 10 anos minha família foi transferida para Maceió. Eu ainda não conhecia nada de Brasil, muito menos dos brasileiros, por isso me espantava por meus novos coleguinhas não conhecerem nada além de seu bairro, mas eu estava em Alagoas. Pense nas pessoas que você  conhece que são de outros estados se não o seu. Pensou? Quantos alagoanos estão entre eles? Asseguro que são pouquísimos. Embora seja o estado com maior densidade demográfica, é formada por um povo que viaja pouco, ao contrário de seus vizinhos nordestinos.

Nessa época eu já conhecia três estados.

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Estava vindo de Rondônia, o que me fez ouvir muita gozação por conta do meu sotaque. De minha parte, não estranhei muito o sotaque deles, uma vez que sou filho de cearenses. Para quem é de outros brasis, o sotaque de todo nordestino é parecido, lêdo engano. Existem nuances próprias, além de substantivos que o vizinho não conhece.

Me encantei com o palavreado cantado e "oitcho", "oxente" e "muitcho", novos para mim. Lá conheci o sururu, prato típico do lugar, marisco retirado das cordas da Lagoa Mundaú.

Foram três anos na cidade. De lá, fui para Manaus. Meu pai havia sido transferido para Porto Velho e eu, junto com um irmão, ficamos estudando no Amazonas.

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Outros costumes, novo sotaque, mais chiado, como o pernambucano, o "tu" ao invés do "você" dos alagoanos, frutas que não conhecia, peixes, feições indígenas, passeio de barcos, rios que não permitem ver a margem oposta... E esse indelével encontro das águas dos rios Solimões e Negro. Algo que não se pode esquecer jamais.

Nessa época, recebi uma carta da Cristina, coleguinha alagoana, perguntando se era verdade que em Manaus existiam casas de madeira e onças pelas ruas. Sim, existem muitas casas de madeira, assim como em Alagoas existem casas de pau-a-pique. E é verdade que encontrei uma onça na rua. Mas era a CIGS, mascote de um quartel do Exército. Essa carta me mostrou, pela segunda vez, que o brasileiro não conhece o Brasil.

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Esses tempos de Norte me deixaram marcas profundas e gostosas. Foram muitos lugares (Guajará-Mirim, Manaus, Porto Velho, Belém, Rio Branco, Macapá, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Humaitá...), sabores (açaí, tacacá, uxi, pupunha, castanha, peixes e mais peixes, taperebá, maniçoba - meu prato predileto até hoje-, muçuã,...) e tantas pessoas que levo aqui dentro, num baú inviolável. Dessas não direi os nomes para não cometer a injustiça de esquecer alguém, o que seria inevitável, já que são tantas.

Vieram outros Brasis. Centro-Oeste, Sudeste e o Nordeste do Sul, tão diferente do Nordeste mais conhecido.

Vieram outros sabores, ouras paisagens, muitas outras pessoas, outros costumes... Outros países dentro de um só.

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Aprendi que sou de onde estou. A primeira coisa que procuro fazer quando em terra nova, é comer o prato tipico do lugar. Vi miséria e vi riquezas; vi honestos e vi bandidos; vi partos e vi mortes; tive amigos e desafetos; vi festas e vi velórios. Vi um país magnífico com todas as dores e sorrisos de um povo grande e quero ver muito mais. A viagem ainda não acabou.

terça-feira, maio 13, 2008

zope

  • Como estamos no Brasil, quem será a primeira a posar nua, a mãe ou a madrasta?

 

  • Kassab aprendeu direitinho com Lula. Fez coligação até com o PV, o que lhe dará quase 10 minutos de televisão durante a campanha. O osso vai ficar duro para Marta, Geraldo e outros.

 

  • O que ano eleitoral não faz...? PAC de tudo quanto é jeito, PAC da indústria para ganhar a simpatia de um segmento notoriamente oposicionistas e, agora, o pré-anúncio da diminuição de encargos para o crédito agrícola. Afinal de contas, agricultores e pecuaristas vivem com o pé atrás com o governo do MST e de outros terroristas rurais chamados "movimentos sociais".

 

 

  • A FGV mediu e afirma que a inflação para quem tem renda menor é a maior em quatro anos. Em outras palavras, loguinho será também para a classe média. Cuidado, moçada! É hora de poupar.

