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sexta-feira, novembro 30, 2007


Esta é a capa do livro do Marco que acabei de receber. Minhas férias prometem serem ricas em leituras, diariamente adiadas por conta do trabalho, que se intensifica nessa época do ano. O livro do Marco é uma biografia do ator Brandão, pai do Brandão Filho, um dos pioneiros na comédia televisiva brasileira. Quem já leu diz que as gargalhadas são garantidas e inevitáveis. Então, vamos a elas. Por enquanto, só tenha a ótima impressão de um trabalho gráfico primoroso.
Por falar em livro, o meu, De Depois De Já, já está quase esgotado em sua primeira edição, ou melhor, única edição, uma vez que não farei uma segunda. Mais satisfeito do que com a vendagem, estou com as respostas que tenho recebido, tanto pessoalmente, como por telefone, e-mails e até SMS, como a que transcreverei abaixo.
Quando se lança um livro, e essa sensação é completamente nova pra mim, dois medos são inevitáveis: as críticas e a vendagem. Não é pelo dinheiro, pelo menos no meu caso já que estou vendendo a preço de custo, mas com o que fazer se eles empacarem. O que se fazer com aquele monte de papéis inúteis numa caixa lacrada? Esses medos me foram tirados da maneira mais agradável e até surpreendente possível. Em pouco mais de quinze dias, com 85% já nas mãos dos leitores e com os comentários favoráveis (alguns, não me iludo, são de amigos, portanto, suspeitos), posso dar-me por satisfeitos e até começar a pensar na sugestão de um segundo. Mas isso só ocorrerá em 2009, se ocorrer.
Esse papo ególatra deve estar sendo maçante pra vocês, mas devo confessar, o ego está deveras massageado. E como não ficaria com as manifestções como as de baixo?

Do Rayol, em seu blog:
Divulgando: O Marcos, do blog Simpatia e Esculacho, publicou o livro "De Depois de Já" e o está vendendo através do email pontes.mr@gmail.com. O cara escreve bem demais. Corram e garantam o seu.

Da Giulia, por e-mail:
Marcos!
Aqui o livro (chegou ontem), e o jegue ficou pelo caminho!
'Seo' minino, eita livrinho danado de bão... devorei, li num susto só... No sentido figurado, é claro, pois foi uma boa e grata surpresa a leitura dos contos e crônicas: despertaram sentimentos bons, de alegria, riso, interesse e até de emoção, como por exemplo no seu Retrato de Despedida (ótimo!).
Diverti-me com 'seu Jai' e com "Origens", assustei-me com "Aleivosia" (o que é filiça?), e adorei "O Dia em que o Piauí mudou o Brasil' e outros mais.
E a dedicatória, então? Especialíssima, como jamais tive (quem sabe no próximo ano arriscar-me-ei nessa empreita, pois já tenho aqui o esboço para um livrinho: já tive duas filhas, plantei diversas árvores... só falta o livro!).
Enfim, ficou um 'gostinho' de quero mais... que venham outros: estarei à espera.
E mais, bobos dos seus alunos se não aproveitarem a oportunidade de boa e agradável leitura.
Beijos,
Giulia

Da Eluiza, em sua coluna num site local:


Na noite da última quarta-feira (14) o Colégio Anísio Teixeira serviu de palco para um de seus docentes, o brilhante professor Marcos Rodolfo Pontes, lançar o seu primeiro livro - De Depois de Já – título inspirado em uma brincadeira dos seus alunos no horário do recreio. Para esta obra Marcos escolheu alguns contos como forma de expressão para fazer um primeiro contato com os seus leitores, mas ele passeia, com igual desenvoltura, também pela prosa em suas mais variadas formas: textos reflexivos, romances, crônicas e poesia, sem abrir mão da complexa Matemática, disciplina da qual é professor no referido colégio.

O evento foi prestigiado pela direção da unidade escolar, colegas, amigos, estudantes e pela imprensa, em descontraído bate-papo regado a delicioso coquetel. Vale ressaltar que o público que lá compareceu era formado, em sua maioria, por adolescentes e jovens, entre 12 a 18 anos. Achei isso lindo!

Parabéns professor Marcos! Que os próximos possam vir logo depois que os leitores do De Depois de Já, se deliciem com ele e dizer: JÁ! Estamos prontos pra outros!



Da Rebecca, no Orkut:


tem que começar a escrever outro livro logo pq já to quase acabando...ushdushdhsuhdsh
serio hein..
quero outro
ushdshdushudhushdhshd

ate mais..

beju :D


Da Kátia, também pelo Orkut:

Oi meu querido !
Obrigada pelo livro, só que não tive o direito de ler ainda li o começo pq tive que brigar com as meninas, todo dia elas lêem o livro e dão risadas, quando elas cansarem de ler é q vou ler. beijos


Da Chimene, também elo Orkut:
Parábens pelo livro!Que este seja o primeiro de muitos. Adorei lê-lo!
Que saudade de você e das suas maravilhosas aulas!
Um beijo.

Do Ronaldo, por SMS:
Teu livro tá fazendo sucesso. Aqui é uma merda encomendar. Diz o valor e o frete que vamos mandar o dinheiro para, pelo menos 3.

Desculpem a encheção de saco, mas foi a maneira de agradecer a todos que se manisfetaram e dar por encerrado o assunto por aqui. Os vinte restantes, se não forem vendidos, ainda posso doar a alguma biblioteca ou presentear os amigos no Natal.


quinta-feira, novembro 29, 2007



  • Piadinha número 1: Brasil faz parte do grupo de países com alto índice de desenvolvimento humano. A conclusão é que o mundo está uma lixeira.

  • Piadinha 2: Bush promove conferência pela paz em Israel. É como colocar a Ku Klux Klan pra tomar conta de quilombo.

  • Ontem um navio petroleiro pegou fogo na Bacia de Campos. Deve ser a deixa para o governo federal anunciar a descoberta de uma nova jazida gigantesca.

  • Só nas duas últimas semanas foram noticiadas as mortes de quatro turistas no Brasil. A bandidagem deve estar fazendo curso de atualização para a Copa de 2014.

  • Difícil elogiar alguma coisa de Lula, mas gostei dele dizer que a greve de fome do bispo que se opõe à transposição do São Francisco é problema dele. Lula já cedeu uma vez à chantagem do bispo. Sem querer entrar no mérito da questão, programas de governo não podem parar por causa de um sujeito. Gostaria que ele tomasse atitudes semelhantes em relação aos marginais dos ditos "movimentos sociais", como o MST, mas aí deve ser pedir muito.

  • O PT assumiu o governo da Bahia, mas nada mudou. No caso da educação, por exemplo, continua a mesma bagunça. O calendário escolar criado pela Secretaria da Educação e que deveria ser cumprido por todas as escolas, previa o fim das aulas em janeiro de 2007. No decorrer do ano fez-se uma greve de quase dois meses, os professores não compensaram as aulas perdidas, não tiveram desconto nos contra-cheques e as aulas terminarão no início de dezembro. Educação de qualidade é balela de palanque, na hora da verdade a zona é a mesma. Depois vem um monte de gente defender cotas para oriundos de escolas públicas nas universidades federais. Palhaçada!

  • Por falar em educação, uma orientadora educacional de uma escola particular de Niterói foi à delegacia prestar queixa contra uma menina de 12 anos. A criança teria entrado no site da escola e, na sessão "fale conosco" teria chamado a orientadora de vagabunda. Uma criança dessas deve dar ordens aos pais.

  • Pesquisa da Fundação Perseu Abramo afirma que 91% dos petistas acreditam que o partido não superou a crise. Pior é saber que 100% dos brasileiros ainda não superaram o PT.

  • Aho que vou ter que passar um ano saindo de casa somente para ir ao trabalho. Cada vez que saio, encontro algum canddato pedindo minha ajuda em sua campanha, meu voto, meu compromisso. Já não aguentando mais esse assédio, estou sendo curto e grosso, o que significa que devo perder alguns amigos até a eleição de 2008. Ontem estava à num restaurante, quase todas as mesas ocupadas, quando aparece um médico candidato a prefeito e amigo de longa data, embora nada íntimo. Acompanhado da mulher, me cumprimenta, senta-se à minha mesa e blá-blá-blá, confirma sua candidatura e pede que eu o ajude na campanha. Pombas! Eram trinta mesas, cheia de gente importante na cidade, por que justo eu o escolhido? Por mais de três horas ficamos nesse papo de política e eu lhe falando todas as minhas verdades sobre políticos, sua postura como cidadão e médico, suas chances, como deveria proceder para ter alguma esperança de sair eleito. Eu não resisto, falar de política é um prazer, mas, no máximo, ficar como lua parda, nada de comprometimento direto, não por covardia, mas por descrença total no ser candidato. Depois de alguns chopps vou ao banheiro. No caminho sou chamado a uma mesa. Lá estão o doutor advogado, sua esposa professora e ex-gerente regional de educação, sua irmã professora porra-louca e um negrão grandão. Adivinhem que eles queriam? Que eu paticipasse da campanha da esposa para a vereança. "Tem tempo, a gente conversa. Mas vou logo avisando, eu não escolho candidato por amizade ou tapinhas nas costas, eu quero plataforma". O negrão é o marqueteiro da professora e já me convida para fazer partena elaboração dessa plataforma. nunca havia visto o sujeito antes, mas me encheu de elogios e blá-blá-blá 2. Ué, ele querem me convencer ou querem que eu monte seu projeto? Se eu monto um projeto, ele é meu, não há qualquer garantia que ela o siga se eleita. Em outras palavras, pura prosopopéia flácida para bovino adormecer.

