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quarta-feira, abril 30, 2008

escirba

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia é a mais antiga do Brasil, fundada em 1808, completando, portanto 200 anos, porém a qualidade, pelo visto tem diminuído de lá pra cá. No último teste do ENADE a faculdade conseguiu apenas conceito 2, numa escala de 1 a 5. No dia 28 passado o Ministério da Educação divulgou os 17 cursos que serão supervisionados por conta das notasbaixa, entre eles, está incluído o da UFBA.

Procurado pela Folha de São Paulo (infelizmente o link é somente para assinantes da Folha ou do UOL), o coordenador do curso, Antonio Dantas cometeu uma batatada digna de Cesare Lombroso, confirmando aquilo que todo mundo já sabe: diploma não corrige imbecilidade. Não conformado com as asneiras faladas pelo professor doutor, colocarei aqui toda a matéria da Folha, depois comento:

Na BA, coordenador atribui resultado a "baixo QI dos baianos"

Para o coordenador do curso de medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Antonio Dantas, 69, o baixo rendimento dos alunos da faculdade no Enade (Exme Nacional de Desempenho dos Estudantes) se deve ao "baixo QI [quociente de Inteligência] dos baianos".

Para Dantas, que é baiano, o corpo docente da faculdade é qualificado e não seria justificativa para o mau resultado do exame. O coordenador disse que o suposto baixo QI dos baianos é hereditário e verificado "por quem convive [com pessoas nascidas na Bahia]".

"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria", afirmou, ressalvando que há exceções a uma regra.

Questionado se já foi alvo de críticas, Dantas disse que é "franco" e que "reconhece a limitação dos que o cercam". Ele afirmou que não foi notificado pelo MEC sobre os resultados e que vai analisar os erros dos alunos assim que recebê-los.

A matéria continuam falando da UFAL, UFPA e UFAM, outras federais com baixo rendimento.

Voltando ao senhor Dantas, analisando e rebatendo por parte sua argumentação canhestra:

1. Nem todos os aprovados no vestibular da UFBA são baianos. Por ser um curso tradicional, o afluxo de estudantes de outrros estados é muito grande. Não tenho, óbvio, uma estatística sobre a naturalidade dos cursantes, mas por ter amigos e ex-alunos naquela faculdade, sei de muitos jovens de vários outros estados que lá estudam;

2. Ele, sendo baiano, está na regra ou na exceção? Lógico que se coloca na exceção, assim como todos os seus colegas professores, uma vez que isenta o corpo docente da faculdade dos resultados ruins;

3. A "franqueza" que ele alega ter não passa de um preconceito dos mais ridículos, daqueles jamais esperados de um cientista, muito menos de um médico, que, pelo juramento de Hipócrates que proferiu, deveria tratar todos os homens da mesma forma.

4. É grandeza de um homem assumir suas responsabilidades e não transferi-las para outrem, ainda mais quando esses outros não tenham a mesma força de combate. Negar qualquer responsabilidade aos seus pares e transferir a culpa para os estudantes, antes mesmo de ter acesso aos erros cometidos, é um ato de covardia, indigno de um admnistrador escolar.

Eu adoraria que essa notícia chegasse às mãos dos estudantes e daria tudo para ver sua reação. Gostaria de acreditar que o doutor Dantas estivesse apenas querendo fazer uma gracinha e falou besteira e que tenha a grandeza de se desculpar com todos os baianos, não apenas com aqueles que cursam a faculdade em que milita.

terça-feira, abril 29, 2008

AUTO_simanca

 

  • É, cambada, a aprovação de Lula volta a subir, a candidatura de Dilma subiu no telhado e Lula disse que oito anos são pouco tempo para realizar tudo, juntando os pauzinhos, já dá pra começar a ficar com medo de um terceiro mandato.

 

  • O que você dá de presente a umma pessoa que já tem tudo? Ronaldinho, um desses caras, deu-se uma nova experiência. Agora, sim, não há como duvidar que o sujeito está indo ladeira a baixo.

 

  • Leis no Brasil parecem masturbação, é um vai e volta sem fim. A Justiça manda voltar a proibir avenda de bebidas próximo às rodovias. Os caras não se decidem... Executivo tenta legislar, Judiciário tenta legislar, enquanto isso o Legislativo apenas cuida de negócios.

 

  • Lula disse que o aumento da gasolina é inevitável. Vem cá, alguém me explique, por favor. Os países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita e Venezuela, vendem aos seus cidadãos gasolina baratinho, mais barato que um quilo de arroz. O Brasil tornou-se auto-suficiente, mas continua praticando preços internacionais aqui dentro. Das duas uma, ou o pau que bate em Chico não bate em Francisco ou opresidente está querendo emplacar o biocombustível na marra. Alguma outra explicação?

 

  • Mastercard teve lucro mais que dobrado no último ano, o lucro do Bradesco está maior que a popularidade de Lula, o crédito imobiliário cresceu mais de 30 %... Isso é muito bom, o que me assusta são os olhos grandes. Sam Zell, umj bilionário do ramo imobiliário dos EUA, já disse que compraria terras no Brasil. Sabe o que isso significa, amiguinhos? Que quem for fazer um contrato imobiliário deverá ter muito cuidado, analisar direitinho cada item, principalmente as letras pequeninhas. Quando o mercado começa a ser paquerado por esses encorporadores ianques, alguém sairá perdendo e, com certeza, não será ele.

domingo, abril 27, 2008

O Dia da Criação

vin

 

O dia da Criação

I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas como o mar
Em bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por vias das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo o mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguem bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.
II
Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um gardem-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Há umas difíceis outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva de domingo
Porque hoje é sábado
III
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres com as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da esfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos mares de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, nem serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior dos instintos dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, frequentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

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Atendendo à convocação da Lunna, do David e da Letícia, eis minha colaboração para o post coletivo.

Para completar a postagem, eu deveria falar algo sobre o autor, mas o que posso mais falar de Vinícius, o Poetinha, que alguém ainda não saiba?

Basta falar desse poema. Desde criança que leio poesias. Minha mãe tinha seus cadernos de poesias e pedia para eu passá-los a limpo. Via de regra, eu gostava do que lia, alguns eu não entendia. este poema não fazia parte dos cadernos da dona Luci. Só a conheci alguns poucos anos mais tarde, com meus treze, quatorze anos. Me encantei imediatamente com ele, foi a minha semana de 22.

Lia e relia dezenas de vezes e comecei a imaginar que eu poderia também me tornar um poemeiro e, desde então, tenho tentado. Jamais serei um Vinícius, mas a ele e, particularmente, a esse poema ainda hoje tento.

sexta-feira, abril 25, 2008

anistia_logo

 