 

  • Medida que se for tomada, contará com meu apoio: cobrança de imposto de renda para estrangeiros. Eles não pagam, não? Essa eu não sabia.

 

  • O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente lançou uma campanha em Oslo, em 2006, cuja meta é plantar 7 bilhões de árvores em todo o mundo até junho de 2009. Até o momento foram plantadas 2 bilhões de mudas. As mudas de eucalipto plantadas no lugar da Mata Atlântica estão nessas estimativas? Não, lógico que não. Mas não deixa de ser um projeto interessante.

 

  • Barcelona está importando água. A seca lá é a maior em 50 anos. Enquanto isso, no sertão nordestino, sapo está morrendo afogado.

 

  • Os EE.UU. gastam U$ 2 bi por mês nas inavasões do Iraque e Afeganistão, mas, para mostrarem que são bonzinhos, vão doar U$ 500 mil para a China socorrer as vítimas do terremoto que mataram mais de 12 mil pessoas. Dinheiro é uma questão de prioridades, ué.

segunda-feira, maio 12, 2008

bello

  • A inflção está crescendo. O medo é que seja a baixa da maré antes da tsunami.Como ela está crescendo em todo o mudo por conta da especulação dos produtores de alimentos e como conseqüência da crise estadunidense, o aumento dela por aqui sinaliza que não estamos tão imunes quanto o governo tem cantado.

 

  • Como será que a Dilma está se sentindo sendo alvo de um dossiê da CIA? Esses gringos listaram até as preferências sexuais da mãe do PAC. Bizarro.
  • O ministro Lobão desmentiu estudos para o aumento do gás de cozinha. Ou seja, preparem os bolsos que aí vem aumento.

 

  • No novo programa de incentivo à indústria, o BNDES baixou os juros do FINAME, que financia máquinas Às indústrias. Tá, isso pode ser bom, gerar empregos e tal e coisa. Só pergunto por que o cidadão comum não tem redução de juros? Por exemplo, os juros do cartão especial é o maior desde 2003. Mais uma vez a classe média paga pelas benesses dos ricos e as esmolas aos pobres.

 

  • Se o governo federal não teme a ida de José Aparecido Nunes, o autor do dossiê FHC, è CPI, significa que ou comprou seu silêncio ou o chantageia de alguma maneira ou vai sobrar pra assessora de Dilma. Se for o terceiro caso, já sabemos o que vai acontecer: a senhora será demitida e assumirá um cargo numa prefeitura ou governadoria petista por aí.

 

  • O aumento real do salário mínimo tem sido tão grande nos últimos anos que a diferença entre o mínimo e o salário base de muitas categorias não ultrapassa mais de 25%, e essa tendência tem aumentado na mesma proporção. Mais alguns anos, e a maioria dos trabalhadores estarão recebendo salário mínimo.

sábado, maio 10, 2008

Não Chore

madre

 

Não chore mais, mãezinha. Aprendi tanto com suas lágrimas, mas se elas forem o preço para me tornar um sábio, nada mais quero aprender.

Minha primeira lição que elas deram foi saber o que é o amor. Não lembro, mas sei do seu choro na maternidade ao ver o pequeno rebento. A dor tinha sido muito para me parir, mas as lágrimas eram da alegria de me ver bem. E chorei esse mesmo choro tantas vezes na vida, o choro do amor que aprendi com a senhora antes mesmo de saber o que era.

Seu choro me ensinou o que são impotência e desespero. Ouvia seus soluços nas madrugadas por detrás da parede de madeira. A senhora chorava por não ter o que colocar à mesa no dia seguinte. De manhã, lágrimas secadas e escondidas no colchão, a senhora ia à feira, pechinchava pelos legumes já amarrotados, catava folhas descartadas e chorava de alívio nos vendo sorver aquela sopa rala como um náufrago abraçaria a última bóia.

Seu pranto me ensinou o tamanho e a dor da saudade na despedida da rodoviária. A senhora parada na estação me vendo partir para a casa distante do parente ainda mais distante, última esperança que tinha de me dar uma escola decente. Eu ainda não aprendera a chorar, apenas o que dizia o choro, mas naquela janela de vidro depositei minhas lágrimas escondidas do vizinho de banco. A senhora ficando pequenininha na distância até sumir na curva e eu pouco via, o pranto a me tapar a visão.