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terça-feira, novembro 27, 2007

Desilusão Havaiana


Teobaldo nutria por Ziluê um amor inexplicável. Nunca haviam conversado, não sabia o telefone um do outro ou sequer sabiam seus gostos, mas o frio na coluna e o embrulho na boca do estômago eram constantes è simples lembrança dela.

Tinham como amigos comum um casal que se casaria em fevereiro, vésperas do carnaval. Adevardo, o noivo, prático e farrista, idealizara a festa de recepção aos convidados como um baile de carnaval: decoração havaiana com cenário de papelão e plástico, vodca a rodo, bebidas tropicais a base de frutas e com sombrinhas de bambu, petiscos à vontade. Ambiente propício para o embebedamento geral.

Durante toda a festa Teobaldo vigiava Ziluê à distância. Via o alvo dos seus suspiros emborcar as taças e saracotear pelo salão. A moça nem percebia um assédio ou outro de algum solitário, sua festa resumia-se às bebidas e à dança, mais desenvolta e espalhafatosa depois de cada drinque. Não se passaram muitas as horas, mas as doses, sim, e suas passadas já não conseguiam ser retilíneas, o que fez o zeloso Teobaldo aproximar-se para o socorro que se fizesse necessário. E não demorou.

Ziluê entonteceu, ficou pálida, ensaiou um desmaio no meio do passe de uma música de axé. Antes que fosse ao chão teve o amparo dos braços do admirador, que a levou para um banco do jardim, abanou-a com uma folha de bananeira retirada da decoração, assistiu a seu vômito sem cara de nojo, trouxe uma garrafinha de água mineral para que ela deglutisse o gosto ruim e ouviu suas lamúrias de bêbada.

A moça falava o quão era infeliz, que se apaixonara pelo profesor de química da faculdade, mas não era correspondida; que para fazer ciúmes ao mestre tomara Caléfolas como namorado, justamente o mais feio, mais burro e sem graça colega da turma; que Caléfolas era feio e burro, mas tinha uma cantada infalível; que perdera sua pureza para Caléfolas; que depois de empanturrar-se, lamber os dedos e passar língua nos lábios, Caléfolas a abandonara; que engravidara; que fora expulsa de casa pelo pai, velho e conservador bedel da prefeitura; que, desempregada e sem poupança, fizera um aborto para não colocar no mundo uma criança sem pai e sem futuro; que morava num quartinho de pensão e vendia pules do jogo do bicho para manter-se; que gastava tudo em roupas para causar uma boa impressão e talvez ser beliscada pela sorte de um bom marido ou de um bom emprego, o que viesse primeiro estaria bem.

Teobaldo a levou em casa e prometeu-se nunca mais beber.


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Este conto também não está no livro De Depois De Já, que, por sua vez, já está quase encerrado (pontes.mr@gmail.com).

segunda-feira, novembro 26, 2007


Novaes, Jornal do Brasil, RJ


  • Eis a capa do livro do Valter Ferraz que acabo de receber. Mais um pra minha lista de livros de blogueiros a ler nessas férias. Por falar em livro de blogueiros, restam apenas 20 exemplares do meu, quem quiser o seu, adiante-se (pontes.mr@gmail.com). Gus, Letícia, Marlene e Chimene, os seus já estão a caminho. Heber, continuo aguardando seu endereço.

  • Dados da Datanalisis: 44,6% dos venezuelanos são contra as reformas que iriam a plebiscito no próximo dia 2; 30,8% são a favor. Apenas 29,4% da população se diz chavista. Talvez ainda possamos ter alguma esperança na sanidade de nossos irmãos do noroeste.

  • O beiçudo Chávez fez beicinho porque o presidente colombiano o afastou das negociações com as Farc. Diz-se ofendido, o coitadinho. Ora, ora, ora, quer dizer que o presidente de um país autônomo tem que confiar num ególatra apenas porque esse se ofereceu pra ajudar? Cá pra nós, ajuda desse camarada a gente não deve aceitar nem pra desatolar o carro. Mais cedo ou mais tarde ele vai cobrar, e com juros.

  • O maluco-mor da América Latrina, ou melhor, Latina, pensando com a cabeça do dedão do pé esquerdo, é capaz de querer vingar-se ajudando a armar as Farc. Se ele fizer isso, estará cavando uma cova muito funda para si mesmo. Pai Marquinhos de Ogum está prevendo cheiro de carbureto no ar, muito em breve.

  • Um vestibulando teve sua prova no concurso da UFRJ porque seu telefonecelular tocou. Vamos por partes: 1. O bobo não sabe que não pode entrar com celular no local da prova e, se for inevitável, esse deve ser desligado e entregue a um fiscal? Marcou bobeira e agora só lhe resta chorar; 2. Seria caro para o fiscal ter um pouquinho de bom senso, recolher o celular, dar um pito no estudante descuidado e devolver o aparelho após o final da prova? Tem gente que vira Nero com um pouquinho só de autoridade.

  • Ciúme e inveja são sentimentos naturais, mas exitem para serem negados. Ninguém admite que os tem impunemente.

  • O PT negou premptoriamente a existência de mensalão, Lula disse que nada sabia, Zé Dirceu foi defenestrado e continua clamando inocência. O partido, antes tão combativo, agora está totalmente sem moral para cobrar apuração e punição do mensalão mineiro que envolve seu pior adversário, o PSDB. Mais uma moeda de troca para a aprovação da CPMF. A existência do mesalão mineiro, que ninguém mais duvida que existiu, nem a Velhinha de Taubaté, é, por extensão, a comprovação de que houve um mensalão federal.

  • Foi só falar em Copa e os maus presságios já começaram. Com a tragédia da Fonte Nova dá pra imaginar como estão os demais estádios mais antigos do país em se tratando de conservação.

sábado, novembro 24, 2007

Eu


Horse, de Slowinski, daqui.


Sou aquele que passeia entre as nuvens em sentido contrário ao do vento. Sou o que molha os pés no rio e os cabelos na chuva. Sou o que coleciona amigos e descarta os inimigos. Sou o que trata olho nos olhos e destrata com o dedo na cara. Sou mais um que mente por amor e fala verdades dolorosas, se não as absolutas, as minhas. Não coleciono dinheiro e, muito menos, dívidas. Leio o que não me interessa e jogo fora o que me faria crescer. Não sou Peter Pan, mas também não sou Capitão Gancho ou Sininho. Gosto de flores, mas não tenho jardim, nada que exija meus cuidados me interessa. Eu disse nada e não ninguém. Egoísta talvez; talvez indisciplinado consciente. Posso tomar sopa de pedra com prazer e torcer o nariz para finas iguarias. Cortas os cabelos, aparar as unhas e escanhoar a barba são torturas; tomar banho, um prazer. Sei quando é hora de falar e quando devo calar, por isso faço o contrário. Transgrido para viver. Calor, fome, barulho e burrice me irritam, assim explico porque não vou à praia. Música me agrada; amontoado de notas musicais, não. Poesia me agrada; amontoado de versos desconexos, não. Inclusive os meus. Gosto de crianças, mas jamais teria filhos. Filmes de terror são como um prato à base de peixe: se não for muito bem feito, é horrível, sem meio termo. Não sou solitário, vivo em minha péssima companhia e isso me agrada. Antes mal acompanhado do que só. Jamais me suicidaria, não por amor à vida, mas pela curiosidade no futuro. Se só existem o certo e o errado, teimo em providenciar o talvez. Posso ser leal até o fim ou um traidor inescrupuloso. Sou movido a Sol, mas prefiro a Lua, Não escrevo por gostar ou por achar que tenho talento, apenas por ser menos chato do que praticar esporte.

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quinta-feira, novembro 22, 2007


Dálcio, Correio Popular, SP


  • A propaganda gratuita feita pelos amigos nos sites locais está surtindo efeito, pelo menos aparentemente. As pessoas estão me parabenizando na rua pelo lançamento do livro e algumas dizem que comprarão seu exemplar. Se eu não fosse péssimo vendedor e tímido para essas coisas, andaria com alguns volumes embaixo de braço e tentaria vendê-los a todos que me abordam, mas como não sei vender banana pra macaco faminto, fico esperando que cumpram a promessa. Na verdade as vendas estão indo bem, a despeito da minha falta de esforços, mas já decidi nãofazer uma segunda edição. Quando acabar, acabou e ponto.

  • ACM Neto é contra a entrada da Venezuela no Mercosul? Então sou a favor. Fica fácil decidir uma posição desse jeito.

  • Tenho percebido tantos, mas tantos absurdos nos comerciais de televisão brasileiros a ponto de me irritar. Tem a dentista que "tinha sensibilidade nos dentes", que, se não é um erro de português é uma tremenda ignorância em anatomia; tem o iogurte que promete seu dinheiro de volta caso seus intestinos não se regularizem (imagina o cara chegar no supermercado com os potinhos vazios pedindo o dinheiro de volta porque continua com prisão de ventre); e a última é do tenor do Estadão cantando "vai na banca buscar o Estadão!". O correto não seria "vá à banca buscar o Estadão!"? Mas não é só nos comerciais que as aberrações aparecem. Os jornalistas de todas as emissoras teimam em falar nas Olimpíadas de Pequim em 2008. Cacete! Quantas Olimpíadas se realizarão por lá no próximo ano? Ao que me consta, só uma, então o correto seria Olimpíada de Pequim, no singular. Contraditoriamente a Globo mostra o Sérgio Grossman ensinando a falar correto, durante os intervalos, e se gaba de manter a TV Futura; a Record News faz campanha pela melhoria da educação e por aí vai.

