Não sei se sou um purista ou apenas um saudosista em se tratando de costumes ou sei lá se sou outra coisa que não sei a definição, o fato é que não sou muito simpático à idéia de aldeia global que se concretiza a cada dia.
No final de semana passada, atendendo a um convite de um amigo, fui a uma fazenda num lugarejo chamado Monte Alegre. Para se ter uma idéia do tamanho do lugar, Monte Alegre é um distrito do menor município do Extremo Sul da Bahia. Saindo da BR-101, percorremos 30 quilômetros até Guaratinga, de lá seguimos por estrada de terra por mais uma hora até chegarmos perto da fronteira com Minas.
Em Monte Alegre aconteceria a festa do padroeiro com festa na rua. Durante o dia ficaríamos na fazenda comendo churrasco, pescando, andando a cavalo, esses programas bucólicos que os ratos da cidade não encontram todo dia.
Estava tudo muito bom, e foi bom até o final. A decepção ficou por conta dos costumes das pessoas do lugar.
Quando vou para um lugar bucólico assim, gosto de encontrar aquelas pessoas simples, conversando em seu dialeto, vestindo-se como só ali se veste, comendo o que é costume se comer. O que encontrei ali, em nada me lembra esse bucolismo que esperava encontrar.
No meio da rua, sobre um palco, tocava uma banda até boazinha. Lógico que não esperava ouvir moda de viola, mas também não queria escutar funk ou rock com guitarras distorcidas. Primeiro choque.
As barraquinhas de vendiam hot dog, uísque e churrasquinho de gato. Onde estavam o bolo de aipim, o milho cozido, a pamonha? Não se encontra mais o sabor da roça nem na roça.
Triste ver aquelas pessoas que trabalham na terra vestindo-se igual às pessoas dos shoppings, com a diferença no preço das roupas e sapatos. As meninas com cabelos “chapeados” e calças de cós baixo, mesmo que transbordassem gordurinhas pelas laterais. Os rapazes de camisetas com escritos em inglês sem sequer terem idéia do que estampavam no peito. Tênis e não botinas; saltos finos e não sandalinhas.
Nada contra os confortos da vida moderna como microondas e antenas parabólicas, muito pelo contrário. Se as coisas estão facilitando o dia a dia, que sejam para todos. O que me entristece é a mudança dos costumes.
Não se consegue mais diferenciar uma garota pelo andar. Calçando o mesmo tipo de saltos e vestindo as mesmas roupas, mudando apenas as cores do modelito, elas andam todas iguais. Impossível reconhecê-las pelo cabelo. Todas usam o mesmo corte e as mesmas tinturas, só variando a cor do louro ou ruivo.
Mais triste ainda é ouvir o que falam e como falam. Até sotaque dos artistas da novela das oito é imitado.
A diversidade está em extinção. Tudo tão igual, monótono, cinza, triste. Os sorrisos sumiram, a moda é ser bad boy, mesmo no mais longínquo rincão.
Triste, muito triste e sem graça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário