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quinta-feira, janeiro 31, 2008

ChargeMarta

Imagine a situação.

Seu filhino bateu numa criança na escola. A criança que apanhou tem alguma "necessidade especial" (ainda não sei se gosto desses eufemismos politicamente corretos) como paraplegia, cegueira, síndrome de Down... Não interessa qual. A direção da escola chama você para conversar com a mãe da outra criança. No meio do papo a outra mãe diz que seu filho talvez mereça alguma atenção extra como a visita a um psicopedagogo, seu filho tem demonstrado muita agressividade. Você, no afã de defender seu filho, afinal de contas você é uma coruja e não pode permitir que seu filho seja desancado por uma desconhecida, devolve na lata: "pelo menos ele não é um aleijado!"

Além de você estar sendo mais agressiva que seu filho foi, está deixando claro de onde vem a agressividade de sua cria. Os pais são o exemplo primeiro que as crianças copiam, se você é do tipo que não argumenta, parte logo pra porrada, natural que seu filho também seja assim.

Foi mais ou menos isso que Marta Suplicy fez ontem em Madrid.

Questionada pelos jornalistas sobre a violência no Brasil, se esse não seria um mtivo forte para afastar turistas daqui, ela devolveu, na lata: "pelo menos nós não temos terrorismo". Putz! Santa diplomacia, Batman!

A Espanha ainda não conseguiu recompor-se emocionalmente das bombas nos trens que deixaram 191 mortos em 2004, o país ainda chora seus mortos e anda meio neurótica com a possibilidade de novos atentados, aí vem uma anta loira do outro lado do Atlântico falar uma baboseira dessas.

Se o que o PCC fez em São Paulo, as milícias e os traficantes fazem no Rio, os policiais corruptos fazem em todo o  país, o MST fazem no campo não pode ser considerado terrorismo, então estamos no paraíso.

O brasileiro está constatemente aterrorizado, e aterrorizar é o principal objetivo dos teroristas. Por meio do terror imposto à população civil eles esperam conseguir o que querem do estado. temos terrorismo, sim. Eo que é pior, não só um grupo de terroristas como a Al Qaeda, ou o Talebã, ou Eta, IRA, Sendero luminoso, Farc ou seja lá que bosta for, temos dezenas de grupos e células terroristas espalhadas pelas cinco regiões do Brasil, agindo independentemente ou em conjunto.

Muito mais acertado, seria a ministra mentir e dizer que a violência é grande, preocupante, mas os governos estão fazendo todo o possível para diminuir o problema, está bem aparelhada e treinada, seus homens estão bem remunerados e outras cascatas.

Após as palavras de Marta, fez-se um silêncio sepulcral pelos presentes na sala, mas parece que ela, a única, não percebeu e continuou falando. Disse que os europeus poderiam construir monumentos, museus e parques, mas o Brasil tem a vantagem de ter paisagens naturais incomparáveis e era isso que os europeus veriam por aqui.

Idiota! A Europa, além de paisagens deslumbrantes e manifestações culturais belíssimas, a própria Espanha está cheia delas seja na Andaluzia ou no país Basco ou mesmo na Plaza de Mayo em Madrid, a comparação é o pior meio de se conquistar visitantes para o Brasil. Fazendo uma nva analogia, é como alguém chegar na sua casa, elogiar seu tapete persa e completar dizendo que o que ela tem em casa é mais bonito. Isso, ao invés de servir como convitepara visitá-la, talvez ajude a criar uma antipatia incorrigível pela figura.

As batatadas de ontem de Marta Suplicy comprovam mais uma vez que esse governo é composto de pesoas erradas nos lugares errados. É isso que dá colocar políticos inábeis em postos que deveriam ser ocupados por técnicos.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

lane

  • Muitos foram os blogs que comentaram os excessos da ministra com o cartão de crédito corporativo. Via de regra os blogueiros indignavam-se. O que me chamou a atenção foram os comentários do tipo "eu também quero um cartão desses" ou "Lula bem poderia pagar minhas contas também" e coisinhas assim. Confesso que me indigno com esse tipo de comentário. Podem até dizer que é brincadeirinha, que usando o humor (negro) para mostrarem sua discordância. Para mim, desculpem-me a franqueza, estão confessando um desejo com ares de chacota. Pesquisas já mostraram que a maioria dos brasileiros também se locupletaria com o dinheiro público se estivesse num cargo público, por isso, vejo nessas brincadeirinhas de mau gosto um desejo contido. uma pena...

 

  • O que os parlamentares foram fazer no Pólo Sul? Ajudar os cientistas a estudarem como sobrevivem os ratos urbanos no frio antárctico? A pesquisa poderia ser prolongada e eles ficarem por lá uns 20, 30 anos. tudo em prol da ciência.

 

  • Todo mundo tomou conhecimento dos números do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros  2008, da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla), agora é a hora das desculpas esfarrapadas dor órgãos oficiais, algumas desacreditando os métodos aplicados na pesquisa, outras revertendo o ônus das causas, talvez algumas até culpem os pesquisadores pela mortandade crescente. O governo da Bahia, petista, sindicalista e mais perdido que azeitona em prato de cego, tem suas explicações e justificativas mais toscas. O governador Jaques Wagner, em entrevista ao jornal A Tarde, ao responde à pergunta "e quanto ao déficit de policiais que há no Estado?", saiu-se com essa: "É bom deixar claro para as pessoas que a população aumenta e, infelizmente, a violência tem aumentado no país inteiro". pela lógica desse sindicalista que nunca trabalhou, o aumento da violência é culpa do aumento da população, ou seja, a culpa não é do estado que não tem política eficiente e planejada para a segurança pública, mas dos pais e mães que teimam em gerar crianças.

O estudo da Ritla mostra 25 municípios bainos entre os 556 mais violentos, tendo Porto Seguro no topo da lista baiana e 16º no país. A presidente da OAB da cidade, Ilma Ramos Santos, diz que "o aumento da criminalidade se deve à deficiência do efetivo das polícias militar e civil e ao surgimento de loteamentos clandestinos no município". Ou seja, ela vê, como a maioria do desconhecedores do problema, eu, inclusive, que a violência pode ser controlada pela força. Minha ignorância talvez seja menor que a da doutora. Sou duzentos por cento a favor de um policiamento ostensivo e, portanto, preventivo, assim como de uma polícia investigativa eficiente e aparelhada, mas enquanto o estado não tiver política eficaz voltado para a educação e capacitação de mão de obra, além de programas eficazes de geração de trabalho e renda, a polícia apenas poderá punir isso quando e se alcançar os criminosos.

A "doutora" Ilma, ainda por cima, contesta a 16ª colocação de Porto Seguro no rancking. Ela diz que não foi levado em consideração o aumento sazonal da população por ser a cidade um pólo turístico, um dos mais visitados do país. Ora, "doutora", a população aumenta em apenas dois ou três meses por ano, esse é umponto; outro ponto, a maioria dos violentados na cidade não são turistas, mas nativos; terceiro ponto, nativos ou turistas, quem sofreu a violência sofreu no município,portanto é nas estatísticas dele que elas devem aparecer. Para completar o festival de babaquices da advogada, ela ainda termina com uma opinião totalmente subjetiva e empírica: "sou natural de Porto Seguro e ainda considero aqui um município tranqüilo em relação à segurança". Mania idiota que autoridades têm de tentar encobrir o sol com peneira ao invés de assumirem de cara o problema e cobrar das autoridades medidas concretas e eficazes para saná-lo. Desse jeito, jamais teremos questões sérias resolvidas.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Triste

favela_pipas

Não sei se sou um purista ou apenas um saudosista em se tratando de costumes ou sei lá se sou outra coisa que não sei a definição, o fato é que não sou muito simpático à idéia de aldeia global que se concretiza a cada dia.

No final de semana passada, atendendo a um convite de um amigo, fui a uma fazenda num lugarejo chamado Monte Alegre. Para se ter uma idéia do tamanho do lugar, Monte Alegre é um distrito do menor município do Extremo Sul da Bahia. Saindo da BR-101, percorremos 30 quilômetros até Guaratinga, de lá seguimos por estrada de terra por mais uma hora até chegarmos perto da fronteira com Minas.

Em Monte Alegre aconteceria a festa do padroeiro com festa na rua. Durante o dia ficaríamos na fazenda comendo churrasco, pescando, andando a cavalo, esses programas bucólicos que os ratos da cidade não encontram todo dia.

Estava tudo muito bom, e foi bom até o final. A decepção ficou por conta dos costumes das pessoas do lugar.

Quando vou para um lugar bucólico assim, gosto de encontrar aquelas pessoas simples, conversando em seu dialeto, vestindo-se como só ali se veste, comendo o que é costume se comer. O que encontrei ali, em nada me lembra esse bucolismo que esperava encontrar.

No meio da rua, sobre um palco, tocava uma banda até boazinha. Lógico que não esperava ouvir moda de viola, mas também não queria escutar funk ou rock com guitarras distorcidas. Primeiro choque.

As barraquinhas de vendiam hot dog, uísque e churrasquinho de gato. Onde estavam o bolo de aipim, o milho cozido, a pamonha? Não se encontra mais o sabor da roça nem na roça.

Triste ver aquelas pessoas que trabalham na terra vestindo-se igual às pessoas dos shoppings, com a diferença no preço das roupas e sapatos. As meninas com cabelos “chapeados” e calças de cós baixo, mesmo que transbordassem gordurinhas pelas laterais. Os rapazes de camisetas com escritos em inglês sem sequer terem idéia do que estampavam no peito. Tênis e não botinas; saltos finos e não sandalinhas.

Nada contra os confortos da vida moderna como microondas e antenas parabólicas, muito pelo contrário. Se as coisas estão facilitando o dia a dia, que sejam para todos. O que me entristece é a mudança dos costumes.

Não se consegue mais diferenciar uma garota pelo andar. Calçando o mesmo tipo de saltos e vestindo as mesmas roupas, mudando apenas as cores do modelito, elas andam todas iguais. Impossível reconhecê-las pelo cabelo. Todas usam o mesmo corte e as mesmas tinturas, só variando a cor do louro ou ruivo.

Mais triste ainda é ouvir o que falam e como falam. Até sotaque dos artistas da novela das oito é imitado.