  • Como eu previa ontem, hoje o deputado federal José Múcio, do PTB-PE, disse que a reforma política só será discutida em 2008. Analisemos juntos, crianças: 2008 será ano eleitoral, o que significa dizer que o Congresso só funcionará até maio, quando começam as campanhas políticas autorizadas peli TSE. Qualquer reforma mais profunda só poderá acontecer a partir do ano seguinte, ou aqueles que se julgarem prejudicados pelas posíveis mudanças poderão entrar com ações de inconstitucionalidade no SRF e aí a coisa desanda de vez. Trocando em miúdos, tudo continuará na mesma até 2010, quando novamente alguém voltará a falar em reforma política e assim, de dois em dois anos, ad eternum.

  • A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Presspurger, lamentou pelos eleitores que votaram no deputado estadual Marcos Abrahão, do PSL, por conta dos comentários que essa anta envergando autoridade chamou de veadinho e bicha o relator da ONU Philip Alston depois que este criticou a polícia fluminense e a política de segurança pública do estado. Minha cara Margarida, eu lamento por todos os eleitores brasileiros que são obrigados a votarem em calhordas como o tal Abrahão por total falta de opção, uma vez que homens e mulheres sérios e bem intencionados ficam distantes dos paridos políticos e de candidaturas, só a corja se candidata, slvo raríííííssimas excessões.

  • Olha o nome europeu, mais precisamente germânicos das figuras: Rui Barbosa, Aurilene Peres da Cunha e Rodrigo Alves Carvalho. Se bobear, essas crianças devem ser "pardas" ou negras e de cabelo sarará. Sabe quem são essas figurinhas lindas? Três babacas que foram presos pela polícia do Distrito Federal por divulgares mensagens nazistas e terem um arsenal em casa, além de propaganda impressa, camisetas e bandeiras de exaltação a essa calhordice. Além disso, são suspeitos de três assassinatos. A babaquice e a estupidez proliferam mais que ratos e puxa-sacos de políticos.

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quarta-feira, novembro 21, 2007



  • Giulia, Yvonne, David, Zeca, Gabriel, Luís, Júnior, Inês, Glenda, Rui, Márcio, Normando, Ronaldo, e Kátia seus livros já estão a caminho. Heber, estou aguardando seu endereço. Quem quiser seu exemplar, mande-me um e-mail (pontes.mr@gmail.com).

  • Por falar em livro, o De Depois De Já hoje me deu uma enorme satisfação. Dois garotos, Maurício e Gustavo, ambos com treze anos, vieram me pedir sugestões de como escrever um livro. Empolgados com a leitura do meu, começaram a acreditar que também são capazes de fazer o seu. Fizeram uma verdadeira sabatina: quanto tempo se leva para escrever os contos que preenchem um livro, se é mais fácil escrever contos ou um romance, como publicar... Dei meus conselhos, começando por sugerir a leitura de bons autores, aprenderem a analisar a estrutura dos textos, exercitarem reescrevendo as histórias que leram, usarem da técnica do brain storm para concatenarem as idéias... No final do papo me coloquei à sua disposição para ler os textos assim que estiverem prontos. Tomara que dois frutinhos amadureçam dessas sementes que começaram a germinar.

  • Morreu um turista italiano na guerra carioca e os jornais se enchem de condolências e lamentações, as entidades tipo Viva Rio apoveitam para fazerem seus comerciais, o governo fluminense reitera publicamente seu compromisso em combater a criminalidade, e blá-blá-blá. É deveras constrangedor para todo o país ver morrer estupidamente em suas ruas um jovem turista que vem até aqui para se divertir. Hoje foram assassinados um capitão do Exército, um cabo e três PM e tudo o que se vê são notícias lacônicas nos jornais. Ou seja, para o Brasil, a vida de um cidadão estrangeiro é muito mais importante que a vida de trabalhadores brasileiros, que encaram essa selva a cada dia. Não me venham falar em igualdade, em dia da Consciência Negra, quando a própria imprensa e o estado tratam todos aqueles a quem deveriam governar como seres de castas diferentes.

  • Um estudo do Nemerdes Research Group revela que em dois anos a capacidade da internet estrá esgotada, necessitando, desde já, investimentos dos provedores, do contrário acontecerá um apagão cibernético, começando pela redução da velocidade de transmissãode dados. imagino que os países mais espertos já começaram a se antecipar evitando que o caos se instale. Como no Brasil as coisas só acontecem depois que a porta é arrombada, imagino que só serão feitos os devidos investimentos quando os Procons do país estiverem abarrotados de queixas por parte dos internautas. Espero está errado, mas nosso histórico não me contradiz.

  • Metade dos senadores petistas afirmaram à Folha de São Paulo que votarão pela cassação de Renan Calheiros (que o governo conseguiu adiar para dezembro. Entre os que não confirmaram seu voto, adivinhem quem está: Aloizio Mercadante, que parece que não aprendeu a lição depois da cagada que fez na votação do primeiro processo. Ser inteligente, mas não usar de sua intelig~encia é uma sinal de burrice.

  • Sempre, desde que comecei a me interessar por política, que defendo a idéia da necessidade de uma reforma política profunda. A cada dois anos, antes e depois das eleições, o tema volta às manchetes dos jornais e nada é feito. A proposta de voltar a discutir a tal reforma dessa vez vem do próprio governo federal. Meu senso crítico sussura no meu ouvido que desse jeito a coisa não vai acontecer, de novo, e se acontecer, a emenda será muito pior do que o soneto. O que podemos esperar de bem feito por parte da gang lulista?

  • Quando a AIDS apareceu, vieram muitos carolas, não necessariamente católicos, defender a idéia de que a doença era uma vingança divina contra os demandos morais cometidos pela humanidade. Como a doença era diretamente vinculada ao homossexualismo, os fatalistas afirmavam, convictos, que era uma vingança de Deus contra os gays. Estudo fresquinho do Ministério da Saúde afirma que o mal está se propagando mais entre os hétero que entre os homo. Será que os tais fatalistas dirão agora que Deus mudou de idéia e está se vingando dos homossexuais?

  • Pimenta Neves matou a namorada em agosto de 2000. Em maio de 2006, depois de adiar e adiar seu julgamento, foi condenado. Recorreu e está livre desde então. Um ano e meio depois, o Supremo Tribunal Federal lhe dá o direito de recorrer em liberdade. Parece piada, mas o cara que nunca foi preso, sete anos depois de assassinar covardemente uma mulher, ganha o direito de recorrer livremente à sentença a que foi condenado e que jamais cumpriu sequer um dia. E há gente que chama isso de justiça.

  • Sintomático o caso da deputada chavista que invadiu os estúdios de uma emissora de televisão e agrediu o apresentador repetidamente ao vivo. É essa política democrática que seu líder tem espalhado pela América Latina a dentro. Se a moda pega...

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terça-feira, novembro 20, 2007

Da Bicicletinha à Paixão


Ciclista, de Rubens Gerchmann


Ermenevaldo Neto, nome herdado do pai que adorava o pai, viu em Tereresa, batismo odioso por culpa de um escrivão bêbado e um pai semi-analfabeto e desatento, no primeiro dia de aula no ano em que ele faria a quinta série e ela a quarta, a garota que alimentaria seus sonhos por anos.

Montado em sua Monareta verde, presente do último Natal, Ermenevaldo saía de casa em seu uniforma azul e branco, pasta com livros, cadernos e lápis de cor junto com a merendeira, presas na garupa, rumo à escola. Ao sair pelo portão, passou por ele uma Caloi 10 azul. Um senhor de trinta e poucos anos pedalava levando a filhinha no bagageiro acolchoado, ela com uniforme igual ao seu, embora de sainha plissada.

O garoto não desprendeu o olhar, primeiro do enormes olhos castanhos de Tereresae, depois dela passar, dos cabelos fininhos e encaracolados. Hipnotizado por aquela beleza repentina, não viu o buraco no calçamento. Adicionando o desnível à sua imperícia de ciclista novato, perdeu o controle do guidão, derrapou com a roda traseira e estabacou-se de peito no chão, sujando e rasgando a camisa de poiliéster que estreava.

Com o coração acelerado, levantou-se rápido na esperança de que Tereresa não o visse catando cavaco na rua de paralelepípdo. A bicicleta azul já ia longe. Apressado, recolheu a pasta, a merendeira, que haviam se espalhado pelo meio da rua, a bicicleta. Analisando o estado em que se encontrava, peito sangrando por dentro e por fora, concluiu que não tinha como is às aulas naquele dia. Resignado, voltou para casa e para o bom trato de dona Cesarina, sua mãe.

No dia seguinte, peito, braços e pernas coloridos de mercuro-cromo, pegou a Monareta, equipou-a com os apetrechos da escola e, cedinho, colocou-se de vigia do lado de dentro do portão, esperando a Caloi 10 azul passar com pai e filha.

Calculou o momento exato de sair emparelhando com a bicicleta que levava seu anjinho, mas o pai de Tereresa, ciclista antigo, numa bicicleta de rodas bem maiores, passou por ele como um coelho por um caracol. Sebo nas canelas, tentou acompanhar pai e filha, mas, dois quarteirões depois, as coxas doíam e os pulmões lhe faltavem, mesmo assim, já estava metros atrás da Caloi 10 azul.

No terceiro dia, depois de uma tarde e uma noite montando a estratégia de ataque para a amanhã seguinte, saiu de casa assim que viu a bicicleta de seu Sestrônio surgir na esquina. Ele não correria atrás, mas na frente e assim ela o perceberia. Errou nos cálculos. Ao ouvir o trim-trim da campainha da bicicleta que vinha atrás, aproximou-se mais do meio-fio, sinal de prudência, deixando seu sonho passar por ele e olhando para o outro lado. Sequer num lampejo o vira.

E assim passaram-se os meses. A cada dia uma nova técnica e nenhum sucesso. Passou a pedir, exigir, chantagear o pai para que trocasse sua pequena Monareta por uma bicicleta maior, desejo que nem despertava o interesse de seu Selétrio em realizá-lo. Alegava que o filho era muito pequeno para uma bicicleta tão grande, sem falar que a Monareta ainda estava novinha, não justificava trocá-la agora.

O ano se passou e a luta de Davi contra a bicicleta Golias não teve sombra de sucesso.

No ano seguinte, mais cento e oitenta dias de batalhas infrutíferas. No terceiro ano, porém, conseguira a tão sonhada bicicleta grande. Agora queria ver Tereresa não notá-lo.

No primeiro dia de aula acordou cedo, tomou banho perfumado, passou brilhantina, só comeu por insistência da mãe e colocou-se de plantão ao lado do portão, pernas aquecidas, prontas para pedalar tão rápido quanto seu Sestrônio. Esperou, esperou, esperou... Só saiu quando dona Cesarina apareceu na varanda e ralhou com ele, iria chegar atrasado, “tá esperando a escola vir até você?”.

Triste, cabisbaixo, desapontado, Eermnevaldo Neto pedalou até a escola. Preocupada com o abatimento do colega, Pelidônia, que alimentava uma paixão oculta por ele, quis saber o que se passava. Depois de ouvir que a causa daquele estado de espírito chuvoso de Ermenevaldo Neto era a linda Tereresa, com o coração em pedaços Pelidônia contou que Tereresa havia se mudado para Tarauacá.


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Este conto também não está entre os 47 do Depois de Já, meu livro, que você pode adquirir me mandando um e-mail (pontes.mr@gmail.com)

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segunda-feira, novembro 19, 2007

Petrolina e Pelópidas


Boteco, de João Werner


Petrolina tinha um trato com Pelópidas, seu marido. De dia ele cuidava da casa enquanto ela trabalhava na casa de dona Karliane; à noite ela ficava em casa enquanto ele trabalhava como vigia na fábrica de botinas. Ao vir para casa, na boca da noite, Petrolina passaria na bodega do seu Rivaldávio e traria o pão para o café da noite.

O casal estava feliz desde o dia anterior, data inesquecível em que o doutor Agnobaldo confirmara o segundo mês de gravidez de Petrolina. Com um sorriso tatuado na cara, naquela tardinha ela entrou na bodega e recebeu um galanteio de um dos cinco homens que se encontrava sentados em tamboretes ao redor de uma mesa de quatro penas e uma quebrada, escorada com tijolos, na calçada, e comendo torresmos.

- Uma mulata dessas é tudo o que o Perivaldo aqui precisa pra ser mais feliz ainda.

Sem olhar para o engraçadinho, foi ao balcão, pediu os pães já sabidos pelo merceeiro e, ao sair, ouviu a mesma voz:

- Traz aqui os pães pra sobremesa de nós dois, morena.

Ao chegar em casa, botando fogo pelas ventas, o sorriso apagado da cara, contou o ocorrido ao ciumento Pelópidas, que se encontrava de bermuda, estirado no sofá, assistindo a um programa pinga-sangue qualquer na TV em preto e branco.

Ultrajado, com as orelhas vermelhas, Pelópidas foi à cozinha, colocou a peixeira na cintura e saiu gritando:

- Vamo vê quem é esse macho que mexe com muié casada!

Não se deu ao trabalho de sequer vestir a camisa. Petrolina não fez gesto ou emitiu som para desencorajá-lo, homem seu tinha mais é que defender sua honra.

Calçado de suas alpercatas com o calcanhar já gasto, Pelópidas chegou à bodega, cravou a peixeira no balcão e, enquanto batia nos peitos com as mãos abertas, desafiou:

- Quem é esse tal de Perivaldo que ofendeu minha Petrolina?

- Aqui fora!, gritou Perivaldo.

Pelópidas tomou a faca de volta e saiu pisando forte levantando poeira. A bodega se esvaziara e a calçada de fora já mostrava gente se apinhando na expectativa de sangue na sarjeta.

Ao perceber que quatro homens acompanhavam Perivaldo, Pelópidas encheu-se de cuidados.

- Sente aqui conosco, amigo. Gavilaldo, puxa um tamborete pro amigo.

Era Perivaldo com um sorriso franco pendurado no bigodinho fino.

- Prefiro falar com o senhor de pés! Hôme que ofende muié minha tem que se retratar ou vai provar da minha justiceira!

- Que é isso, camarada? Não ofendi sua mulher, não. Se o amigo olhar por outro lado, eu estava elogiando o senhor pelo bom gosto e pela sorte de ter uma mulher tão formosa ao lado. Destranque essa cara, sente conosco e vamos prosear tomando uma branquinha.

Armado de faca e desarmado de espírito, Pelópidas perdeu o rompante. Hesitou.

Em casa, orgulhosa do homem que tinha, Petrolina punha a chaleira no fogo para preparar o café, abria a lata de sardinhas que amassaria para fazer um patê, lava as folhas de alface e cortava tomates para o sanduíche. Nas noites de folga do marido a refeição noturna era caprichada, prenúncio de prazeres sem fim, hoje amplificados pela boa nova e pela soberba que sentia de seu defensor.

O tempo passava, o café esfriou e nenhuma notícia da pendenga entre Pelópidas e Perivaldo. Será que haviam chamado a polícia? Não, notícia ruim anda rápido. Se algo tivesse acontecido, alguma vizinha fofoqueira teria vindo avisá-la.

Depois de duas horas de espera, no alto de sua impaciência, ouviu a porta da frente ser aberta e vozes vindo da sala. Corre para lá a tempo de ver seu Pelópidas e Perivaldo abraçados, bêbados e às gargalhadas:

- Mulher, conheça Perivaldo, o futuro padrinho do nosso filho e nosso compadre.


_____________________________-
Este conto não está no De Depois de Já, meu livro que você pode adquirir me mandando um e-mail (pontes.mr@gmail.com)

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domingo, novembro 18, 2007


Simon Taylor, A Charge On Line


  • Meu livro já está disponível para os leitores do blog. Quem quiser, mande-me um e-mail: pontes.mr@gmail.com.

  • Não é implicância, nem antipetismo, mas os caras ficam nos dando motivos. Na quinta-feira eu estava com uns amigos jantando num restaurante que serve, somente nesse dia da semana, uma costela no bafo deliciosa. Porém, devido ao tempo de preparo, você tem que reservar a sua por telefone. O restaurante lota. Nesse mesmo dia estava havendo uma reunião do PT em que seriam definidos os candidatos para as eleições de 2008. Por volta das 22 horas aparecem no restaurante um deputado estadual e alguns membros da liderança local do partido. Coincidentemente, o dono do restaurante estava em nossa mesa e um dos meus amigos é filiado ao partido. Os petistas passaram por nós e nos cumprimentaram, todos conhecidos, inclusive o deputado que, embora more em Salvador, é velho conhecido meu e desse amigo petista, e foram para uma mesa nos fundos do restaurante. Poucos minutos depois o presidente vem à nossa mesa, cheio de conversa mole, pedindo ao dono que desse um jeitinho de conseguir uma costela pra eles, havia convidado o deputado para provar daquela delícia e blá-blá-blá. A maneira como ele falava, cheio de rodeios e elogios me fez pensar: se para comer uma simples costela que deveria ter sido encomendada, o cara fica com essa papagaiada toda, tentando consegui-la com jeitinho, o que não faria com a coisa pública quando administando o município? Já estava demonstrando seu caráter com uma coisinha pequena.

  • E eis que encontro como foto do perfil de um sujeito no Orkut uma foto que fiz em Mossoró. E nenhuma citação sobre a origem. Essa internet é mesmo terra de ninguém...

  • Senhoras maduras, equilibradas einteligentes, a Simone está passando por um perrengue com seu chefe e está pedindo sugestões sobre como agir. Eu dei a minha, você também pode ajudar, se quiser.

  • Obrigado, Luma, pela divulgação do lançamento do livro. Sendo o segundo melhor blog do mundo, segundo votação recente, essa sua divulgação me colocou numa tremenda evidência ba blogosfera. Esse tipo de coisa mostra sua generosidade e desprendimento e me deixa envaidecido. Muitíssimo obrigado.

  • Obrigado, Juca, pela indicação do Esculacho com o "prêmio" Escritores da Lierdade. Espero que não se chateie, mas não darei continuidade à meme.

