- Alô. Eu gostaria de falar com o Kennedy...
- Ele está no bar, aquele vagabundo, cheio de homens na mesa.
- Quem está falando?
- Marcos, o namorado dele.
- COMO É QUE É?
O probre Kennedy, seja lá quem for, deve estar sofrendo hoje.
- Ele está no bar, aquele vagabundo, cheio de homens na mesa.
- Quem está falando?
- Marcos, o namorado dele.
- COMO É QUE É?
O probre Kennedy, seja lá quem for, deve estar sofrendo hoje.
Gúliver e as Aranhas
O garoto tinha pavor de aranahas. Não era medinho, frescurinha, mas verdadeiro pavor, fobia em último grau. Seu Ariosvaldo, vizinho do menino Gúliver, apontador de jogo do bicho e exotérico auto-didata, tentava convencer o pequeno que não havia por quê ter merdo. Tirando algumas espécies mais venenosas e mortais, na sua maioria eram benéficas, tinham até seu lado de boa sorte. Sonhar com aranha era sinônimo de dinheiro chegando, dizia Ariosvaldo.
Nada adiantava. Seu pânico não diminuíra. Quando sonhava com aranhas acordava gritando e com o pijama molhado. Evitava o jardim por saber que lá estavam, se visse uma pequena papa-mosca na parede de um cômodo da casa só voltava ali depois que a mãe garantisse que já havia eliminado o bicho que ele chamava de polvo, por conta de tantas pernas, apenas para evitar a palavra "aranha".
Convidado por um amigo de seus pais, foi passar férias em João Pessoa. Sociável, logo enturmou-se com a gurizada da vizinhança e passavam os dias em mil brincadeiras. Como o casal anfitrião não tinha filhos, paparicavam o ativo Gúliver e o deixavam à vontade para fazer o que bem quisesse.
Certo final de tarde a molecada bateu à porta dos Alvez, apavorada: Gúliver havia sumido. Estavam brincando de esconde-esconde, mas há mais de duas horas a turma tooda o procurava e nada, nenhum sinal do amiguinho.
A preocupação foi-se espalhando pela vizinhança, todos à caça do guri, amiguinhos, pais, tios, rebuscavam cada canto, telhados, fundos dos quintais, altos das árvores, sótãos e porões, cada buraco da rua era revistado e nenhuma pista encontrada.
Anoitecia quando a polícia apareceu, tomou depoimento dos Alves, dos vizinhos, dos guris, pegaram foto. O Alves já ligara para os pais de Gúliver que se apressaram em comprar passagens de avião. Um pandemônio.
Tarde da noites, exaustos e só lhes restando as orações, todos voltaram para suas casas e o silêncio tomou conta da rua.
Enquanto rezavam baixinho antes de dormir, os Alves ouviram um choro baixinho, quase um sussurro. Vinha de fora. Um misto de esperança e euforia fez com que eles, pé ante pé, abrissem a porta do quintal e seguissem de leve, como que com medo de assustar o chorinho, a direção dos soluços fraquinhos.
Vinha do quarto de despejo. Abriram a porta bem devagar, o choro mais berto. Dentro de uma caixa de fogão estava Gúliver todo encolhidinho, banhado em lágrimas, já sem forças.
Telefonemas dados, polícia liberada, toda a vizinhança reunida novamente, agora na casa dos Alves comemorando alegremente a reaparição do garoto, o interrogava. Por que Gúliver não respondera a seus chamados? Por que ficara dentro da caixa esse tempo todo?
- Quando entrei na caixa vi uma aranha enorme lá dentro e fiquei com medo de me mexer e ela se jogar sobre mim.
Nada adiantava. Seu pânico não diminuíra. Quando sonhava com aranhas acordava gritando e com o pijama molhado. Evitava o jardim por saber que lá estavam, se visse uma pequena papa-mosca na parede de um cômodo da casa só voltava ali depois que a mãe garantisse que já havia eliminado o bicho que ele chamava de polvo, por conta de tantas pernas, apenas para evitar a palavra "aranha".
Convidado por um amigo de seus pais, foi passar férias em João Pessoa. Sociável, logo enturmou-se com a gurizada da vizinhança e passavam os dias em mil brincadeiras. Como o casal anfitrião não tinha filhos, paparicavam o ativo Gúliver e o deixavam à vontade para fazer o que bem quisesse.
Certo final de tarde a molecada bateu à porta dos Alvez, apavorada: Gúliver havia sumido. Estavam brincando de esconde-esconde, mas há mais de duas horas a turma tooda o procurava e nada, nenhum sinal do amiguinho.
A preocupação foi-se espalhando pela vizinhança, todos à caça do guri, amiguinhos, pais, tios, rebuscavam cada canto, telhados, fundos dos quintais, altos das árvores, sótãos e porões, cada buraco da rua era revistado e nenhuma pista encontrada.
Anoitecia quando a polícia apareceu, tomou depoimento dos Alves, dos vizinhos, dos guris, pegaram foto. O Alves já ligara para os pais de Gúliver que se apressaram em comprar passagens de avião. Um pandemônio.
Tarde da noites, exaustos e só lhes restando as orações, todos voltaram para suas casas e o silêncio tomou conta da rua.
Enquanto rezavam baixinho antes de dormir, os Alves ouviram um choro baixinho, quase um sussurro. Vinha de fora. Um misto de esperança e euforia fez com que eles, pé ante pé, abrissem a porta do quintal e seguissem de leve, como que com medo de assustar o chorinho, a direção dos soluços fraquinhos.
Vinha do quarto de despejo. Abriram a porta bem devagar, o choro mais berto. Dentro de uma caixa de fogão estava Gúliver todo encolhidinho, banhado em lágrimas, já sem forças.
Telefonemas dados, polícia liberada, toda a vizinhança reunida novamente, agora na casa dos Alves comemorando alegremente a reaparição do garoto, o interrogava. Por que Gúliver não respondera a seus chamados? Por que ficara dentro da caixa esse tempo todo?
- Quando entrei na caixa vi uma aranha enorme lá dentro e fiquei com medo de me mexer e ela se jogar sobre mim.
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