A diversidade está em extinção. Tudo tão igual, monótono, cinza, triste. Os sorrisos sumiram, a moda é ser bad boy, mesmo no mais longínquo rincão.

Triste, muito triste e sem graça.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

AUTO_novaes

  • Pela milésima vez vou citar a frase do velho Chico, meu pai: "se aparecer um esperto vendendo bosta em pó, sempre aparecerá um otário pra comprar". Só me veio isso à cabeça ontem ao ler uma reportagem sobre um tal Tabernáculo de Vitória, uma seita criada em Santa Tereza, Espírito Santo, que mantém isolados num prédio de 150 quitinetes 200 fiéis que aguardam o dia do Juízo Final. Um dos seguidores largou o emprego, vendeu tudo o que tinha, incluindo a casa e o carro, e doou todo o dinheiro, mais de 200 mil reais, para o "pastor" Ireneu, líder sa seita. Este, por sua vez, assim como o filho, andam pela cidade com carrões importados. Tem jeito não, quem pede para ser enganado, merece sê-lo.

 

  • A Advocacia Geral da União chegou à conclusão de que o aumento do IOF, promovido por Lula na ressaca do revellion, é constitucional e legal. Há muito eu já havia afirmado que isso aconteceria. Aliás, falta o STF fazer o mesmo e isso deverá ocorrer nos próximos dias. Não surpreendam-se, portanto, quando isso for noticiado.

 

  • Em ano eleitoral é comum vermos obras por todos os lados. O governo federal vem falando das obras do PAC que promoverá pelos quatro cantos do país e tal e coisa e coisa e tal. Prevendo um aumento de popularidade de Lula, caso isso aconteça (muito embora o PAC já fez aniversário e ainda não saiu do papel), os parlamentares resolveram tirar o pirulito da boca do presidente e fez um corte de 17 bilhões de reais no orçamento. O que a oposição não previu, na minha pobre análise, é que está dando a Lula argumentos para aumentar ainda mais os impostos ou criar um novo para fazer pelo menos algumas obras de maior relev^ncia para jornalistas verem.

 

  • Depois do Zé "horta de cebolinhas" Dirceu abrir o bico para a revista piauí, Delúbio resolveu falar alguma verdade na Justiça. O ex-tesoureiro e testa-de-ferrro afirmou que a cúpula do partido sabia da existência do caixa 2, coisa que ninguém duvidava. O que levou Nilcéia Pitta a entregar o ex-marido? O que fez com que Pedro Collor dedurasse os esquemas do irmão Fernando? Na verdade pouco importa as causas, o que fica claro mais uma vez é que o primeiro a entregar um corrupto são seus sócios arrependidos ou pressionados. Os caciques petistas devem ter abandonado Delúbio à própria sorte. Sentindo-se sozinho, acuado e pressionado, além de ter visto o chefe da gang abrindo o verbo para a revista, Delúbio deve ter tido uma crise de bomocismo. Tomara que a moda pegue e Silvinho e Genoíno, por exemplo, resolvam falar o que sabem também. Aliás, sobre o Genoíno, ouvi sérias acusações de traidor e dedo duro de um lavrador de São Félix do Xingu alguns anos Atrás. Zé Valdir, o agricultor, afirmava o ódio que povo que apoiou a guerrilha do Araguaia tem do Genoíno que, depois de preso, entregou nomes e dados dos companheiros que encontravam-se escondidos. Ele bem poderia repetir a dose agora para o STF.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Pessimista

raiva

 

Não acontecia nada ao seu redor que ele não visse com o pior dos olhos, tudo e todos tinham uma faceta maléfica escondida, segundas intenções escondidas, propósitos inconfessáveis.

Quando criança, evitava jogar bola com os coleguinhas. Olhava o zagueiro adversário e já adivinhava sua intenções em quebrar-lhe a perna. Fora de cogitação jogar de atacante. No meio de campo, no seu time havia um craque, esse não lhe passaria a bola, faria apenas figuração e papel de bobo. No time adversário jogaria o Manolo, moleque revoltado porque os pais vieram embora do Peru sem lhe pedir opinião, aquele moleque encontraria nele o esparro ideal. Nem penar! No gol? Tá maluco? Já notaram como o centro avante deles chuta forte? E se a bola lhe acertar a boca do estômago ou, pior, um pouco mais abaixo? Sem falar que se não se arranhasse todo no areião para evitar um gol poderia ser linchado pelos colegas.

Se era dia de prova, mesmo que tivesse estudado a noite anterior inteira, tivesse a matéria na ponta da língua, sabia que na hora lhe daria um branco. Sem falar que professor nenhum ia com sua cara, lhe dariam bomba só de sacanagem. Nunca tirou menos que sete, mas tinha certeza que os professores estavam esperando a hora certa para massacrá-lo no final do ano. Coisa que nunca aconteceu.

Os amigos o encorajavam a se aproximar de uma ou outra garota que lhe dava bola. Tá Louco? Essas garotas só querem nos fazer de palhaço. Nos conquistam, nos fazem pagar o sorvete, o cinema, as flores o presente de aniversário, fazem juras de amor eterno e, quando menos esperamos, nos deixam na mão, coração partido. Isso se não nos trocarem pelo melhor amigo, aí a gente perde a namorada e o amigo. Conhecia dezenas de casos e não cairia nessa.

Vestibular. Ah, meu Deus do céu, não iria passar. Mesmo tendo sido o primeiro aluno da turma, desde a alfabetização, tinha certeza que não passaria. Queria ser advogado, nem tentaria, era um dos cursos de maior concorrência. Decidira por biblioteconomia, meio candidato por vaga. Embora nada o demovia da idéia de que não conseguiria a pontuação mínima. Se dependesse dele, as vagas não seriam preenchidas. Passou em primeiro, com pontuação maior do que o primeiro de direito. Só havia uma explicação: ou os caras que fizeram direito são muito burros ou a correção dos gabaritos estava errada, imagina... Primeiro?

Cursou sabendo que não conseguiria emprego depois. Conseguiu. Melhor ainda, formou-se no mesmo ano em que o prefeito de sua cidade, de onde saíra para estudar na faculdade, resolvera inaugurar a biblioteca municipal. Voltou para sua terra querida, que mesmo com a instalação de uma fábrica de automóveis e o pólo moveleiro, jamais se desenvolveria, e enumerava as razões para a eterna estagnação do lugar. Errou em suas previsões, mas não dava o braço a torcer: havia dinheiro especulativo naqueles empreendimentos, um dia tudo ruiria ou a Polícia Federal descobriria o esquema, as fábricas seriam fechadas e todos os empregados iriam para a rua da amargura.

Aos quarenta anos, solteirão, cidadão respeitado, bibliotecário-chefe, casa própria, carro do ano, que fundiria o motor a qualquer momento, mesmo ele trocando o óleo e levando para a manutenção todas as semanas, teve um ataque cardíaco.

Prontamente atendido, levado às pressas para o hospital, ditava seu testamento para o enfermeiro. A casa iria para a tia Etelvina, o caro para o primo Hildebrando, a coleção de camisas de clubes campeões (todos por erros dos juízes ou azar dos adversários) iria para o afilhado, o automóvel ( se ainda estivesse funcionando) para o tio Godofredo, o dinheiro da poupança (e não era pouco, guardado para quando surgisse uma grande catástrofe) iria para o orfanato de Irmã Estileide, talvez pudesse salvar da inanição alguma daquelas quarenta crianças assistidas.

No hospital, o diagnóstico. Nada muito sério, apenas uma pequena veia, sem grande comprometimento para o funcionamento do coração, havia sofrido uma obstrução de setenta por cento. Nada que alguns medicamentos, alimentação saudável e repouso não resolvessem. Para ele não estava nada bem, os médicos eram uns incompetentes! Queriam sua morte! Foi atrás de segunda, terceira, quarta opiniões e todas eram a mesma. Melhor desistir, havia um complô. Além do mais, seu plano de saúde se recusava a pagar outros exames iguais.

Viveu muito e bem, embora sempre insatisfeito, temeroso e temendo o pior do mundo.

Há muito haviam esquecido seu nome, tornara-se apenas Urucubaca para os amigos e conhecido. Foi uma surpresa para a maioria quando o padre, na missa de corpo presente, homenageou o morto citando seu nome: Poliano.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

fred

  • Num dia anuncia-se que o desmatamento da Amazônia diminuiu, no dia seguinte anuncia-se recorde de desmatamento. De manhã Lula pede aos ministros para que conversem mais entre si, à tarde Marina Silva e Reinhold Stephanes batem boca. Acreditar em quem? Marina culpa os pastos e o plantio de soja pelo desmatamento; Stephanes nega, embora não explique as causas de tanta derrubada de árvores. Só uma perguntinha: os dois, por um acaso sabem de onde vem boa parte da madeira para a construção civil do Sudeste, Nordeste e Centro Oeste? Os dois e mais o Ibama e a Polícia Federal conseguiram acabar com o tráfico de madeiras nobres, como o mogno, para a Europa?

 

  • Lula pode ser um péssimo administrador, mas politicamente de bobo não tem nada. Quando ele avisou ontem que só subirá em palanques onde houver consenso nas candidaturas entre o PT e os aliados, não está fazendo aqueeilo que eticamente esperamos de um presidente, mas colocando pressão para que os caras se ajeitem. Está lavando as mãos e colocando os amiguinhos numa posição de ou decide ficar juntos ou esquece o cabo eleitoral mor. espertinho, o sujeito.

 

  • O Instituto Consulta Mitofsky divulgou uma pesquisa que coloca Lula em 11º lugar em popularidade entre os presidentes das Américas. A princípio, achei que era bem merecido, mas, lendo melhor os resultados, voltou a tristeza. Embora o cara esteja lá no meio da lista, ainda conta com 50% de aprovação popular. É muito para quem tem esperança de melhoras. Bom foi ver o Uribe, da Colômbia, em primeiro lugar, com 78%. Não por simpatia por ele, mas para poder rir na cara dos chavistas, mais idiotas que os lulistas, embora muito parecidos, quase siameses.

 

  • É, macacada, a Bahia também tem sua Cicciolina. A suplente de vereador em Salvador, Milena Silva, vai sair pela segunda vez nas folhas da revista Sexy. Se os soteropolitanos levarem a sério aquela brincadeira que devemos votar nas putas, porque votar nos filhos já se mostrou um erro, a moça vai longe na carreira política.