  • Nessa época dos anos, as editoras de livros didáticos mandam seus vendedores às escolas de todo o país na tentativa de convencerem os professores a adotarem seus livros no próximo ano. É um filão milhonário do mercado editorial. Para se ter uma idéia, em 2007 foram adquiridos pelo MEC e repassado às escolas públicasde todo o país, 68,3 milhões de títulos. É uma guerra grande. E em como qualquer guerra, há sempre alguém pra jogar sujo. Na Bahia foi descoberta uma fraude que deve repetirs-e por outros estados. Os professores recebem gratuitamente os livros das editoras, analisam todos, escolhem os que consideram melhores, mais abrangentes, mais de acordo com a realidade do alunado, preenche uma ficha padrão enviada pelo MEC, que é enviada de volta a Brasília e aí é só esperar os livros quando começar o ano letivo. Porém, vários livros foram trocados sem a anuência dos professores. Coincidentemente ou não, a editora mais beneficiada com essas trocas foi a Moderna. Deve haver uma lobby forte em Brasília. Se os livros pedidos foram substituídos por outros que não satisfaçam o professor e os alunos, problemas deles que não podem nada e nada mandam. Brasilzinho de merda.

  • Anotem aí para não se assustarem quando isso virar notícia: vai haver chacina no norte do Espírito Santo por conta de questões agrárias. Não se assustem também se um dos mortos for a deputada federal pelo PT, Iriny Lopes. A deputada criou um projeto de lei que está prestes a ser aprovada em que terras dos pomerodes de Linhares e região serão retiradas de seus proprietários, que as têm legalizadas, com títulos públicos há mais de cem anos. e repassadas para quilombolas. É mais fácil um sapo voar do que tirar as terras cultivadas com afinco, de sol a sol, de pai pra filho, há décadas daqueles descendentes de europeus que têm uma influência enorme na formação cultural daquele estado. Algumas lideranças pomerodes estão falando por baixo dos panos em praticar uma matança para eitar que suas terras sejam desapropriadas. Funcionários do Incra estão entre os ameaçados. Que a Polícia Federal se movimente antes, investigue essas ameaças antes que a desgraça se concretize.

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sexta-feira, novembro 16, 2007


Pater, A Tribuna, ES


  • A pedidos, poucos, é verdade, meu livro já está à venda por aqui. Quem estiver interessado, me mande um e-mail (pontes.mr@gmai.com). Obrigado, Letícia, pela divulgação. Aliás, a Letícia também está com trabalhos publicados numa coletânea. Deve ser vinho de se sorver aos pouquinhos para sentir melhor o sabor.

  • Hugo Chávez, na corrida armamentista que iniciou na América Latina, pelo que a indústria bélica agradece, agora defende o direito da Venezuela desenvolver um programa nuclear. Uma vez que seu país não tem problema de energia, fica fácil imaginar o que ele está querendo aprontar. Como na América Latina um louco só não faz verão, no Brasil o general de exército José Benedito de Barros Moreira, secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa, defendeu a idéia que o Brasil desenvolva tecnologia para a construção de armas nucleares. E pensar que depois das quedas do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro o mundo acreditou na pacificação geral. Como somos bobinhos...

  • É comum as secretarias municipais de educação fraudarem o censo escolar para conseguirem mais dinheiro do MEC, que paga às prefeituras uma verba a fundo perdido proporcional ao número de estudantes matriculados. Já vi isso acontecer bem de pertinho. O MEC mudou a metodologia. Antes eram enviados apenas números, quantos alunos estavam matriculados em que séries e em que escolas, agora são enviados os dados pessoais de cada estudante e não mais pelas sercretarias. O resultado foi uma diminuição drástica no número de crianças e adolescentes nas escolas públicas. O que deve ter de prefeito revoltado com essas mudanças é uma festa.

  • E já que dimuiu o número de estudantes, nada mais coerente do que diminuir o número de habitantes. Segundo o último censo demográfico, o Brasil tem 6 milhões de habitantes a menos do que as estimativas. Trezentos municípios já pediram revisão nos números, principalmente os menores, cuja principal renda vem do Fundo de Participação dos Municípios repassado pelo governo federal e proporcional ao número de habitantes. Que a metodologia adotada pelo IBGE não é infalível, todo mundo sabe, mas essa diferença enorme entre a quantidade de brasileiros que se esperava encontrar e o resultado final nos diz que tem algo muito errado por aí.

  • O Nélson Jobim, doidinho para sair candidato à presidência ou à vice, ainda não acertou a mão e nem a língua dirigindo o Ministério da Defesa, principalmente no que se refere à aviação civil. É até fácil de entender as dificuldades por que ele passa para resolver os problemas do setor. O cara está seguindo o exemplo do patrão e não escora a bunda na cadeira do gabinete. Ao exemplo de Lula, o cara viaja todas as semanas, usando aviões da FAB até para fazer turismo em Porto Seguro, como denunciaram políticos do DEM (e ninguém ouviu as denúncias). Com o mercado de aviação civil em ascensão, como é possível o país desse tamanho contar com apenas duas empresas aéreas? Duas e meia, melhor dizendo, já que a Varig está ensaiando uma volta. E o ministro ainda se diz contrário à entrada de companhias estrangeiras no mercado interno. As nacionais estão quebrando, mesmo aumentando o número de passageiros, e as estrangeiras não podem entrar... Por isso que passarei as férias dentro de casa, tomando cerveja e comendo picanha.

  • Os jornais dizem que Renan renunciará à presidência do Senado, o que deve ser verdade. Os mesmos jornais já apostam na sua cassação, já que a votação do seu próximo processo deverá ser aberta. Se essas duas previsões se confirmarem, estará mostrando que a empáfia fez Renan perder o feeling, justo ele que sempre havia se dado bem por se pendurar nos governos federais, independentemente de que estivesse presidindo, bem ao feitio do PMDB.

  • O El País, da Espanha, falou exatamente oque venho falando aqui há meses: Lula engoliu a oposição. Só a oposição, leia-se PSDB e DEM, que não percebeu isso.

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quinta-feira, novembro 15, 2007

Passou o stress. Minhas previsões de público acima do número de livros não se confirmou, mas a vendagem foi excelente. Foram vendidos 70% da tiragem e alguns amigos telefonaram se desculpando pela ausência, outros mandaram e-mail, o principal culpado, segundo eles, foi o feriadão. As famílias queriam viajar, havia um casamento, um aniversário e coisas que tais. Sem qualquer problema,  camaradas. em contra partida, vieram amigos de Porto Seguro e de Itabela, cidades vizinhas, e até uma ex namorada que eu não via há seis anos. A mídia estava presente, muitas fotos, entrevista e blá-blá-blá. Após o rescaldo, posso dizer que foi tão bom quanto eu desejava e muito mais do que eu merecia.
Pela primeira vez na vida tive tanta gente trabalhando em função de algo que eu fazia. Doze amigos se vonlutariaram e me presentearam com todos os custos e serviços da noite. Ganhei as bebidas, os salgados, a música, os garçons, a decoração... Enfim, não tive qualquer gasto e quando quis presenteá-los com um livro, se recusaram, fizeram questão de pagar. Confesso que fiquei constrangido cada vez que eles me perguntavam o que eu queria, se tal coisa deveria ser assim ou assado, se deveriam fazer isso ou aquilo. Caramba, eles estavam me dando tudo, que fosse do jeito que eles quisessem, como poderia eu dar-lhes ordens? Há tempos eu não me sentia tão paparicado e tão querido. Esse carinho todo deu uma aquecida no coração.
Se é verdade que o caráter de um homem pode ser medido pelos amigos que tem, então posso me considerar um grande homem.
Fico mais feliz a cada minuto e me emociono com tanto carinho recebido.
Agora posso disponibilizar as vendas por aqui. Se alguém ainda estiver interessado em adquirir seu exemplar, me mande um e-mail (pontes.mr@gmail.com) e a gente conversa.

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quarta-feira, novembro 14, 2007

O Cagaço Mudou


Imagem daqui


E mudou mesmo! Hoje será o lançamento do livro. Até ontem eu estava com medo de passar vergonha de não vender nenhum. Tá, é exagero, mas não tinha esperança de vender o suficiente para pagar a gráfica. Hoje o medo é outro, de faltarem livros para tantos compradores e não estou sendo boçal ou pretensioso, é fato.
Na segunda feira fui convidado para dar uma entrevista na Band FM, justamente no programa de maior audiência. Foram 35 minutos de um papo bastante agradável, sem interrupção de comerciais, falando sobre o livro, as histórias e bla´-blá-blá. Logo depois do programa começaram os telefonemas de felicitações, auto-convites para o lançamento, pedidos de dedicatória e coisas que tais.
Ao chegar em casa encontro isso, isso e isso. Gratas surpresas. Não me envaidecem mesmo, mas não deixa de ser algo legal que os amigos fizeram.
Acabo de chegar da rua. No correio um dos atendentes, que não havia sido convidado diretamente, disse que irá; no banco mais dois amigos disseram que não perderão e querem seus exemplares autografados; no restaurante... Avemaria! parece que todo mundo resolveu almoçar no mesmo lugar. O dono, velho amigo, perguntou se poderia levar dois casais amigos, um outro confirmou que iria, mais dois, que ouviam a conversa disseram que também comprarão os seus. Confesso que estou temeroso de passar vergonha. Não vai ter livro pra todo mundo. Isso é bom? Claro que é! Mas também pode ser ruim. Acho que amanhã vou ter que entrar em contato com a editora e encomendar mais alguns.
A Magui comentou ontem lamentando o fato de eu não colocar o De Depois de Já à venda por aqui. Esse é o motivo, cara amiga. Achando que não venderia, fiz poucos, por isso estava esperando a vendagem no lançamento para ter uma idéia de quantos eu poderia disponibilizar via blog.
Pra falar a verdade, não mandei nem o da minha mãe ou dos irmão, nem a namorada recebeu o dela ainda, com medo que faltem.
Que assim seja! Se faltar hoje, amanhã terá mais. Dedos cruzados, amiguinhos!

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terça-feira, novembro 13, 2007



  • Que surpresa interessante! O estado em que há mais aprovados, percentualmente, é claro, nas provas da OAB é o Ceará, com mais de 49%. Depois de ser revelada a melhor escola de ensino médio do país, pelo MEC, no Piauí, o Ceará já ser conhecido como o segundo que mais aprova para o concorridíssimo e difícil ITa, essa nova notícia é mais um reflexo do sucesso da boa educação nordestina, se não no todo, pelo menos em alguns bolsões de excelência.

  • Lula, muito mais que competência, tem uma sorte arretada! Só conseguiu se eleger depois que os milicos se acalmaram em seus pijamas; na primeira crise do gás com a Bolívia, a Petrobrás anunciou uma grande descoberta da Bacia de Campos; o mundo todo em busca de alternativas para o uso de petróleo e o Pró-Álcool, criado pelos generais durante a ditadura, passa a tornar-se uma grande vitrine para o mundo, justo em seu mandato; a Petrobrás entra em atrito com o governo do Rio por conta do fornecimento de gás, que já está batendo recordes no mercado internacional, e mais uma enorme jazida é "descoberta"... Vá te sorte assim lá em Caruaru! Agora, só uma perguntinha: Já que Lula quer tanto vender biocombustíveis para o mundo, por que os carros oficiais são movidos a gasolina?

  • Muito obrigado à Márcia que está fazendo divulgação gratuita do meu livro em seu blog. Esse tipo de coisa não tem preço. A propósito, há alguns meses ela lançou seu livro, excelente, por sinal, que está na minha cabeceira, já foi lido e volta e meia é relido. Aproveitando a deixa: algumas pessoas têm me perguntado se os contos que tenho postado aqui na última semana estão no livro. Não, não estão. Ou melhor, apenas um está.

  • O David em seu post de ontem, deu uma diquinha muito legal sobre o Verve, ferramenta do Google muito legal. É um enorme mapa mundi. Você se cadastra, tem, por obrigação, que mandar dez convites e a partir daí você faz a fichinha do seu blog ou site e este aparecerá sobre sua cidade, assim, qualquer pessoa do mundo vai poder vê-lo com mais facilidade. Você ainda pode fazer sua lista de favoritos na própria página do Verve. Por enquanto tem pouquíssimos brasileiros participando, mas se essa moda pegar, vai ser uma beleza. Ficou curioso? Passa lá no David então.

  • Demorei, mas acho que achei a diferença primordial entre amor e paixão. Podem até discordar de mim, mas estou bem satisfeito com meu achado. O amor é solidário e dadivoso, ele quer dar carinho, afago, colo, incentivo, cafuné, ajuda, companheirismo, companhia, prazer...; a paixão é egosíta, quer receber elogios, carinho, prazer, ombro companhia, afago, consolo... . São duas vias, em sentidos opostos, da mesma estrada. O ideal é quando andam juntos, quando isso não ocorre vem a dor, a frustração, a fossa...

  • Os ideais são inatingíveis. Eles não existem para serem alcançados, mas perseguidos. Quando você atinge o ideal, ele não era ideal, mas apenas um desejo ou um capricho. Nem Dalai Lama atingirá seu ideal, que é ver seu país livre do jugo chinês.

  • Também estão lançando livros, já encomendados por mim, estão o Marco e o Válter. Quer se divertir e absorver mais um pouquinho de cultura? Então procure-os.

  • Por que non te callas? Depois dessa, estou quase me tornando um monarquista!

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segunda-feira, novembro 12, 2007

Recchia, Gazeta do Povo, PR


  • Pois é, macacada, estou lançando meu livro e tenho divulgado pouco e explico porque. Como a produção de livros independentes no Brasil é quase que proibitiva em se tratando dos custos, a primeira tiragem do meu foi pequena, apenas 130 exemplares. Por aqui muita gente tem mostrado interesse de adquirir seu exemplar no lançamento que ocorrerá depois de amanhã. Como não tenho qualquer previsão de como será a vendagem, preferi esperar o resultado do primeiro dia para vendê-lo via internet ou ter que fazer uma segunda tiragem. De qualquer forma, agradeço àqueles que têm mandado bons fuidos, que estão torcendo pelo sucesso do livro e que mostraram interesse de conseguir um. Assim que eu puder, provavelmente na quinta-feira, eu aviso por aqui ou por e-mail para os que assim tem-se manifestado. Dedos cruzados para que tudo saia bem. A divulgação está boa na cidade e acabo de vir de uma entrevista na Band FM, o que deve ajudar a alavancar a vendagem. Vamos ver, vamos ver...

  • Voltando às picuinhas nacionais, de que ando afastado nos últimos dias:

  • Já repararam que cada vez que o Brasil se envolve em uma quizumba internacional envolvendo petróleo ou óleo mineral a Petrobrás descobre uma nova jazida gigantesca? Isso só me faz chegar a uma conclusão: eles sabem exatamente onde estão as jazidas, mas só divulgam adescoberta nos melhores momentos para ganharem dividendos políticos. Essa prática, aliás, vem desde os tempos dos generais. Tem certas coisas que jamais mudm, apenas se aprimoram.

  • Uma pesquisa revelou que o Congresso Nacional gasta R$ 11. 500, 00 por hora! A cada 60 minutos os parlamentares gastam mais que o salário de um ano inteiro da maioria dos brasileiros, é impressionante. Depois a gente fica perguntando para onde vai o dinheiro dos nossos impostos. A mesma pesquisa revela que cada parlamentar custa R$ 10.200.000, 00 por ano! Terrinha de absurdos.

  • Já repararam que os maiores sites de notícias do Brasil está investindo no tal leitor repórter? Ao invés de contratarem gente e colocarem nas ruas em busca de notícias o Terra, UOL, Folha de São Paulo, O Globo e tantos outros estão contando que o cidadão comum mande suas fotos e reportagens que, imagino,saem gratuitas nos sites divulgadores. Imagino que estão abrindo as portas para uma série de processos futuros e ainda não perceberam, afinal de contas, o leitor está fazendo gratuitamente o trabalho do repórter profissional. Mais um jeitinho brasileiro que pode não terminar bem.

  • Enfim começaram a falar me plebiscito nacional sobre a diminuição da maioridade penal. Se esse plebiscito sair, primeiro vai haver uma derrama de dinheiro para as campanhas, depois, se nada mudar no pensamento médio nacional, a maioridade penal deverá ser reduzida e na última etapa o Congresso Nacional vai fazer umas leizinhas meia sola enchendo de benesses os menores infratores para que tudo fique mais ou menos como está. Se o bandido maior de idade já tem zilhões de benefícios, como esperar que os menores sejam devidamente punidos? Repararam que meu otimismo vem diminuindo gradativamente dia após dia?

  • Nunca mais eu tinha lido sobre essas pesquisas absurdas, idiotas e sem qualquer interesse para a melhoria da vida no planeta zona, ma hoje li uma deveras interessante (estou sendo irônico, amiguinhos): Os pesquisadores Stephen Gaulin, da Universidade da Califórnia, e William Lassek, da Universidade de Pittsburgh, publicaram na revista científica Evolution and Human Behaviour, que mulheres com curvas têm filhos mais inteligentes. Minha mãe deve ter sido um verdadeiro saxofone, hô! Hô! Hô!

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domingo, novembro 11, 2007

Retiro




Desculpem a prolongada ausência, mas eu estava precisando passar uns dias no Éden. Aos poucos visitarei quem comentou, agora, já que estou de volta à terra, vamos à labuta.

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quinta-feira, novembro 08, 2007

Reminiscências e Resultado



Quando guri, lá pelos sete, oito anos, minha mãe pedia que eu passasse a limpo suas receitas culinárias em um caderno e suas receitas de tricô, bordado e crochê em outro. Talvez fosse preguiça dela, talvez para me manter ocupado, endiabrado que eu era. Ela tinha, e ainda tem, uma letra linda como era comum terem as moçoilas normalistas. Para que minhas letras não destoassem muito da beleza dos traçados das dela, eu caprichava. Me lembro de ter passado tardes inteiras escrevendo naquele caderno pequeno, mas de muitas folhas e com espiral largo de metal e capa com quadrados vermelhos entrelaçados.