Martha Narvaz
ANISTIA INTERNACIONAL
COMUNICADO À IMPRENSA
EMBARGO: Quinta-feira, 17 de abril de 2008 00:01 GMT
Brasil: Mulheres sofrem conseqüências da crise de segurança pública em comunidades marginalizadas
Em relatório divulgado hoje, a Anistia Internacional revelou as histórias não contadas de mulheres forçadas a viver, educar seus filhos e lutar por justiça nas favelas do Brasil.
'A realidade para as moradoras de comunidades carentes é catastrófica. São as vitimas escondidas da violência criminal e policial que tem dominado suas comunidades há décadas,' disse Tim Cahill, pesquisador sobre temas relacionados ao Brasil na Anistia Internacional.
O Estado brasileiro está praticamente ausente nas comunidades marginalizadas e muitas vezes o único contato dos moradores com o governo se dá através de invasões policiais esporádicas e militarizadas.
Apesar de o governo brasileiro ter lançado um novo projeto que promete acabar com décadas de negligência, pouco foi feito para que fossem analisadas e atendidas as necessidades específicas das mulheres que vivem nestas comunidades.
'Longe de protegê-las, muitas vezes a polícia submete mulheres a revistas ilegais feitas por agentes masculinos, utiliza linguagem abusiva e discriminatória e as intimida, especialmente quando elas tentam intervir para proteger um familiar,' disse Tim Cahill.  
Mulheres que lutam por justiça para seus filhos e companheiros acabam na linha de frente, enfrentando ameaças e abusos por parte da polícia.
'Na ausência do Estado, chefes do tráfico e líderes de gangues são a lei na maioria das comunidades carentes. Eles punem e protegem, e usam mulheres como troféus ou instrumentos de barganha', afirmou Tim Cahill.
Usadas como 'mulas' ou como 'iscas' por traficantes de drogas, mulheres são consideradas descartáveis tanto por criminosos quanto policiais.
A Anistia Internacional ouviu histórias de mulheres que tiveram a cabeça raspada quando acusadas de infidelidade e que eram forçadas a ceder favores sexuais como pagamento de dívidas. Além disso, um número cada vez maior de mulheres está indo para o sistema prisional brasileiro, superlotado e com péssimas condições de higiene, onde estão sujeitas a abusos físicos e psicológicos – em alguns casos ate mesmo ao abuso sexual.
Os efeitos do crime e violência ecoam em comunidades inteiras, afetando seriamente serviços básicos, como saúde e educação. Se as clínicas locais estiverem localizadas no território de uma gangue rival, mulheres são forçadas a se deslocar por quilômetros para ir ao médico. Creches e escolas podem ser fechadas durante longos períodos por conta de operações policiais ou da violência criminal. Profissionais das áreas de saúde e educação muitas vezes têm medo de trabalhar em comunidades dominadas pelo tráfico.
Mulheres em comunidades carentes vivem sob constante estresse. Nas palavras de uma delas: 'Eu vivo dopada, tomo remédio de maluco!  Aquele diazepan para dormir. Porque se estou lúcida não consigo dormir, com medo. Dopada, pego minha filha, me jogo no chão, para me proteger do tiroteio e durmo a noite toda. Se minha filha perder a chupeta, ela vai chorar a noite toda, porque deu oito horas da noite eu não saio mais de casa'.
'Os direitos dessas mulheres são violados pelo Estado de três maneiras: este apóia práticas policiais que conduzem a execuções extrajudiciais; perpetua um sistema que torna o acesso à justiça extremamente difícil, senão impossível; e as condena à miséria', disse Tim Cahill.
O Estado brasileiro introduziu algumas iniciativas positivas, como a lei Maria da Penha, que aumenta a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica – mas esta ainda precisa ser integralmente implementada.
Políticas amplas e de longo prazo, que objetivem a melhora das condições de vida de mulheres em comunidades marginalizadas, são extremamente necessárias para o fim da violência contra a mulher. Como primeiro passo, a Anistia Internacional urge o governo brasileiro a integrar as necessidades das mulheres no novo plano de segurança pública, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI).
Contexto
Este relatório foi baseado em entrevistas feitas com mulheres em seis estados - Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul – feitas entre 2006 e 2007.
Uma cópia do relatório 'Por trás do silencio: experiências de mulheres com a violência urbana no Brasil (AMR 19/001/2008) estará disponível a partir de 17 de Abril às 00:01 GMT no web site: www.amnesty. org
Para mais informações, por favor, entre em contato com a assessoria de imprensa da Anistia Internacional em Londres, Reino Unido. Tel. +44 20 7413 5566  Email: press@amnesty. org
Secretariado Internacional, Anistia Internacional, 1 Easton St., London WC1X 0DW, UK
Para mais informações sobre o relatório na região Sul do Brasil contatar a THEMIS - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero.
Rua dos Andradas, 1137 sala 2205 - Centro - Fone: (51) 3212.0104 - themis@themis. org.br - rubia@themis. org.br
Contato: Rubia Abs da Cruz - Coordenadora Geral

 

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Recebi por e-mail da minha amiga Zeca e resolvi compartilhar com meus seis leitores.

quinta-feira, abril 24, 2008

quinho

  • O Bradesco anunciou que o crédito habitacional dado pelo branco deverá sofrer um aumento de 28% em 2008. Não quero ser profeta do apocalipse, muito contrário, fico feliz que o brasileiro esteja comprando sua casa. O que me preocupa é como esse crédito está sendo dado. Espero que a economia nacional permaneça crescendo e que não seja influenciada pela crise que está se espalhando pelo mundo. Só pra lembrar, a crise atual começou justamente nos créditos imobiliários estadunidenses. Os bancos, a princípio, estão pouco se lixando se os devedores poderão saldar suas dívidas no futuro. Lógico, o ideal é que consigam, mas, se não conseguirem, os bancos tomam os imóveis de volta. estou sendo pessimista? Então, lembrem-se do que aconteceu com o crédito para aposentados.

 

  • Terremoto em São Paulo e uma mini-tsunami no Rio? Se Deus é mesmo brasileiro, deve estar de férias.

 

  • O IBAMA revelou que as multas a madereiras no Pará já chegou a R$ 9,7 milhões. Papel aceita tudo, o difícil é acreditar que essas multas serão pagas. As empresas são multadas, encerradas e os madeireiros abrem uma outra clandestina. Feito nômades, só ficam no lugar até a madeira acabar ou até aparecer uma fiscalização. Foi assim que destruíram a Mata Atlântica no sul da Bahia. Aliás, muitos dos madeireiros sul-paraenses são os mesmo espiritossantenses que saíram daqui. Já vi essa novela antes e o IBAMA também, nos tempos do IBDF.

 

  • A gente tem lido bastante sobre os cortes no orçamento dos ministérios. Em plena crise da saúde, por exemplo, o Ministério da Saúde sofrerá um corte de R$ 2,5 bilhões. O que causa estranheza é que os gastos do governo federal sofrerão um aumento de 12% nesse ano. Em ano eleitoral, está-se retirando da infraestrutura e colocando-se na campanha política. Pelamordedeus! Onde está o Ministério Público Federal nessas horas? Que a oposição está dormindo todo mundo já percebeu há cinco anos, mas a Justiça continuará catatônica?

 

  • Rá! Quércia deu um a zero em Lula e em FHC-Serra-Alckimin e se abraçou a Kassab. Quando esse partidinho de merda faz uma coisa dessas, algo está no ar que nossos narizes ainda não perceberam.

 

  • Ninguém me tira da cabeça que essa tal crise dos alimentos é apenas um movimento especulativo orquestrado pelos produtores ao redor do mundo. No ano passado o Brasil passou por momentos sérios de aumento astronômico nos preços do leite e do feijão. O caso do leite foi agravado por conta da soda cáustica em Minas Gerais, o do feijão foi por conta da falta de chuvas nas áreas produtoras. Mas isso está acontecendo no mundo inteiro? Ah! O culpado são os biocombustíveis... Só que na Europa, os próprios governos estão subsidiando o plantio de sementes para a produção de combustíveis. Para os produtores, no momento é negócio muito mais lucrativo do que plantar alimentos. Pois que esses mesmos governos invertam os incentivos. A África está aí, doidinha pra produzir comida ou etanol, só depende dos países ricos permitirem, seja com verbas, seja com assistência técnica. No Brasil, com um território enorme a ser plantado, o problema está sendo o arroz e o trigo. Nosso pão vai sofrer reajuste logo, logo; a Argentina proibiu a exportação de trigo para nós. Eu ainda acho um crime de lesa-pátria o Brasil importar trigo para a produção de pães. A Embrapa e universidades federais já provaram que a mandioca, que pode ser produzida de Roraima ao Rio Grande do Sul, pode muito bem ser utilizada para esse fim. Sem falar que sua produção não exige lá grandes investimentos em pesticidas, irrigação ou coisas que tais, tanto que quem produz mandioca é o pequeno agricultor.

quarta-feira, abril 23, 2008

nani

  • Uma coisa estou gostando nessa presepada  viagem da tocha olímpica: ela não vai passar pelo Brasil.

 

  • Quando a gente acha que o tolete já está grande demais, eles nos surpreendem. A comissão especial que estuda a reforma tributária elegeu com 20 votos, num total de 23, Antonio Palocci para presidi-la. Essas porcarias voltam com mais força do que quando saíram escorraçadas. Coisas da política nacional. Preparem os bolsos, incautos contribuintes!

 

  • Legislando em prol do presidente e em causa própria (isso é até redundância) a base governista quer "flexibilizar" a venda de bebidas às margens das rodovias. Ou seja, como diria Shakespeare, "muito barulho por nada". O povo? Ah, esse tem mais é que morrer mesmo, segundo a lógica dos nobres parlamentares.

 

  • A crise de autoridade por que o Brasil passa desde o governo FHC é tão grande e cada vez maior que, mais uma vez, bandidos invadiram um quartel da Aeronáutica, renderam os sentinelas e roubaram armas. Dessa vez foi em Natal. Se os caras não respeitam nem as Forças Armadas, como esperar que respeitem o cidadão desarmado? Só falta o ministro da Justiça vir a público dizer que pobre assaltar instituições federais não é crime, mas um resgate histórico já que os marginais fazem parte de um povo dantes oprimido pelos militares.

 

  • "Bem vindo ao Eixo do Mal". Depois dizem que esses caras são sérios... Esse foi o cumprimento de Evo Morales ao presidente Lugo, eleito no Paraguai. Se o próprio presidente-xinxeiro assume, quem duvidar há de?

terça-feira, abril 22, 2008

willy

 

  1. Só pra não perder o passo: Lula é o 6º mais popular das Américas. Ainda é muito pro meu gosto.
  2. Hoje não vai ter mais nada por aqui. Junto com o David, a Letícia e a Saramar, estou no Cantos dos Contos num conto coletivo. Pra quem gosta um pouco de contos, está dada a dica.

segunda-feira, abril 21, 2008

clayton

  • Os candidatos a prefeitos pelos PT reuniram-se em Brasília na semana passada. Cada um recebeu dos cabeças do partido uma cartilha mostrando que pontos deveriam ser explorados por eles em suas campanhas. O mote principal está nas realizações do governo federal, em outras palavras, os candidatos petistas não precisam ter idéias próprias para suas administrações, não precisam ter plataforma, deverão pegar carona na popularidade de Lula. O culto à personalidade tão amplamente usado pelos países autocráticos, sejam eles de esquerda ou de direita, mas todos ditaduras, está de volta fantasiado de democracia. A vaidade do presidente está sendo explorada por seus asseclas à exaustão nas barbas dos demais poderes e da imprensa e ninguém fala nada. Quando essa merda começar a feder, talvez o Judiciário se dê conta que deixou correr solto e egocentrismo de Lula e o puxa-saquismo dos demais da gang. Esses puxa-sacos souberam utilizar-se do carisma inegável de Lula para colocarem-no em evidência enquanto mandam e desmandam no país e agora esperam contar com a fortificação dessa estratégia com o apoio maciço de seus candidatos e daqueles que forem eleitos. Todo cuidado é pouco com essa gente, fiquemos espertos.

 

  • E a titica se espalha no continente. Com a eleição de Lugo, o Paraguai vai seguir a linha "bolivariana" d'El Loco e já começa a dar dor de cabeça ao Brasil propondo rever os contratos de Itaipu. Tudo o que o Parguai fez na hiderelétrica foi permitir o uso das água, a construção foi feita com know-how, projeto e pessoal brasileiros, a maior parte da administração e manutenção é nossa, mas o cara vai querer que paguemos mais pela energia produzida. Amigo de Lula e sua gang, Lugo vai ficar à vontade para impor suas metas e, não estranhem, depois de fazer algum barulho nos jornais, o governo brasileiro aceitará as exigências paraguaias. Adepto da teologia da Libertação, Lugo, muito provavelmente, não terá pulso, vontade ou apoio para fazer as mudanças que o país precisa há mais de dois séculos. A autoridade do presidente, que nunca foi grande coisa por ali, deverá diminuir, a partir do momento em que a Teologia da Libertação prega que o povo deve gerir seu progresso. Isso é lindo no papel, mas como esperar que um povo que tem um dos maiores índices de analfabetismo do planeta consiga administrar as complexidades de um governo federal? Para o nosso bem, brasileiros, espero estar redondamente enganado, embora ache que não esteja, e se as coisas mudarem em terras guaranis não será para melhor.

 

  • O general Heleno, com o apoio do Comando Maior do Exército, e agora do DEM, não tem se dobrado à política separatista de Lula. Recusa-se a aceitar o conceito de "nação indígena" argumentando que isso fere a soberania nacional, no que está corretíssimo. Roraima é um dos estados mais pobres da federação, vivendo basicamente da agricultura. Ao se dar aos indígenas o direito às terras e à administração dessas terras, algo como um terço do estado, o governo federal está lavando as mãos, permitindo uma guerra próxima de acontecer entre fazendeiros e indígenas. A violência está batendo às portas e depois de deflagrada, será difícil segurar. Sendo os índios iniputáveis em vários crimes e contando com a chancela de organismos federais, ONG nacionais e estrangeiras e com a imprensa internacional de penas prontas para tomarem seu partido, a coisa ficará feia para aqueles que querem produzir de verdade, gerar alimentos, empregos e rendas. Missionários e "cientistas" estrangeiros entram com muito mais facilidade em terras indígenas que cidadãos brasileiros ou mesmo o Exército. O governo federal, ao invés de ouvir os argumentos do comandante militar da Amazônia, tenta intimidá-lo exigindo explicações. Não esqueçamos que a Reserva Raposa Terra do Sol faz fronteira com a Guiana (o paraíso dos contrabandistas de ouro, animais silvestres e outras riquezas amazônicas) e com a Venezuela (terra d'El Loco, o filhote de Hitler que acha que pode governar o mundo), além de ser cobiçada por países do primeiro mundo, comandandos pelos EUA.

quinta-feira, abril 17, 2008

O Analfabetismo Gera Pobreza

lousa

 

Mais do que eternizar a pobreza, o analfabetismo gera a dita cuja. Ela impede a promoção social de famílias inteiras e, dependendo da região, de toda uma comunidade.

O Nordeste tem o dobro de analfabetismo por grupo de mil cidadãos do que a média nacional. Isso explica, em parte, porque é uma região tão pobre.

No governo de FHC fez-se uma campanha monstruosa para se colocar 90% das crianças nas escolas, mas se isso fosse conquistado, seria em boa parte por conta de fatores outros que não a qualidade do ensino. Alimentação escolar, bolsa-escola e uma campanha maciça na mídia seriam alguns desses fatores.

A qualificação dos profissionais de educação é secundário, ou terciário. Fica atrás, inclusive, das campanhas políticas em que a educação é sempre um carro-chefe.

Brasil a dentro é comum vermos professores com quarta, quinta série, ensinando em salas multisseriadas, escolas caindo aos pedaços, salários aviltantes, condições sanitárias e de iluminação criminosas, transporte escolar sofrível e algumas localidades sequer com ele.

A Lei Darcy Ribeiro tinha a boa intenção de fazer uma reforma profunda nesse quadro com a criação de fundos para a educação básica, exigência de graduação dos professores, o estabelecimento de um piso salarial e mais um monte de coisas novas, infelizmente muitos prefeitos maquiam as estatísticas e não adaptam seus municípios à nova realidade. Fora aqueles que maquiam a contabilidade, pouco se importando se isso dá cadeia ou não. A impunidade ainda impera e as leis punitivas não avançaram junto com as leis educacionais. Alguém aí conhece algum gestor que continue preso por ter roubado dinheiro da alimentação escolar, do transporte ou da construção e reforma de escolas? Ou algum que tenha devolvido o dinheiro desviado? Se sim, por favor, me diga quem e onde.

Essa quantificação que serve para fazer bonito nas estatísticas internacionais gerou e gera a ampliação do analfabetismo funcional, tão nocivo quanto o analfabetismo elementar. O sujeito mal, mal, aprende a escrever o próprio nome e a ler uma placa de trânsito e é dado como alfabetizado pelos órgãos oficiais, mas não consegue redigir um texto com o mínimo de complexidade ou entender uma notícia lida em um jornal. Lendo, ele apenas deduz o que o texto quer dizer, dentro de seu universo pequeno de conhecimentos.

As escolas formais não ajudam a superar essa deficiência. Nelas as disciplinas são tratadas como estanques, uma nada tem a ver com a outra. Assim, uma criança não consegue traduzir o enunciado de uma questão de ciências ou um problema simples de aritmética. Os professores dessas disciplinas, assim como das demais, não conseguem perceber que a dificuldade do aluno não está exatamente na matemática ou na geografia, mas na leitura, interpretação e elaboração de textos.

Já recebi alunos na oitava série ou mesmo no ensino médio que não conseguem traduzir um texto de duas linhas. Aí fica a pergunta, como é que chegaram a essas séries? Também por conta dos programas de aceleração de aprendizagem ou das cobranças de diretorias de escolas que não querem ficar mal diante de suas secretarias de educação ou atendem à pressão para que as estatísticas estaduais. E isso acontece em todas as unidades da federação. Fatos assim já me ocorreram com estudantes de vários estados que se mudam para cá. Até para preservá-los, não cabe aqui dar maiores detalhes.

