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sábado, novembro 05, 2005

"Quem quer, faz. Quem não quer, manda." Ou: quem quer, faz. Quem não quer, não faz.



Chega a ser irônico ver ACM Neto reclamando de grampos telefônicos. Esse é o tema de minha coluna no site do Pedro.






Discurso e Prática

Para evitar as infinitas filas de banco coloquei todas as minhas contas de consumo em débito automático. Muito prático. Certas contas, porém, exigem que você encare aquele purgatório burocrático.

Com uma dessas contas nas mãos me vi numa "cobrinha" mais lerda que uma lesma engessada. Na minha frente, uma senhora. De repente ela me pede para guardar seu lugar que ela precisava tirar uma dúvida com o gerente. Claro, não me custava nada fazer aquele favor. Quinze minutos depois ela voltou e eu não havia andado dois metros.

Mais alguns minutos e ela volta a fazer o mesmo pedido. Dessa vez demorou bem mais. Eu a vi sair do banco. Alguma coisa ela tinha que fazer e não podia perder tanto tempo numa fila infinita. Tolinho como sou e mais compreensivo que padre no confessionário, não esquentei e nem reclamei quando, meia hora depois, ela voltou e reassumiu seu lugar. Nesse momento eu me encontrava muito pouco à frente do localem que me encontrava antes.

Passa-se um tempinho e mais uma vez ela sai dafila, demora uns dez minutos e volta acompanhada de um senhor com a calhamaço de contas, duplicatas, carnês... Opa! Peraí! Agora já era demais. Naquele momento já haviam muito mais pessoas atrás de mim do que na frente.

- Um momento, meu senhor, mas eu não posso permitir que o senhor fure a fila.

- Eu estou com ela.

- Isso eu percebi, por isso que estou falando isso. Ela está na fila, mas o senhor, não.

- Ela estava aqui me esperando.

- Se antes dela entrar na fila o senhor tivesse pedido para ela lhe fazer o favor de resolver seus negócios no banco, tudo bem, eu não falaria nada, mas agora não acho que seja algo moralmente aceitável.

- Que é, seu porra? Vai engrossar, filho da puta?

- Eu não o estou agredindo nem ofendendo e nem vou fazer isso. Estou vonversando civilizadamente.

Até eu me surpreendo como consigo manter a calma em momentos como esse. Se alguém me vir me descabelando, falando alto, rodando a baiana, pode saber que é por um motivo bobo. Em momentos de crise séria consigo me comportar como um monge tibetano.

- Ela está na fila, você mesmo guardou o lugar dela.

- É verdade. Ela até saiu do banco, foi almoçar ou sei lá o quê e eu, compreensivamente, permiti e não reclamei, mas o senhor está chegando agora. Não é justo que eu e mais essa multidão estejamos aqui há mais de uma hora e quinze minutos e tenhamos que perder o lugar para o senhor.

- Vai querer que ela saia?

- Não, meu senhor. Estou falando do senhor. Ela não precisa sair.

- Enfia essa fila no rabo, seu filho da puta!

- Engraçado como todo mundo fala em cidadania, pede respeito ao seus dirteitos, mas na hora de respeitar os direitos alheios e serem cidadãos, poucos conseguem.

Saiu bufando e maldizendo até minha quinta geração. Por sorte não desejo ter filhos.

Esse tipo de exemplo, infelizmente, são passados para seus filhos. É isso que faz com que uma criança de treze anos me ofereça suborno para aprová-la no final de ano.

Isso aconteceu ontem e aproveitei a deixa para dar um esporro nesse tipo de gente. E alguém aí acha que ela se ofendeu? Que! Ainda tentou se justificar apelando para seus objetivos de passar a qualquer custo. Numa hora dessas sinto até vontade de ser como aqueles professores antigos que perseguiam os alunos com quem não iam com a cara. Mas não sou a palmatória do mundo, apenas espero que alguns dos seus colegas entendam meu discurso e se recusem a agir como ela vida a fora.

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