 

  • Viram como o PMDB está certinho em não indicar candidato próprio à presidência? Ganhe quem ganhar, os caras continuam no comando e ainda ficam com os ministérios e estatais que contam com mais recursos financeiros. Esses também, de bobos não têm nada.

 

  • Seria até bom que a reunião ministerial de ontem fosse a última ceia, como coparou Lula, e, depois da refeição, crucificassem aquele que estava sentado no meio da mesa.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

amorim

  • Pesquisa da Universidade Federal Fluminense afirma que é mito que haja um aumento de gravidez, abortos e doenças sexualmente ransmissíveis em conseqüência do carnaval. Isso faz sentido. Tá todo mundo se lambuzado na coisa o ano inteiro, o carnaval é apenas mais uns dias iguais aosoutros, com a diferença que a putaria é em frente às câmeras.

 

  • Na reunião do presidente com os ministros realizada hoje, lula cobrou dos companheiros mais conversas políticas. Lula acha que seus cúmplices auxiliares falam pouco sobre o assunto. Na verdade, eu nem imagininava que os ministros conversassem entre si. A admnistração pública federal parece o samba do crioulo doido. Basta ver o que aconteceu no início do mês: Mantega anunciando o aumento de impostos e cortes no orçamento e os demais ministros tontos como baratas que cheiraram detefom, nenhum deles sabia qualquer coisa a respeito das medidas na economia. Antes de conversar mais sobre política, os ministros deveriam conversar com a população, um mero detalhe no país.

 

  • E o Garibaldi diz que os "partidos têm legitimidade para indicar ocupantes de cargos públicos". Caro senador, indicar é uma coisa, o que os partidos fazem é impor e chantagear. A propósito, chantagem não é crime? Eu mesmo respondo: pode ser pra você e pra mim, otários pagadores de impostos, mas para as autoridades, tudo é lícito.

 

  • Um arquidiocese nos Estados Unidos vendeu sua sede para pagar as indenizações às vítimas de pedofilia de alguns padres. Quem diria que um dia o Vaticano dividiria parte de sua riqueza com vítimas da violência...

 

  • Mais uma doença antiga que volta a matar, uma prova que a saúde nacional vai mal, muito mal, com ou sem CPMF: a leishmaniose. A propósito, a doença também é transmitida por picadura de mosquito. Eu tô falando... Cuidado com a volta da varíola (que não é transmitida por inseto), da tuberculose (idem), da poliomielite (idem,idem)...

 

  • Repararam que todos os canais de televisão que noticiaram a morte do ator Heath Ledger apresentaram as mesmas imagens do rapaz, com as mesmas legendas em inglês e os mesmos textos? É o que sempre digo, os jornais não noticiam mais, apenas reproduzem o que as agências de notícias divulgam. Isso é globalização, mermão!

 

  • Ninguém me tira da cabeça que Lobão, antes de assumir o cargo ouviu de Lula : "ó, cumpanhêro, num tenho nada contra sua nomiação, mas o cumpanhêro vai tê que cunversá com a dona Dima primêro". Aí Lobão foi lá conversar com a Dilma eouviu: "eu não vou colocar o presidente numa situação difícil com o PMDB, por isso vou aceitar sua nomeação. Mas que fique bem claro: o senhor é o ministro, mas quem manda sou eu!". Desse modo fica explicado um advogado e jornalista tomar conta das minas e energia do país sem nunca ter usado sequer um interruptor.

terça-feira, janeiro 22, 2008

fernandes

  • George Soros, o homem que se der um espirro gera pneumonia nas bolsas de valores do resto do mundo, disse que o mundo vive a pior crise desde a Segunda guerra Mundial; as empresas listadas na Bovespa já tiveram uma perda de R$ 344,9 bilhões de reais nesses 22 dias de janeiro; a bolsa portuguesa teve uma queda de 16,9% esse ano. É de se assustar. O Fed, banco central estadunidense, promoveu uma queda nos juros, o que deu um pequeno alívio no mercado mundial, mas os especialistas sabem que isso é apenas um paliativo. Por mais que o governo esteja tentando mostrar otimismo, com Mantega dizendo que o Brasil nunca esteve tão preparado para uma crise mundial, as reservas estão altas e o real foi a moeda que teve menor desvalorização diante da crise, todo cuidado é pouco e o medo está à porta.

 

  • Tudo o que acontece de ruim no Brasil é creditado a dois culpados: Lula e a Rede Globo. Comocontragolpe, o governo agora culpa a oposição pelo fim da CPMF. Ora, pois, pois, e o restante da arrecadação crescente? Já prevendo uma arrecadação maior em 2008 do que a de 2007, que foi recorde, já se fala no governo que os cortes no orçamento não serão tão grandes. Estima-se que deixarão de ser cortados R$ 3 bilhões, ou seja, só aí já são quase 10% do valor previsto da arrecadação com a CPMF, caso ela tivesse persistido. O que há, de verdade, é má administração dos recursos, como todo mundo já sabe, menos o presidente que, mais uma vez, não sabe de nada.

 

  • O "barão do pó" da Rocinha, preso essa semana em Alagoas, disse aos policiais que o prenderam que "vocês me ferraram, eu ia fazer um concurso e ia passar". Não é que o cara iria prestar concurso para auxiliar administrativo para o CEFET da Paraiba? Imaginem um dos maiores traficantes do país trabalhando legalmente arrodeado de adolescentes!

 

  • Me responda quem souber: os dez dias de prazo qe o Supremo Tribunal Federal deu a Lula para ele explicar o aumento de impostos já não venceram?

 

  • Deu na Folha: cinco deputados federais acreanos fizeram um passeio de R$ 40 mil pelos rios Juruá e Solimões. Até aí tudo bem, só que o dinheiro é dos cofres públicos e os parlamentares estavam acompanhados pelas respectivas famílias. A justificativa dos safados é que estavam observando as condições das margens dos rios para depois fazerem projetos e leis. Sei... Na região onde o principal meio de transporte é o barco e onde existem mais barcos do que automóveis, os caras tinham que ir justamente de iate? Pior que ler essas presepadas é imaginar que o Ministério público aceitará as explicações e ficará tudo bem.

 

  • A justiça brasileira é tão engraçada que juiz não cassa político corrupto, não prende assassino confesso, não pune menor bandido, mas se dá ao trabalho de proibir jogos para computadores. O juiz que tomou essa medida é psicólogo ou algo que o valha? Foi feita uma discussão abalizada sobre a questão com especialistas como psicopedagogos, por exemplo? O Estado tem essa mania idiota de se meter nas decisões pessoais do cidadão e nigligencia decisões urgentes e necessárias para o bem comum.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

AUTO_novaesjb

  • A bonitona passou numa Mercedes pelas ruas de Porto Seguro. Ao seu lado um rapaz negro. No banco de trás outros dois jovens, também negros. Um taxista, suspeitando de seqüestro relâmpago, liga para a polícia. São destacados três agentes da Delegacia de Apoio ao Turista. Encontram o carro estacionado em frente ao Bradesco. O rapaz, sentado ao lado da motorista está com a cabeça abaixada mexendo em alguma coisa que tinha nas mãos. A policial, assustada, dispara um tiro no pescoço do rapaz. Assustanda, temendo um tiroteio, a motorista arranca cantando pneus. Mais adiante a Mercedes é interceptada por uma patrulha da PM, já avisada. A loura é uma empresária da construção civil; os três negros, incluindo o que fôra baleado, são seus empregados. O rapaz estava habilitando os créditos para o celular que acabara de comprar, a patroa queria telefonar para o filho, no Rio, que havia sofrido uma cirurgia. A policial que havia atirado no rapaz caba de chegar, toma a direção do carro da empresária e ruma para o hospital. No caminho, bate o carro e o jovem morre. Quem está sendo processado? O taxista. Por racismo. É preciso falar mais alguma coisa?

 

  • Por falar em construção civil, senhores empresários do ramo, fiquem atentos. Lula já sinalizou que deve majorar os impostos nesse segmento. Foi só sairem as estatísticas que confirmam que foi o ramo da economia que mais cresceu em 2007. Quem está querendo adquirir sua casa, também se ligue. Com o aumento da IOF e com a sobretaxação que deve cair sobre o setor, vai ficar muito mais caro morar no que é seu.

 

  • Saíram também os dados sobre a educação. Lula (como esse senhor tem um raciocínio rápido, lógico e original!) concluiu que o setor está precisando de mais profissionais qualificados. Será que ele chegou a isso sozinho? Puxa! os dados divulgados pelo MEC são desanimadores. Aliás, os industriais vivem reclamando da falta de mão de obra qualificada para preencher as muitas vagas oferecidas. Para completar o quadro, o país ainda sente os efeitos da cagada que FHC fez ao acabar com os cursos técnicos das Escolas Técnicas Federais, agora CEFET. Lula, mérito lhe seja dado, voltou a ativar esses cursos, mas até que esses jovens se formem, o buraco ficou enorme. Militando no ramo, há anos venho falando da necessidade de uma mudança radical não só nos currículos escolares, mas também no quadro de professores, a maioria sem atualizações, capacitação e salários dignos para a função importante que exercem. Não sou o único a falar disso, gente muito mais importante e capacitada fala melhor que eu, o problema é que as autoridades pouco ouvem o que vem da plebe.

 

  • Lula prometeu um salário base de R$ 850,00 para professores do ensino médio. Depois de negociações, esse piso subiu para R$ 950,00. Excelente salário para quem ajuda a formar os futuros dirigentes, médicos, advogados, engenheiros, fisioterapeutas... O pior é que a classe não está acreditando nisso dados todos os "não acontecerá" do presidente nos últimos tempos que têm sido desmentidos pela prática.

 

  • Na época do escândalo do mensalão, comentei aqui que o PSDB não estava querendo o impeachemnt de Lula, que o levaria em banho maria esperando que ele se queimasse sozinho. Mesmo sabendo que o presidente havia violado a Constituição e as leis, o PSDB, como a oposiçãozinha de merda que é, não mexeu um dedo e ainda aconselhou o então PFL a não se mexer. Agora o Vaca Atolada dá um pouco mais de detalhes sobre o caso, nas palavras do próprio FHC. Confira!