Meu pai costumava sentar-se na varanda após chegar do trabalho, numa cadeira de balanço de ferro e espaguetes verdes, e lia seus bolsilivros. Era dois, três por dia. Depois de lê-los, pedia para que eu fosse na casa de um dos muitos amigos trocar. Eu só andava descalço e nas ruas, corria. Achava tedioso caminhar. Colocava dez, doze livrinhos embaixo do braço e saía em disparada, entregava os livros para o destinatário, recebia outros tantos em troca e voltava correndo para entregá-los ao meu pai. Uma dessas trocas foi uma aventura. A ordem era ir até a cadeia e entregar três bang-bang para um preso. O soldado me levou até a cela, abriu a grade e eu, que assistia aos filmes de mocinho e bandido no Cine Melhém, me senti amedrontado ao entrar na cela dos três homens maus que conversavam estirados, de calção, em seus catres. Um deles fez sinal com a mão para que eu lhe entregasse os livros, passou a mão na minha cabeça, agradeceu e me entregou outros três. Nunca mais entrei numa cadeia, mas, pelo que vejo nos noticiários, imagino que elas não tenham mais aquele ar pacífico.

De tanto escrever para minha mãe e de tanto levar os livros do meu pai para cima e para baixo, fui tomando gosto pelas duas coisas. Quando não estava na escola ou estava fazendo arte, pregando peça nos meus irmãos, ou estava lendo um dos bolsilivros ou estava tentando escrever alguma coisa. Minha mãe dizia que aquela leitura não era para minha idade, mas eu continuava lendo e gostando.

Lá pela sétima série, já com outros livros além dos livrinhos do velho Chico, gibis aos montes, MAD e já me interessando no Pasquim, Veja e até a Visão, irmã direitista da Veja, em parceria com meu irmão criei um super herói. Eu escrevia as histórias e ele desenhava. Fazia as figuras a lápis num cadernão enorme, mais de 500 folhas, cinqüenta centímetros de comprimento por quarenta de largura. Era minha estréia na ficção.

Eu era um garoto tímido, retraído e de poucos amigos, romântico e sonhador. Conheci a poesia mais ou menos por esse tempo. Nos livros de literatura ou gramática que usava na escola, procurava as poesias e fui gostando. Drumond, Vinícius, Manuel Bandeira, Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Schimidt, Cecília, Gil Vicente... Eram muitos, de todas as épocas, escolas, estilos e eu devorava a todos e achei que seria capaz de escrever poesias também. E escrevia aos borbotões. Foram centenas delas.

No primeiro ano científico conheci o teatro. Por oito anos fui dirigido por Cláudio Barradas, hoje pároco de Santa Isabel, interior do Pará. Um intelectual fantástico. Foi o homem que ensinou a ler, a separar o texto do pretexto e do subtexto. Foi o grande guru que tive e a quem devo muito. Me fez entender que teatro não era apenas representação, mas muita literatura, pintura, arquitetura, óptica, enfim, a arte completa que pode usar todas as outras e ainda assim ficar incompleta.

Cláudio me levou de volta ao mundo da prosa que eu havia abandonado com os bolsilivros. Esaú e Jacó, A Guerra do Fim do Mundo, Memórias de Um Sargento de Milícia, Ao Correr da Pena, Teatro Completo de Artur de Azevedo, Porque Não Se Matava,... Foram tantos os livros que ele me emprestava ou indicava... E me caíram nas mãos as crônicas de Oto Lara Resende, Rubem Braga, Drumond... E eu comecei a achar que poderia escrever prosas também, mas tinha medo. Ouvia os autores falarem que escrever é um sacrifício, que é doloroso, um castigo sem fim, e os melhores deles ainda falam hoje, como João Ubaldo, por exemplo. Preferia manter minha pena traçando versos tontos, sem qualquer brilho, mas sem riscos, afinal de contas, qualquer molequinho de quarta série primária escreve versos e só os verdadeiros intelectuais vêem a poesia como arte ou literatura e são poucos os verdadeiros intelectuais, pouquíssimos. Com versos eu conquistava as menininhas tolas e românticas como eu e causava inveja nos brutamontes acéfalos. Eu acreditava que “a pena vence a espada”. Melhor ficar acomodado com meus versinhos tortos do que correr riscos com a prosa perigosa.

Vinte e poucos anos, recém saído da escola, família morando em outro estado, solitário e sem um puto no bolso, saí à caça do pão. Porteiro de hotel, garçon, instalador de telefones, cantor e muita gandaia. Precisava tomar um rumo na vida ou morreria pobre e com cirrose.

Surgiu um concurso literário, vinte e dois temas, cada concorrente poderia inscrever trabalhos em cinco. Inscrevi meus cinco, ganhei dois e tive uma menção honrosa. Peguei a grana e vim embora para a Bahia onde havia convite e promessa de emprego.

A prosa continuava contida.

Chegou o dia em que ela se rebelou e resolveu me dar ordens, forçou seu nascimento e fui tomando gosto pela vida. Me fez rememorar um papo que tive com Inácio de Loyola Brandão. Depois de uma palestra na UFPA, durante um bate papo ele me confidenciou: “se você tem um final, você tem uma obra”. Me disse que era um segredo que havia aprendido com uma professorinha do primário e que havia praticado toda a vida, sua obra tem provado que a professora sabia das coisas. Segui o conselho da professora do Inácio. Se tenho um final, tenho um conto.

E comecei a “contear”. Mas guardava na gaveta que enchia, enchia... Não tinha coragem de mostrar às pessoas com medo da crítica ser arrasadora. Mas os contos começaram a arrebentar a gaveta querendo sair. Aos pouquinhos foram virando blog e os amigos foram sabendo de sua existência. E amigos são bons para duas coisas: ajudarem-nos e nos colocarem em confusão. Tanto insistiram, cobraram, animavam, massageavam meu ego, que resolvi publicar. Eis que nasceu De Depois de Já.

Ansiedade e insegurança antecedem o lançamento, que ocorrerá dia 14. Já está nos sites de notícias, em coluna social, entrevista marcada em rádio na segunda-feira, coquetel presenteado pelos amigos e a sensação esquisita de que não fui eu quem escreveu aquilo que leio agora em brochura. Vamos ver no que vai dar.

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quarta-feira, novembro 07, 2007

Olhos Abertos



Aderaldo não dormia.Ainda bebê, recém saído do útero, já apresentava os olhos arregalados. Chorava quando sentia fome, chorava quando tinha sede, chorava quando sentia cólicas, chorava quando sujava os cueiros, mas não dormia.

A mãe o colocava no colo, cantava mil cantigas de ninar, mas o pequeno Aderaldo sequer mostrava sinais de sono. Caladinho, observava os lábios da mãe se mexendo, ouvia a voz melodiosa que todas as mães, mesmo as mais desafinadas, têm quando cantam “Tutu Marambá”, “boi da cara preta” ou qualquer cantiga para adormecer. Por horas a mãe se esforçava, até ficar rouca, mas nada do rebento dormir.

Com o tempo os pais desistiram, acostumaram-se com a insônia permanente do guri. Acreditavam que a criança dormia depois deles e não se preocupavam. O pai, curioso, passou a acordar de madrugada na esperança de flagrar o filho de olhos fechados no berço. Pé ante pé se aproximava, mas lá estavam aqueles pequenos olhos negros o observando.

Apenas por cisma, o levaram ao médico que não acreditou em seu relato. Por via das dúvidas, o deixaram internado por dois dias no hospital monitorado 24 horas por câmeras de vídeo e visitas constantes das enfermeiras, mas sequer um cochilo foi observado pelos olhos eletrônicos ou por aquele monte de eletrodos colados em sua cabecinha. Como os exames clínicos não acusavam qualquer anormalidade, o liberaram.

Aderaldo crescia, estudava, jogava bola, brincava com os colegas, batia e apanhava, apaixonava-se pelas professoras e pelas colegas... Vida normal de menino, mas não dormia.

Para preencher as madrugadas silenciosas, o garoto lia tudo o que lhe passava diante dos olhos abertos, jogava ao computador, estudava, assaltava a geladeira, fazia amigos virtuais, mas não dormia.

Tornou-se um funcionário exemplar no mercado financeiro. Seus olhos não perdiam nada do que acontecia nas bolsas de todo o mundo. De madrugada, quando seus colegas e concorrentes dormiam, Aderaldo acompanhava as bolsas de Tóquio e Seul. Investia, especulava, fazia fortuna.

Conseguiu uma velhice rica e confortável. Envelheceu desperto como vivera. Em seu enterro fecharam o caixão, mas não conseguiram fechar seus olhos.