Não vi o pranto de orgulho ao receber a carta com meu convite de colação de grau, mas o vejo claro, nítido, escorrendo para o papel que, anos mais tarde encontrei borrado como que por gotas de chuva.

Aprendi com seu choro confuso de alegria e ciúmes ao me ver de mãos dadas com aquela desconhecida, no altar. A senhora de mãos cruzadas frente ao peito, rezava baixinho pedindo por mim e por ela, embora a estivesse odiando. Medo que ela estivesse roubando seu bem maior, o filho por quem vivera e por quem daria a vida se esta lhe fosse pedida.

Seu choro de desolação e pavor ao lado da cama do hospital ao imaginar que, agora, sim, a perda poderia ser definitiva. Aqueles muitos aparelhos que a senhora não sabia para que serviam, mas rezava para que não parassem. Meu coração rateando, bate uma, falha duas, os médicos apressados e a senhora sem nada poder fazer e querendo fazer tudo. Imagino quantos lenços não foram usados durante as horas de cirurgia. Quando abri os olhos, não havia uma lágrima em seus olhos, apenas um sorriso enorme, medroso, me acalentando.

Aprendi tudo o que seu pranto tinha a ensinar, mãezinha, não chore mais. Deixe-me chorar agora pela senhora. Não choro sua partida, mas a saudade que jamais apagará. Choro de gratidão por todos os caminhos e carinhos que me deu sem pedir troca. Onde estiver, sorria.

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Antes que alguém pergunte, não, dona Luci não me deixou. Está muito bem e até melhor que eu. Aliás, hoje também é aniversário dela.

A intenção do texto é homenagear às mães que já foram e os filhos que ficaram por aqui com uma saudade sem fim.

Parabéns às mães e meus sentimentos àqueles que já não as tem mais por perto.

sexta-feira, maio 09, 2008

AUTO_aroeira2

  • Cara de pau é pouca coisa pros safados. Auxílio funeral para parlamentares que ganham mais de R$ 100 mil mensais entre salário e bonificações? Se pelo menos isso fosse garantia de que morreriam logo...

 

  • Tem neguinho batendo palma para a intenção de Lula de colocar o Brasil na OPEP. Pensa direitinho, cara-pálida. Se o Brasil entrar nesse cartel, significa que o petróleo negociado aqui cumprirá os preços internacionais definitivamente. Hoje isso já acontece, mas apenas porque mantemos os vícios de quando éramos importadores de quase a totalidade do óleo consumido. Os outros países exportadores, como a Venezuela e a Arábia Saudita, vendem mais barato combustível para seus cidadãos, isso não acontece por aqui e nós, sendo participantes do grupinho, podemos perder a esperança de uma diminuição de preço.

 

  • Quer dizer que a energia produzida pela cana no Brasil já é supeior à produzida pelas hidrelétricas? Uau! Não é à toa que Lula prefere exportar matéria prima do que gerar tecnologia. Estamos nos tornando definitivamente um país agrícola. Como qualquer coisa na vida, isso não é bom nem ruim, mas é triste.

 

  • O brasileiro e sua mania de torcedor... Agora no conflito entre arrozeiros e índios, em Roraima, a gente vê gente torcendo por um lado ou por outro, inclusive imprensa e políticos. O buraco é mais em baixo, macacada. O estado é pobre e esquecido onde só se vai quando se tem negócios a resolver. Os fazendeiros produzem emprego e renda para boa parte da população; os índios detêm uma enormidade de terra rica no subsolo e na superfície, riqueza essa que arregala os olhos de governos estrangeiros e empresas também estrangeiras, além de ONG e pseudo-ONG que entram nessas terras com muito mais facilidade que o próprio Exército Brasileiro. Os políticos, incluindo aí os presidentes Collor (que começou toda a quizumba) até Lula, sempre desinformado, homens que nem sabem apontar a localização do estado no mapa, fazem dos índios, em nome de um resgate histórico, massa de manobra para suas ambições políticas e para ficarem bonitinhos dos New York Times da vida. Seguindo esse ritmo, daqui a cem anos, algum outro sabichão vai pregar o resgate histórico a favor dos brancos expulsos da terra com que alimentam seus filhos e filhos de outros tantos. O que os índios produzem nessas terras? Nada! Vivem do extrativismo animal e vegetal. Do jeito que a coisa anda, viverão também do comércio das riquezas minerais ainda não exploradas, mas, sabidamente, existentes. O general Heleno tem toda a razão: estão dando parte do Brasil graciosamente, ferindo gravemente a soberania nacional. Se a coisa virar moda, que se entregue Porto Seguro para os Pataxós, metade do Mato Grosso para os Xavantes, o oeste do Paraná e Santa Catarina para os Bugres... E por aí a fora.