 

  • A pereba na economia estadunidense está se alastrando. As bolsas de todo o mundo caíram hoje, incluindo a BOVESPA, e a Alemanha anunciou um aumento de 2% nos alimentos. Até quando conseguiremos agüentar sem pedir penico? Juro que tô com medo.

domingo, janeiro 20, 2008

Mal Entendido

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- Não foi nada disso, chefe! Logo eu?

- O senhor mesmo, seu Alúcio. Não tem jeito, vamos ter que instaurar um inquérito para depois abrirmos um processo disciplinar, se for o caso.

Do outro lado da porta dona Catênia esfregava as mãos de contentamento, sentia-se justiçada. Como aquele sujeitinho tivera a ousadia de dar-lhe esperanças e depois tirou o corpo fora?

No final de semana anterior havia acontecido a festa de confraternização da repartição. Comida, muita bebida e o indefectível amigo oculto.

Alúcio, o único solteiro da turma e, por isso mesmo, o que tinha a vida mais confortável, casa própria, carro do ano, motocicleta para os finais de semana, casa de praia e todos os luxos modernos úteis ou supérfluos, era também um boa praça. Não discriminava ninguém, tratava todos os colegas com cortesia, dando atenção especial aos subalternos mais subalternos. Dona Catênia, a copeira, tinha dele toda a atenção.

No dia seguinte ao pagamento, sempre trazia uma lembrancinha para ela, para a faxineira, para o zelador... Qualquer coisinha, uma flor, um chocolate, um disco que comprara do ambulante que fazia ponto na entrada do prédio, não importava o valor, era sua maneira de mostrar àquela gente que ela é tão importante quanto o contador o gerente, o chefe que vivia viajando ou “a serviço” na rua.

Festa geral, o presentinho não faltaria. Para Alaôr, o colega a quem sorteara, daria um conjunto de caneta e lapiseira, mas para o pessoal do apoio havia montado uma pequena cesta de Natal com vinho, um pacotinho de amendoim, panetone... Essas coisas. Nada caro, dentro de seu poder.

Entregou os presentes um a um. Abraço, tapinha nas costas, beijinho nas senhoras, tudo dentro da cortesia e no maior respeito.

Dona Catênia, recém separada do terceiro marido, fragilizada e carente, começou a fantasia na postura atenciosa de Alúcio uma pontinha de carinho extra, ele estava de olho nela. O pobre Alúcio, atrás de seu coração bondoso e uma falta de malícia que já lhe pregara peças antes, não percebia os olhares melosos da colega.

Ao entregar a cesta para Catênia foi recebido com um forte abraço, cheio de agradecimentos, “o senhor é um anjo”, “Deus lhe pague”. Falava e abraçava forte, rostos colados. Tentando desvencilhar-se e agradecer pelas bênçãos recebidas de Catênia, Alúcio tentou falar, pulmões comprimidos. Ao balbuciar a primeira sílaba, a orelha de Catênia ficou entre seus dentes.

- Uuuuiiiii... – saiu um “ui” meloso, chamando a tenção de todos.

Desfeito o abraço, o pobre homem percebeu que havia sido mal interpretado, mas não achava jeito de desfazer aquilo. Tentar explicar, desculpar-se, seria apenas uma maneira de reavivar o que para ele havia sido um acidente que logo se dissiparia na alegria da festa que mal começava.

Ledo engano. Catênia o seguiu por toda a noite. Copo de vinho pra dentro e lá ia ela à caça. Alúcio escapava por um lado e logo ela aparecia do outro, copo de cerveja na mão e bandeja de salgadinho na outra oferecendo os petiscos e a si própria. Alúcio fazia de conta que alguém o chamava do outro lado do salão e escapava, logo ela reaparecia pelas costas, copo de champanhe na mão e rosa vermelha retirada da decoração nos cabelos. Alúcio fingia a necessidade de ir ao banheiro. Demorava-se, espiava pela festa da porta entreaberta, esperava Catênia afastar-se para bem longe e saía de fininho. Como um ectoplasma, ela materializava-se à sua frente, copo de caipirinha na mão e uma coxa de peru na outra.

Só tinha um jeito, sair à francesa e rezar para que na segunda-feira tudo fosse passado, a ressaca moral da copeira tivesse passado, todos fizessem de conta que nada havia acontecido, enfim, vida normal. Mais um devaneio do ingênuo.

De manhã foi acordado pelo telefone. Era Catênia, insinuante, com voz embargada pelo álcool, havia acabado a farra naquele instante.

- Lulu, perdi minha carteira na festa – e soltava uma gargalhada – tô sem dinheiro pra ir pra casa. Não tem um cantinho na sua cama pra eu dormir?

Tudo, menos isso!

Delicado como é seu hábito, Alúcio desculpou-se, explicou o mal entendido, que não haveria romance... Mais de duas horas para demovê-la daqueles propósitos libidinosos. Deixou-a chorando, mas entendendo que nada havia, haveria ou deveria haver entre os dois. Agora, sim, ficaria tudo bem. Não ofendera, fora um cavalheiro.

Um dia ele aprenderá! Um dia...

Dona Catênia não é daquelas pessoas que convivem bem com a rejeição. Chegou antes de todos ao trabalho na segunda-feira. Montou plantão à porta do gabinete do chefe. Assim que seu Argemiro chegou, recebeu o relato de que a pobre e chorosa copeira havia sido assediada pelo inocente Alúcio, que este lhe prometera mundos, fundos e cheiro no cangote.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

AUTO_leite

  • A classe média carioca criou seu próprio "cansei" e insurgiu-se contra o IPTU. Gostei disso, mesmo imaginando todos os desdobramentos que isso pode ter, tanto politicamente quanto nos serviços de urbanização, saneamento, transporte e outros tantos. Mas, cá pra nós, levando-se em conta o que César Maia vem fazendo pela cidade, a população tem mais que razão em se insurgir.

 

  • Anotem aí: Fidel não emplaca 2009. A previsão é fácil uma vez que Lula disse que ele está bem e pronto para voltar ao comando da ilha. Se Lula falou, podem apostar no contrário. Aliás, o próprio Fidel disse que a falta de saúde não lhe permite voltar às atividades da presidência. Tá uma disputa ferrenha entre Lula e Chávez para saber quem fala mais besteiras.

 

  • Dengue, febre amarela e agora difteria. Ainda bem que sou vacinado contra varíola e tuberculose.

 

  • Todo mundo já sabia desde dezembro, mas só agora o novo ministro das Minas e Energia tomou conhecimento que as tarifas de energia elétrica "podem" sofrer um aumento. Se não me engano, essa tarifa tem crecido mais que a inflação nos últimos anos. Em 2008 ela já foi majorada para a indústria. Lobão deve estar estranhando que o cidadão comum ainda tenha que pagá-la, uma vez que tem suas contas pagas há décadas pela viúva.

 

  • Nossa imprensa é divertida. Dois sites anunciam a mesma coisa de maneiras diferentes. Um diz: "Maurício de Sousa apresenta a mascote do centenário da imigração japonesa", enquanto outro fala: "Lula apresenta a mascote do centenário da imigração japonesa". Está subentendido.

 

  • O Ministério Público Federal arquivou o processo contra a chefe da Secretaria Especial de Política dde Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que em 2006 declarou que "não é racismo quando um negro se insurge contra um branco". O MPF disse que não há racismo nessa frase. E se tivesse sido dita por um branco na forma de "não é racismo quando um branco manda num negro", seria racismo? Lógico! Todo mundo cairia de paus e pedras no lombo do sujeito, e com toda razão. O que é necessário para se caracterizar racismo para essa gente? Seria necessário a ministra chicotear um branco, amarrá-lo a um tronco e pendurar-lhe no pescoço uma plaqueta do tipo "branco sujo tem que morrer"?

 

  • Recorde de R$ 602 bilhões em 2007. Ok! Arrecadação de R$ 37 bilhões só em CPMF. Ok! A CPMF responde por pouco mais de 6% da arrecadação. Aí fica a pergunta: o que foi feito com os outros 94%? O Brasil tem R$ 1 bilhão para "investir" em Cuba. Lobão tem carta branca para admitir quem quiser em seu brinquedinho novo, o Ministério das Minas e Energia, mas ninguém fala que os assessores do ex-ministro serão demitidos. O governo quer ampliar a bolsa-família para jovens até os 17 anos. Mesmo assim Mantega e sua gang ainda reclamam da falta de dinheiro? Parecem playboys filhos de pais ricos, se não tiverem um carrão do ano a cada ano se rebelam, não vão mais à faculdade particular, chegam bêbados e cheirados todas as madrugadas e ainda reclamam que a vida tá uma merda.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

deixa o mato cobrir
deixa matar
             o mato
deixa o anjo voar
deixa voar
             a anjina
deixa tudo no lugar
deixa alugar
             o tubo
tem de deixar
a gueixa chorar
             a queixa
deixa a ameixa melar
deixa beijar
             a ameixa
bate o queixo no seixo
bate a flecha
             o queixo

