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quarta-feira, novembro 23, 2005

"Se alguém vender bosta em pó, tem sempre um bobo pra comprar."
(Chico Moura)




Tem texto meu hoje no blog da Chris.



Tá indo novo material para o site do Pedro.




Quem Vai Querer Comprar Banana?

- Quem vai nas coxas... da galinha?
- Abaxaqui, abricu e xeira!
- Seu pamonha! Seu pamonha! Seu pamonha!
- Ô, bonito! Ô, bonita! Cê quer...

O grito de vendedores ambulantes, além de um instumento de marketing eficiente pela criatividade e alegria, é um elemento cultural nacional oriundo dos mercados asiáticos, indianos principalmente, e africanos.

Em toda cidade brasileira esses tipos pobres, sofredores, que não têm sábado nem domingo porque a fome não escolhe dia, são encontrados. Muitas vezes nos passam despercebidos, mas quem admira os trejeitos da cultura popular se encanta.

Já guri eu me divertia cmo o vendedor de quebra-queixo que passava em minha rua por volta das três da tarde. Não entendia o que ele queria dizer naquele seu grito impostado, mas isso não evitava minhas risadas com a velocidade com que gritava:

- Quebra-beijo, quebra-seixo, quebra-queixo!

No decorrer dos anos fui ouvindo mais uns e mais outros. Torcia o nariz para os mais agressivos e para aqueles que, na minha visão pudica de outrora, ofendiam as mulheres acentuando seus atributos físicos. Se eu soubesse o quanto elas gostavam e da existência da enorme porção da personalidade chamada ego, não teria demorado tanto tempo para minha primeira conquista amorosa.

A propósito, o primeiro grito do início desse texto era de um senhor baixinho e barrigudo que andava pelo centro de Eunápolis, umbigo à mostra e uma bacia na cabeça, vendendo coxinhas de galinha. Seu grito era ouvido a distâncias enormes e assustava os distraídos que estavam por perto.

O segundo era de um vendedor de frutas de Belém. Os produtos que vendia? Abacaxi, abricó e macaxeira, que não é fruta, mas tudo bem.

O terceiro é óbvio. O vendedor de pamonha passa sob minha janela há dois anos, sempre entre três e quatro horas da tarde. Um dia eu, de brincadeira, perguntei por que me chamava de pamonha. "Não é o senhor, não, doutor, isso é márquete".

E o quarto é o vendedor de qualquer coisa. Um dia ele aparece com uvas, no outro cocos. Pode trazer limões, cds piratas, meias suspeitas, cartões telefônicos, espremedor de frutas... O que vier ele vende pelas ruas do centro de Fortaleza.

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