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domingo, dezembro 25, 2005

Alma lavada a vinho.



Dia 26


Hoje a cidade não tem hora para acordar.

O semblante dos poucos que encontramos pelas ruas não está mais leve nem mais feliz do que estava ontem, a mesma seriedade urbana de cada dia. Nada mudou de fato.

O velhinho de chapéu atravessa a praça como faz todos os dias, um garoto de rua se detém diante da vontade de destruir o presépio público, as portas da igreja encontram-se cerradas como sempre, os quase nenhum carro trafegam em direção à casa dos pais, dos sogros ou de um amigo mais querido onde será servido um almoço com o que restou da ceia.

Uma enfermeira passa uniformizada para seu plantão de 24 horas, um bêbado de cachaça barata ainda dorme sob a marquise da loja de artigos infantis, a balconista da loja de conveniências atende solícita...

Ao longe ecoam os restos de uma música natalina, provavelmente em uma casa de uma família reunida e alegre entre os abraços dos que se amam.

Nos joenais estampadas as mortes no trânsito e os suicídios dos deprimidos.

O Natal não mudou a dinâmica da vida, mas para os românticos e os otimistas trouxe o desejo de que cada dia continuasse igual a hoje.

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