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Tudo Errado

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Tão bonita... Vinte, vinte e um anos, estudante de psicologia na universidade federal, cheia de sonhos e de futuro, fazia ponto pelos bares da Avenida Nossa Senhora de Copacabana por falta de emprego melhor e para ajudar os pais que já não conseguiam arcar com as suas despesas em livros, transporte. Não conseguiam sequer pintar o casebre em que viviam em Bonsucesso.
Isso e mais, Suzeide me contara no quarto de hotel, os dois sentados na cama tomando cerveja do frigobar.
Ela sabia que era a prioridade para os pais desde a infância. Depois da morte do irmão que se metera em coisa errada e, drogado, resolveu peitar uma patrulha armada da PM, Suzeide passou a ser o maior e único cuidado, o alvo de todos os carinhos, o orgulho e preocupação dos pais.
A encontrei por acaso. Aliás, a princípio pensei que fôra acaso, mas agora já vejo no esbarrão que ela me deu um pretexto para buscar conversa e, talvez, um cliente. A distância entre as mesas era grande o suficiente para passarmos os dois ao mesmo tempo, sem ao menos nos tocarmos. Ela abriu um sorriso, o mais lindo sorriso que vi naquela cidade que eu sonhava conhecer desde menino, pediu desculpas, também me desculpei, tentando ser galante eximindo-a de culpa.
    - Você está sozinho?, ela me perguntou.
    - Estou. Quer me fazer companhia?
    - Você me paga um drinque? - Até aquele dia, "drinque" era, pra mim, palavra de novela.
Levei-a à mesa, cavalheirescamente puxei a cadeira, sentei-me de frente para ela preservando a distância respeitosa.
Eu bebia uísque com gelo, tentando impressioná-la, pagando cara por dose. Encantado por seus olhos negros e o sorriso que não se apagava, seu sotaque chiado e os cabelos que não paravam quietos, balançando a cada toque da brisa salgada que atravessava a avenida, pouco me importava o preço da bebida. Aquela noite poderia ser a última do mundo que pouco me importava. Os anos de preparativos e economias para conhecer o Rio estavam valendo, aquela mulher apagava todos os anos de planejamento.
Ela bebia suco de limão, aos pouquinhos. Um gole dela para cada duas doses minhas.
Quando voltei do banheiro, encontrei Suzeide sentada na cadeira ao lado da minha.
    - Sentei mais pertinho de você, assim te ouço melhor.
Nem seus erros de concordância, coisa que me enervava em outras pessoas, tinham importância. Por mim ela poderia rasgar a gramática sobre a mesa e tocar fogo, eu nem ligaria.
Ela me falava das maravilhas da cidade, que me levaria para passear no bondinho de Santa Tereza, iríamos à praia em Ipanema, conheríamos o interior do Teatro Municipal, onde ela ainda não entrara, participaríamos de uma roda de samba sob os Arcos da Lapa... Eu aproveitava por antecipação os passeios na companhia da anfitriã perfeita.
Me sentindo meio grogue, mas não querendo ir embora, fui despertado pela sua mão em minha coxa.
    - Você é tão diferente dos outros homens que conheço. Não me cantou, não me convidou para ir a um lugar mais tranqüilo... Ficaria conversando com você a noite inteira. Mas está com a cara tão cansadinha. Onde você está hospedado?
    - No Max Hotel, logo ali, duas quadras daqui.
    - Vou te acompanhar até lá. A barra aqui é meio pesada, turista não pode dar mole, não. Ainda mais bebinho assim como você tá.
    - Já? Tá querendo ir embora?
    - Não, fofo, com você eu ficaria aqui até você cansar. Mas amanhã de manhã nós vamos à praia, esqueceu?
    - É, você tem razão. Amanhã será um longo e ótimo dia.
Paguei a conta e saimos de braços dados em direção ao hotel. Ela guiando meus passos bêbados entre risadas.
Não estranhei o porteiro dar uma piscadela para ela enquanto me entregava a chave do apartamento. Quando voltei para me despedir, ela se ofereceu para me acompanhar até o quarto. Não aceitou minha dispensa, eu estava bêbado, ela não se perdoaria se eu levasse um tombo e me machucasse. Tão atenciosa, tão carinhosa.
Entrou no apartamento junto comigo, oitavo andar. Ficara chateado de não terem me conseguido um quarto de frente para o mar. Agora já não ligava.
Me ajudou a tirar os sapatos, me deitou na cama sentando-se ao lado. Começou a contar sua vida, a infância pobre, as brincadeiras na rua, a morte do irmão, o sofrimento dos pais, o vestibular e que agora se prostituía para sobreviver e dar algum conforto para os velhos.
Nunca havia conversado com uma prostituta e aquelas certezas que o pastor dava que prostitutas eram enviadas de Satanás para tentarem os homens para o pecado, não me pareceram verdades. Ela era apenas uma pobre criança sem alternativa e que agora retirava o sustento da única coisa realmente sua: o corpo.
Sentado na cama, eu me esforçava para ficar desperto e mostrar interesse no que ela me dizia. Mas o álcool e o cansaço da viagem, sete horas de avião, atraso no aeroporto e a euforia de estar na cidade dos meus sonhos, venceram. Adormeci sem desejar.
Acordei incomodado com um vento frio que atravessava minhas roupas. Lembrei dela e me sentei sobressaltado. Havia ido embora? Voltaria pela manhã? Tonaríamos a nos ver?
Entorpecido com aquele sonho de olhos abertos, vi a porta da varanda aberta. Por ali entrava o vento frio. Levantei-me para fechá-la para depois voltar para a cama e sonhar com Suzeide. Levei um susto ao vê-la ali, na varanda. Não fora embora? O que fazia ali tão quietinha? Antes de perguntar qualquer coisa, ela também assustada ao ver-me de pé, virou-se escondendo um grito, em suas mãos uma carteira, a minha carteira. Levei a mão direita ao bolso de trás da calça, onde a guardara para certificar-me que era a minha. Entendi mais pela reação dela, tentando esconder a carteira das minha vista, do que pelo raciocínio lógico.
    - Você está me roubando?
    - Afasta de mim senão eu grito.
    - Devolve isso aqui!
Nos atracamos na varanda. Ela gritava e afastava as mãos das minhas mãos, segurando a carteira com uma das mãos e meu dinheiro e os cartões de crédito com a outra. Eu gritava, ela gritava. Eu não queria tocá-la, queria meus pertences de volta.
Para afastar-se mais, ela subiu na murada, desejava passar para a varanda do apartamento ao lado. Aproveitando sua preocupação em fugir, peguei a carteira com a mão esquerda e o dinheiro e os cartões com a direita. Ela tenta pegar de volta, escorrega na amurada e despenca no abismo. Nenhum grito, apenas um vôo silencioso interrompido pelo barulho surdo no calçamento do estacionamento, bem entre dois carros.
Apavorado, o raciocínio entorpecido pelo álcool que diluia-se rápido na adrenalina, não pensei duas vezes. Fechei a porta da varanda, joguei as poucas coisas que havia tirado na mala dentro dela novamente, saí em direção às escadas. Enquanto descia, imaginava como sair do hotel. Mandar fechar a conta àquela hora da madrugada, seria, pelo menos, muito estranho, ainda mais que eu tinha uma reserva para cinco dias; o porteiro havia visto Suzeide subir comigo, estranharia ela não descer junto; e se já tivessem achado o corpo? Ao chegar ao térreo, percebi que haviam duas portas, uma que dava para o saguão e outra, provavelmente, para as dependências de serviço. Saí por esta. Olhei no relógio, duas e meia. Passei pela cozinha, onde havia um sonolento cozinheiro escorado no balcão, dormindo em pé. Sem ruído, continuei em frente. Outra porta e a lavanderia. Uma porta à esquerda, o estacionamento. Lá no fundo, entre dois carros, uma sombra disforme, poderia ser confundida com um saco de lixo nao penumbra. Pensei em ir lá e me certificar que ela estava morta. Melhor não, sem perda de tempo. Como era um hotel simples, não havia manobrista. Segui pelo beco lateral, entrada dos carros, um portão sem trava, e me vi na calçada.
A um quarteirão dali havia visto um ponto de táxi. Passo acelerado, mas tentando aparentar naturalidade, me dirigi para lá. Para onde ir? Minha passagem de avião estava marcada para dali a cinco dias, se eu a remarcasse... Melhor não. Ao entrar no hotel, fizera minha ficha e os dados eram todos reais: nome, endereço, cidade... A polícia checaria o aeroporto logo de cara. A rodoviária!
O primeiro ônibus só sairia às cinco horas, para Juiz de Fora. Era um bom destino. Eu nunca tinha ido a Minas, jamais me procurariam ali. De cidade em cidade, desviando rota, eu voltaria para casa. Teria bastante tempo para inventar uma história, criar um álibi. O pessoal do hotel não reclamaria de calote, havia pagado três dias com antecedência, dois dias de lucro para o Max Hotel.
Não consegui dormir durante a viagem. Criava estratégias de fuga e desculpas, mas logo as descartava, não pareciam verossímeis. Rezava pela alma de Suzeide e pedia perdão aos seus pais, que agora eu imaginava nem existirem, a ladra tinha inventado outra vida para me sensibilizar. A viaja era longa, não chegava a nenhum lugar. Ainda tinha essa parada em Três Rios.
O que eu não esperava, senhor delegado, era que a polícia do Rio fosse tão eficiente.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Capão, outras histórias

pi_capao

Caro Valter, acabo de devorar seu Capão, outras histórias.
De cara a boa impressão despertada pela orelha da profesora Elisa Guimarães, da UFPA, minha escola numa terra deliciosa de gente interesantíssima. Deu saudade.
No Prefácio, minha única discordância ao ler "não podemos colocar o personagem em lugares (...) por onde nunca andamos". Em meus escritos tenho o hábito de imaginar meus personagens em lugares onde jamais pisei, talvez uma projeção do viajante que dorme dentro de mim. Posso citar melhor exemplo ainda: Budapeste, de Chico Buarque. O autor jamais havia estado naquela cidade, mas toda a trama se desenrola ali. Quando, por convite dos seus editores, foi conhecer a cidade, Chico admirou-se como havia encontrado lugares tão parecidos com o que imaginara, até mesmo uma rua com o mesmo nome da rua por onde passara seu estupefato herói. No caso do seu Capão, por se tratar de narrativa real, não de ficção, entendo seu ponto de vista, mas não concordo com a firmativa como absoluta.
Já a partir da Apresentação, começa uma apreensão, uma tensão sobre aquilo que leremos a seguir. E essa apreensão é justificada pela narrativa. Ambiente hostil, seres humans que agem de uma maneira que só os humanos conseguem agir. Frieza, maldade, crueldade... São ingredientes minorados pela face humana, pelas histórias, nem todas mal sucedidas, como a do cobrador que tornou-se empresário, de empregado a grande empregador. A linearidade objetiva nos faz compreender de onde vem certa parte da criminalidade.
"O quê que a polícia vem fazer aqui?", a frase do personagem justifica-se pelos esculachos sofridos por aqueles que deveriam apoiar, dar segurança e não extorquir e fazer cumplicidade com os bandidos que atormentam. Lei da selva, selva de concretos ou tijolos aparentes; lei da selva no meio da metrópole.
As frases curtas e diretas demonstram um enorme poder de síntese. Não divagam sobre o ambiente, vão direto à ferida e a cavucam, expondo os nervos de um sistema corroído. Não tiram do leitor o foco da histórias, ou melhor, histórias, todas elas. Não bastasse a linguagem das ruas, tão reais, quase palpáveis.
Espero que o autor e "Dona Elisa" não tenham levado para o litoral as noites despertadas no susto e que seus dias sejam mais tranqüilos. Moldaram-se à realidade da vizinhança para sobreviverem às catástrofes que os rodeavam, não somente por eles, mas pela segurança dos filhos que seguem o mesmo caminho, imagino eu, convivendo sem intimidade, mas contando com o respeito da marginália. Lei da selva...
Parabéns pela "reportagem" tão dura, embora quase poética, e sucesso nas vendas. Mais e mais gente precisa conhecer tal narrativa.
Abraço.

terça-feira, janeiro 15, 2008

tiago

  • Fizeram esse vídeo de sacanagem, lógico. Seria apenas uma brincadeirinha. Mas eu vi aqui a comprovação de que o medo que nós temos do desconhecido é, definitivamente, um instinto animal. O bicho-homem é que racionaliza e resolve lutar contra seus males de raíz, e isso é muito bom quando é eficaz.

