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terça-feira, maio 09, 2006

"Nunca pensei que ficaria feliz vendo um Garotinho passar fome."
(A Lelinha me mandou, obrigado.)


Gasoduto Urucu-Porto Velho

O problema das relações comerciais entre Brasil-Petrobrás-Bolívia (não vou dizer crise, uma vez que o governo federal não admite que haja uma crise) levou Lula de volta às suas raízes.

Antes de ser eleito, os capitães de empresa brasileiros temiam a nacionalização das multinacionais que agiam no Brasil. O então presidente da Fiesp, Mário Amato, chegou a ameaçar que não sei quantos milhares de indústrias deixariam o país caso Lula se elegesse, em 1993, o que fez muita gente temer, ajudando na vitória de FHC.

Lula, instruído por gente do mercado, aprendeu que esse não seria o melhor caminho para nós, que o Brasil se isolaria do mundo no momento em que nossa economia voltava a crescer, mesmo que timidamente, que o desemprego sofreria uma queda, que a estabilidade dava um pouco mais de segurança a cada cidadão. Quando Evo Morales nacionalizou as indústrias de gás da Bolívia, leia-se Petrobrás, Lula lembrou dos seus tempos de nacionalista e deu respaldo à ação do cocaleiro. A história ajudará nosso presidente a entender que nacionalizar as telefônicas, declarar a volta do monopólio da Petrobrás, nacionalizar as demais e muitas indústrias que atuam no Brasil é um atraso tremendo e andar contra o trem da história. Morales tem tudo para se dar muito mal.

A Europa não gostou, os Estados Unidos não gostaram, o próprio Brasil e a Argentina estão contra, somente o maluco do Chavez, que acha que é Fidel Castro, está batendo palmas. Quando o desemprego, já enorme, aumentar na Bolívia, as forças reacionárias se encarregarão de colocar Morales contra a parede. Aquele é o país que mais teve golpes de estado na América do Sul e já faz um bom tempo que isso não acontece. Morales está querendo, com seu retrocesso econômico, dar um retrocesso democrático.

A Lula só cabe aceitar a nacionalização, espernear contra isso é se meter na autonomia do país vizinho, pra fazer isso já existem os Estados Unidos, não precisamos nos meter.

Os profetas do apocalipse já estão prevendo a invasão do acre por tropas bolivianas ou a nacionalização de Itaipu por parte do Paraguai e Argentina, uma daquelas criações ridículas da oposição para amedrontarem os eleitores no ano de votação para presidente. Não resta dúvida que alguns malucos com a intenção de criarem um clima ruim contra o governo federal, usarão isso em seus programas eleitorais, escrevam aí. Parece que já estou ouvindo a voz esganiçada de gralha maluca da Heloisa Helena esbravejando contra a posição do Brasil em relação aos andinos.

Os acordos comerciais entre a Petrobrás e a Bolívia foram feitos no governo FHC, e não no governo atual. Se não foi prevista a possibilidade de nacionalização do gás a culpa é de quem assinou os contratos. O que cabe ao Brasil nesse momento, é discutir o reajuste justo de preços, a compensação que a Petrobrás terá direito, uma vez que todo o equipamento e pessoal utilizado para a construção das usinas e gasoduto saíram dos cofres brasileiros e os termos de contratos futuros. Aqueles que pregam o uso da força são as viúvas dos generais e pregam, sob seus panos sujos, a remilitarização sul-americana, um retrocesso muito maior do que o praticado por Evo Morales.

O Brasil e a Argentina assinaram um acordo com a Venezuela para a construção de um gasoduto Venezuela-Brasil Argentina. Esse contrato, sim, foi feito no governo atual e, se o pessoal da Petrobrás, do Ministério das Relações Internacionais, do Ministério da Indústria e Comércio e da Presidência da República estiverem ligados, é bom que revejam cada claúsula para que não sejamos pegos decalças nas mãos mais uma vez.

A partir da base de extração de URUCU, no Amazonas, trrês gasodutos esperam para serem construídos. Talvez esteja na hora de se agilizar sua retirada das pranchetas para o terreno.

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