quinta-feira, maio 08, 2008

Mais uma vez estou no Canto dos Contos, dessa vez cumprindo minhaparte no desafio entre mim, o David, a Letícia, a Thayse e a Adriana. Até o momento só eu e o David postamos os nossos.

Pelo tanto de visitas que ando recebendo ultimamente, nem sei se vale a pena fazer qualquer indicação por aqui, mas, aos poucos visitantes, fica o convite.

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Atualização: como as moçoilas correram da pega do desafio, eu e o David terminamos de escrever outro conto em parceria. Tá lá também.

quarta-feira, maio 07, 2008

O sujo e o maltrapilho

Tem um monte de gente, não só na blogosfera, mas nos jornais, revistas e tevês, reclamando da exploração exagera da mídia no caso da criança assassinada em São Paulo, que a desgraça deveria ser noticiada, mas não explorada e blá-blá-blá. Cá pra nós, tudo bobgaem.
Só se vende aquilo que tem público pra comprar e só sae compra o que se está à venda.
O brasileiro, desinformado por opção, aumentou em 53% a assistência aos telejornais no primeiro mês depois do crime. Ninguém queria saber da queda do dólar, da pseudo crise dos alimentos, da doação de terras de Roraima pelo governo federal para ser formar uma nação indenpendete dentro do Brasil, da briga entre os países ricos e pobres em cima dos biocombustíveis, da roubalheira persistente do governos federal e de seus asseclas... Nada disso. Neguinho estava na esperança de que um desocupado qualquer tivesse filmado a menina caindo e seu pai e madrasta esfregando as mãos de satisfação.
A mídia explora a desgraça alheia porque o cidadão gosta de ver a desgraça alheia, simples assim. Agora, por que o público gosta de ver a desgraça alheia? Os psicólogos que respondam a essa pergunta. Aliás, psicólogo tem respota para tudo, os físicos é que ainda não se interessaram em perguntar aos filhotes de Freud porque os buracos negros atraem tudo para seu núcleo. Se o fizessem, o mistério já teria sido resolvido.
Não me lembro quem, um dia fez uma comparação: se numa esquina estivesse tocando a Orquestra Sinfônica Brasileira e na esquina seguinte tivesse ocorrido um acidente de carros, com certeza haveria público maior na segunda.
No período da desgraça paulista, eu, sempre telespectador assíduo de telejornais, zapeava de canal em canal e todos falavam do assassinato. A Globo, com sua linha de jornalismo asséptica, pelo menos na aparência, foi a que menos explorou o caso. Mas, como no Brasil só existem dois culpados para qualquer coisa ruim que acontecer, Lula e a Globo, os rebeldes com ou sem causa só falam da empresa dos Marinho, como se ela tivesse contratado os atores para o infanticídio. Tudo bem que ela também adora a miséria alheia, desde a morte de presidente eleito até a unha quebrada de uma patricinha qualquer, mas não foi a única nem a mais empenhada em divulgar os detalhes sórdidos e técnicos do infanticídio. Em tempo, Lula é mesmo responsável por uma boa parte das desgraças nacionais.
Aí vem um outro tanto de paladinos da justiça, dos pobres, orpimidos e crianças exploradas comparar o assassinato da pequena paulistana com os tantos outros de crianças país a dentro. Um caso não exclui e nem soma aos demais. Se a polícia mostrou mais empenho em resolver o caso da garotinha é justamente porque a mídia e o público, irmãos siameses, estavam em sua jugular. Não fosse isso, muito provavelmente caso teria o mesmo tratamento dos demais infanticídios nacionais.
A imprensa noticiou, o leitor ou espectador exigiu mais, a imprensa descobriu um daqueles filões efêmeros como as fêmeas-melancias e as decisões de campeonato de futebol e se empenhou em dar ao público o que ele queria. Daí surgem os vigilantes sociais e batem na mídia, na verdade não por causa da exposição ininterrupta de um crime absurdo, mas por não ter sido convidados para a farra. Bater na imprensa num momento desses é fazer exatamete o que a imprensa faz com os muito prováveis assassinos, ou seja, arrecadar público e apoio.
Estou defendendo a imprensa? Não, apenas colocando no mesmo paneiro imprensa, público sedento de sangue alheio e os críticos de um e de outro. Podem me jogar nessa sacola de lixo, não vou me excluir. Até o momento não havia falado no caso, não gosto muito de modas, mas o saquinho estourou.