 

  • A OAB está defendendo o financiamento público de campanhas eleitorais. Se isso vier a acontecer, fico imaginando de onde sairia a grana, uma vez que temos eleições a cada dois anos. Para se ter um exemplo, no Amazonas, onde o número de candidatos é pequeno em relação aos estados mais populosos do Sudeste e Sul, a campanha esse ano está avaliada em 500 milhões de reais. Para bancar essa farra, seria necessário se criar um novo imposto, óbvio. Aí fico imaginando o nome que se daria ao monstrino, até daria uma sugestão, CPMF: Contribuição Permanete para a Manutenção da Farra. Quem é a favor argumenta que o financiamento público evitaria abuso de poder econômico e caixa dois. Pobrezinhos que nos acham ingênuos. Nada impediria, ainda mais com essa fiscalização feita por telefone que é feita no Brasil, que "amigos" do candidato fizessem uma campanha paralela, "sem o conhecimento" do candidato. Bobagem!

 

  • Guga disse que vai se aposentar no meio do ano. Sem querer tirar sarro do cara e respeitando su passado brilhante, mas eu pensei que ele já estava aposentado há uns três anos.

 

  • Saiu hoje no G1 que pecuaristas baianos estão enfrentando uma praga de gafanhotos e cigarrinhas que destroem os pastos. Isso é verdade e um dos culpados por essa praga é a monocultura do eucalipto em boa faixa do extremo sul do estado. Como esses bichos não vivem entre os eucaliptos, assim como os carrapatos, e as fazendas de gado estão cercadas por eucaliptos por todos os lados, as pragas se concentram nas áreas de pasto. Isso gera um aumento nos custos de produção de carne e leite o que significa que esses produtos deverão sofrer um aumentozinho. Se bem que, pelo menos a princípio, eu espero, seja apenas na microrregião, não tendo reflexo nospreços dos outros estados.

 

  • Começamos pelo óbvio: Aécio apóia a candidatura de Alckimin à prefeitura de São Paulo. Quanto ao pacto com o DEM é outra conversa, nada que uns cargos depois não resolvam. Com Alckimin eleito, e ele teria boas chances, Aécio só teria Serra pela frente e aí veríamos a reedição da briga interna no tucanato para ver quem seria o candidato do partido para a presidência em 2010. Aécio de bobo não tem nada.

 

  • Lobão tem como suplente o filho Lobãozinho. Como é bem do feitio da curriola de Sarney, Lobãozinho está enrolado com as leis. É acusado de sonegação de R$ 42 milhões e do uso de laranja, a empregada doméstica e mãe de seu sócio numa distribuidora de bebidas. Mesmo mais sujo que fralda de bebê cagão, nada impede que o rapaz possa assumir o lugar do pai quando esse assumir o Ministério das Minas e Energia. É mais um exemplo da benevolência da legislação brasileira para com a bandidagem.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

clayton

  • O ministro da Justiça, Tarso Genro afirmou que quem decidirá o candidato do governo em 2010 será Lula. Cá pra nós, nunca Lula definiu essas coisas. Isso faz parte da estratégia petista, desde há muito, de manter a vaidade de Lula e mexer os pauzinhos por baixo dos panos. Foi assim que Genuíno, Dirceu, o próprio Tarso, Delúbio e todos os outros da corrente mandaram e desmandaram, fizeram e desfizeram. Mantém Lula como boi de piranha, e ele adora os holofotes, e nos conchavos e negociatas decidem os rumos do partido, do governo e de tudo o mais. Quando a bomba estoura, Lula, que é quem tem mais credibilidade dentre todos diante do povão, arruma uma desculpa esfarrapada e fica tudo como dantes no reino de Abrantes. Lula é um fantoche por vontade própria, boi de piranha.

 

  • Os jornais, tanto da net quanto televisivos divulgaram nesse final de semana uma grande descoberta da ciência: o Sol faz bem à saúde e é o responsável pela sintetização da vitamina D no organismo. Até agora estou encafifado tentando descobrir que interesse existe por trás disso. Explico porque: que nenhum alimento contém vitamina D e que os raios solares, incidindo sobre a pele, é que faz a sintetização dela, eu já sabia desde a minha quinta série e não é porque sou um gênio, mas por constar nos livros didáticos de ciências. As mães são aconselhadas, há séculos, a levarem seus bebês a pegarem um solzinho no início da manhã não é à toa. Será que a indústria de cosméticos, filtros solares, bronzeadores e que tais, sentindo a repercussão negativa dos noticiários sobre aumento no buraco na camada de ozônio, aquecimento global e mudanças climáticas está dando sinais de diminuição nas vendas?

 

  • Uma amiga petista me mandou um e-mail otimista com o projeto de lei que prevê a criação da bolsa-aborto. Esse benefício, de um salário mínimo, seria ofertado para a mulher que ficar grávida depois de um estupro até que a criança faça dezoito anos. Os autores do projeto, que ela não cita no e-mail, justificam a medida por acharem que ela é bem mais benéfica que o aborto. Quer dizer, um bandido estupra, a vítima engravida e todo brasileiro se torna mantenedor da criança? Hoje descubro mais um projeto de bolsa: o bolsa-prenha. Toda menor de idade grávida terá direito a uma bolsa de 50 reais, podendo ser majorada para 100 reais se a pequena prenha comprovar que está matriculada e estudando. Esse projeto é da deputada federal Jusmari Oliveira, do PR-PA. Quer dizer, essa jovem pode ter pai e mãe que não lhe dão orientação sexual, dá uma trepadinha escorada nos muros da escola depois da aula, emprenha e todo cidadão brasileiro se torna mantenedor de sua cria mal criada? O que vejo de comum entre os dois projetos, além do assistencialismo oficial, é a punição a qualquer cidadão que caia na besteira de nascer no Brasil. O estuprador e o pai irresponsável podem ficar tranqüilos, não terão que pagar pensão, o brasileiro idiota está aqui para sustentar seus filhos, independentemente de ele próprio, o contribuinte, ter dez filhos famintos em casa. O pior é que esses dois projetos podem ser aprovados, para a danação geral da nação. E olha que nem falei nas fraudes que poderão acontecer.

topdesk

A Luma me passou essa meme (a cada dia inventam uma nova...). "Como está sua área de serviço?". Taí. Uma foto que tirei do nascer do Sol na Costa Dourada no final de 2007 e os ícones "meus documentos", "meu computador", "meus locais de rede", "lixeira", "internet explorer", "Adobe Reader 8", "Avast! Antivírus", "Google Updater" (que estou conhecendo e tentando descobrir suas vantagens), "Picasa 2", "Windos Live Mail" que é a ferramenta que estou usando agora para postar no blog, simples e com recursos suficientes para um manicaca como eu, "atalho para Skype", "Aulete digital" um dicionário, se não excelente, muito bom que o G1, portal de notícias da Globo, está ofertando de graça e, como eu costumo escrever com um dicionário ao lado, esse Aulete é uma mão na roda, "CCleaner", "eMule Plus", "Flock" que é um filho do Fire Fox que tenho usado bastante, "Irfan View" o meu manipulador de imagens preferido, "Velox", "Windows Live Mail" que é meu e-mail para os chatos e pouco íntimos, o oficial e predileto é o Gmail, e "WLinstaler". Missão cumprida, Luma, mas não passarei adiante. Quem quiser, dê continuidade.

