AVISO: Aqueles que não gostam de palavrões e expressões chulas, não sigam adiante. Hoje resolvi deixar o bomocismo de lado!
Quem me acompanha há algum tempo deve lembrar-se que me portei com parcimônia em relação ao governo federal durante o primeiro mandato. Cheguei mesmo a ser confundido certas vezes com um defensor do lulismo e adjacências. O fato é que sou do tipo que discute futebol, política e religião, contrariando todos os conselhos, mas não o faço com paixão, sempre busco argumentos baseados em dados e não apenas na base do chute. Nem sou do turma do "quanto pior, melhor". Sempre critiquei essa postura no PT, quando esse era oposição e não vai ser agora, que eles mandam e desmandam que vou fazer a mesma coisa. Eu torço para que essa joça dê certo, que saiamos do marasmo e que, mesmo com todas as apostas contrárias, os babacas consigam acertar a mão e o país.
Não sou também do grupo que critica o povo, me incluo nele, mesmo discordando da maioria decisões tomadas. Se sou voto vencido, paciência, como democrata respeito a vontade da maioria, mesmo que essa deixe meus nervos em pandarecos vez por outra.
Ainda nos tempos de campanha, eu dizia entender a posição daqueles que acham Lula e o governo maravilhosos por terem lhes dado as muitas bolsas sociais, embora isso venha dos tempos de Cristóvam Buarque no governo do Distrito Federal e nacionalizado no governo de FHC. O pobre coitado que mal tem o que dar de comer aos filhos, sem preparo técnico, com educação canhestra e deficiente, morando em taperas pelos grotões do país, tá pouco se fudendo se o dólar está baixo, se os importadores estão perdendo grana, se o buraco de ozônio está ficando maior que a incompetência dos governantes a cada dia, que os aviões caem com mais facilidade que bosta de pombos na praça da matriz, que o excesso de botox derreteu os neurônios da Marta, que Marcos Valério comprou parlamentares e governantes e saiu quase ileso, que trezentos mil dólares dentro de uma cueca deva deixar o cara com a bunda maior que a da Rita Cadilac, que as rodovias estão menos transitáveis que as estradas do tempo do império, que ACM morreu sem ter pagado pena de pelo menos um dos seus crimes, que os professores de seus filhos são mais incompetentes que os sindicalistas que passaram a mandar neles... O cara quer comida! E uns mirréis para uma roupinha, uma diversãozinha pra família de vez em quando. O resto que se foda!
E eles não estão de todo errados, convenhamos. Quem nunca passou fome ou miséria e pode pagar por um vinho importado ou sentar num boteco e tomar um engradado de Bavária com os amigos falando mal do governo, costumam dizer que esses beneficiários das bolsas usam a grana para comprarem cachaça, só e malemente. Não conhecem o Brasil, não conhecem a fome, não conhecem a completa desassistência. Antes que alguém fale merda, não estou defendendo nem condenando as bolsas, apenas reconhecendo a miséria e a cabeça de quem as recebe. Conheço muita gente que usa essa graninha para o arroz de cada dia, para o gás, para o material escolar da molecada. Sei que existem muitos, mas não conheço nenhum que a use para comprar cachaça ou pagar putas. E não conheço mesmo!
Se eu não ajudo esse povo, muito justo que ele não fique do meu lado e sim do lado de quem lhe dá alguma coisinha no final do mês. Isso é assistencialismo? Não sei, juro que não sei. É compra de voto? É, é, sim. Assim como foi a desvalozização do real para ajudar os exportadores, como fez FHC, com uma diferença: os beneficiários de agora não tinham o poder da grana e da comunicação que tinham os de FHC.
Segundo Lula e seus asseclas, FHC beneficiou apenas as elites. Mas, que caralho é essa tal de elite? Se é quem tem grana e empresas, devo defendê-la. São esses caras que tem grana e empresas que dão empregos, milhares deles, que pagam impostos e que cobram do governo infra-estrutura para poderem tocar seus negócios e não vêem a grana que depositam no erário voltar em forma de benefícios para todos; se as elites são os bancários, eles nunca tiveram lucros tão altos como no atual governo, portanto Lula e gang não podem reclamar deles; são os formadores de opinião, como os jornalistas? Esses estão divididos como sempre estiveram e me causam risos seus críticos. Uns dizem, por exemplo que a Globo é golpista quando mostra uma cagada feita pelo governo, outros dizem que ela é paga pau do governo quando noticia a inauguração de uma obra federal. Vai entender...; são os que têm acesso à informação e criticam os desmandos, a arrogância, o despreparo de quem nos governa? Então sou elite, modéstia à parte. O fato é que não sei quem é essa tal elite que Lula faz questão de jogar o populacho contra. O presidente criou uma guerra velada de classes falando mal dos empregadores, de quem tem grana e depois faz carinha de bom moço e amiguinho dos megaempresários, quando em reunião com eles. Aliás, o vice dele, José Alencar, também é um muito bem sucedido empresário, justamente num ramo em que a produção nacional tem caído nas últimas décadas, o têxtil. Ele é elite também?
