O tédio vicia.
Tem texto meu na Gueixa. Voto nulo é o tema.
Palestra
Ela falava e falava e falava...
Ele mantinha o interesse, olhos acompanhando seus gestos e ouvidos acompanhando cada uma das muitas faces dela.
Na parede os ponteiros do relógio viajavam no tempo que deveria correr e ele sequer olhava o mostrador, absorto que estava na voz e no que ela dizia.
Sob as luzes frias das lâmpadas fluorescentes e no frescor do ar condicionado, a manhã passava agradavelmente.
Ela demonstrava saber exatamente sobre o que falava. Não titubeava, não tropeçava nas palavras e conceitos e isso o deixava atento, desperto, conquistado.
Casualmente os olhos dele fitaram o relógio. Surpreso, percebeu que já havia passado uma hora e o prazer de ouvi-la não o deixara sentir enfado ou cansaço.
Ela alternava transparências no projetor, expunha gráficos, números, frases, fontes de pesquisa enquanto falava, falava, falava...
Ele começou a perceber pigarros, movimentos mais constantes de nádegas arrastando-se no tecido sintético dos assentos à sua volta. Uma leve inquietação espalhava-se no auditório agora à semi-luz para que as figuras projetadas na tela branca pudessem ser lidas com clareza.
Talvez contaminado pelo leve rebuliço, ele já não percebia as palavras dela com a mesma clareza, já não sentia o mesmo interesse pelo tema, já sentia formigamento no traseiro. E ela falava, falava, falava... Sem emoção, técnica, fria, monotônica.
Ele agora já olhava propositadamente para o relógio na parede e conferia com o seu de pulso. Duas horas e meia. Dos relógios seu olhos percorreram o salão e viu tédio, olhos semi-abertos, bocejos escondidos por mãos, conversas ao pé de ouvido enquanto ela falava, falava, falava, falava...
Essa sua última memória consciente.
De repente ouviu gargalhadas e falatório descontrolado. Deitado no carpete do auditório, acordou percebendo que havia dormido sentado.
Enfim, pelo menos por enquanto, ela parara de falar.
Ele mantinha o interesse, olhos acompanhando seus gestos e ouvidos acompanhando cada uma das muitas faces dela.
Na parede os ponteiros do relógio viajavam no tempo que deveria correr e ele sequer olhava o mostrador, absorto que estava na voz e no que ela dizia.
Sob as luzes frias das lâmpadas fluorescentes e no frescor do ar condicionado, a manhã passava agradavelmente.
Ela demonstrava saber exatamente sobre o que falava. Não titubeava, não tropeçava nas palavras e conceitos e isso o deixava atento, desperto, conquistado.
Casualmente os olhos dele fitaram o relógio. Surpreso, percebeu que já havia passado uma hora e o prazer de ouvi-la não o deixara sentir enfado ou cansaço.
Ela alternava transparências no projetor, expunha gráficos, números, frases, fontes de pesquisa enquanto falava, falava, falava...
Ele começou a perceber pigarros, movimentos mais constantes de nádegas arrastando-se no tecido sintético dos assentos à sua volta. Uma leve inquietação espalhava-se no auditório agora à semi-luz para que as figuras projetadas na tela branca pudessem ser lidas com clareza.
Talvez contaminado pelo leve rebuliço, ele já não percebia as palavras dela com a mesma clareza, já não sentia o mesmo interesse pelo tema, já sentia formigamento no traseiro. E ela falava, falava, falava... Sem emoção, técnica, fria, monotônica.
Ele agora já olhava propositadamente para o relógio na parede e conferia com o seu de pulso. Duas horas e meia. Dos relógios seu olhos percorreram o salão e viu tédio, olhos semi-abertos, bocejos escondidos por mãos, conversas ao pé de ouvido enquanto ela falava, falava, falava, falava...
Essa sua última memória consciente.
De repente ouviu gargalhadas e falatório descontrolado. Deitado no carpete do auditório, acordou percebendo que havia dormido sentado.
Enfim, pelo menos por enquanto, ela parara de falar.
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