segunda-feira, maio 05, 2008

 

Hoje estou no Canto dos Contos com um conto feito em parceria com o David. Cá pra nós, achei o conto engraçado. Espero que passem por lá e dêem uma lida.

 

Hoje estou no Canto dos Contos com um conto feito em parceria com o David. Cá pra nós, achei o conto engraçado. Espero que passem por lá e dêem uma lida.

domingo, maio 04, 2008

clayton

  • O TCU recomendou ao Itamaraty que faça suas contas em euros nos países onde essa seja a moeda forte. Como já falei aqui há alguns montes está em andamento essa mudança de paradigma, a tendência é que a iniciativa privada, aos pouquinhos, também começe a migrar de moeda, não só no Brasil. E pensar que há cinco anos muita gente duvidava do sucesso da unificação européia...

 

  • O Senado aprovou cinco medidas para agilizar as ações na Justiça: 1. preferência para processos criminais contra servidores; 2. a unificação das audiências em apenas uma; 3. suspensão do prazo de prescrição de ações nos tribunais superiores contra réus com foro privilegiado (acabar com o foro privilegiado, eles não querem, claro); 4. eliminado o recurso de protesto por novo júri, quando a condenação de acusado por homicídio ultrapassa 20 anos de pena (a que eu mais gostei. De que adianta condenar se o cara não será condenado e continuará em liberdade?); 5. a absolvição sumária nos casos de comprovada inocência do acusado (isso seria ótimo se não houvesse corrupção no Judiciário. Mas poderá ser útil para o cidadão comum no caso de, por exemplo, homicídio em legítima defesa).

 

  • Ok, o Brasil foi promovido a "grau de investimento", muito bom, embora boa parte dos "investimentos" que o Brasil recebe são dinheiro especulativo e volátil; se está bom para se investir no Brasil, por outro lado, está cada vez mais difícil para um classe média viver aqui.

 

  • O STF recebeu o inquérito em que o deputado federal Paulinho da Força é acusado de receber parte da grana desviada do BNDES para financiar obras fantasmas. Os sindicalistas brasileiros não sabem e não querem e não gostam de trabalhar, mas estão ficando especialistas em roubar. Corja!

 

  • Como eu já disse por aqui, a África está louca pra produzir alimentos ou combustíveis, só está faltando os países ricos investirem lá. Pois bem, Gana declarou que vai produzir etanol de cana, exatamente como eu previ. E, tenham certeza, não vai ficar só nisso, outros países africanos entrarão na dança. Ou os europeus param de subsidiar a produção de álcool de grãos ou ficarão não competitivos nesse campo e ainda comprometerão seriamnte sua produção de alimentos. Seja por álcool, seja por alimento, eles vão ter que se render a uma dependência do terceiro mundo. O globo está virando de ponta cabeça.

sexta-feira, maio 02, 2008

O Matuto Vendendo Fumo

cordel

Agora mesmo escrevi

um folheto interessante

quem lê a primeira página

achará muito importante

a conversa dum matuto

vendendo fumo ambulante

 

Ele tinha mais ou menos

trinta anos de idade

morava no interior

sem haver prosperidade

fez um bocado de fumo

se dirigiu pra cidade

 

Quando chegou na cidade

começou a oferecer:

- O fumo é ispiciá

eu tenho ele pa vendê

é preto, cheroso e forte

Mió ninguém pode tê.