sábado, janeiro 12, 2008

Vodu

blood-voodoo

O Mata Azul era um daqueles milhares de restaurantes de beira de estrada que proliferam Brasil a dentro. De ninguém sabe onde uma povoação foi-se formando ao seu redor. Atraídos pelos caminhões e, aos poucos, os carros de passeio, começaram a brotar do chão borracheiros, mecânicos, vendedores ambulantes que seguem os ônibus onde quer que eles vão, mascates... O casario brotava de madeira, depois o de tijolos sem engenheiro ou arquiteto, apenas argamassa e suor.
Uma das primeiras edificações foi de um negro calado, cabelos já grisalhos e que pouco falava o português. Por não conseguirem entender seu nome, Toussaint Dessalines, não demorou a receber o apelido de Tutu. Os poucos e depois muitos moradores chamavam-no de gringo, uns diziam que era “americano” (para os poucos letrados, todo estrangeiro é “americano” ou, simplesmente “gringo), outros mais “estudados”, talvez por terem concluído o primário, identificavam o sotaque alemão ou argentino. Não desconfiavam que Tutu era haitiano, fugido de seu país para não acabar no paredão de Papa Doc, não por questões políticas, mas porque combatia o vodu que o ditador utilizava para aterrorizar os adversários, que Tutu chamava de “vodu negro”, praticando o “vodu branco”.
Toussaint fazia os despachos para qualquer cidadão que o procurasse, desde que não tivesse a intenção de ferir outras pessoas e gratuita e prazerosamente quando era para desfazer um feitiço ou uma praga rogada por Papa Doc ou seus feiticeiros particulares.
Tendo sua cabeça colocada a prêmio, embarcou clandestino num navio que partia para a Colômbia. Mas era perto demais de seu país, os braços longos do déspota o alcançariam com facilidade naquele litoral. Embrenhou-se na mata, caminhou dias, comeu raízes e carne de macacos, cobras e aves, qualquer ave. O muito dinheiro que levava no embornal, economias angariadas por anos, de nada serviam naquele inferno de insetos, umidade e calor. Atravessou rios, subiu e desceu montanhas, abriu picada no peito e na força do facão cego do qual não se separava e hoje se encontrava pendurado na parede da sala como um troféu.
Sem relógio ou calendário, perdendo a conta dos dias há muito, não sabe por quanto andou e nadou sem ver viva alma humana. As animais que pôde, separou do corpo e comeu a carne. Um dia, já quase entregando os pontos e se deixando morrer, deu-se naquela estrada. Amolou o facão numa pedra e com ela raspou a barba e cortou a cabeleira já enorme e cheia de nós. Precisava estar o mínimo apresentável quando encontrasse civilização. E tudo o que viu parecido com civilização foi aquele restaurante de paredes de madeira recém pintadas de azul.
Ressabiado, entrou e pediu um copo com água em seu francês acreoulado.
- Eau, s’il vou plaît.
- Coméqueé?, Radovânio levaria o resto da vida contando para os amigos como aquele homem havia aparecido por ali com a língua enrolada e falando “ou, sivuplé”.
Também não entendendo a interrogação do balconista, Toussaint fez-se entender por gestos.
- Água? Tu tá querendo água?, esforçava-se para entender e atender o visitante.
- Oui! Água!, foi a primeira palavra em português aprendida pelo haitiano.
Tomada a água, meteu a mão no bolso, onde havia tomado o cuidado de separar algumas cédulas de gourde.
- Ê, moço, esse dinheiro não serve aqui, não.
Enquanto falava, Radovânio gesticulava abanando as mãos em negativa e empurrava a cédula de volta ao dono. Sem entender as palavras, mas compreendendo a negativa dos gestos e a cara desgostosa do homem que o atendia, Toussaint retirou o restante das muitas cédulas da bolsa mostrando-as para o vendedor, deixando claro que só tinha iguais àquela que apresentara.
- Não vou cobrar a água, não, moço. Falava e gesticulava Radovânio. A palma da mão voltada para baixo e os dedos abanando de dentro para fora, como se enxotam os animais, indicava a porta.
Sem arredar pé, Toussaint alisava a barriga e apontava para a boca, o mundialmente conhecido sinal de que tinha fome.
- E vai pagar com o quê? Esse dinheiro não paga nada aqui. Nem sei que dinheiro é esse.
A necessidade ensina o sapo a pular. Percebendo a rejeição de Radovânio, o negro correu para uma vassoura e fez arremedos de que varria o salão, que limpava a mesa, arrumava a cadeira... O dono do restaurante compreendeu. O visitante se propunha a trabalhar para pagar a comida com trabalho. Como se encontrava sem ajudante e a mulher o deixara, de jeito nenhuma iria para aquele lugar nenhum, viver no meio do mato por conta de um restaurante que sequer sabia se teria clientela, a troca foi aceita.
Por muito tempo o escambo era a relação entre os dois. Nas horas vagas Radovânio ensinava o português necessário para o ajudante: arroz, feijão, água, prato, copo, talher... E lhe dava almoço e janta, o que sobrasse dos clientes ocasionais. Por sua vez, Touissaint varria, lavava a louça, limpava os banheiros, atendia a freguesia, cozinhava aprendendo a usar os temperos locais, com menos pimenta do que era hábito em seu país.
Nas horas vagas o haitiano usava as ferramentas do patrão e derrubava mata e serrava tábuas, aos poucos ia construindo sua casinha. Depois da casa levantada, ocupou-se da horta. Cercou o terreiro e aproveitava as sementes que sobravam na cozinha do restaurante. Tomate, cebolinha, coentro, mamão, pimentão... Não demorou muito para tornar-se fornecedor de vegetais para Radovânio.
Ia se independendo até o dia em que deixou de vez trabalho de faz-tudo. Já haviam outras casas e comércios instalados. Tutu aumentou seu quintal e sua horta, passava a ser fornecedor verduras e legumes para todas as casas. Já não precisava mais caçar e colher para comer. O tempo, porém, era pouco para cozinhar. Agora quem precisava de auxiliar era ele. Roçar, adubar, semear, regar, tratar dos besouros e lagartas, tudo aquilo tomava muito seu tempo. Passou a comer no Mata Azul.
Todo dia sentava-se à mesma mesa, comia, descansava uns minutinhos, pagava pelo prato e voltava para a lida.
A população aumentava dia a dia. Crianças nasciam, homens envelheciam e todos, vez por outra, adoeciam. Relembrando seus tempos de curandeiro, passou a encomendar ervas aos caminhoneiros, passava a ser o médico. Por isso admirado e respeitado.
Anos e anos na roça, recebendo a visita dos doentes e sentando-se à mesma mesa para as refeições.
O negócio de Radovânio também crescia. O povoado e os passantes lotavam o lugar.
Um dia, casa cheia, Toussaint encontrou sua mesa ocupada, assim como as demais. Escorou-se no balcão e esperou. Vagou a mesa. Quando se dirigia a ela, Radovânio o impediu.
- Espera aí, Tutu, tem cliente na sua frente.
Tutu sabia que não era verdade. Tentou argumentar, mas foi ignorado pelo ex-patrão que o empurrou com a mão no peito e, cheio de mesuras, levou para a mesa dois caminhoneiros recém chegados.
O haitiano não discutiu, não reclamou, nenhuma reação. Saiu do restaurante e limpou os pés no carpete da entrada, ciscando para dentro da casa, coisa que normalmente se faz ao entrar, não ao sair. Ao mesmo tempo que ciscava, retirava um pozinho marrom do bolso da calça e o jogava no tapete, atirando-o depois para o lado de dentro com os pés.
Da rua, quem passava pela porta de sua casa o ouvia cantando uma música esquisita em língua desconhecida.
No dia seguinte houve um acidente com a cozinheira do Mata Azul, queimadura grave. No segundo dia um cliente contraiu uma infecção intestinal após almoçar e morreu mesmo após tomar um chá feito por Tutu. No terceiro dia o novo ajudante de Radovânio tropeçou nas próprias pernas derrubando toda a refeição no peito de um matador que estava de passagem para fazer um servicinho numa cidade próxima. O pobre rapaz foi assassinado com um tiro na testa. No dia seguinte, uma pernamanca do teto arrebentou e parte do telhado despencou sobre uma das mesas, ocupada por uma família que se dirigia para uma pescaria, nenhuma vítima fatal, mas um tremendo prejuízo para o dono que teve que pagar as despesas médicas da família machucada. No quinto dia o restaurante não abriu, não havia dado tempo para se consertar o telhado. No sexto dia, novo incêndio. O fogão a lenha rachou e as brasas se espalharam pelo chão de madeira já seca depois de anos de uso. Não deu tempo sequer para que os baldes de água que todos os vizinhos traziam afobados fossem jogados nas chamas. O fogo espalhou-se como se num palito de fósforos.
De sua varanda, sentado na cadeira de balanço, Toussaint olhava a cena de desespero com um sorriso leve nos lábios ocupados com um cachimbo fumegante.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

AUTO_dalcio

  • Edison Lobão nas Minas e Energia? Isso está a cara do Sarney, de quem Lobão sempre foi fiel escudeiro. Qualquer partido mais responsável, se é que isso existe, exitaria em pegar esse ministério às vésperas de um apagão anunciado e negado, mas com a cara-de-pau dos peemedebistas, o que vale é o cargo e as verbas. O povo é apenas um detalhe.

 

  • Por incompetência, falta de profissionalismo e de criatividade, já estão discutindo uma nova CPMF. Aí vem a pergunta inevitável: se o imposto for criado, os impostos e taxas que foram reajustados para compensar a perda da antiga CPMF recuarão? Algo me diz que não. Esse governo é o mais guloso que a república já conheceu e o mais perdulário também.

 

  • As contas energia elétrica deverão sofrer um reajuste alto. A justificativa é o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. E as ditas tarifas sociais, também aumentarão? Lógico que não, afinalde contas são as classes mais pobres que bancam o governo nos votos. Isso significa que a classe média, mais uma vez sustentará as ditas políticas sociais, que eu prefiro chmar de assistencialismo oficializado.

 

  • Olha só as entidades e intelectuais que assinaram o manifesto apoiando os aumentos de impostos: D. Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra; D. Demétrio Valentim, da Comissão de Justiça e Paz da CNBB; João Pedro Stédile, do MST; Plínio de Arruda Sampaio; Fernando Morais; Marcelo Crivella... Mais seis motivos para eu ser contra.

 

  • Sarckozy já está com um aumento enorme em sua impopularidade, na França. O pior é que nem é por causa de sua linha política, mas por causa da namorada. Os franceses não têm aceitado bem o fato do presidente namorar uma italiana. Estão nacionalizando o amor. Agora, cá pra nós, essa Carla Bruni deve ser o que as revistas de fofoca chamariam de maria-holofote. A mulher namorou o Eric Clapton, em quem deu um chifre para ficar com Mick Jagger que teve seu casamento de 21 anos com Jerry Hall acabado por causa da escapadela. Depois ela namorou Donald Trump, Kevin Costner, também divorciado depois da traição... Pelo visto, ela agora promoverá o divórcio de Sarckozy com seu país. Mulher perigosa.

 

  • Ponto para Chávez! Até Bush, mesmo contrariado, teve que aplaudir el loco. Depois daquele carnaval que acabou em frustração, em dezembro, dessa vez, na surdina Chávez conseguiu o regate de duas reféns das Farc. E Oliver Stone nessa parada? Nas imagens divulgadas, não vi o sanguessuga. Foi triste ver a cara do diplomata brasileiro tentar diminuir o mérito chavista diante das câmeras. Meu medo é que a troca dos reféns tenha sido por armas ou algo do gênero. Chávez é capaz de tudo.

 

  • Que São Paulo é uma cidade muito rica, todo mundo sabe, mas o Estudo potencial Econômico da Cidade de São Paulo, encomendado e divulgado pela Fecomercio-SP, é surpreendente. O estudo compara que se a cidade, não o Estado, basta a cidade, fosse um país, seria o 47º mais rico do mundo, o 6º mais rico da América Latina, ao lado do Chile. A cidade tem PIB superior a 94% de todas a Região Nordeste. São números impressionantes.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

lane

  • Impossível jogar fiado na loteria, certo? Nada de financiamento pra fazer uma fezinha, correto? Você paga sua aposta em cash, pá! Pum! Por que cargas d'água o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) propões que os prêmios ganhos sejam pagos em prestações? O cara-de-pau argumenta que a maioria dos ganhadores de grandes prêmios não tem preparo para administrar as fortunas ganhas do dia para a noite. E daí? O que ele tem a ver com isso? Esse sujeito não tem coisa melhor sobre o que legislar, não? Se não tiver, basta dizer que eu lhe enumero um monte de coisas que precisam ser seriamente avaliadas pelos políticos. Até parece proposta de petista, de tão esdrúxula.

