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domingo, fevereiro 12, 2006

Quem?



Apelidos


Preciso acabar com essa mania de colocar apelido em tudo e qualquer coisa.

Criei esse hábito ainda guri. Com um tantão de irmãos que tenho, não via uns chamarem aos outros senão pelo nome. Não haviam apelidos lá em casa. Mas o rebeldinho aqui foi logo chamando o Normando de "coco seco" por conta de seus cabelos aloirados e o Ronaldo de "pirulito", a quem eu creditava uma cabeça de tamanho avantajado, o que corrigiu-se com o tempo.

No primário, segunda ou terceira série, tinha um coleguinha que cada vez que era xingado ou alvo de alguma brincadeira, respondia "nós dois". "Bobão!", e ele "nós dois". Nesse caso não fui eu quem apelidou, o próprio batizou-se de "nós dois", eu apenas dei uma forcinha pra popularizar o tratamento. Até hoje tento lembrar o nome do camarada, mas não consigo. Só lembro do apelido.

Meus alunos criaram uma comunidade pra mim no Orkut e eu coloquei um tópico: "Que apelido eu coloquei em você". Não entendendo bem o espírito da coisa, várias meninas disseram que as apelidei de "amarela". Isso não é verdade. Amarela não é apelido, é tratamento. Todo mundo é amarelo, uns mais claros, outros mais escuros, outros mais amarelos, mas todos amarelos. O baiano criou o "meu rei", o "pedinha" (corruptela de "pedrinha", por conta do tal pedra 90), como forma de cumprimentar qualquer pessoa, principalmente aqueles conhecidos de quem se esqueceu o nome. Para não passar pelo constrangimento de tratar uma pessoa pelo nome errado, o "meu rei" e o "pedinha" podem ser usados em qualquer situação e ninguém se ofende. Já meio baiano pelo tempo em que vivo aqui, peguei o jeitinho e criei o "amarelo/a".

Não tem como controlar, a coisa é automática. É só me dar dois centavos de intimidade que seu nome logo vira outra coisa. A Ozanir virou "Ozana nas alturas"; A Célia virou "Célia Maria"; Eugênio é "Ogênio"; Jaíza é por mim conhecida por "Jáiza", o que a deixa furiosa, aumentando minha vontade de chamá-la assim; Clemens é "Cremilda" ou "Creme", dependendo da ocasião e do ambiente; Paulos são dois no ambiente de trabalho. Um é baiano e outro mineiro. Para diferenciá-los um é "Paulo Macaxeira" eo outro, "Paulo pão-de-queijo"; O Ari virou Ariovaldo. E por aí vai. Esses são alguns dos que apenas dou uma arranjadinha no nome verdadeiro. Mais legais são os apelidos que retratam uma característica do apelidado.

Uma garota que vai fazer o vestibular, mas parou de estudar, passou a ser chamada de Faesa, uma faculdadezinha meia-boca de Vitória; Matheus, gordinho, virou "Skol", redondo, redondo; uma garota que tem um cabeção enorme, é a BH, Big Head; o mesmo cabeção tem o Valentim, que nas horas de carinho é "Valente", nos momentos de porrada torna-se o "estrupador de Camisetas"; a Priscila é linda em seus 1,45 m, "Pee-Wee"; Iane, "Inhame"; Juliana, "Jujuba"; e mais uns tantos.

As coisas também são rebatizadas: calculadora é calculatriz; apagador, apagatório; abridor de garafas, abritório; banheiro, unitário, afinal, tirando os banheiros de bar e os femininos, ninguém costuma ir acompanhado; garfo, forquilha...

Não teve graça pra você? Pois eu me divirto.

E por que preciso parar com isso? Primeiro, porque costumo esquecer os nomes das pessoas e passo a conhecê-las só pelo apelido. Em algumas situações é um atraso terrível. Alguém me fala de outro alguém e só lembro da pessoa meia hora depois que meu interlocutor se esforça em me dar as características da pessoa; segundo, tem horas que pareço estar falando em algum dialeto africano que só eu conheço, daí tenho que repetir a frase com as palavras corretas, o que gera um atraso da porra numa conversação.

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