 

E fazendo a propaganda

gritava de rua a fora:

- O fumo vinha imbruiado

Mai seimbruei agora

prara num mim dá trabai

ando com ele de fora

 

Passando numa porta,

foi

por uma velha chamado

pra comprar cem réis de fumo

e tendo se demorado

disse: num faço tostão

que o fumo tá alevantado

 

A mulher olhou e disse:

que fumo feio danado!

Ele disse: sinhá dona,

é do só que tem levado

a cpa de fopra é seca

mai o miolo é melado

 

Num há pessoa no mundo

que ache esse fumo fraco

quem quizé vê u'a coisa

torre e pise ele num saco

se ele é bom de cachimbo

inté mió no tabaco

 

O meu fumo de prircipe

numtem essa furtidão

mai condo chega no mei

é bom sem cumparação

no fim tem um paladá

qua casa admiração

 

Inté pra se fendê fumo

tomem precisa de sorte

esse meu é de premêra

só num tem bunito corte

porém tem outra vantage

é preto, cheroso e forte

 

Todos prestavam atenção

tudo quanto ele dizia

antes de andar com fumo

nas condições que vivia

logo ai pôs-se a contar

todos bens que possuia

 

- Eu herdei uns pé de coco

que foi meu pai que prantô

no momento que morreu

tudo pra mim deixô

inté o tempo presente

ainda num safrejô

 

Vendo rumo aperreado

mais tarde tenho descanso

condo os coqueiro botá

de alegre eu canto e danço

o fumo já levantô

ur coco tão com balanço

 

Vinha u'a mulher vendendo

retalho de pano e renda

ele disse: sinhá dona,

minha muié me ricumenda

se eu lhe visse comprasse

uns metro dessa fazenda

 

De renda já tenho a conta

pruque já tá cumprado

pra infeitá a camisa

eu trago já decorado

é quarta e meia de taio

e dois meto de babado

 

Diz a mulher: tenho aqui

dos pano que você quer

se não quiser comprar muito

compre o tanto que quiser

mas eu sei a quantidade

que leva sua mulher

 

leva três metro e meio

que u'a vez ela comprou

foi u'a conta tão certa

que nem passou nem faltou

agora tem u'a coisa

a fazenda levantou

 

Quando a mulher se calou

dizele: isso me afronta

eu agrado os meus freguês

porám a senhora espanta

seu pano já levantô

só meu fumo não levanta

 

Pegou no fumo e saiu

e nem comprou a fazenda

em casa disse à mulher:

não comprei tua incomenda

os pano tá muito arto

é bom que você cumprenda

 

A mulher perguntou: Zele,

vendeu o fumo pagão?

Ele disse: tinha um pedaço

impurrei no Damião

com tanta facilidade

que causou adimiração

 

O resto tá lá dentro

você mele e trate dele

pruque eu quero tirá

todos pijuiso nele

levo o fumo pu Rucu

e nos povo meto ele

 

Voltou ele foi à loja

pra uma calça comprar

pôs-se a bater no balcão

Disse à dona: há de chegar

daí uns dez minutos

veio a mulher despaichar

 

Ele avistou umas calças

lá no arame trepada

e perguntou: quanto é

aquela ali pendurada?

Disse a mulher: seis mil réis

não posso baixar mais nada

 

Disse o matuto: dou quatro

se quisé pode imbruiá

A mulher disse: freguês,

o senhor num quer comprar

lhe faço ciinco e quinhentos

por menos não posso dar

 

tem muita, o senhor escolha

à sua satisfação

tento tem naquele armário

como em cima do balcão

- Achei mió a trepada

cá na minha opinião

 

A mulher disse: freguês,

que cunversa é essa à toa?

ele aí respondeu logo:

disculpe, minha patroa,

só fiz dizê à sinhora

que achei a trepada boa

 

E a senhora avie logo

que num posso ter demora

se quisé fazê o meno

pode mim dizê agora

que dou quatro pur a trepada

se não quisé vou mimbora

 

Disse a mulher: pegue lá

não quero fazê questão.

Ele pagou o dinheiro

e na mesma ocasião

retirou-se e foi embora

levando a calça na mão.

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Do Simião