 

  • O Rio de Janeiro vai ficar sem governador e sem vice por alguns dias. Ambos viajarão para a Suíça a fim de fazer campanha para que a Olimpíada (no singular, senhores jornalistas, por favor!) de 2016 seja realizada na cidade do Rio. Duas coisas me chamam a atenção aí: a primeira, Cabral já esteve na Suíça há poucos meses para ouvir o anúncio oficial de que a Copa de 2014 seria no Brasil. Ora, ora, ora, não havia concorrente, todos já sabiam que a Copa seria aqui, então para quê fazer lobby? Segunda, o Tribunal de Contas da União ainda não fez as contas da dinheirama derramada no PAN de 2007, hiper valorizada e que muito pouco deixou para a cidade e para a União e Carlos Artur Nuzman já está de olho em multiplicar a sua fortuna, da esposa Márcia Peltier e dos amiguinhos mais próximos. Não vou entrar no discurso pessimista que o Brasil não sabe organizar um empreendimento desse tamanho, que a violência que grassa no Rio desde Brizola será um grande risco para estrangeiros e coisas que tais. O que me preocupa é o roubo descarado que se faz nos cofres públicos nessas oportunidades.

 

  • O ministro falou que não corremos risco de apagão. Leia-se: comprem suas velas, fifós e lampiões. A coisa vai ficar escura muito brevemente.

 

  • O outro ministro falou que não há risco de epidemia de febre amarela. Leia-se: vacinem-se que o trem tá feio.

 

  • Por falar em febre amarela, qual será a próxima epidemia? Não vou ficar nem um pouco surpreso se for de varíola ou tuberculose. Às vezes me sinto vivendo no século 19.

 

  • Olha a inflação aí, gente! A bichinha está voltando e nem um pouco tímida. É uma boa desculpa para ser usada por Mantega e sua gang para aumentar impostos: diminuir o consumo para reter o crescimento da inflação. Não estranhem se ouvirem um deles falando isso nos jornais logo, logo.

 

  • Adivinha quem saiu na frente na nova distribuição de cargos do governo federal? O PMDB, lógico! O ministro Geddel Vieira Lima já conseguiu emplacar os apadrinhados na SUDAM, a mesma que bancou um ranário milhonário de Jader, foi sacrificada e ressuscitou para gerar um enorme cabide de empregos. Dá ou não ná a impressão de que estamos vivendo no século 19? A propósito, o ranário de Jader não deu rã, mas vacas, milhares delas. Na época um amigo meu trabalhava na receita estadual do Pará e dava expediente no posto fical na fronteira com o Maranhão. Ele me contava que passavam comboios de caminhões caregados de gado, todos com guia de isenção de impostos.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

AUTO_myrria

  • O STF tem tentado dar mostras de que está mais sério, mais preocupado com os valores éticos e morais e tal e coisa e coisa e tal. Como gato escaldado tem medo até de saliva, fico desconfiado... A Ministra Ellen Gracie deu dez dias de prazo para Lula explicar os reajustes tributários. Na prática, isso significa que Mantega e seus advogados dirão ao Tribunal o que quiserem dizer, os juízes dirão que é uma prerrogativa do Executivo reajustar taxas e impostos, tudo será considerado constitucional e legal e a oposição que morda a bunda. Aí ocorrerá, depois do carnaval, segundo o Garibaldo, uma briga de foice cega no escuro dentro do parlamento pela aprovação ou não do aumento da CSSL. Ai, ai, a política e a justiça brasileira são tão previsíveis que estão perdendo a graça.

 

  • Um amigo meu criou há quatro meses um site de notícias. Ele até tem se esforçado para manter um bom padrão. Pra começar, não fecha contrato com órgãos públicos, coisa rara em cidades do inteior, assim mantém uma independência de opinião. Ontem ele teve seu primeiro momento de glória, embora por causa de um desastre. Um helicóptero com turistas caiu e pegou fogo numa barraca em Porto Seguro (não houve vítimas fatais, ainda bem, e estão todos bem) e um fotógrafo do site registrou tudo na hora. Um furo! O Hugo, o dono do site, passou o dia recebendo telefonemas dos principais órgãos de imprensa televisiva e internética do país. Ja falei demais, vejam o lance do Radar 64.

 

  • Mas nem tudo são flores para meus amigos da imprensa. Recebi ontem o e-mail abaixo de uma amiga minha que trabalha num jornal de Belém:

Meus caros,
Não posso me queixar do início animadíssimo deste 2008. E eis que, depois de dançar "coladinho" com mr. Billy Paul, no reveillon do Hangar, descubro que essa história de jornalista ameaçado não acontece só fora daqui. A atual vítima fui eu.
Tudo começou quando o Amazônia publicou, no sábado, 29, uma matéria sobre a prisão em flagrante de um vereador do município de Breves, na ilha do Marajó, chamado Mário Adolfo Furtado Rabelo Júnior, preso com a "boca na botija", extorquindo dinheiro de um analista de sistema, ao lado de um investigador da Polícia Civil, de nome Roberto. Os dois foram presos e transferidos, o vereador para o Corpo de Bombeiros, e o policial para o PEM 3, em Americano.
Na sexta-feira, 4, chegaram três homens na redação do Amazônia/ O Liberal, solicitando um "direito de resposta" em relação a matéria publicada.
Quando li o que estava, falei ao homem (que não se identificou pra mim) que não poderia publicar da forma que ele havia escrito já que no documento ele chamava alguém de "doido" e "desequilibrado mental", ao que perguntei se ele (o cara) era médico ou se tinha laudo para afirmar isso. Ele ficou puto e nervoso. Pedi que ele se identificasse e ele me mostrou uma espécie de crachá e o tirou da minha mão antes que eu lesse. Então eu disse que não tinha mais nada a falar com ele e o mandei se retirar e ainda recomendei para que se ele voltasse à redação, viesse sem os guarda-costas que o acompanhavam. Só aí, toda a redação veio me avisar que o armário, capanga do cara, estava AR-MA-DO (isso mesmo, o segurança tinha um trabuco na cintura sobre o qual não deixou de passar a mão nenhum segundo). Toda essa movimentação foi registrada pelo circuito interno de tevê da redação.
Na hora, liguei para o meu amigo Walrimar Santos (assesor de imprensa da Polícia Civil) e pedi para ele descobrir se o cara era o policial. Diante da afirmação de que o IPC Roberto continua em Americano, restou o vereadorzinho (e era ele).
Logo, Emanoel Villaça, também da assessoria da PC, me ligou e pediu para eu ir na Delegacia Geral fazer uma queixa formal do caso e falar com o delegado-geral Justiniano Alves, o que fiz durante a tarde inteira da sexta-feira.
Bem, como percebem, minha vida está animadíssima. Por isso quero dividir isso com vocês, com algumas consideração (para não perder o costume):
1º) vocês podem imaginar o quanto é "seguro" o local onde trabalho (qualquer entra e ninguém é incomodado).
2º) na hora da confusão, todo mundo falou e arrebentou, mas hoje (8) quando chegaram as intimações para as testemunhas prestarem esclarecimentos na DG, já apareceu neguinho "muito ocupado" e com "uma viagem inadiável para fazer".
3º) muitos na redação consideram que eu ter botado para quebrar para cima do vereador "não era pra tanto", já que "as imagens não mostram que o cara estava armado". DETALHE; eu não falei isso, nunca, mesmo porque não vi. O que me incomodou foi o fato dele (o segurança) ficar me cercando na minha mesa. Se isso não é intimidação, alguém aí me dê um nome pra isso.
4º) Estou me sentido ameaçada, sim, senhor. A família desse vereador tem muita grana e é dona de metade de Breves. O fato é que ele foi preso na madrugada do sábado, 29, e às 13h, do mesmo dia, estava em liberdade. Se não correu grana aí, quero também um nome para isso.
5º) quero deixar bem claro que se algo estranho acontecer comigo (acidente, assalto, agressão, qualquer coisa...), esse vereador DEVE ser procurado.
6º) o caso virou um inquérito na Delegacia de Crimes Funcionais (Decrif), sob a responsabilidade do delegado Antônio Benone. O delegado-geral está a par de tudo (me recebeu e prestou solidariedade), o governo do Estado também, assim como a Polícia Federal. O setor industrial da Delta Publicidade (dona dos jornais) está ciente de tudo, assim como o setor jurídico da empresa. A segurança mudou seus modos de abordagem a visitantes, mas ainda não é o ideal. O prédio da redação é muito, muito vulnerável. Não é de hoje que doidos, das mais diversas espécies, batem em nossas mesas de trabalho.
7º) quero deixar minha eterna gratidão ao Walrimar (foi o ombro mais amigo que encontrei naquela na tarde daquela sexta-feira), ao Villaça que articulou tudo na DG pra mim; ao delegado Antônio Benone (que ainda conseguiu me fazer rir na hora da confusão), à corregedora da PC (que agora não me recordo o nome); à dra. Lívia (advogada da empresa que acompanhou o meu depoimento); aos delegados Fernando Sérgio e Uálame Machado, da PF, que me orientaram a como agir nesse caso; a Elísia, a motora do jornal que me levou para todos os lugares; aos blogs do Juvêncio Arruda e do Paulo Bemerguy, que publicaram notas sobre o assunto; e aos poucos que souberam avaliar, realmente, a gravidade desse caso.
8º) até esta presente data, o meu querido "sindicato" (que me leva mensalmente 60 paus) não se manifestou sobre o assunto. Muito menos a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
9º) portanto, se alguém tiver alguma opinião sobre como esse caso pode ser melhor apurado, se tiver algo que eu posso fazer judicialmente (alô! dr. Guilherme Zagalo), please, mandem ver. Agradeço muitíssimo.
No mais é isso, "bola para o mato, que o jogo é de campeonato".
Grande beijo,
Dedé

Mais eu teria a falar, porém o post já está quilométrico.