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terça-feira, outubro 03, 2006

Bessinha, Charge On Line


  • Já diz o velho ditado, "quem fala o que quer, ouve o que não quer". Sabedor e aplicador disso, não costumo me importar com as opiniões contrárias ao que escrevo aqui. Esse blog é minha boca, extensão da minha voz e o que falo aqui é o mesmo que falo aos meus amigos no trabalho, na mesa de bar, no churrasco de final de semana, seja lá onde for. Se tenho minha opinião, me cabe respeitar a opinão de quem não concorda comigo, e o faço de coração aberto. Se for para discutir, discutiremos até o sol raiar. Uma boa discussão me dá mais ânimo que guaraná em pó.
    Como sei que quem me lê é gente inteligente e bem informada, mesmo aqueles que não gostam de política, como a Gueixa, estou preparado para ler opiniões discordantes da minha. Mais que preparado, acho-as ótimas, quanto mais opiniões e pontos de vista diferentes, melhor poderemos ver a realidade que nos cerca. A Magui, por exemplo, quase sempre discorda de mim e me corrige, certas vezes com fatos, outras tantas com sua opinião pessoal, e nunca reclamei ou achei ruim isso, muito pelo contrário.
    Contudo, algumas coisinhas eu gostaria de deixar bem claro:
  • Desde que Lula assumiu o governo, falei que não gastaria linhas batendo nele ou em seu governo desnecessariamente. Que para muitos isso pareceria partidarismos, mas expliquei que já havia muita gente para massacrá-lo. Gente mais inteligente, informada e ideologicamente contrária ou não. Que eu prefiro criticar os críticos e suas batatadas; prefiro bater nos que se dizem paladinos da justiça, defensores dos reais interesses populares. Prefiro pisar nos calos da imprensa tendenciosa, seja ela de que matiz for, que pinta-se de justiceira e distorce informações a seu bel-prazer e interesses.
  • Se por vezes pareceu que eu pendia, politicamente, para um lado ou para outro, foi por falha nas palavras certas. O único voto que declarei aqui foi para senador, votei em Juca Chaves e justifiquei meu voto. Algumas vezes fiz comentários favoráveis a Lula, ou a Alckimin, ou ao Cristóvam e até mesmo à Heloísa Helena, de quem discordo em quase tudo, e isso, sim, é uma postura declarada. Alguns entenderam isso e recebi elogios certas vezes de leitores que comentavam não ter visto a coisa da maneira que eu vira. Ótimo! Isso paga meu ingresso.

  • A única figura política sobre sempre comentei baixando o tacape foi ACM. Aliás, não foi a única, me referi nos mesmos termos mal educados a todos os que se tornaram vaquinhas de presépio dele. Não gosto desse senhor, não gosto de suas mentiras, não gosto de sua sede imensurável por poder, não gosto de sua praxis política que se utiliza de dossiês que jamais alguém viu, senão os repórteres dos jornais e revistas que o omitem como fonte. Não gosto da chantagem que faz contra prefeitos, governadores, vereadores e parlamentares para conseguir o que quer. Bati palmas e vibrei sozinho, deitado em minha cama, assistindo aos noticiários, quando foi declarada a vitória de Jaques Wagner e João Durval, respectivamente ao governo e ao senado. Não tanto pelas duas figuras vitoriosas, a despeito de conhecer o senador João Durval pessoalmente e ser amigo de muitos de seus familiares, mas pela derrota daquele que se julga dono da Bahia, um dos últimos senhores feudais brasileiros, o manda-chuva da maior oligarquia ainda existente no país.


Isso tudo para dizer que, pela primeira vez, vou justificar um texto por conta de um comentário recebido, aliás, de um dos meus blogueiros prediletos. Ainda estou em dúvida se o identifico, afinal não quero polemizar com ele ou deixar uma idéia errada.

O fato é que seu comentário deu a entender que no texto de ontem, no primeiro tópico, eu propunha que se esquecessem os erros de Lula e de seus partidários. Não foi essa a intenção. O que comentei, agora com outras palavras, é que já que vai haver segundo turno, que os debates sejam em cima de idéias e não apenas de denúncias criminosas, dossiês, lavagem de dinheiro, saguessugas e coisas que tais. Não é mais hora de vermos os denuncismos ocuparem mais espaço que a discussão sadia sobre aquilo que interessa ao total da população, não que os desmandos e prováveis crimes não devam ser apurados, julgados e punidos, caso se comprovem. Não sou eu quem pensa assim, mas o Direito Romano: todos são inocentes até que se prove o contrário. E para investigar, julgar e punir, comprovando-se a culpa, são órgãos capacitados para isso, pelas leis e pelos profissionais responsáveis pela sua aplicação. Não vão ser candidatos, diretamente interessados nos resultados das investigações que o farão.

Nós, eleitores, poderemos nos convencer ou não pelos argumentos apresentados por ambas as partes, mas, depois do voto, excluída uma das partes, o assunto voltará à alçada da Justiça e o vencedor estará com o país nas mãos para governá-lo por quatro anos. Valerá a pena elegê-lo sem ouvir suas propostas? Valerá a pena nos deixarmos governar apenas porque o sujeito era inocente nos episódios escabrosos apresentados, seja qual dos dois for, e não pelas suas idéias?

A imprensa já está, em boa parte, envolvida na campanha direta da oposição, veladamente, fazendo de conta que está prestando o seviço da informação. Tenho dois exemplos para mim bem claros do que estou falando:

Na entrevista coletiva com os diretores da ANAC e o brigadeiro responsável pelo resgate das vítimas do avião da Gol caído no Mato Grosso, uma repórter de um grande jornal de São Paulo perguntou ao presidente da ANAC; "não foi irresponsabilidade do presidente Lula decretar luto de três dias pelos mortos se nem sabemos ainda se há sobreviventes?". A meu ver, pura maldade da jornalista. Mesmo que tivesse morrido apenas uma pessoa, coisa que nem o mais alienado ser humano poderia imaginar, apenas um morto num acidente daquela proporção, já seria motivo mais que suficiente para ser decretado luto. Grave seria se o presidente se omitisse, o que demonstraria que estava fazendo pouco caso, que só tinha olhos para a campanha eleitoral.

O segundo é altamente repetitivo. Há semanas os chargistas de todo o país, salvo raras excessões, têm feito desenhos do presidente Lula de saltos altos, como que menosprezando os adversários. Também acho que a confiança do presidente estava exagerada, mas havia um fundamento inquestionável: todos os institutos de pesquisa apontavam para uma vitória dele no primeiro turno. Do ponto de vista psicológico, isso tem algum efeito sobre o eleitorado ou sobre seus adversários? Claro que sim! Heloísa Helena, mesmo na última semana, quando seus números começaram a cair e, abertas as urnas, no final mostraram ser menores do que os institutos mostravam, demonstrava confiança que iria para o segundo turno. O eleitor quer votar em alguém que lhe transmita confiança. Alckimin mudou de postura, ficou mais agressivo, mais sorridente, mais comunicativo, mostrou-se renovado quando seus números começaram a crescer. Nenhuma charge foi feita com ele sobre saltos altos ou menosprezando qualquer adversário. Essa mensagem dos chargistas é intencional? Não sei. É subliminar? Sem dúvida.

Nunca discuto futebol. Religião e política, adoro discutir, mas nunca o faço com paixão, mas com argumentos, nem sempre fortes, nem sempre aceitos, mas argumentos.

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