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sexta-feira, novembro 25, 2005

"Nacionalidade" refere-se ao país em que se nasceu.
"Naturalidade" refere-se ao estado em que se nasceu.
Que substantivo refere-se à cidade em que se nasceu ou mora?




Tem texto meu no blog da Chris.


O texto abaixo participa do ponst comunitário proposto pela Micha.




Traição

A traição, hoje até estimulada por alguns meios, tabu há bem pouco tempo, punível com chicotadas ou apedrejamento em alguns lugares, já passou ou passa pela cabeça da grande maioria de cada um de nós.

Tive minha fase galinha que durou um ano e não me orgulho nada disso.

A vítima foi a Jandira. Não riam, o nome dela é esse mesmo. Uma pessoa maravilhosa, linda, sensível. Fazia economia e foi no campus que nos conhecemos. Ela com sua turma, eu com a minha (época desgraçada em que acreditamos que só somos alguém se tivermos uma turma) nos encontramos no forró que tinha no Vadião da universidade todas as sextas-feiras.

Rolou um clima. Praticamamente não dançamos. Foi aquele papo de horas em que um tenta impressionar o outro, ou seja, quando ambos estão afim, mas tão afim, que não quer que se resuma a uma noite.

A partir dali virou namoro e estava tudo muito bem. Mas havia a Cydia, outra pessoa fantástica. Nunca havia rolado nada entre nós, embora eu tentasse e tentasse. Mas o bicho mulher fêmea do sexo feminino tem uma coisa esquisita. Das duas uma: ou cultiva um espiríto de competição totalmente irracional entre outras da mesma espécie ou simplesmente não aceitam se verem preteridas. O fato é que nos cortam, dão as costas, esnobam quanto mais nos esforçamos para conquistá-las. No dia que desistimos, se ficarmos sozinhos, tudo bem, mas se aparecermos com outra, logo a que antes era objeto de nossas atenções e investidas se enciuma e começa a nos dar bola.

A Cydia não fugiu à regra. Dois anos de tentativas frustradas, mas bastou saber que eu estava namorando a Jandira, passou a me visitar em casa, chamar para sair, convidar para uma cervejinha num barzinho novo muito legal e por aí vai. Não resisti e caí matando. Não ia perder a oportunidade que procurara por tanto tempo, ainda mais assim, oferecida em papel de presente.

No dia seguinte a Jandira já sabia. Claro, tem sempre alguém pra vigiar a vida alheia, quase sempre aquele ou aquela frustrado(a) por não ter ninguém.

Eu gostava da Jandira, mas ela já estava apaixonada. Rompeu, xingou, me bateu. E os mesmos línguas de trapo faziam questão de vir contar como ela ficara mal. Não tentei a reconciliação, sabia que fizera uma merda muito grande. Troquei a economista pela bióloga e, pior, elas não se gostavam desde muito antes. O romance com a Cydia perdeu o gosto, amargou. Daí me joguei na esbórnia. Nada de namoro, nada de paixão. Cada noite ou dia uma e tava bom demais.

Não, não estava nada bom. Aquilo não era pra mim. Dei por acabada minha vida de galinha.

Tempos depois me apaixonei pela Ana Rita. Gatíssima cobiçada que me fez me sentir um Tom Cruise quando me escolheu naquela festa onde havia uma renca de marmanjos cercando-a.

Dois anos de namoro. Tudo muito bem, tudo muito bom, achava eu. Mas a vida é um bumerangue. Turistóloga, Ana Rita trabalhava num grande hotel em Porto Seguro, caiu nas graças de um colega e me traiu com ele. Recebi o bumerangue que atirara bem no meio da testa. Quem com chifre fere, corneado sairá ferido.

De volta às origens, cada vez mais me convenço que ninguém é obrigado a ficar com ninguém e se está, respeito é o mínimo que se deve dar e receber. A traição não é saída, muito pelo contrário, é a boca enorme de um fundo buraco.

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