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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Ladrão que rouba ladrão vive no Distrito Federal.



Sodade


Amanheci com uma saudade esquisita das manhãs, melhor dizendo, das manhãs de segundas-feiras na casa da mãe, da quietude daquelas manhãs.

Acordei sentindo o gosto e o cheiro daquelas manhãs, ouvindo seus ruídos.

Todos os garotos da casa e das casas vizinhas estavam na escola, menos eu, que estudava à tarde. Minha mãe cuidava das coisas da casa e contava com minha ajuda para regar o jardim e varrer a casa. No quintal a mangueira enorme recebia a visita dos passarinhos famintos que eu escutava aencantado enquanto punha milho para as galinhas, o resto era silêncio.

Não passavam carros na rua dos fundos da vila, o que dava uma sensação gostosa de solidão, mas não uma solidão solitária, uma deliciosa solidão assistida.

O cheiro bom da terra molhada, a gostosura da brisa matinal, o som dos discos de Vicente Celestino do meu pai ou dos discos de rock dos irmãos mais velhos.

De que parte do passado veio essa sensação melancolicamente deliciosa? Será que da chuva lá fora? Será o silêncio inesperado da rua sob minha janela? será do canto solitário do sabiá na galha do pau-brasil aqui em frente? Será de tudo isso ou apenas um lembrete para telefonar pra minha mãe?

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