O filho da puta pegou uma mania de se fazer de coitadinho, de sempre se dizer apunhalado pelas costas cada vez que um dos da gang faz uma cagada. Seu inegável carisma e sua bem polida cara de pau faz com que os milhões de Velhinhas de Taubaté fiquem com peninha, acreditem em suas lágrimas de crocodilo e lhe dêem nova chance. Aliás, de novas chances ele não pode reclamar. Foram dezenas desde o início do primeiro mandato.
Além de despreparado, incompetente e conivente com as falcatruas que acontecem por segundo sob a sombra de sua faixa presidencial, Lula sofre do mal da falta de autoridade de que sofreram todos os presidentes civis pós-64, com excessão de Collor, que tinha excesso de autoridade, achou que poderia governar sem o Congresso e deu no que deu.
Lá pela quinta série, a professora Nancy me ensinou duas coisas de que nunca esquecei: que o homem é um ser gregário e o próprio significado da palavra gregário. Me considero o menos gregário dos humanos que conheço. Não faço parte de grupos, grupões ou grupelhos. Já recusei convites para participar de Lions Clube, Rotary Club e Maçonaria, me recuso a ser sócio de qualquer clube. Nada contra quem tem dinheiro ou sabe ganhá-lo, pelo contrário. Eu também gostaria de ter muito dinheiro, saber como ganhá-lo e administrá-lo, mas não nasci com essas qualidades. Mal, mal administro meu pouquinho. Clubes servem para dar dinheiro para seus administradores em troca de alguma satisfaçãozinha financeira ou esportiva ou de ego dos associados. É, talvez eu seja racional de mais, mas nem por isso deixo de me preocupar com o todo, egoisticamente faço parte dele, do todo, esse enorme clubezão social. Não sou gregário, mas não sou passivo.
Ao contrário da maioria dos eleitores, lembro bem de todos aqueles em quem votei, não só nas últimas eleições, mas de alguns das eleições anteriores. Poucos se elegeram, é verdade, sou um sujeito seletivo, até mesmo nas amizades, e esses poucos estão sempre sendo lembrados da minha existência. Cobro dos vereadores constantemente, mando e-mail para os deputados federais e estaduais e para os senadores, que contaram com meu voto ou não. Como prova que eles, eleitos para nos representarem, não nos representam em nada, jamais um me respondeu, mas eu continuo me manifestando. Eu participo, mesmo desagregado, mas participo, e essa falta de participação é que sinto falta no cidadão brasileiro. É mais fácil e comum dar de ombros, como se os parlamentares e governantes fossem entidades intocáveis que tudo podem e nada devem. Seria muito bom que cada um mandasse seus e-mail ou cartas ou telefonemas e dessem uma prensa naqueles calhordas de vez em quando, ao invés dessa postura de crítico não participante.
Num paizinho de merda em que uma Narcisa não-sei-das-quantas, Boninho-filho-de-boni e seu amiguinho andrógino, Chateaubriand sabe-se-lá-o-quê, viram celebridades e nas horas vagas jogam ovos, vassouras e garrafas da janela de seus luxuosos partamentos atingindo passantes na rua por não gostarem de paulistas e de povo; em que um mentecapto como Sérgio Malandro dá picos de Ibope quando busca uma outra débil mental com quem se casar; em que Diego Alemão dá mais assistência que um violinista de formação clássica internacional; em que governo manda pobre odiar rico; em que preto só vê futuro se for bom atleta; em que mulher bonita prefere mostrar a xoxota em troca de uma grana do que cursar uma boa faculdade, sem pensar que será mãe um dia e os coleguinhas do filho vão mostrar a mãe de perna aberta e sem roupa para toda a turminha; em que o programa mais visto são novelas em que os vilões são simpáticos, alegres e ricos e os mocinhos são pobres, tristes e antipáticos; que o país todo pára diante de jogos que custaram quatro bilhões de reais, quando estavam orçados em 375 milhões, pagos por todos e cada um e nem se preocupa que boa parte dessa grana foi para os bolsos ou para a conta suíça do presidente do Comitê Olímpico, de sua mulher, antes uma boa jonalista, ou de seus amigos e laranjas, e mesmo assim fica maravilhado com a possibilidade de sediar uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada, onde a roubalheira se repetirá com um aumento exponencial, melhor seria me tornar um alienado, fazer de conta que não é comigo, continuar discutindo os jogos do campeonato nacional, mas a porra da minha natureza não me permite.
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