Aí o jovem sai da escola com seu canudinho, mas não consegue um bom emprego, sente-se enganado já que ouviu, desde criança, que a educação é imprescindível para uma boa colocação no mercado. Muitas vezes ele não tem noção de que o engano que sofreu foi na escola.

As estatísticas já mostram que empregos sobram no Brasil, nas mais diversas áreas, falta gente capacitada para a admissão. E os governos fazem de conta que não é deles o problema, viram as costas e esperam que os empregadores sanem a questão. Ou talvez, mais que bem intencionados, sejam incompetentes para resolvê-lo com o dinheiro de impostos que recebem justamente para fazerem cumprir a Constituição que prega o direito à educação de qualidade para todos os cidadãos.

Gosto de contar para meus alunos o caso de um garoto, filho de analfabetos roceiros, que apareceu na minha escola pedindo uma bolsa, queria porque queria ser piloto da FAB. A muito custo o convencemos a retroagir uma série, sua base de conhecimentos era arenosa, não conseguiria sustentar o castelo que ele queria erguer. Aos poucos esse garoto foi ficando uma “fera”. No primeiro ano do Ensino Médio, começou a defender uns trocados dando aulas particulares para colegas do terceiro ano. Mas ainda não estava preparado para a FAB. Foi uma outra trabalheira dissuadi-lo da idéia. Nos acusava de não confiarmos em seu potencial.

Concluído o ensino médio, teimou e fez o concurso para a Força Aérea. Não conseguiu a aprovação, em compensação passou no vestibular em engenharia em três universidades federais. Em dezembro último, depois de ter feito um curso, a convite, numa universidade em Paris, devido ao seu desempenho na UFES, graduou-se em engenharia mecânica.

Esse é um exemplo que pode ser seguido. O mérito maior, lógico, é dele que se esforçou, comeu livros, passou perrengue, sacrificou as noites enquanto os colegas estavam em festas, mas uma escola que sabe acompanhar as deficiências individuais, que tem um compromisso com o futuro dos seus jovens e preocupação com o aprimoramento da sociedade como um todo, ajuda bastante. E isso está em falta. Mais fácil estabelecer cotas para aqueles que vêm de escolas menos preparadas do que prepará-las.

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A Meire convidou e eu não pude dizer não, ainda mais sendo professor. Fica aqui minha humilde contribuição nessa blogagem coletiva. Adiantei o post porque vou viajar hoje à noite. Quem quiser participar, escreva seu texto, post amanhã e avise a Meire.

O tempo anda apertado, por isso não tenho visitado muitos blogs, mas fica aqui o agradecimento aos que se manisfestaram ontem pelo milésimo dia do E&S.

Até terça-feira.

terça-feira, abril 15, 2008

1.000

mamonides-1000

· NGC 1000 é uma galáxia localizada na direcção da constelação de Andromeda. Possui uma declinação de +41° 27' 37" e uma ascensão reta de 2 horas, 38 minutos e 49,7 segundos. A galáxia NGC 1000 foi descoberta em 9 de Dezembro de 1871 por Édouard Jean-Marie Stephan. (Wikipedia).

· Por volta do ano 1000 da Era Cristã, os pachtuns e os balúchis começaram a se estabelecer na margem oriental do planalto Iraniano, na fronteira montanhosa do noroeste da Índia, no que agora é conhecido Província da Fronteira Noroeste e Baluchistão, desalojando os indo-arianos desta região.

· 11,49 nacimentos/ 1000 habitantes foi a taxa de natalidade portuguesa no ano 2000.

· 1000 metros é a distância de uma das provas de corrida olímpicas.

· As Ilhas Selvagens são um pequeno arquipélago pertencente a Portugal e dista 1000 quilômetros do sudoeste europeu.

· Acima dos 1000 metros o clima é subtropical em Ilhabela, o único município-arquipélago marinho brasileiro.

· A média pluviométrica de Milão é de 1000 mm/ano.

· A densidade da água é de 1000kg/m3.

· Uma anã marrom tem pouca luminosidade e não consegue realizar a fusão do hidrogênio em seu núcleo. Sua temperatura vai de 1000 kelvin a 3400 kelvin.

· 1000 K equivalem a 726,85ºC.

· São necessários 1300 kg de areia para produzir 1000 kg de vidro.

· 1000 milímetros equivalem a 1 metro, óbvio. O prefixo mili refere-se à milésima parte: mililitro, milivolt, miliampère...

· O DKW-Vemag Belcar, produzido no Brasil sob licença alemão em 1958, era um carro equipado com motor de 1000cc.

· Módulo 1000 é o nome de uma banda de rock progressivo.

· Erich Müller, engenheiro alemão, calculou que para a construção do canhão ferroviário Schwerer Gustav, a arma teria 1000 toneladas. Lógico que seus planos foram rejeitados.

· Numbus 1000 é a vassoura voadora de Harry Potter.

· O último dos primeiros 1000 números primos é 7919.

· Numa lista feita no Centro Cultural de São Paulo de 1000 mulheres para o Prêmio Nobel, 52 brasileiras foram incluídas, sendo o Brasil o terceiro país com o maior número de participantes, ficando atrás da China e da Índia.

· O ReadWrite Chinese ensina a ler e a escrever 1000 caracteres tradicionais chineses.

· O milésimo gol de Pelé foi marcado no Maracanã contra o Vasco. Dizem que Romário marcou 1000, contando os de jogos de futebol de botão.

· Hoje o Simpatia e Esculacho completa 1000 dias.

E daí?

segunda-feira, abril 14, 2008

bessinha

  • Uma CPI para apurar os gastos com os cartões corporativos já era palhaçada suficiente e gastos maiores do que os investigados e, pior, sem qualquer resultado prático esperado. Apenas pinimba eleitoreira. Agora, duas CPI já é um absurdo enorme. CPI nenhuma trás qualquer mudança efetiva na bandidagem oficial, estão querendo enganar quem? Até a imprensa acéfala já cansou-se dessa brincadeirinha de roto policiando o mal lavado.

 

  • Relatório da ONU afirma que biocombustível é crime contra a humanidade. Segundo a lógica dos cartolas, deixarão de ser plantados alimentos para serem plantados combustíveis. São os profetas do apocalipse se manifestando. Isso se todos os países do primeiro mundo resolverem plantar etanol, o que é muito pouco provável, primeiro porque seu clima não ajuda, e em segundo lugar, as terras agricultáveis se hipervalorizariam num momento em que a economia mundial encontra-se capengando para evitar a queda escada a baixo. Países africanos poderiam se tornar grandes produtores de etanol, ou, pelo menos, de matéria prima para, mas há interesse dos ricos incentivarem a produção africana para depois importarem o produto? Claro que não. Não foi à toa que Chávez manifestou-se contra  a produção de biocombustíveis pelo Brasil, seu país vive praticamente do petróleo que teria queda de preço se uma alternativa fosse lançada em grande escala no mercado. Voltando à África, o continente hoje é quem dá as cartas sobre o preço internacional do cacau, através da Costa do Marfim, da borracha natural e do café, produtos que antes tinham na América do Sul (leia-se Brasil) a maior produção mundial. Para eles plantarem cana ou milho para moverem o mundo, é só uma questão de permitirem. Talvez aí esteja a chave para a diminuição das diferenças sociais mundiais, mas os países ricos não quererão dividir suas riquezas, pregam para que os países em desenvolvimento o façam, desde que eles não precisem desembolsar qualquer centavo para isso. Discursinhos hipócritas que não são levados a sério por ninguém, nem por eles mesmos.Não é por acaso que a ONU não é maisrespeitada a não ser por povos em total desespero.

 

  • E a crise está chegando por aqui, fiquem espertas, crianças. O superávit da balança comercial vem caindo, resultado da retranca internacional. Nos EUA até a merenda escolar está mais cara, os europeus fecham as pernas com medo da naba... No Brasil ainflação está em crescimento e Lula acha bom (putaquemepariu! Não era ele que combatia a inflação há duas décadas? Não era ele quem se gabava de manter a inflação controlada? Que cara de pau!).