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terça-feira, novembro 06, 2007

Adenevaldo


Imagem daqui


Prazer, chefia. Adenevaldo Gobera Sitônio, Gobera por parte de mãe e Sitônio por parte de pai. Pode me chamar de Guêba, a seu dispor. Guêba do Cavaco, pra ser mais claro. Setenta e dois anos de puro samba e malandragem, saco? Filho de Josenaldo Sitônio e Adegeilza Gobera Sitônio, nascido em Pau Grande, terra do Mané, saca o Mane? Pois é, mermão, o maior craque que os quadrado de grama já viu. Vossa senhoria sabia que o Mané era amigão do meu progenitor? E era mermo! Além do quê, era um sujeito de prima. Depois das pelada, lá no campinho do arranca-tôco, passava na bodega do velho Jôse, meu pai, e encaçapava umas branquinha legal, isso quando não era antes do quebra-canela. Só num conseguiam quebrar as canela do Mané. O camarada era mais liso que enguia ensaboada, ninguém encostava no negão. Tá, ele num era negão, era meio índio, incrusive pegava passarinho com as facilidade que só os índio têm. Mas nós chamava ele de Negão. Uma vez o Mané me deu um dibre que minhas perna quais fica torta que nem as dele. Dotô, eu poderia falá do cumpade Mané até vossa incelênça ficá cum calo nos ouvido, mas o sinhô tá querendo saber mesmo é de minha labuta, né mermo? Pois toca o intêrro! Quando o Mané veio pro Rio meu pai num viu mais porque ficar emPau Grande. Queria ver o Mané jogar no Maraca e veio imbora também. Mudamo pra essa merma casa onde moro hoje, aqui em Bonsucesso. Tu num vai acreditar, dotô, mas todo dia tinha jornalista querendo falar com meu pai, tudo afim de ouvir umas história do Mané. A vizinhança, tudo gente boa, mas sem grana pra pagar nem a geral, vinha pro buteco do velho Jôse pra ouvir os jogos do Bota no rádio rabo-quente que meu pai deixava no máximo. Cada dibre era como se fosse um gol, a gente via com os ouvido. Era o dia que mais vinha cachaça pros proleta e cerveja pros abonado. E meu velho contava as história de Pau Grande pra malandragem até altas hora da madruga. Devo muito a Pau Grande. Os camarada me admira porque fui amigo do Mané e as mulhé gosta de mim porque sou de Pau Grande. Sacou? Sacou?

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sábado, novembro 03, 2007

Competição


Adalgiza Silveira Andrada Cavalcanti Bulhões não era uma mulher qualquer de Cabrobó, era a mais nobre, mais altiva e mais rica. Ainda pequenininha a mãe, dona Elânia, ensinou que não deveria se juntar com as meninas ordinárias – ordinárias não no sentido de sem qualidade ou que não tenham bom caráter, mas comuns, iguais a todos da própria laia, embora, no fundo, o significado fosse o mesmo para a rígida mãe -, sua filha não poderia ser comparada com aquelas garotas de joelhos encardidos e cabelos alisados à banha de porco, filhas de funcionários públicos subalternos e prestadores de serviços nas fazendas de seu pai ou vizinhança.

O sobrenome do pai não foi acrescentado ao da criança. Dona Elânia não permitiria que filha sua carregasse um Silva depois do importante Cavalcanti, herdado dos espanhóis que por ali passaram. Na verdade, dona Elânia só se casara com o apagado Gilsones por conta do único cartório da região que o rapaz herdara e dos muitos dinheiros que tinha a receber dos devedores do pai, agiota respeitado e violento, dono de três capangas com sangue nos olhos que não permitiam que as promissórias caducassem.

Elânia foi uma moça prendada, educada no Recife, tocava piano e fazia bordados com técnica turca, o que a tornava boa demais para os caipiras de Cabrobó. Batia o pé, queria casar-se, mas não com qualquer um, o que fez com que o Coronel Atenório perdesse os últimos fios de cabelos em busca do noivo ideal. Os pretendentes que não satisfaziam as exigências mínimas eram enxotados sob as ameaças do chicote e da garrucha.

Ao saber que o pai de Gilsones morrera e o rapaz chegara às pressas de Salvador, onde estudava Direito, Atenório viu nele as últimas esperanças. Bem apessoado, educado e com um negócio próprio, além das dívidas de agiotagem a receber, Gilsones tornou-se a fonte de inspiração para os muitos argumentos que o Coronel teve que inventar até, depois de muito suar, argumentar, espernear, convenceu Elânia a aceitá-lo como nubente. Para Gilsones seria um excelente negócio, não havia como recusar.

Dezoito meses depois do casamento, Elânia deu à luz Adagilza, para quem foram providenciadas damas-de-leite, babá da capital e professores particulares. Após a festa de três dias dos seus quinze anos, fora mandada para a Escola de Moças de Madame Donorá, no Recife. Seguia os passos da mãe.

Depois de formada e de volta à cidade, seguia também a sina de não conseguir um noivo com o cabedal de qualidades e riquezas digno de sua importância. A filha queria um noivo, mas rejeitava todos. Um não tinha traquejo no vestir, outro não sabia se portar numa mesa de três talheres e guardanapos de linho, outro tinha as pontas dos bigodes mal aparadas, outro não lustrava os sapatos, aquele não tinha onde cair vivo, esse não usava perfume francês, e os defeitos dos rapazes eram catados a pinça.

Quando instalou-se a indústria de álcool e Godinho Bulhões apareceu no cartório para registrar os papéis, Gilsones já o viu de casa no altar, braços dados com Adalgiza. Tanto fez, tanto gastou, tanto investiu e insistiu que terminou convencendo os jovens que foram feitos um para o outro. Para alívio geral, casaram-se. Mas não em qualquer dia. Casaram-se no Natal e a ceia das famílias mais abastadas, todas convidadas para as núpcias, só aconteceria no dia 26, o casório da neta do Coronel Atenório era mais importante que o nascimento de Cristo.

Os negócios de Godinho, porém, começaram a dar errado. As plantações de cana sofreram uma praga de besouros e brocas, a terra não mostrou-se tão boa para o plantio como mostravam os estudos anteriores, as estradas não davam segurança para o escoamento da produção que diminuía safra após safra. Por conta dos muitos acidentes com os caminhões, as seguradoras aumentavam o preço das apólices. Godinho ia ladeira abaixo.

Adalgiza, rainha desde criança, pouco ligava para a bancarrota do marido, algo mais grave a assustava. Havia chegado à cidade a família Correia Carrilho, gente rica de São Paulo que erguia hotéis a torto e a direito. Em cada cidade com mais de vinte mil habitantes da Zona da Mata, de Sergipe ao Rio Grande do Norte, abririam um hotel. Cabrobó fora escolhida como sede do império que se formava por ficar eqüidistante das extremidades da área a ser abraçada pela família.

Setembrino Correia Carilho comprava terras, contratava gente, erguia prédios, aparecia nos jornais, hospedava romeiros, vendedores, funcionários do governo, fugitivos... Não importava quem vinha ou quem ia, Setembrino abrigava, alimentava e ficava com seu dinheiro. A fortuna, que não era pouca, se multiplicava. Isso nada dizia a Adalgiza, pouco afeita a negócios, o que lhe tirava o sono e o sossego era Zaninha Correia Carrilho, mulher de Setembrino.

Zaninha trouxe para o sertão o conceito de grife; óculos de sol de marcas famosas que Adalgiza só conhecia das revistas, roupas coloridas e leves, que ajudavam a enfrentar o calor da região, tecidas na China, diziam as comadres. Pouco comprava em Cabrobó, mandava buscar em Recife, Salvador ou São Paulo, onde havia mais variação.

Simpática e boa de conversa, Zaninha conquistava a todos. As mulheres não evitavam a comparação entre as duas e Adalgiza sempre saía perdendo. A paulista era mais dada, a paulista elogiava as pessoas, a paulista cumprimentava até os feirantes e, pior, a paulista era mais elegante, a paulista era mais bonita.

A cidade crescendo, mais gente empregada, dinheiro circulando, as portas se abrindo para o progresso. Uma rede da capital instalou a primeira loja de departamentos. Na solenidade de inauguração o prefeito, o padre, o juiz, Gilsones e Elânia, Adalgiza e Godinho cabisbaixo, Zaninha esfuziante e Setembrino com um terno cortado sob medida em fazenda de risca de giz.

Abertas as portas e dada a largada para as compras, começou a disputa tácita entre as duas mulheres. Cada uma com seu carrinho, percorriam os corredores lado a lado. Se uma pegava um secador de cabelos, a outra pegava um secador e uma touca elétrica; uma escolhia um cobertor, outra um edredon, mesmo não fazendo frio em Cabrobó; Adalgiza comprou um salto alto italiano, Zaninha escolheu um scarpin francês; Zaninha comprou foie gras, Adalgiza, scargot. Olhavam-se, a princípio de soslaio, no calor da competição, com ódio.

Cavalheirescamente, Godinho e Setembrino, passeando na sessão de vinhos, conversavam. O hoteleiro com um sorriso tatuado na cara; o agiota com o cenho nervoso. Para Godinho, cada produto que a mulher colocava na cesta era como uma flechada no peito. A fúria de Adalgiza em comprar aumentava o pesadelo do marido ao pensar em como pagaria.

Mas a vida tem seu jeitinho de arrumar as coisas, embora de maneira dolorida, por vezes. Ao passarem pelos maridos com o terceiro carrinho abarrotado, as mulheres sorriam, uma feliz, a outra, desesperada. O coração de Godinho não agüentou, bateu em falso. Seu rosto empalideceu, as pernas bambearam, o peito ardia como se violentado por tição em brasa. Estatelou-se entre as gôndolas e as garrafas milionárias.

A loja inteira pára e corre em socorro ao conterrâneo ilustre. Muita gente, murmurinho, a sirene da ambulância e as compras das competidoras suspensas.

Ao acordar no hospital, ainda tenso, Godinho virou-se para a mulher, pronto para ter outro enfarte.

- Daginha, meu amor, como vamos pagar tudo aquilo?

- Terminei não comprando, marido. Deixei tudo nos carrinhos quando vim correndo te socorrer.

Aliviado, Godinho esboçou um sorriso e conseguiu dormir. Não imagina, o coitado, que a cabeça da esposa maquinava como e quando voltar à loja e comprar o dobro do que quase comprara. Quem aquela paulistinha de merda pensa que é?




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