Quanto mais conheço os filhos dos outros, mais desejo não ter os meus.
Adalzira
Toda noite a mesma coisa a noite toda, a diferença está nos dias da semana - sextas, sábados e domingos é maior - e na época do mês. Do primeiro ao quinto dia, quando o povão ainda está com o salário no bolso, o afluxo de homens ao puteiro de Madame Dorotéa é maior, dias em que a féria aumenta.
Adalzira, com sua morenice muito conservada em sua casca de 23 anos vividos à noite, é das mais solicitadas. Por vinte reais atende fazendo o básico, por mais um pouquinho faz estrepolias. Em média, não passava de meia hora com cada homem no quarto mobiliado com uma cama de casal, um criado mudo e uma cômoda onde guarda algumas roupas de emergência, um frasco de creme sabor de menta e alguns brinquedinhos para o deleite de clientes mais desinibidos e mais criativos. Uma das portas, a de entrada e saída, dá para o corredor onde se vêem outras oito portas iguais, a segunda liga o quarto ao banheiro munido de um chuveiro, pia e vaso. Nada de box ou cortinas, no máximo um sabonete barato e uma toalha suspeita.
A jovem puta não quer chegar aos trinta atendendo aqueles mal cheirosos mal amados e maus amantes. Não quer chegar à idade de Madame Dorotéa sem outra alternativa de sustento. Dos quarenta por cento que lhe cabem em cada trepada, gasta o básico para a sobrevivência, o restante vai para a caderneta de poupança. Será sua aposentadoria de puta e o início da vida de empresária dona de butique.
Nenhum homem a encanta, embora encante a muitos. Como todo mundo, sonha com um amoreterno e uma casinha com cercas brancas e flores nas janelas, mas já não tem certeza se conseguiria amar alguém depois de ter passado pelos braços e sob o peso de tantos mastodontes.
Não enjoa mais com seus hálitos de álcool e tabaco, nem com seus cheiros azedos de suor suado no trabalho diário na construção ou no escritório. Entendeu cedo que aqueles homens não queriam apenas sexo, desejavam ser amados, elogiados como não eram em suas vidas fora daquele antro. Ou queriam realizar fantasias que não tinham coragem de confessar a suas esposas ou namoradas. Aprendera que dando-lhes o que desejavam, além de seu corpo, poderia ganhar uma gorjeta que escondia de Madame Dorotéa, era seu caixa dois, por isso é carinhosa, boa ouvinte e sabe elogiar os parceiros efêmeros. Melhorando a auto-estima dos amantes eventuais, aumenta sua renda extra.
Depois de cada homem, um banho rápido e um purificador de ar para evitar o cheiro dos fluídos azedos no quarto que quase nunca vê o sol.
Adalzira, com sua morenice muito conservada em sua casca de 23 anos vividos à noite, é das mais solicitadas. Por vinte reais atende fazendo o básico, por mais um pouquinho faz estrepolias. Em média, não passava de meia hora com cada homem no quarto mobiliado com uma cama de casal, um criado mudo e uma cômoda onde guarda algumas roupas de emergência, um frasco de creme sabor de menta e alguns brinquedinhos para o deleite de clientes mais desinibidos e mais criativos. Uma das portas, a de entrada e saída, dá para o corredor onde se vêem outras oito portas iguais, a segunda liga o quarto ao banheiro munido de um chuveiro, pia e vaso. Nada de box ou cortinas, no máximo um sabonete barato e uma toalha suspeita.
A jovem puta não quer chegar aos trinta atendendo aqueles mal cheirosos mal amados e maus amantes. Não quer chegar à idade de Madame Dorotéa sem outra alternativa de sustento. Dos quarenta por cento que lhe cabem em cada trepada, gasta o básico para a sobrevivência, o restante vai para a caderneta de poupança. Será sua aposentadoria de puta e o início da vida de empresária dona de butique.
Nenhum homem a encanta, embora encante a muitos. Como todo mundo, sonha com um amoreterno e uma casinha com cercas brancas e flores nas janelas, mas já não tem certeza se conseguiria amar alguém depois de ter passado pelos braços e sob o peso de tantos mastodontes.
Não enjoa mais com seus hálitos de álcool e tabaco, nem com seus cheiros azedos de suor suado no trabalho diário na construção ou no escritório. Entendeu cedo que aqueles homens não queriam apenas sexo, desejavam ser amados, elogiados como não eram em suas vidas fora daquele antro. Ou queriam realizar fantasias que não tinham coragem de confessar a suas esposas ou namoradas. Aprendera que dando-lhes o que desejavam, além de seu corpo, poderia ganhar uma gorjeta que escondia de Madame Dorotéa, era seu caixa dois, por isso é carinhosa, boa ouvinte e sabe elogiar os parceiros efêmeros. Melhorando a auto-estima dos amantes eventuais, aumenta sua renda extra.
Depois de cada homem, um banho rápido e um purificador de ar para evitar o cheiro dos fluídos azedos no quarto que quase nunca vê o sol.
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