Pesquisar neste blog e nos da lista

segunda-feira, novembro 07, 2005

Os cães são extremamente carinhosos e fiéis. Quando aprenderem a cortar grama e trocar pneu, ganharão de 10 a zero dos homens, principalmente no quesito inteligência...
(Não sei quem disse isso)


"Monólogos da Vagina"

Criatividade em baixa e insônia em alta, ontem à noite fiquei morgando em frente à tv, controle remoto em ação. Se a televisão brasileira atravessa uma incrível crise de criatividade e de qualidade, nos domingos isso fica ainda mais evidente.

No final da noite, porém, uma frase no programa Businessda Rde TV! e um programa da GNT me impressionaram.

Entrevistando o presidente da Nívea no Brasil, João Dória Júnior perguntou por que ele havia abandonado a Marinha de Guerra depois de ralar pesado no Colégio Naval e na Escola Naval durante sete anos, saindo de lá como segundo tenente e engenheiro mecânico, ao que o entrevistaado respondeu "sabe quanto um segundo tenente ganha hoje? Mil e oitocentos reais. Um almirante ganha trêm mil e quatrocentos, menos que um ascensorista do Palácio do Planalto".

Na GNT assisti ao documentário Monólogos da Vagina. Perturbadorm impressionante, assustador, deprimente. Me fez vergonha de ser homem por conta de certos colegas de gênero. Não pelo tema, mas por ainda persistir tal tema em pleno século XXI.

Por ter começado a assistir depois de iniciado, não sei quem são aquelas mulheres, se componentes de uma ONG, se independentes, se ativistas contratadas, se atrizes, mas ficou claro a que se propunham.

Com início em Nova Iorque, contando com o apoio da mulher do então prefeito Rudolph Giulliani - segundo mais importante prefeito que a cidade já teve, perdendo apenas para La Guardia -, mulheres comuns e atrizes famosas davam depoimentos no palco de um teatro sobre os abusos físicos e psicológicos que sofreram em alguma fase da vida e que as marcaram para sempre. Mulheres fortes, contavam seus dramas com bom humor numa seriedade desconcertante.

Falavam de abusos sexuais na infância, estupros, surras que levavam dos companheiros, da falta de suporte das famílias e do Estado. Exorcizavam seus demônios em público depois de anos de silêncio, de se martirizarem com culpas que não tinham, mas que lhes eram imputadas. Queimavam seus medos na prça depois de tanto tempo de silêncio.

Não falavam frases na primeira pessoa, como "eu exijo respeito", mas, sim, "minha vagina merece respeito".

Depois do enorme sucesso em Nova Iorque, partiram para outros estados e países.

Em pequenas cidades do centro-oeste estadunidense, cidades conservadoras e moralistas, convenciam mulheres normais, donas de casa como a minha e a sua mãe, a subirem no palco e falarem abertamente das agruras que sofreram vida a dentro pela simples condição de serem mulheres.

Nas Filipinas fizeram mesa redonda com mulheres que foram escravas sexuais de soldados japoneses e que nunca tiveram sequer um pedido de desculpas por parte dos governantes daquele país.

Elas contam suas histórias e se sentem mais leves por poderem falar sabendo que as escutam, mais que escutar, ouvem e entendem e lhes são solidários.

Por vários momentos me vi em lágrimas como no momento do depoimento de uma índia Lakota, da Dakota do Sul, que teve que fugir de casa no meio da noite para não ser morta pelo companheiro e, dezenove anos depois, chorava porque os filhos não a perdoavam por terem sido abandonados por ela.

Incrível como acontecem tais atrocidades e não nos damos conta que nossas vizinhas, irmãs, amigas, mães, professoras, dentistas, garis, colegas, tantas mulheres enfim, estão passando por situações semelhantes nesse exato momento.

Nenhum comentário: