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sábado, setembro 10, 2005

- Tô com reiva desse ômi!
- O que ele lhe fez?
- Me ofendeu.
- Como?
- Me deu um diçonáro de presente.




Mozart, Paciência e Traição


Gostei desse título.

Pero, não se enganem, incautos leitores. O texto nada tem a ver com o músico austríaco, muito menos com a decantada virtude da paciência.

Mozart, pronuncia-se mozár, é um daqueles serzinhos invisíveis em qualquer cidade, mas de tanto o vermos indo e vindo não se sabe de ou para onde, acaba por atiçar nossa curiosidade.

Esse senhor, sempre bêbado a ponto de nos dar a impressão de que anda trôpego mesmo quando sóbrio (se é que algum dia nos últimos anos andou nessa condição), veste-se com a elegância simples de um funcionário público de quinto escalão. Sapato de couro, camisa de algodão e indefectível calça de tergal. Não anda sujo ou maltrapilho, o que me levou a deduzir que havia alguém em casa tomando conta dele. Mais tarde vim a saber que é a mãe.

Mozart é um daqueles mecânicos natos. Diz nossa lenda urbana que o infeliz senhor, que aparenta ter entre 45 e 50 anos, consertava desde relógio de pulso a motor de carreta sem nunca ter tomado qualquer curso.

Outra figura lendária no centro de Eunápolis é o Paciência. Ninguém sabe ao certo seu nome.

O rapaz é querido e alimentado pelos lojistas. Nas últimas eleições apareceram até cartazes lançando sua candidatura a prefeito. Trata todos com a educação que sua timidez permite. Veste-se com roupas velhas doadas e as enfeita como faria o Falcão, caso fosse mendigo, pendurando qualquer tralha no pescoço ou no peito da camisa, à guisa de broche.

Ao contrário de Mozart, Paciência tem um ponto fixo. Passa o dia sentado na calçada em frente a uma loja de CD's (não gosto dessa grafia. O correto seria CC.DD., mas encontra-se em desuso, por isso poucos sabem disso) tocando bateria em latas e pratos velhos.

Alguém um dia o reconheceu como ex-baterista de uma banda de Belo Horizonte no final dos anos 70 e início dos 80.

O que mais esses dois têm em comum além de suas vidas heterodoxas? Ambos despirocaram de vez depois de serem traídos por suas mulheres amadas.

O amor só é lindo quando é novo e/ou quando correspondido.

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