Muito tem-se falado ultimamente sobre o trabalho infantil e mais uma vertente dessa questão tem sido levantada: o trabalho infantil doméstico.
Colocar crianças para fazer trabalhos pesados como quebrar pedras, carregar peso, tarefas com produtos químicos, derrubar mata e fazer carvão, quebrar coco... São coisas moralmente reprováveis e danosas à saúde dos pequenos. Isso acontece nas classes mais pobres em que a ajuda dessa mão de obra, mesmo que seja para levar R$ 1,00 para a farinha é uma das poucas alternativas para se evitar a fome da família. Falta aí a mão do Estado e as orientações dos serviços sociais, sejam públicos ou privados. É fácil condenar essas práticas e isso deve ser feito, lógico.
Crianças que trabalham fora não tem tempo, disposição ou orientação para freqüentarem a escola e, muitas vezes nos rincões mais afastados, nem escola tem por perto.
Já o trabalho em casa, guardadas as precauções contra acidentes e o "peso" das tarefas, pode ser bastante saudável.
Não vejo pecado, dolo ou ilegalidade exigir, desde cedo, que a criança arrume seus brinquedos, prepare seu material escolar. Conforme for crescendo, outras tarefas devem ser-lhes dadas, como arrumar a cama, ajudar a retirar a louça da mesa, lavar seu próprio prato ou a cueca/calcinha, ir à padaria da esquina comprar leite... Ah, mas isso não é trabalho, diriam alguns, no que discordo. É uma missão que deve ser valorizada pelos pais tanto quanto devem ser valorizadas as tarefas de casa passadas pelo professor.
De cedo a criança aprende que essas coisas não são feitas com varinha de condão; que se ele não fizer, outro fará e se ninguém fizer a família fica desassistida.
Pais excessivamente zelosos tentam manter seus filhos longe dessas funções mundanas, contratam empregada para fazerem tudo para seu principezinho/princezinha e despreparam os filhos para a vida real.
Conheci um cidadão que tinha uma professora dentro de casa para fazer os trabalhos escolares do filho. Foi o cúmulo da irresponsabilidade paterna. A esse garoto restou uma faculdadezinha de ponta de rua, com vestibular feito por telefone. Pior, vai tornar-se médico. Jamais eu me clinicaria com ele. Fico imaginando o doutor, no meio da consulta, ligar para um colega ou professor ou o próprio pai, médico, para saber que diagnóstico deve ser dado, que exames devem ser cobrados ou que remédio deve ser ministrado.
Por experiência própria posso afirmar que varrer casa, lavar banheiro, lavar as próprias roupas, ajudar na cozinha, capinar jardim, fazer compras na feira, espanar teias de aranha, alimentar os bichinhos de estimação, retirar o lixo e coisas que tais, não deixa trauma, não faz a criança sentir-se explorada e ainda é um grande aprendizado que jamais se esquece, que ajuda na formação do caráter e ainda ajuda os pequenos a valorizarem seres humanos comuns e trabalhadores com quem se deparará vida afora.
Um comentário:
Parabéns pelo blog.
A nossa luta tem que ser esta, contra a exploração da criança em todos os seguimentos, seja trabalho, violência, exploração sexual entre outras.
Deus me deu a sorte de trabalhar no projeto pioneiro da luta contra o trabalho infantil, foi através do Programa DESAFIO, que a OIT criou o PET que hoje esta em todo o Brasil.
Se quiser conhecer um pouco de nosso trabalho, visite o nosso blog – fmijprogramadesafio.blogspot.com
Um abraço e vamos continuar com esta luta.
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