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terça-feira, maio 08, 2007

Rouanet para blogueiros


Tirada do Blog do Rayol



A Lei Rouanet tem como objetivo incentivar as produções culturais. Legal! A pessoa física ou jurídica pode aproveitar a isenção de até 100% do Imposto de Renda devido para patrocinar uma peça teatral, um filme, um espetáculo de dança, bumba-meu-boi, afoxé, seja lá o que for. Pô! Muito legal!

Como no Brasil, qualquer boa intenção é logo transformada em sacanagem, alguns pseudo-artistas montam um bagulho qualquer, dizem que é cultura e tome-lhe patrocínio com incentivo fiscal.

Outra coisa interessante é que quem mais recebe patrocínio é justamente quem mais tem grana ou mais faz grana, como a Globo Filmes, que tem sempre o apoio financeiro da Petrobrás, Correios e outras tantas estatais. Entenderam porque as Organizações Roberto Marinho não falam mal do governo? Ou de qualquer outro governo? A velha história de que o rio só corre para o mar.

Não é raro conhecermos um bom pintor que não consegue expor, um bom escritor que não consegue editar, um excelente fotógrafo que não consegue expor nem editar, por não ter grana. Vem aí o dilema-tostines: não consegue patrocínio por que não tem nome ou não faz nome por que não tem patrocínio?

Figuras como Cacá Diegues, Bibi Ferreira, Antonio Fagundes, Gerald Thomas e alguns outros, se quiserem fazer um espetáculo de peidos coloridos engarrafados ou um filme sobre a vida e morte de Enéas, vai chover gente para emprestar grana - eu falei emprestar? Desculpe, eu queria dizer patrocinar -, o retorno é garantido. Por outro lado, aquele sujeito que mora num barraco e faz esculturas maravilhoras com ferro-velho, não arruma lugar para expor e negociar suas peças. Quem investiria num serralheiros pobre, banguela, fedendo a suor e sem notoriedade?

Se Ivete Sem-graça, quero dizer, Sangalo, que tem mais dinheiro em cinco minutos do que eu teria em cinco vidas, arruma patrocínio para seus mega-espetáculos e Paulo Coelho para seus maravilhosos livros, por que nós, pobres blogueiros anônimos - tá legal, a maioria de nós não é anônima, foi apenas para dar um tom dramático - não podemos também contar com as benesses da Lei Rouanet?

Já pensou? O Banco do Brasil paga uma grana como incentivo cultural para você blogar. Qual a contra partida? Você deve postar o que e quando quiser - afinal de contas a criatividade não é laranja, que pode ser espremida - e afixar o banner do BB no alto de sua página enquanto durar o contrato (um ano fiscal seria suficiente?). Pô, véi! Massa! Surgiriam os blogueiros profissionais.

Ué, mas já está cheio de blogueiros profissionais. Até ex-ministro blogueiro profissional, já temos. Fora jornalistas, desempregados ou não, que partiram para a iniciativa privada e criaram um balcão de negócios em seus próprios blogs. Estão ganhando uma boa grana e sem terem que dar satisfação a patrão nenhum. Isso é que é vida! O camarada compra um lap-top, instala um sistema wi-fi de conexão à net e pode passar o dia deitado na rede, tomando limonada e escrevendo bobagens. Seu nome faz com que os acessos sejam incontáveis e o interesse dos patrocinadore, seguro. E, dependendo do patrocinador, nem é preciso colocar banner no blog. Aliás, algumas informações devem sair com cara de notícia e não de matéria paga, dá mais credibilidade.

Vi problema... Como competir pelo patrocínio com aqueles blog-stars? Nós, pequenos blogueiros, teríamos que colocar uma plaqueta com os dizeres: "blogo qualquer coisa em troca de um prato de comida". Ou então poderíamos negociar com os amigos: "você patrocina meu blog com 100% do seu imposto de renda. É melhor dar pra mim do que para o governo, que tal? Depois a gente racha meio-a-meio".

Putz! Terminei de dar idéia para se fazer sacanagem com uma lei que nem existe ainda.

Pensando bem, quero isso, não.


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Minha esdrúxula contribuição à proposta feita pelo Rayol para uma postagem coletiva.

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