 

  • No Rio, Crivella; em São Paulo, Marta. Depois neguinho vem à rua reclamar como se Santo Antônio o tivesse enganado...

 

  • Tarso Genro, ontem à noite na Band, disse que Lula poderia apoiar dois candidatos à presidência no primeiro turno, para isso acontecer, basta Aécio sair do PSDB e se candidatar pelo PMDB. Eu venho cantando essa música há meses e tem gente me chamando de doido. Ao ser perguntado se isso não seria insólito, o presidente apoiar dois candidatos, a magnífica resposta de Genro foi "o Brasil é um país insólito". Em outras palavras, aqui vale tudo, até dançar homem com homem e mulher com mulher, até anta ser ministro é possível. Aliás, pode até jegue ser presidente.

 

  • Os Estados Unidos fizeram beicinho, bateram as tamancas e ameaçaram guerra por conta dos programas nucleares iraniano e norte coreano, mas acaba de assinar um acordo com Israel sobre um reator nuclear. E ainda aparecem defensores da política externa da besta Bush e seus asseclas.

domingo, abril 13, 2008

A cólera que ficou - Parte III

Mais un desafio literário. A idéia foi da Adriana, que também começou a narrativa. O David fez a segunda parte . Aqui está a terceira parte e a Thayse deverá encerrar essa primeira rodada. Se vamos dar o conto encerrado depois da participação da paraibaninha, não tenho idéia. Quem quiser entender o enredo e se divertir, siga a seqüência; Adriana, David e eu, depois a Thayse.

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charles_bukowski

A fuga do escritório lhe dava um alívio, a quinta-feira ficou com cara de sábado, dia em que só a peãozada trabalha, não um executivo como ele. Ora, cacete, fizera faculdade, ,mestrado, MBA pra quê? Escorar a bunda numa cadeira acolchoada, rodeado por beócios e diretores ególatras? Uma ova!

Em casa passara pelos esculachos desmedidos da mulher, no escritório, esporros dos chefes, chefes, aliás, que deveriam ser subalternos. Que dane-se tudo isso. Agora era só decidir que rumo tomar. Voltar para o apartamento e encher a cara o resto do dia com a vodka, ou sair zanzando pela cidade e seu tráfego barulhento e caótico?

O que precisava mesmo era de um afago, os braços quentes de uma mulher, o consolo de palavras ou do sexo... Onde encontrar isso numa quinta-feira de manhã se ela não perdoara aquela única traiçãozinha?

Saiu à toa, paletó em uma das mãos, a garrafa de bebida na outra, um gole de vez em quando, enquanto observava sem qualquer interesse a turba humana que o cercava, sempre apressada, caras sisudas, todos com um lugar para onde ir, alguém os esperando, um sorriso e uma trepada no final do dia. Ele, agora solitário, sem perspectiva, a conta no banco castrada pela metade, a casa vazia, entregue às baratas e ao cheiro do mofo nas fatias de pizza espalhadas sobre a mesa.

Qual é? Que sentimentozinho de auto-piedade era esse que se apresentava agora? Isso também é muita bichice! Homem que é homem não fica se lamentando e nem bebe para esquecer, isso é apenas desculpa. O álcool é apenas um catalisador para nova organização de sua vida.

Enquanto zanzava se perguntando para onde ir, decidiu-se seguir em linha reta, quarteirão após quarteirão, talagada após talagada no líquido branco que descia o nível na garrafa e subia pelas veias até o cérebro.

Nessa caminhada sem rumo sente a vibração no bolso da calça. Atende ao celular sem qualquer bom humor, apenas pelo hábito de atender a qualquer chamado a qualquer hora.

- Onde o senhor está? A reunião já começou, precisamos de seus relatórios.

- Vá à merda! Enfia essa porcaria de empresa no rabo!

Antes de receber o anúncio da demissão sumária, desligou o aparelho e o atirou no meio do asfalto. Cacos para todos os lados e um silêncio absurdo no cérebro. Sentia que acabara de tirar o pescoço de sob a lâmina de sua guilhotina particular. Continuaria andando até mudar de idéia ou até que o álcool lhe desse uma solução para a vidinha sem graça, que dava-se conta agora, que vinha vivendo.

quinta-feira, abril 10, 2008

Sem Compromisso

boate

 

Quinta-feira é o dia em que a casa ferve. Seus três ambientes superlotam.

No térreo o restaurante e suas mesas forradas de linho, decoração rica, garçons no mais nobre dos uniformes. As luzes indiretas dão um clima de romance muito bem aproveitado pelos comensais, casais das mais diversas formações. No lugar de cadeiras quadradas, poltronas em semicírculo, forradas de couro. Nos cantos vasos com plantas altas que encobrem das vistas curiosas os sofás confortáveis. Ambiente propício para os romances mais tórridos, mesmo que por apenas uma noite.

No segundo andar a boate. Os caçadores e candidatos a caça se aglomeram sob as luzes nervosas, o barulho de músicas ou apenas aglomerados de notas eletrônicas. Sem mesas, apenas alguns bancos altos próximo ao balcão e as camas separadas da pista de dança por cortinas translúcidas, daquelas que mostram as silhuetas dos casais entrelaçados sem permitir que sejam reconhecidos. A clientela é responsável pela excitação dela própria.

No terceiro piso, o restaurante íntimo. Músicas suaves, decoração oriental com biombos separando os boxes que admitiam até seis pessoas. Em cada boxe uma enorme mesa quadrada à altura dos joelhos de uma pessoa de estatura mediana. Ao seu redor, almofadas. Quem se internava naqueles boxes ia para comer, fosse o que fosse, do sashimi à carne crua. Naquele ambiente ajaponesado, a bebida mais consumida não era o saquê, mas energéticos e champagne.

O restaurante oriental era o ambiente preferido do garçom Adelino. Embora jovem e bem apessoado, Adelino não gostava de barulho, gente suada, e as luzes piscantes e coloridas o deixavam tonto. No restaurante, por ser mais caro e mais íntimo, as pessoas eram mais tranqüilas, o serviço menos acelerado e as gorjetas mais generosas.

Naquela quinta, casa lotada, a sala de espera pelos boxes estava grande. Na sala de espera, em sofás circulares, a clientela tomava seus drinques e se sociabilizava. Não raramente ali se formavam novos casais, um casal se desfazia e intercambiava-se com outras duplas. Liberado um boxe, os fregueses definiam se iam juntos ou algum cederia a vez para outro.

Duas e meia da manhã, apenas três pessoas aguardavam sua vez para a refeição. Há quem goste, e não são poucos, desse tipo de jantar. Um casal se beijava e uma mulher os acariciava, sem pudores, à vontade sob os olhares vidrados dos três garçons que se esforçavam para darem conta dos pedidos sem perderem muito da cena ardente.

Uma sineta toca e um dos garçons, passos apressados, já pensando no retorno nada discreto à sala de espera, some pelo corredor em penumbra proposital. Uma campainha toca e outro garçom dirige-se para a cozinha de onde sairá apressado carregando uma bandeja coberta por redoma de prata e um balde com gelo e uma garrafa de champagne.

Sozinho atrás do balcão, Adelino encabula-se, mas não consegue evitar os olhares para o trio cada vez mais ofegante. Seus olhos cruzaram-se rapidamente com os da mulher que velava os amassos do casal. Profissionalmente tímido, baixa o olhar, acidentalmente olha para sua calça estufada abaixo da fivela do cinto. Volta a olhar para o trio e recebe o olhar fixo da mulher.

Morena, sem pintura, sem jóias ou bijuterias, olhos grandes e pretos, ela descruza as pernas, deixando-as ligeiramente afastadas, permitindo que Adelino veja o fundo azul escuro de sua calcinha. Aquele convite mais explícito que se fosse de palavras não permitiu que ele desviasse novamente o olhar.

Ela afagava o cabelo do rapaz com a mão direita, enquanto a esquerda puxava ainda mais pra cima a saia curta mostrando as pernas douradas de sol e o que Adelino antes adivinhara: a calcinha pequena, apenas dois fios prendendo aquele triângulo minúsculo de lycra.

O primeiro garçom a ter saído, volta acompanhado por dois casais, entrega a pequena pasta para Adelino que confere a conta e o pagamento feito. Os quatro descabelados e sorridentes abrem a porta e desaparecem, mas ninguém percebeu. O garçom pede que o trio o acompanhe para o boxe livre. O casal levanta-se, mas a morena permanece onde está. Os dois olham rapidamente para ela, mas, pela direção dos olhos negros, percebem que o trio combinado se desfizera. Para os dois funcionários nada surpreendia mais. Somem na penumbra o garçom e o casal.

A morena faz um aceno chamando Adelino para sentar-se ao seu lado. Envergonhado com sua ereção, o garçom sai de trás do balcão com uma bandeja na mão. Envergonhado, sim, mas não o suficiente para recusar a tão incisivo convite.

Chegando à frente da moça, sem uma palavra, estica a mão livre. Ela lhe dá a sua. Com um leve puxão, ele a obriga a levantar-se. A leva para o fundo do corredor. Sabia que o último boxe estava sempre livre. Às vezes o patrão aparecia e queria jantar sossegadamente, mas nunca àquela hora. Nesses dias o boxe ficava livre para os garçons e suas eventualidades. Ela pegou uma pequena bolsinha que estava sobre o sofá e ele deixou a bandeja ali.

Já amanhecia quando o boxe abriu-se e os dois saíram. Ele sem gravata, camisa fora da calça, cabelos desgrenhados e marcas de unhas nas costas, no bolso uma calcinha azul. Ela tentando arrumar os cabelos, um sorriso de satisfação nos lábios.

- Nos vemos amanhã?, pergunta ele demonstrando implicitamente o prazer que sentira.

- Acho melhor não.

Abre a pequena bolsa, tira de dentro uma aliança, coloca-a no dedo anelar esquerdo, levantando-o para que Adelino compreenda a mensagem. Vira-se e dirige-se à porta deixando um rastro de perfume vencido e sexo.

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Há uma semana passei um dever de casa para a Thayse e para o David: escrever um conto cujo tema fosse um cara salvo do afogamento por uma boneca inflável. Hoje repetimos a dose, e o tema é uma transa fortuita, sem amor, a partir de um encontro de bar. Nenhum dos três já havia escrito um conto erótico, então, vejam vocês mesmos como cada um se saiu.

quarta-feira, abril 09, 2008

Política não é futebol

169 

Os defensores do governo Lula costumam argumentar, quando ouvem acusações de corrupção e desmandos na administração atual, que nunca houve tanta prisão de políticos como atualmente. Eles têm completa razão nessa argumentação. Há séculos se sabe dos desmandos e falcatruas de políticos e há séculos eles ficam impunes, mas nesses últimos seis anos, graças a mecanismos de fiscalização, melhor treinamento da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, administradores públicos têm perdido seus mandatos e sido levados às barras das cadeias e dos tribunais com uma freqüência assustadora.

Durante o governo FHC, a Anistia Internacional divulgou um relatório que dizia que a corrupção no Brasil é endêmica. Presidente, ministros e autoridades apareceram nos jornais dizendo que aquilo era uma afronta, uma mentira deslavada, tentando desacreditar o dito relatório e se dizendo ofendidos. Mas se estavam tão ofendidos, por que não procuraram os tribunais internacionais para pedirem reparação por danos morais? Porque, no íntimo, sabiam que o relatório era verdadeiro.

O primeiro presidente da Província de Porto Seguro mandou uma carta ao rei de Portugal pedindo verbas para a construção de um quebra-mar para que as caravelas portuguesas, que vinham aqui traficar madeira, pedras preciosas e gente, pudessem atracar em nossas costas sem riscos por conta das ondas bravias. O rei concedeu o dinheiro. Mal sabia sua majestade que havia um quebra-mar natural se estendendo de Ilhéus ao extremo sul de nosso litoral. Um dos casos mais antigos de corrupção em terras pindoramas.

Pero Vaz de Caminha, o escriba, na mesma carta que comunicava a descoberta das novas terras, pedia ao rei um cargo para seu genro que se encontrava desempregado em Lisboa. Era o primeiro caso de nepotismo de nossa história.

Nesses quinhentos e oito anos seguintes, a corrupção e o nepotismo fizeram-se acompanhar por muitos outros crimes por aqueles que dizem representar o povo e deveriam dar o exemplo.

Nos países orientais, quando um político é pego fazendo alguma falcatrua, lhe restam duas alternativas: ou pratica o suicídio, o que tem acontecido com alguma freqüência, mas pouco divulgado pela imprensa ocidental, ou vem a público pedir desculpas aos seus concidadãos por sua falha de caráter. Na China as punições são severíssimas, podendo levar o corrupto à prisão perpétua, à pena de trabalhos forçados ou à pena de morte.

Por aqui o que vemos, quando um cacique, seja lá de que porte for, flagrado com a mão na botija, seu primeiro passo é acusar os opositores de perseguição política. Culpam a imprensa, culpam o governador, o presidente ou o bispo, mas jamais pedem perdão. Flagrados pelas câmeras, dão sorrisos mais cínicos que marido traidor, numa expressa demonstração de galhofa com os imbecis que os elegeram. Se condenados, somente anos depois de processados, pegam penas leves e, na maioria das vezes, não devolvem aos cofres públicos aquilo que roubaram. Talvez seja esse o motivo de seus sorrisos. A certeza da impunidade e que não precisarão ressarcir ao povo aquilo que dele tiraram.

Pior, quando são condenados, têm sempre direito a dezenas de recursos que levam anos e anos para serem julgados e, nesse período, podem candidatar-se quantas vezes forem possíveis, cumprirem seus novos mandatos sem incômodo e poderem desviar mais e mais dinheiro, como se nada existisse para impedi-los.

Enquanto isso, seus correligionários, uns beneficiados com parte dos recursos desviados, outros apenas por imbecilidade, fazem claque cegos pelo sectarismo político ou por interesses escusos, não percebendo ou pouco ligando que esse apoio aos ladrões é um aval para que continuem roubando.

terça-feira, abril 08, 2008

Comparação, mãe da discórdia

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Quando um pai diz ao filho “você faz tudo errado! Por que não faz como o seu irmão?”, ou quando o professor repreende um aluno que não respondeu corretamente uma questão, sugerindo que ele faça como um dos colegas que têm notas melhores, sua intenção pode até ser boa, mas o método, definitivamente, não o é.

O simplismo nos leva a fazermos comparações absurdas, daquelas que não fazem qualquer sentido. Os amantes do futebol, por exemplo, costumam comparar Pelé e Garrincha. Existe um “futebolômetro” para medir qual dos dois foi o melhor? É como comparar Ayrton Senna e Piquet. Baseado em quê se faz esse tipo de comparação? Elas são feitas, na maioria das vezes, baseadas em gostos pessoais e não numa avaliação técnica, algo que poucos de nós são capazes de fazer, embora todos achemos que sabemos tudo de futebol ou de Fórmula-1.

Quando a coisa fica apenas no campo dos gostos e das paixões pessoais, menos mal, mas quando entra pelos campos mais sérios do convívio social ou quando os debatedores não têm bom senso ou civilidade suficientes para aceitar o ponto de vista alheio, aí a coisa pode descambar para a agressão, duelos físicos longe da boa convivência social.

Quando os jornais noticiaram que um apresentador de televisão havia perdido seu relógio Rolex, de milhares de reais, num assalto e que colocara nos jornais uma carta aberta protestando contra a violência urbana, muita gente se manifestou com desdém, do tipo “mas ninguém fala nada dos trabalhadores que perdem a carteira num assalto de ônibus”. Não é bem assim. Os jornais estão muito mais recheados de violências contra os cidadãos comuns do que contra celebridades. Além do mais, não é porque um pai de família pobre foi assaltado que o assalto ao apresentador é menos grave. Ambos são cidadãos e devem ter sua segurança garantida pelo Estado.

Há dias o assunto mais comentado em quase todos os meios de comunicação do país é a morte da garotinha que foi atirada do sexto andar do prédio onde morava seu pai. O caso é sério? Claro que sim. E deve ser investigado a fundo e seus algozes devem ser presos e pagar pela monstruosidade cometida. Dois dias depois do assassinato dessa criança, em Vila Velha, Espírito Santo, uma outra garotinha foi atirada do quarto andar pelo pai bêbado e desequilibrado. Numa discussão entre adolescentes, um deles disse que o primeiro caso só teve repercussão porque a menina era rica. Opa! Devagar com o andor. Primeiro, a garotinha morta não era rica, seu pai é um incompetente profissional que vive às custas do pai. No primeiro caso, o assassino é um desconhecido, há um mistério novelesco e uma grande exploração da desgraça alheia por parte da mídia que quer vender jornais e revistas, além de audiência nas tevês, enquanto que no caso da menininha de Vila Velha, o pai criminoso foi preso imediatamente, fazendo com que o mistério desaparecesse e o interesse por tragédias que o público nutre fosse junto. Não cabe comparação. Cada caso é um caso e deve ter tratamento diferenciado por parte da imprensa, da polícia e da compreensão do público.

