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terça-feira, agosto 16, 2005

A vida é ótima, mas a tratamos como merda

O excesso de vaidade e a ditadura da beleza, passando pela magreza como pré-requisito para a aceitação social são assuntos recorrentes nesse blog.

Quando vim para a Bahia ganhei uma família enorme. Uma mãe, um pai e onze novos irmãos. Por eles tenho um carinho enorme e a recíproca é verdadeira.

O que esses dois temas tem em comum? A tragédia.

Uma das minhas novas irmãs, casada, com uma filha inteligentee linda, com apenas onze anos, encontrava-se acima do peso. Não era nenhuma obesa, mas sentia a necessidade de ficar magrinha para ser mais querida.

Com a filha maiorzinha resolveu dedicar-se mais à própria vida. Pela primeira vez conseguiu um emprego, entrou para a faculdade de administração, aprendeu a dirigir, enfim, estava deixando de ser uma dona de cassa full-time e passara a investir em si mesma. A nova Alessiane sentia, porém, que só seria uma mulher realizada se fosse magrinha.

Passou a usar um remédio para emagrecer sem acompanhamento médico e às escondidas dos amigos e da família, como é muito comum entre aqueles que fazem uso desse expediente.

Na semana passada foi hospitalizada por conta das conseqüências de tal medicação. Depois de três dias hospitalizada, hoje de manhã recebeu alta. Seu marido foi pegá-la para irem para casa.

Na saída do hospital, já na rampa que a levaria para o carro, teve um mal súbito e morreu ali mesmo. Apenas 28 anos, bonita, com uma família maravilhosa, profissional dedicada e reconhecida, deixou-se levar pela ditadura da beleza.

Ainda estou em choque. Não caiu a ficha, mas daqui a pouco sei que vou chorar. Estou indo despedir-me de uma querida irmã e o coração já está doendo.

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