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quarta-feira, janeiro 09, 2008

AUTO_myrria

  • O STF tem tentado dar mostras de que está mais sério, mais preocupado com os valores éticos e morais e tal e coisa e coisa e tal. Como gato escaldado tem medo até de saliva, fico desconfiado... A Ministra Ellen Gracie deu dez dias de prazo para Lula explicar os reajustes tributários. Na prática, isso significa que Mantega e seus advogados dirão ao Tribunal o que quiserem dizer, os juízes dirão que é uma prerrogativa do Executivo reajustar taxas e impostos, tudo será considerado constitucional e legal e a oposição que morda a bunda. Aí ocorrerá, depois do carnaval, segundo o Garibaldo, uma briga de foice cega no escuro dentro do parlamento pela aprovação ou não do aumento da CSSL. Ai, ai, a política e a justiça brasileira são tão previsíveis que estão perdendo a graça.

 

  • Um amigo meu criou há quatro meses um site de notícias. Ele até tem se esforçado para manter um bom padrão. Pra começar, não fecha contrato com órgãos públicos, coisa rara em cidades do inteior, assim mantém uma independência de opinião. Ontem ele teve seu primeiro momento de glória, embora por causa de um desastre. Um helicóptero com turistas caiu e pegou fogo numa barraca em Porto Seguro (não houve vítimas fatais, ainda bem, e estão todos bem) e um fotógrafo do site registrou tudo na hora. Um furo! O Hugo, o dono do site, passou o dia recebendo telefonemas dos principais órgãos de imprensa televisiva e internética do país. Ja falei demais, vejam o lance do Radar 64.

 

  • Mas nem tudo são flores para meus amigos da imprensa. Recebi ontem o e-mail abaixo de uma amiga minha que trabalha num jornal de Belém:

Meus caros,
Não posso me queixar do início animadíssimo deste 2008. E eis que, depois de dançar "coladinho" com mr. Billy Paul, no reveillon do Hangar, descubro que essa história de jornalista ameaçado não acontece só fora daqui. A atual vítima fui eu.
Tudo começou quando o Amazônia publicou, no sábado, 29, uma matéria sobre a prisão em flagrante de um vereador do município de Breves, na ilha do Marajó, chamado Mário Adolfo Furtado Rabelo Júnior, preso com a "boca na botija", extorquindo dinheiro de um analista de sistema, ao lado de um investigador da Polícia Civil, de nome Roberto. Os dois foram presos e transferidos, o vereador para o Corpo de Bombeiros, e o policial para o PEM 3, em Americano.
Na sexta-feira, 4, chegaram três homens na redação do Amazônia/ O Liberal, solicitando um "direito de resposta" em relação a matéria publicada.
Quando li o que estava, falei ao homem (que não se identificou pra mim) que não poderia publicar da forma que ele havia escrito já que no documento ele chamava alguém de "doido" e "desequilibrado mental", ao que perguntei se ele (o cara) era médico ou se tinha laudo para afirmar isso. Ele ficou puto e nervoso. Pedi que ele se identificasse e ele me mostrou uma espécie de crachá e o tirou da minha mão antes que eu lesse. Então eu disse que não tinha mais nada a falar com ele e o mandei se retirar e ainda recomendei para que se ele voltasse à redação, viesse sem os guarda-costas que o acompanhavam. Só aí, toda a redação veio me avisar que o armário, capanga do cara, estava AR-MA-DO (isso mesmo, o segurança tinha um trabuco na cintura sobre o qual não deixou de passar a mão nenhum segundo). Toda essa movimentação foi registrada pelo circuito interno de tevê da redação.
Na hora, liguei para o meu amigo Walrimar Santos (assesor de imprensa da Polícia Civil) e pedi para ele descobrir se o cara era o policial. Diante da afirmação de que o IPC Roberto continua em Americano, restou o vereadorzinho (e era ele).
Logo, Emanoel Villaça, também da assessoria da PC, me ligou e pediu para eu ir na Delegacia Geral fazer uma queixa formal do caso e falar com o delegado-geral Justiniano Alves, o que fiz durante a tarde inteira da sexta-feira.
Bem, como percebem, minha vida está animadíssima. Por isso quero dividir isso com vocês, com algumas consideração (para não perder o costume):
1º) vocês podem imaginar o quanto é "seguro" o local onde trabalho (qualquer entra e ninguém é incomodado).
2º) na hora da confusão, todo mundo falou e arrebentou, mas hoje (8) quando chegaram as intimações para as testemunhas prestarem esclarecimentos na DG, já apareceu neguinho "muito ocupado" e com "uma viagem inadiável para fazer".
3º) muitos na redação consideram que eu ter botado para quebrar para cima do vereador "não era pra tanto", já que "as imagens não mostram que o cara estava armado". DETALHE; eu não falei isso, nunca, mesmo porque não vi. O que me incomodou foi o fato dele (o segurança) ficar me cercando na minha mesa. Se isso não é intimidação, alguém aí me dê um nome pra isso.
4º) Estou me sentido ameaçada, sim, senhor. A família desse vereador tem muita grana e é dona de metade de Breves. O fato é que ele foi preso na madrugada do sábado, 29, e às 13h, do mesmo dia, estava em liberdade. Se não correu grana aí, quero também um nome para isso.
5º) quero deixar bem claro que se algo estranho acontecer comigo (acidente, assalto, agressão, qualquer coisa...), esse vereador DEVE ser procurado.
6º) o caso virou um inquérito na Delegacia de Crimes Funcionais (Decrif), sob a responsabilidade do delegado Antônio Benone. O delegado-geral está a par de tudo (me recebeu e prestou solidariedade), o governo do Estado também, assim como a Polícia Federal. O setor industrial da Delta Publicidade (dona dos jornais) está ciente de tudo, assim como o setor jurídico da empresa. A segurança mudou seus modos de abordagem a visitantes, mas ainda não é o ideal. O prédio da redação é muito, muito vulnerável. Não é de hoje que doidos, das mais diversas espécies, batem em nossas mesas de trabalho.
7º) quero deixar minha eterna gratidão ao Walrimar (foi o ombro mais amigo que encontrei naquela na tarde daquela sexta-feira), ao Villaça que articulou tudo na DG pra mim; ao delegado Antônio Benone (que ainda conseguiu me fazer rir na hora da confusão), à corregedora da PC (que agora não me recordo o nome); à dra. Lívia (advogada da empresa que acompanhou o meu depoimento); aos delegados Fernando Sérgio e Uálame Machado, da PF, que me orientaram a como agir nesse caso; a Elísia, a motora do jornal que me levou para todos os lugares; aos blogs do Juvêncio Arruda e do Paulo Bemerguy, que publicaram notas sobre o assunto; e aos poucos que souberam avaliar, realmente, a gravidade desse caso.
8º) até esta presente data, o meu querido "sindicato" (que me leva mensalmente 60 paus) não se manifestou sobre o assunto. Muito menos a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
9º) portanto, se alguém tiver alguma opinião sobre como esse caso pode ser melhor apurado, se tiver algo que eu posso fazer judicialmente (alô! dr. Guilherme Zagalo), please, mandem ver. Agradeço muitíssimo.
No mais é isso, "bola para o mato, que o jogo é de campeonato".
Grande beijo,
Dedé

Mais eu teria a falar, porém o post já está quilométrico.

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