Nos casos do apresentador e no das meninas, o que se ouve são comentários com um fundo preocupante de discriminação social, não por só parte da mídia, mas também do próprio público.

Diferenças sociais sempre existiram e sempre geraram conflitos. Muito se discute em diminuí-las e pouco é feito de efetivo nesse sentido. Sem querer entrar no mérito da questão, o que levaria a uma discussão sem fim e, inevitavelmente, alguns debatedores partiriam para a emotividade e a torcida intempestiva, o atual governo federal tem alimentado essas discriminações, só que no sentido inverso do que era feito antes.

Ricos discriminarem pobres virou uma imoralidade, enquanto pobres discriminarem ricos, há quem afirme que é justiça histórica. Não se corrige um erro com outro e nem se justifica uma agressão com outra.

A ministra das igualdades sociais, aquela que perdeu o cargo por mau uso de seu cartão corporativo, cometeu o absurdo de falar que um negro discriminar um branco não é racismo, apenas um direito histórico conquistado. A pobre mulher estava na pasta errada, sua afirmação não pregava a igualdade racial, mas o contrário. Incitava a um levante de negros contra brancos. Aliás, comparar brancos e negros é outra burrice sem tamanho, ainda mais quando se faz usando a falácia de raças: não existem raças branca, preta, vermelha ou amarela, apenas a raça humana. Essa é uma das mais absurdas comparações que os humanos podem fazer.

segunda-feira, abril 07, 2008

amancio

  • Sei que está fora de époc, mas não poderia deixar passar a brincadeira que a BBC, sisuda e respeitada, fez no 1º de abril.

 

  • O sectarismo político imbeciliza. Os sectário nega o óbvio, defende seus ídolos, cupinchas, partidários e cúmplices como se fossem eles os mais corretos dos seres humanos. Mas isso é passageiro. Grandes impérios ruiram no decorrer da história. Já o sectarismo religioso, esse me assusta. O partido que defendem é eterno e nada palpável, permite infinitas interpretações e mensagens ao gosto do fiel. O mesmo Deus pode ser misecordioso e amável para uns, como cheio de ódio e vingativo para outros. O perigo torna-se maior quando o defensor de teses fundamentalistas é um sujeito inteligente, bem apessoado e bem articulado. É o caso desse sujeito. Se movimenta nos porões e ofende a todos os que não pensam como ele.

 

  • Durante a Olimpíada (no singular, senhores jornalistas!) do México, em 1968, atletas negros estadunidenses tiveram suas medalhas cassadas pelo Comitê Olimpíco Internacional por terem levantado o pulso fechadono pódium, demonstrando sua simpatia ao movimento político Panteras Negras. O mundo caiu de pau, dividido entre a discriminação do COI e a politização do esporte pelos atletas. Na Olimpíada de Munique, em 1972, terroristas árabes invadiram o alojamento dos atletas israelenses e foram mortos, juntamente com alguns atletas, numa mal sucedida ação da polícia alemã. O mundo inteiro caiu de pau nos árabes e lamentou a intersecção política no esporte. A União Soviética boicotou a Olimpíada de Los Angeles, emplena Guerra Fria e os Estados Unidos boicotaram a Olimpíada de Moscou, um em resposta ao outro. Os jornais do mundo inteiro, em ambas ocasiões, condenaram a interferência das políticas de estado se metendo nos "ideais olímpicos". Em 2008 os protestos giram ao redor do mundo contra a Olimpíada de Pequim por conta da política chinesa no Tibete e a imprensa noticia, mas não condena. Engraçado como esses tempos politicamente corretos se tornaram chatos.

sábado, abril 05, 2008

Apolinário e Berenice

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Apolinário Neto era o que o avô Apolinário chamava de um pândego. Aliás, isso herdara do velho, junto com o nome.

O avô se divertia contando as peças que aprontara quando rapagote, entre elas, a preferida do neto, estava a entrada em um baile de debutantes montado em pêlo num pangaré fedorento. Logo depois fora expulso, é verdade, mas no dia seguinte se comentava mais de sua presepada do que do vestido francês da filha do prefeito.

O pequeno Apolinário ia encontrar-se com os amigos vestindo um velho pijama de listras brancas e azuis desbotadas, aposentado por seu pais, um robe de chambre e pantufas rosas, peludinhas e com duas orelhinhas de coelho.

Filho de família rica, ganhara uma picape no último Natal. Nas noites de verão era normal vê-lo chegar à praça em seu carro, a carroceria forrada com uma lona azul, cheia de água e fazer dela uma piscina. Os trajes combinavam: um maiô do tipo usado pelos banhistas do final do século dezenove: pernas até os joelhos, sem mangas e listrado de preto e branco.

Sua saída às ruas era diversão garantida para a pequena Conceição do Mato Dentro.

Rapaz de muito boa índole, mas sem juízo, diziam os professores. Um pecador inofensivo, dizia o pároco. Um desmiolado, afirmava o pai. Um amor de menino, derretia-se a mãe. Um pândego, afirmava o avô entre gargalhadas.

Naquele mês de maio, a família estava recebendo a visita de parentes que mudaram-se para o estrangeiro. Lá fora não fizeram fortuna, mas conseguiram uma condição confortável e alguma poupança. Programavam uma viagem a Guarapari, sentir o gostinho do mar brasileiro, distante há mais de dez anos. Convite feito e aceito por Apolinário Neto. Para mineiro, ver o mar é acontecimento, não ficaria de fora.

Ônibus alugado para levar toda a família, hotel reservado e lá se iam, farnel pronto, malas arrumadas. Apolinário levava sob o banco um pacote misterioso. Ao ser perguntado do que se tratava, apenas respondia “Berenice” e mais detalhes não dava. Que era “alguma” todos já sabiam, só não desconfiavam qual.

Viajaram por toda a madrugada, depois do converseiro, Guilvan, pai do nosso doidivanas, mandou que todos dormissem. De manhã, quando chegassem, deixariam os trens no hotel e iriam direto para a Praia do Morro, sem perda de tempo.

Assim foi feito. A mineirada toda paramentada para pegar sol, em seus maiôs démodé, desceu do ônibus correndo, areia para todos os lados, o mergulho tímido, um gole de água para comprovar que continuava salgada... Tia Véstia, sempre zelosa, de olho em tudo e todos, sentiu a falta de Apolinário:

- Cadê o Netinho? Cadê o Netinho?

- Deve estar dormindo no ônibus, respondeu alguém.

Preocupada como as tias velhas, Tia Véstia já se dirigia para o ônibus quando a porta se abre e sai Apolinário com o velho maiô listrado e de braços dados com uma boneca inflável inflada, presente que se dera na última viagem a Belo Horizonte.

Todos parados, boquiabertos, olhando o desfile altivo do moleque rumo à água, como um cavalheiro orgulhoso por sua dama impecável. A estupefação durou apenas alguns segundos. Logo estavam a gargalhar, menos Guilvan, envergonhado mais uma vez pelas tiradas do filho.

Não adiantou apelar, ameaçar, resmungar. Apolinário não abriu mão da companhia impávida de Berenice. Restaurante, hotel, lanchonete, passeio pelo calçadão, onde fossem, lá estava o inusitado casal.

Na manhã seguinte iriam passear de barco, escuna alugada pela família. “Menos mal”, pensou Guilvan, “pelo menos só nós vamos ter que encarar essa vergonha”.

O dia amanhecera nublado a água mais fria do que normalmente é em Guarapari. Ninguém arriscaria um mergulho.

Anejo e Jamira enjoando, Tia Celsa colocando os bofes pra fora, Gambira e Cenésia namorandinho abraçados na proa, Tio Clério distribuindo o lanche... E Apolinário sentado na popa, braços dados com Berenice, apreciando a vista.

Na altura de Areia Preta, o alarme: o barco estava fazendo água. A calafetação antiga se desfizera e o madeirame cedera. O porão estava alagado, as máquinas pararam. O comandante tentando colocar ordem e evitar o pânico. Coletes para todos, mulheres e crianças primeiro! A maré estava baixa e o calado é pequeno, não haveria grandes riscos, sem falar que todos estavam acostumados a nadar na Cachoeira, lá em Conceição do Mato Dentro, o problema era a temperatura da água naquele meio de outono.

O barco afundava rápido, a família toda abraçada, tremendo de frio, mergulhada até o pescoço, formando um enorme círculo, à espera do socorro que o capitão pedira pelo rádio. Surge de entre as borbulhas Apolinário sentado na barriga de Berenice, só as canelas dentro d’água.

- Tá frio aí, moçada? A Berenice ta quentinha... E gargalhava.

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A Thayse tem como objetivo tornar-se escritora, mas andava brigando com a inspiração; O David tem vontade de escrever contos, mas tem um medo bobo, já que escreve poemas tão bem. Para provocá-los, sgurei que escrevessem sobre o tema: um sujeito que sobrevive a um naufrágio graças a uma boneca inflável. Fiquei com inveja do que eles escreveram e resolvi entrar na brincadeira.

quinta-feira, abril 03, 2008

No Ônibus

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Naquele dia Ariosto levantara mais cedo que o habitual na esperança de ser o primeiro da primeira fila que encararia. Não dera certo, às cinco e meia da manhã era o vigésimo quinto em frente à agência da Previdência.

No resto do dia a coisa se repetiu: banco, a repartição, o cartório, de volta à repartição porque faltara uma certidão, novo banco, um lanche rápido em pé, escorado no balcão da birosca que só funcionava porque a “saúde pública” não funciona. Pisões nos pés, ambos, algumas vezes em cada um, orações e mantras pedindo paciência, dois ônibus, três vãs, um moto-táxi, subir ladeira, descer escadas... Muita provação para um simples pagador de impostos.

Agora, cinco e meia da tarde, subia no ônibus, cansado, os pés latejando dentro do sapato que parecia ter diminuído dois números, suado, pensando no chuveiro e na massagem da nega Zia. Lá no fundo, perto da porta de saída, um molecote com uma tremenda espinha na face esquerda e um livro aberto, a maior cara de cdf, o único em pé, além dele. Ainda bem que a hora do rush ainda não começara. Os quarenta e cinco minutos até sua casa não demoraria mais que as duas horas na fila do banco.

Passeando os olhos pelo interior do ônibus, percebeu que uma velhinha sem ninguém ao seu lado. Uma cadeira vazia! Sorte! No balanço do ônibus, a pasta cheia de papéis o impedindo de pegar no ferro com as duas mãos, foi dançando até a cadeira sem gente. No assento, um pacote, do tamanho de um pacote de açúcar, coberto por um papel pardo.

Olhou para a cara da velha na esperança de que ela recolhesse o embrulho lhe cedendo o lugar. A velha olhou para ele, apertou ainda mais a bolsa contra o peito, cara de nenhum amigo. Pensou em pedir gentilmente que ela liberasse o lugar, mas mudou de idéia. Suas experiências com velhinhas em ônibus não foram nada agradáveis e, naquele cansaço, estava sem qualquer disposição para um embate.

Da última vez, há duas semanas, ofereceu seu lugar para uma senhora, uns cinqüenta anos, e fora recebido com impropérios: “Safado! Sou uma mulher casada! Vá se meter com suas raparigas!”. Ainda lembra dos olhares de desaprovação que o obrigaram a descer na parada seguinte, vinte quadras antes do seu destino.

De uma outra vez, ofereceu-se para segurar a sacolinha de plástico que uma senhora carregava junto com sua bolsa. Ele estava em pé como ela, apenas desejava ser gentil e poupá-la de carregar aquele peso incômodo. Em troca recebeu um grito que assustou a todos e gerou uma corrente de ódio: “Ladrão! Quer levar minhas compras! Motorista, chame a polícia!”. Mais uma tremenda vergonha pública e a necessidade de andar quarteirões sem fim, nenhum passe para pegar outra condução.

Melhor ficar quieto, estava cansado demais para andar até em casa. Vai que aquela velha mal encarada tinha um pouquinho de compaixão, educação, piedade, fosse lá o que fosse, e lhe permitisse a sentada.

O ônibus seguia sua trilha e as coisas não mudavam. Ele olhava a velha, a velha olhava pela janela e o pacote lá, nem te ligo para os dois.

Já se iam vinte minutos de viagem, ele trocando a perna de apoio de tempo em tempo para poupar as batatas que já doíam, quando a velha levanta-se e dá o sinal de parada. Ele dá um passo para trás lhe permitindo a passagem, a velha passa e o pacote fica.

- Minha senhora, a senhora esqueceu esse pacote.

- Não é meu, não, moço. Alguém esqueceu aí.

quarta-feira, abril 02, 2008

Trabalho infantil

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Muito tem-se falado ultimamente sobre o trabalho infantil e mais uma vertente dessa questão tem sido levantada: o trabalho infantil doméstico.

Colocar crianças para  fazer trabalhos pesados como quebrar pedras, carregar peso, tarefas com produtos químicos, derrubar mata e fazer carvão, quebrar coco... São coisas moralmente reprováveis e danosas à saúde dos pequenos. Isso acontece nas classes mais pobres em que a ajuda dessa mão de obra, mesmo que seja para levar R$ 1,00 para a farinha é uma das poucas alternativas para se evitar a fome da família. Falta aí a mão do Estado e as orientações dos serviços sociais, sejam públicos ou privados. É fácil condenar essas práticas e isso deve ser feito, lógico.

Crianças que trabalham fora não tem tempo, disposição ou orientação para freqüentarem a escola e, muitas vezes nos rincões mais afastados, nem escola tem por perto.

Já o trabalho em casa, guardadas as precauções contra acidentes e o "peso" das tarefas, pode ser bastante saudável.

Não vejo pecado, dolo ou ilegalidade exigir, desde cedo, que a criança arrume seus brinquedos, prepare seu material escolar. Conforme for crescendo, outras tarefas devem ser-lhes dadas, como arrumar a cama, ajudar a retirar a louça da mesa, lavar seu próprio prato ou a cueca/calcinha, ir à padaria da esquina comprar leite... Ah, mas isso não é trabalho, diriam alguns, no que discordo. É uma missão que deve ser valorizada pelos pais tanto quanto devem ser valorizadas as tarefas de casa passadas pelo professor.

De cedo a criança aprende que essas coisas não são feitas com varinha de condão; que se ele não fizer, outro fará e se ninguém fizer a família fica desassistida.

Pais excessivamente zelosos tentam manter seus filhos longe dessas funções mundanas, contratam empregada para fazerem tudo para seu principezinho/princezinha e despreparam os filhos para a vida real.

Conheci um cidadão que tinha uma professora dentro de casa para fazer os trabalhos escolares do filho. Foi o cúmulo da irresponsabilidade paterna. A esse garoto restou uma faculdadezinha de ponta de rua, com vestibular feito por telefone. Pior, vai tornar-se médico. Jamais eu me clinicaria com ele. Fico imaginando o doutor, no meio da consulta, ligar para um colega ou professor ou o próprio pai, médico, para saber que diagnóstico deve ser dado, que exames devem ser cobrados ou que remédio deve ser ministrado.

Por experiência própria posso afirmar que varrer casa, lavar banheiro, lavar as próprias roupas, ajudar na cozinha, capinar jardim, fazer compras na feira, espanar teias de aranha, alimentar os bichinhos de estimação, retirar o lixo e coisas que tais, não deixa trauma, não faz a criança sentir-se explorada e ainda é um grande aprendizado que jamais se esquece, que ajuda na formação do caráter e ainda ajuda os pequenos a valorizarem seres humanos comuns e trabalhadores com quem se deparará vida afora.

terça-feira, abril 01, 2008

Humanices

Se o símio a si se assemelha

E o avaro vadio amealha

A riqueza que o risco compensa

Mais humana a malta não pensa.

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Só pr fazer uma propagandinha do Pseudo-Poemas, onde escrevo com o David, a Saramar, a Letícia e a Van. Lá sou o aprendiz.